Investigando uma Luz


Este relato  foi feito  por uma familia  que viu um objeto extraordinário a baixa altitude, sobre um bairro  na
periferia de Gilroy, na Califórnia. Outras testemunhas confirmaram a visão , seguida do possível sequestro
de uma senhora de 45 anos. O incidente ocorreu a pouca distância de minha casa, mas o caso foi conduzido
tão equivocadamente pelos pesquisadores locais de OVNls que esperei três anos para realizar  uma
avaliação independente das informações . Nesta época os conflitos e tensões decorrentes do caso já haviam sido superados.

Para compreender melhor o caso, é preciso situa-lo no contexto de uma série de observações inexplicadas,
ocorridas em sucessão , entre o domingo, dia 10 de agosto, e a quarta-feira, dia 13 de agosto de 1975 , na
região que se estende de Gilroy as encostas de San José . O total de  testemunhas para estes eventos ,
marcados pela presença de intensas luzes vermelhas e brancas , chega a vinte.

Quatro meses antes, na mesma  àrea, um professor de ciências chamado Haley, e outras três pessoas
viram, através  de binóculos, um objeto pairando no ar, com uma protuberancia, um farol branco e um brilho
alaranjado. 0 objeto manteve sua posição  por três minutos, e desapareceu no ponto em se encontrava,
"como se alguem apagasse a luz".

A observação principal começou pouco depois das 23 horas  no domingo, 10 de agosto, quando a sra.
Smith levava Imelda  Victor, 12 anos, para casa de carro. Ela viu inicialmente um objeto iluminado, "muito
distante". O objeto desceu rapidamente de acordo com a sra. Smith, aproximando-se de sua caminhonete .

Ela estacionou no acesso para carros e entrou na casa. A mãe de Imelda, Frances Victor, assustou-se com
os gritos.

---     Eu estava na cama, mas não dormia, quando ouvi os gritos   ---   disse a sra. Victor   ---   Elas tremiam.
Nunca vi alguem tão apavorado em minha vida. Sai, ainda de camisola, pensando que estavam sendo
perseguidas por algum vagabundo.

Em seu depoimento prestado no dia seguinte ao policial H. Jones, do departamento de polícia de Gilroy, a
sra. Smith declarou :

---     A coisa que eu vi era redonda, com quatro braços mecanicos de apoio, que se projetavam
simetricamente. A parte central , redonda, era maior do que um carro, porem menor do que urna casa
pequena. Entre os quatro braços havia quatro extensões protuberantes, como antenas, saindo do círculo
central, e cada uma delas possuía um farol na extremidade, similar as luzes no teto de um carro de polícia,
com a diferença que eram verdes e vermelhas e giravam.

 A sra. Victor tinha uma lembrança ligeiramente diferente do objeto:

---     Corri para a rua e vi aquela coisa gigantesca, uma máquina voadora redonda com quatro pernas de
apoio, similares a antenas, e muintas  luzes vermelhas e brancas que piscavam. . . Era imensa, parecia ser
de metal cinza . Ficou ali parada , no céu. . .  Era muito  mais alta do que as  árvores .

  0 marido, que dormia, também foi até o jardim  da frente quando acordou. Ele disse:

---     Era enorme, quando eu olhei já  estava se afastando... Notei  que as luzes na parte superior tinham
forma triangular (sic) .  O veículo foi visto pela última vez quando se dirigia para San José no sentido
norte-nordeste, em alta velocidade.

0 policial Jones anotou no boletim de ocorrencia:

---    Só posso concluir que eles (as testemunhas) realmente viram alguma eoisa. Os quatro estavam muito
abalados, e a sra. Smith repetia: " Por que eu? Por que eu?" As quatro testemunhas eram pessoas de bem,
e aparentemente não tinham bebido.

Três dias depois a sra. Victor comentou:

---    Nem preciso fechar os olhos para ver aquilo. A imagem  está  gravada em minha mente, como uma
fotografia. Consigo ver as  luzes, semelhantes a faróis...  Parecia uma linda pedra preciosa.

