Hipóteses



Charles-Noel Martin ( 1974) , cronista cientifico , esclareceu muita coisa quanto à suposta origem daqueles que
chamamos de "extraterrestres". Em Science & Vie , nº 679 , págs. 64 a 73 , volta a querer saber se a vida tal
como a conhecemos aqui na Terra , é a única possível. A essa pergunta responde negativamente precisando que
seria cometer um novo erro antropocentrista em relação a possíveis formas de vida. Ele se explica:

Os aminoácidos , primeiros materiais componentes dos organismos vivos , estão presentes nos meteoritos que
atingem a Terra , em Júpiter , Saturno , etc. , espalhados por todo o cosmos. Existe portanto , comunidade de
origem temporal . A partir desta presença universal e em presença da formação dos milhares de sistemas solares
que formam a nossa galáxia . . . e os outros , neles pode ter havido composição de organismos ,
progressivamente mais complexos até atingirem o que chamamos "a inteligência" em todos ou quase todos estes
sistemas , segundo as próprias condições de cada um e especialmente sob condições idênticas às do planeta
Terra  . . . que nós conhecemos bem e do qual somos "derivados".

Charles-Noel Martin retorma então a objeção que se faz a esta hipótese: nada haveria de comum entre as
condições que reinam há um milhar de anos na superfície da Terra e aquelas de Júpiter , por exemplo . Também ,
que não se dever atribuir aos dados que recentemente conseguimos obter dos valores essenciais que talvez não
sejam mais, que existem satélites em Júpiter e em Saturno que possuem condições atmosféricas e gravitacionais
semelhantes àquelas da Terra e onde se poderão talvez detectar outras condições de vida mais convenientes que
aquelas por nós já conhecidas.

Esta é a razão pela qual não há nenhuma objeção a que a Vida inteligente se revista de formas diversas , nas
nossas proximidades ou seja, no interior do próprio sistema planetário do nosso Sol. E Charles-Noel Martin anula
assim , o seguinte silogismo , que muitas vezes se escuta e que ele cita:

1.    A Vida não pode existir no sistema solar exceto na Terra, mas pode existir no Universo ( "Não estamos
sós . . .") , no seio de outros sistemas.

2.    Ora, vir de outros sistemas exige um tempo de viagem e uma quantidade de energia incompatíveis com os
recursos universais ( sublinhamos : "no estado atual de nossos conhecimentos científicos terrestres") ;

3.    Portanto , na impossibilidade de efetuar estas viagens , as visitas de "extraterrestres " não são verdadeiras.
 

Esta conclusão é falsa porque as premissas , as bases do raciocínio, são falsas . Eis , portanto , a hipótese de
Charles-Noel Martin , que admite a possibilidade da origem "interna" no sistema solar , dos Uranianos (vem de
Uranos , que personificava o céu na mitologia grega). Porém existe uma outra hipótese bem diferente:

Maurice de San ( 1974) , em Inforespace , nº14/1974 , pags. 31 a 36 , trata do "Verdadeiro problema das
viagens as estrelas".

Um artigo publicado recentemente em La Recherche resume as idéias atuais sobre as possibilidades de
comunicação e de viagem entre civilizações surgidas em volta de estrelas diferentes de nossa galáxia. O autor me
parece muito bem documentado, contudo não encontrei a exposição de um aspecto do problema, aspecto que, na
minha opinião , é o mais importante de todos . Foi o que e levou a publicar  as reflexões que se seguem.

O nosso Sol , na galáxia, se situa em um dos braços da constelação de Orion onde as estrelas são relativamente
afastadas umas das outras . Assim , a estrela mais próxima , Alfa do Centauro , se encontra  a 4, 28 anos-luz do
Sol  e as outras 20 estrelas mais próximas se situa em uma esfera de 12 anos-luz  de raio , tendo o Sol por
centro . O ano-luz representa o caminho percorrido pela luz em ano e , a 300.000 km/s , isso perfaz um percurso
de aproximadamente 9.460 bilhões de quilômetros. Para transpor esta enorme distancia , nossos satélites
artificiais atuais levariiam por volta de 40.000 anos . A esta mesma velocidade , seriam necessários 170.000 anos
para atingir a estrela mais próxima . . . Naturalmente , essa não será a velocidade máxima que pode ser atingida
mas, mesmo utilizando a energia da fusão do hidrogênio , teríamos sempre que contar com milhares  de anos.

Não posso me atrever a entrar aqui no detalhes das hipóteses e dos cálculos pelo que dou apenas ordens de
grandeza, senão não bastaria um artigo inteiro. Alan Bond consagrou , aliás , a este aspecto do problema , um
artigo que recomendo a ler bem como aquele de Anthony R. Martin relacionado com a hipótese das velocidades
próximas daquela da luz de que falaremos adiante.