Conforme as observações que eu ( J. Vallée ) fiz pessoalmente na  área , três depois (1978), e a partir da
reconstituição  do trajeto percorrido pela sra. Smith e Imelda Victor, as duas testemunhas teriam
conservado o objeto durante 1,5 quilometro, aproximadamente, acima de uma de uma série de lojas e postos
de gasolina a sua esquerda no centro comercial da cidade.

Após o reconhecimento inicial do local, escrevi à sra. Victor e ela respondeu que teria prazer em me receber
para discutir o caso. Fiz uma visita a sua casa, onde fui recebido por ela, a filha, o filho e dois amigos.

Nesta entrevista fiquei sabendo não só os detalhes da visão, como também as experiências da familia nas
mãos dos entusiastas dos OVNls, repórteres e curiosos. Minha visita foi oportuna, disseram, pois coincidia
com uma reunião familiar, depois da superação de uma profunda crise precipitada em parte pelos
autodenominados "investigadores cientificos".

 0 próprio filho resumiu bem o problema. Depois que os jornais publicaram os relatos, bem como seus nomes
e endereços, ele disse:

--- Deu tudo errado, isso vai ser um inferno.

Eles foram assediados por repórteres. A seita Urantia promoveu um encontro de orações no jardim da casa,
e vários ufologistas dos principais grupos independentes apareceram com  fotografias. Um sujeito, com um
"fedor" forte e peculiar, deixou nome e endereços falsos.

---     Ele era ladino - disse a familia.

 0 tal homem levou as crian‡as até a rua  para ver se o objeto aparecia outra vez . Tiveram muita dificuldade
para se livrar dele.

A tentativa de dois representantes de uma organização nacional de OVNls da região da baía em arrancar da
sra. Victor cada possível detalhe de sua experiência foi ainda mais nociva. Eles estavam acompanhados de
um hipnotizador amador, que entrou em ação, colocando a sra. Victor em transe.

A sessão de hipnotismo provocou um desastre imediato. A sra. Victor, uma ex-enfermeira, reagiu com
nervosismo a determinadas partes da visão e dos eventos que se seguiram, e começou a se agitar muito.
Sua temperatura corporal caiu drásticamente assustando os investigadores, que não sabiam o que fazer para
tira-la do transe. A sra. Victor quase sofreu um ataque do coração  ao ser finalmente despertada, declarou.
Recolhendo rápidamente os gravadores, o grupo foi embora apressado, deixando profundamente deprimida.
Ela acredita que este trauma agravou a crise familiar. Pouco tempo depois da experiência a sra. Victor
separou-se do marido. Uma das filhas fugiu de casa.

- Até o gato foi embora - ela me contou.

Fazia apenas duas semanas que a familia se recompusera. E o fato reforçou a minha crença de que é melhor
deixar as testemunhas em paz por algum tempo, quando um caso atrai muita publicidade. Não só esta atitude
é mais ética, como se obtem melhores resultados na investigação após o periodo mais conturbado.

A sra. Victor e os filhos estavam visivelmente emocionados por se reunirem depois de todos os problemas.

---     Nossa felicidade aumenta a cada dia - um deles declarou . Era como se a verdade finalmente
emergisse, depois de uma série de incidentes  que pareceram, no inicio , ternvelmente maléficos.

Repassamos a visão própriamente dita em detalhe, bem como os seus desdobramentos, iniciando pelo
momento em que a sra. Smith e Imelda correram para dentro da casa. Estavam histéricas , segundo Imelda,
pois pensaram que o objeto iria "levar  todo mundo embora ". Elas fugiram apressadas,  deixando o motor
ligado e as portas escancaradas. Não ocorreu, em nenhum momento, interferência no motor do carro. A mãe
imaginou que um bando de delinquentes juvenis perseguia as duas, até ver o objeto no ar, do outro lado da
rua.
 
 

A sra. Victor e Imelda me levaram ao jardim da frente. Mostraram o ponto em que se encontravam, e o local
onde o objeto parou no dia da visão.