Posso isto, suponhamos que se pudesse chegar a viajar a uma fração importante da velocidade da luz, por
exemplo 20 % (60.000 km/seg ) ; seriam necessários pelo menos 25 anos para atingir a estrela mais próxima e
outros tantos para regressar. A potência necessária seria superior a 10 bilhões de quilowatts e isso com um
rendimento de 100 % para um peso útil de 1.000 toneladas, o que é um mínimo para uma tal viagem. Não falamos
, naturalmente , do peso do "combustível" que seria necessário levar. Se levarmos em conta o rendimento de
propulsão e a necessidade de chegar rapidamente à velocidade de cruzeiro , seriam necessários 100 bilhões de
quilowatts . E a cada segundo, isso representa a energia de uma pequena bomba atômica , aproximadamente 6,5
megatons ou milhões de toneladas de T.N.T. . Não direi que seja impossível mas é uma razão para esfriar os
ânimos  . . . e tudo isso para uma viagem tão longa que , partindo com vinte anos regressar-se-ia com sessenta .
. . Não falando de viajar a uma velocidade próxima daquela da luz para beneficiar a retração do tempo e fazer a
viagem em poucos anos porque , então , será necessária uma energia centenas de vezes superior . Que digam
que eu sou terra a terra e sem audácia nem imaginação , é possível  , mas mas me recuso a aceitar  uma
propulsão que pressupõe uma despesa de energia de milhares de bombas atômicas por segundo e isso , durante
anos. Pode ser que se descubram outras leis físicas , o que aliás não é impossível , mas o fato de que isso seria
necessário para poder atingir as estrelas e ainda por cima apenas as mais próximas não leva como conseqüência a
que essas leis existam.  É pena , sem dúvida, mas isso não muda nada . . .  Nem mesmo a angustia que possa ser
sentida pelos físicos por não poderem penetrar no interior do Sol e ver o que dentro dele se passa, não implica
como conseqüência automática que sejam descoberta novas leis que o permitam. . .

Então , dir-me-ão vocês , estes visitantes do espaço que vem continuamente a Terra , se defrontaram com o
mesmo problemas aparentemente o resolveram. Então , por que não nós próprios não o conseguiremos ainda que
para isso nos sejam necessários milhares de anos ?
 

Bem , na minha opinião, eles não resolveram o problema tal como nós e esses seres inteligentes que vem examinar
a nossa Terra não provem de planetas  do nosso sistema solar nem de nenhum dos planetas de nenhuma outra
estrela. Darei a minha opinião mas não antes de falar do futuro da vida em uma boa parte de planetas que giram
em volta das estrelas de nossa galáxia, porque então a solução se apresentará por si mesma.

De fato , haverá duas explicações que aliás não se excluem mutuamente mas podem jogar separada ou
conjuntamente.

A primeira advém do fato de que a nossa galáxia não está assim tão vazia de estrelas quanto os braços
periféricos onde se encontram o nosso Sol. As regiões do centro da Galáxia contem até dois milhões de estrelas
num volume em que para nós existe apenas uma.

A segunda advém do fato de que estamos , nós humanos, apenas no inicio da civilização técnica e cientifica e
que não nos damos absolutamente conta da importância e da direção que tomará a futura evolução  nem do
enorme espaço de tempo que nos será dado para efetuar a evolução.

Estudemos a primeira explicação . O centro da galáxia contém cerca de 50 % dos alguns cem bilhões de estrelas
que se encontram na Via Láctea inteira. Disso resulta que as estrelas desta região central estão cerca de cem
vezes mais próximas umas das outras do que as estrelas próximas do nosso Sol. Naturalmente isso é muito bom
para os habitantes eventuais dos planetas que aí se encontram porque e isto facilita as viagens de um para outro
mundo mas, para nós próprios , isso não nos aproxima nem um quilometro dos nossos próprios vizinhos mas
também não é disso que eu quero falar. Esta densidade estelar tem, com efeito , outras conseqüências não
esperadas e bem mais importantes . Calcula-se que , na nossa galáxia , a aparição de uma estrela que chamamos
de supernova se produz mais ou menos de cem em cem anos . Uma supernova é uma estrela que explode do
mesmo modo que uma bomba de hidrogênio , mas a escala de uma estrela e brilha por si só mais intensamente que
um bilhão de sóis como o nosso e isso durante aproximadamente duas  semanas , depois  diminui a luminosidade
pouco a pouco para tomar lugar em uma nova família de estrelas  descobertas há poucos anos , os pulsares. Além
disso , este brilho não é somente de uma intensidade espantosa mas é de uma natureza perigosa para a eventual
vida nos planetas situados a menos de cem anos-luz de distancia. As supernovas, de fato, expulsam matéria mais
ou menos à velocidade da luz e produzem uma quantidade enorme de raios-x  e gama que são consideravelmente
mais penetrantes e por isso mais perigosos para toda a espécie de vida que aqueles  que nos envia o nosso Sol.

O problema das conseqüências para a vida sobre um planeta como a terra , foi examinado por Dale Russel e
Wallace Tucker . Calculam eles que, produzindo-se semelhante explosão  a menos de cem anos-luz da Terra ,
isso acontece provavelmente na nossa região da galáxia todos os cinqüenta milhões de anos . A abundância de
raios-x e gama e de raios cósmicos , calcula-se que represente uma energia de 10^50 ergs durante a primeira
semana que se segue à explosão . Esta fantástica quantidade de energia representa o brilho do nosso Sol durante
centenas de milhões de anos. Contudo , a uma distancia de cem anos-luz , nossa Terra apenas receberia 10^28
ergs ou seja , apenas 1%  da energia que nós recebemos do Sol durante esta mesma semana . Mas , sob o ponto
de vista qualitativo , a diferença é fundamental . Os autores pensam que esta energia afetaria a camada de
ozônio e a ionosfera . Estes efeitos sobre a atmosfera seriam catastróficos e as mudanças climáticas que deles
resultariam  durariam certamente mais do que esta primeira semana . Russel e Tucker calculam que a agitação da
fauna entre a cretácia e a terciária quando da desaparição  dos dinossauros com numerosas espécies de répteis ,
moluscos e os planctons , bem que poderia ter tido por causa  a explosão de uma de uma supernova à
proximidade muito relativa do Sol. A desaparição foi brutal e rápida , causada talvez por um resfriamento
importante mas muito curto  para desencadear uma glaciação . Este resfriamento não é a conseqüência esperada
deste aumento  de energia recebido pela Terra , mas talvez a conseqüência indireta do aumento de nebulosidade
da atmosfera , aumentando o albedo da Terra , isto é , o seu poder de reflexão  da radiação solar . São possíveis
outros modos de ação e Daniel Cohen estuda mais detalhadamente as conseqüências deste acontecimento
cósmico.
 
Mas retornemos ao centro da galáxia , lá onde as estrelas são dois milhões de vezes mais numerosas em um
mesmo volume que perto do nosso Sol . Supondo que a freqüência de explosão entre estas estrelas seja a mesma
que na nossa região da galáxia , não será a cada cinqüenta milhões de anos que isso sucederá, mas dois milhões
de vezes mais freqüentemente , isto é , a cada vinte e cinco anos. . .

Bem pior , a dez anos-luz apenas , é a destruição completa que espera um planeta porque então ele receberá um
tão grande suplemento de energia tal como já recebe do Sol . A Terra , em tais condições, tornar-se-ia talvez
semelhante a Vênus , com temperaturas semelhantes àquela da água fervente. A freqüência de uma explosão tão
próxima seria mil vezes menor , ou seja, isso sucederia ainda todos os vinte e cinco mil anos. Em semelhantes
condições , não se põe em questão que a vida nunca evolua no centro da galáxia até a eclosão da inteligência.
Contudo, entre este centro que contem por volta de 50 % do total das estrelas e a nossa própria região, há toda
a gama de densidades estelares , tanto na periferia da região central quanto nos amontoados globulares
distribuidos um pouco por toda a parte nos braços da galáxia. Ou seja, enormes quantidades de planetas sofrem
cataclismos , por exemplo, todos os quinhentos mil anos ou todos os cinco milhões de anos.

Uma raça inteligente ( os terráqueos, quem sabe )  aperceber-se-ia , portanto , estudando as estrelas próximas ,
que tal ou tal dentre elas vai explodir daqui a mais ou menos mil anos ou dois mil anos, em supernova. Talvez eles
nem possam mesmo prever exatamente o prazo; isso nada muda. Se esta raça conseguiu , entre dois cataclismos
, atingir um desenvolvimento superior ao nosso atual e se ela dominou os conhecimentos e as técnicas aplicadas
sob os nossos lhos por inteligências que parecem conduzir aparelhos luminosos que se deslocam na nossa
atmosfera com características e performaces tais que negamos sua possibilidade durante dezena de anos,
chegamos à conclusão que esta raça tem apenas uma possibilidade de sobreviver : deixar seu planeta e deixar
mesmo toda esta região infernal da galáxia para definitivamente se expatriar. Só que isto é mais fácil de dizer do
que de fazer.