---    Qual era o tamanho dele?   ---   perguntei.

A sra. Smith disse que se tratava de um objeto maior do que um carro, porém menor do que uma casa
pequena, embora o mesmo objeto tivesse impressionado a sra. Victor por ser enorme. Três anos depois
ainda se mostrava incerta quanto a suas dimensões. Ela apontou para uma casa, do outro lado da rua, e
para a árvore ao lado.

--- Era mais ou menos do tamanho da casa vizinha. Ou daquela  árvore. Mesmo assim, fazia com que todo
o resto parecesse muito pequeno  ---   afirmou.

No dia 15 de setembro de 1975, mais de um mês após a visão em Gilroy, a sra. Victor foi passar uns dias
com um parente distante, perto de Industrial City, na Califórnia. Depois de assistir a um pouco de televisão,
ela foi dornir no quarto da frente, acordou subitamente ao perceber dois seres parados a seu lado. Vestiam
roupas prateadas , com aberturas para os olhos, nariz e boca. A roupa cobria todo o corpo, como se fosse
feita de borracha  aderente à  pele. A superficie era muito lisa, sem vincos.  Ela se sentiu muito calma ao
vê-los. Os seres se comunicaram
"telepáticamente", pedindo que os "acompanhasse". Eles "buscavam informações".

---     E quanto a minha amiga?  ---   perguntou, pensando na pessoa que dormia no outro quarto.

---     Não se preocupe com sua amiga   ---   disse um dos seres, enquanto o outro erguia a sra. Victor pelo
cotovelo. Os três saíram  juntos, pela porta da frente. A sra. Victor tinha a impressão de  voar!  Ela viu
nitidamente o telhado reto da casa e a garagem. Viu as estrelas no céu e um OVNI pairando no ar.  Era
idêntico ao outro, observado em Gilroy.

Eles flutuaram até entrar no objeto, pelo "centro" , e subiram uma rampa que passava por pelo menos três
níveis. Um dos seres ficou com ela, levando-a a uma sala circular com piso verde-esmeralda , iluminado  por
uma luz branca leitosa. As paredes eram prateadas, contendo instrumentos redondos avantajados. Ela teve a
impressão de ser um local de intensa beleza.

Havia uma porta à esquerda. Repentinamente, aconteceu algo traumatizante: ela foi ofuscada por uma luz
branca, e não se lembra de mais nada, se recusando a falar sobre o resto do episódio.

Quando acordou estava na cama, já  era dia. Chamou a amiga para contar a experiência. Elas perceberam
que a porta da casa fora destrancada e estava aberta. Por estranho que pareça, sua amiga, embora sofresse
de insônia, dormira profundamente naquela noite, e considerou este fato surpreendente.

No dia 15 de maio de 1978, a sra. Victor passou por outra experiência estranha, embora não tivesse
relação  com um OVNI .  Quando estava na casa de um paciente, uma velha senhora, caiu subitamente no
chão, como se alguem a tivesse empurrado com força. No decorrer dos minutos seguintes ela foi surrada
violentamente  por uma entidade invisível. A velha senhora contou que  vira a sra. Victor girar e pular no chão,
batendo na mobilia enquanto se debatia. Ela sofreu múltiplos hematomas, fraturou perna e uma farpa de
madeira perfurou sua veia. Passou seis dias internada no hospital. No dia de minha visita ela mostrou o pé
enfaixado, que ainda não estava completamente recuperado.
 

Ao final das duas visitas a Gilroy eu ( J. Vallée )  me sentia frustrado e furioso. Testemunhas como a sra.
Victor e sua familia deveriam ser amparadas, nunca levadas a uma perturbação ainda maior pela pessoas
que investigam o mistério dos OVNIs. Em sua ansiedade de obter respostas definitivas , ou simplesmente
validar seus próprios conceitos sobre a natureza extraterrestre do fenômeno muitos investigadores aparecem,
exigindo respostas, quando deveriam primeiro se preocupar com o trauma e as tensões das testemunhas,
mesmo que isso signifique adiar a pesquisa por alguns dias ou semanas. O respeito elementar pela ética
exige isso.