De fato, supondo mesmo que isso possa ser feito e nós vimos que é uma exploração formidável, atingir uma
velocidade igual a 20 %  daquela da luz , ser-lhe-ia necessário percorrer , em média, uns cinqüenta anos. Mas de
nada serviria deixar um planeta para se colocar em um outro na mesma região densa da galáxia; então , uma vez
que parte, o objetivo é prosseguir viagem e sair por completo das paragens perigosas . Então , são centenas de
anos-luz que são necessários percorrer e a viagem duraria milhares  de anos.

Com um regime de vida como o nosso , as naves que transportarem esta raça deverão portanto ser verdadeiros
mundos artificiais nas quais dezenas de gerações se sucederão. Tudo deve ser , portanto, previsto para que aí se
possa desenvolver uma vida normal . Se isso acontecer conosco , dentro de mil ou cem mil anos , quando a
ciência e a técnica estiverem infinitamente mais avançada do que agora , haverá apenas uma coisa a fazer :
começar a construção de mundos artificiais , utilizando materiais que estão à nossa disposição entre Marte e
Júpiter e que constituem o cinturão de asteróides  O diâmetro destes pequenos astros vai de alguns metros a
alguns quilômetros  e os maiores contam mesmo com alguma centena de quilômetros  São principalmente
construídos , sem dúvida,  de ferro e níquel , depreendendo pelos meteoritos que caem do céu e que tem a
mesma origem . dentro de alguns milhares de anos a ciência e a técnica estarão certamente de tal modo
desenvolvidas , e a produção de todos os bens de consumo de tal modo automatizados que, sem dúvida, isso não
será mais um problema para começar a construção destes mundos.
 
Não entrarei em detalhes porque isso nos levaria muito longe, mas aqui fica em resumo , como os vejo. São
cilindros muito compridos com algumas centenas de quilômetros; seu diâmetro atinge algumas dezenas de
quilômetros e giram lentamente em volta de seu eixo de modo a criar , pela força centrifuga , uma gravidade
artificial no interior.  É o interior que é habitado e aí se encontra o ar, talvez mais rico em oxigênio e com uma
menor pressão para diminuir aquela exercida sobre a enorme superfície do cilindro. Em cada um destes mundos, há
um certo número de milhões de habitantes não tendo uma densidade populacional por quilômetros quadrado
superior àquela dos países europeus . Pequenos "sóis" artificiais se encontram  aqui e ali , contra a parede interna
aquecendo e iluminando o "campo" que se encontra na parede oposta, a algumas dezenas de quilômetros em
frente. Na atmosfera interna se formam nuvens e chove, controlada mente , já que é possível regular a
luminosidade destes "sóis". Nada impede que  lá se encontrem rios e lagos. Antes da partida, nada obsta a que se
tenham "armazenado" alguns asteróides de modo a ter matéria-prima à mão . O espaço é suficiente porque, para
construir um destes mundos, bastou um asteróide de alguns quilômetros de diâmetro.

A energia necessária para moldar um tal asteróide poderia ser obtida por um destes espelhos gigantes de cem
quilômetros de diâmetro cuja construção é projetada por Oberth e isto mesmo com a nossa técnica atual . A uma
distancia um pouco superior àquela de Marte , a radiação solar concentrada pelo espelho côncavo permitiria em
trinta anos transportar a massa de 2,3 x 10^12 toneladas a uma temperatura de 1300 ºC , suficiente para fundir
e assegurar ao mesmo tempo a depuração , a homogeneização e a maleabilidade. A bem da verdade , valeria mais
, para evitar as perdas por radiação proceder em dez vezes com  massas dez vezes menores . Poder-se-ia
também utilizar a técnica  de metalização  das folhas de material plástico , ou seja , a evaporação no vazio do
metal e a guia eletrostática do deposito sobre uma fina película tendo a forma do mundo artificial a construir .
Seria mesmo possível obter a separação dos elementos como acontece com o espectro metro de massas e obter
camadas de metais em um perfeito estado de pureza e, assim , mais resistentes à corrosão. Não o poderíamos
fazer com a nossa técnica atual mas se considerarmos nosso ponto de partida há apenas um século , e o nível
atualmente atingido de aceleração crescente deste desenvolvimento , é difícil impor um limite ao nível que pode
ser atingido por uma raça inteligente , não em uma nova centena de anos, mas em mil anos ou mesmo cem mil
anos se se quiser. E o que representam cem mil anos para uma espécie de vida? Há algumas que existem no nosso
planeta há cem milhões de anos como, por exemplo, os tubarões . . .