Contudo, nos últimos anos, o número de hipnotizadores amadores despreparados cresceu
assustadoramente. Eles percorrem irresponsávelmente o país, em nome da pesquisa sobre  OVNls.

Em um caso como o da visão da sra. Victor, a regressão hipnótica poderia ser de grande valia. Conduzida
por um profissional da  área médica, poderia ter aliviado a crise familiar em curso e esclarecido detalhes
importantes, bloqueados na mente das testemunhas por causa do medo ou ameaça a seu senso de
realidade. Uma vez que as sessões hipnóticas seguintes são geralmente condicionadas pela primeira
regressão, dificilmente o caso Victor permitirá novo uso deste recurso. Apesar da sra. Victor ter telefonado,
após a minha visita, para dizer que sentia em condições de passar pela hipnose, concluí que o choque da
tentativa inicial desastrada comprometeria os resultados.

A sequencia de visão, sequestro e espancamento é muito interessante. Naturalmente, o último incidente não
se enquadra na teoria da visita de extraterrestres: se os OVNls são  pilotados por seres de outro planeta, por
que as testemunhas  seriam vítimas de ataques físicos gratuitos vindos de entidades invisíveis?

Por este motivo, os entusiastas dos OVNIs geralmente omitem tais incidentes em suas publicações. Eles
combnam  contudo, com outras  áreas da paranormalidade. A literatura sobre milagres religiosos e vida dos
místicos está  cheia de relatos bem documentados de manifestações físicas, destacando-se espancamentos,
que são normalmente classificados como fenomenos de possessão ou manifestações dos chamados
espiritos  do mal, mesmo que não causem danos permanentes às pessoas.  Estes textos deveriam passar
por um estudo diligente, feito por investigadores sérios interessados na pesquisa do fenômeno dos  OVNIs.

Um caso típico merecedor de analise cuidadosa seria a de Marie-Therese Noblet, freira e missionária
francesa que viveu no início do século. No decorrer de suas práticas mística que se centravam em um estado
de extase induzido por orações continuas, ela passava por uma série de manifestações que médicos e outros
especialistas consultados pela Igreja Católica comprovaram, mas foram incapazes de explicar. Estas
manifestações incluíam não só os clássicos estigmas de Cristo, como também agressões de forças
invisíveis. Alguns dos incidentes foram também temunhados por seus superiores da Igreja.
 

Um médico especialista, o dr. Pierre Giscard, em seu livro Mystique ou Hystérie?, publicado em 1953, cita
uma carta recebida de uma testemunha ocular do fenomeno que atingiu Marie-Therese Noblet em Papual .
A testemunha, padre Desnoes descreveu numa noite, quando orava ao lado de Marie-Therest então
gravemente doente:

Depois de algum tempo, quando ela parecia a ponto de domir, um golpe violento, como se fosse um soco
desferido por um punho fechado contra suas costas, a atirava no canto da cama. Ela não se queixava, não
dava um único gemido . Voltava calmamente à posição  anterior. Após um intervalo, a mesma coisa
voltava a acontecer.

O padre ouvia o som de um golpe forte, e imediatamente o corpo da freira era jogado para a frente, a espinha
curvando-se  com o impacto. Este fenômeno ocorreu durante toda a vida de Marie-Therese, que
frequentemente exibia as marcas visíveis de tais ataques. Exemplos similares abundam nas vidas de santos,
místicos e, óbviamente, nas pessoas que passam por exorcismos.

Depois do encontro com a sra. Victor e sua familia, conclui que um evento anômalo ocorrera e a visão tinha
sido autentica.  A experiência do sequestro, que se realizou um mês  depois, seria uma boa fonte para se
obter dados valiosos, caso a questão tivesse sido tratada de modo profssional. Dadas as circunstancias,
contudo, só nos resta mais um caso em que jamais saberemos a verdade completa.
 

Extraido do livro Confrontos de Jacques Vallée  -  Editora Best Seller
 
 

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