Uma vez construido , este mundo partirá através da galáxia , acelerado por uma poeira que poderá não passar de
um milionésimo da gravidade terrestre. Os habitantes tem agora todo o tempo pela sua frente porque cerca de
dez metros de aço de casca que os protege das radiações gama e X , e um revestimento muito fino de alumínio ,
refletem o calor irradiado pela supernova e isso mesmo para uma proximidade da ordem do ano-luz.

Com uma  tal aceleração , após mil anos de viagem , por exemplo, a velocidade atingida seria de 315 km /s e o
caminho percorrido de cinco trilhões de quilômetros , o que ainda não passa de meio ano-luz . Após dez mil
anos-luz , o que já é significaste , foram atingidos cinqüenta anos-luz. Quanto à energia necessária para dar a
este mundo artificial apenas a milionésima parte da aceleração da nossa gravidade , não é talvez impossível de a
encontrar . Por toda a galáxia há uma fonte de energia disponível , é o hidrogênio espalhado à razão  de um a dez
mil átomos por centímetro cúbico conforme as regiões. Bussard expôs como era possível utilizar os núcleos de
hidrogênio ionizado , os prótons , canalizando-os por um campo magnético de enormes dimensões e acelerando-os
por um campo elétrico até uma energia e uma concentração que permitam a fusão em hélio . É a bomba de
hidrogênio doméstica para a propulsão no espaço.

Por exemplo , nas proximidades da Terra que recebe do Sol um vento de prótons a 400 km /s  e a razão de dez
prótons por cm3 , para os frear bastaria uma diferença de potencial inferior  a 1.000 volts mesmo exposta em um
gradiente muito fraco . Parece então possível captar estes prótons à passagem mesmo em uma seção de espaço
tão grande quanto a orbita lunar , por um mesmo dipolo , solidário ao mundo artificial ainda imóvel , apresentando
uma diferença de potencial de 200.000 volts , por exemplo, suficiente também para permitir a fusão de prótons . A
distancia dos dois pólos pode exceder muito o próprio comprimento deste mundo . A 400 km/s  , para uma seção
de espaço igual àquela da orbita lunar e com 10 prótons por cm3 , poder-se-ia captar assim 1,85 x 10^30 prótons
por segundo , o que representa cerca de três toneladas de hidrogênio  . . . A fusão desta massa representa a
energia dos milhares de bombas atômicas que nós calculamos no inicio dos textos. É verdade que então isso era
necessário para uma nave de apenas mil toneladas , enquanto que agora se trata de um mundo inteiro , dois
bilhões de vezes maior . Ademais, isso se passa a uma grande distancia , sem elo material , por intermédio de um
campo magnético. A fusão destas tres toneladas de hidrogênio por segundo dá 2 x 10^15 kW , o que acelera os
núcleos de hélio formados até perto de 36.700 km/s . O impulso correspondente de 1,1 x 10^16 kgf dá a massa
de 2,3 x 10^12 toneladas de nosso mundo artificial , um aumento de velocidade de 4,7 x 10^5 m/s a cada
segundo. Isso pefaz cerca de 5 vezes a aceleração de um milionésimo daquela da gravidade terrestre que nós
demos, bastante arbitrariamente , a este mundo artificial.
 
É preciso considerar também que o mundo artificial tem a sua partida em uma das regiões da galáxia com mais
estrelas , onde o hidrogênio interestelar é ao mesmo tempo mais denso e mais ionizado devido às explosões de
supernovas que lá se produzem mais freqüentemente.

Então , se dez milhões de seres podem construir um destes mundos que os vai transportar, a população inteira do
planeta construiria no total , centenas de mundos. Qual seria o destino destes mundos no decorrer de sua viagem
no espaço? Para responder a esta pergunta, o melhor é pensar na evolução do homem  no decorrer das algumas
centenas de milhares de anos de existência. Da bestialidade e de um nível semelhante à dos macacos , ele
desenvolveu pouco a pouco a sua inteligência e atualmente já há um certo número dentre eles que tem
preocupações  intelectuais . O estudo das ciências e das artes constitui o objetivo de sua atividade e de sua
paixão. Continuemos a evolução no sentido que ela tomou e veremos que este numero aumentará e que a paixão
pelo estudo e a pesquisa tornar-se-á cada vez mais generalizada e nem chegaremos a chamar para aqui uma
evolução controlada por uma seleção voluntária que é contudo inevitável e na própria linha da evolução natural .
Ora, após alguns milhares de anos , pode-se pensar que as ciências , como a física , a química ou as ciências
nucleares, terão alcançado um conhecimento completo do mundo físico . Pode-se com efeito conceber isso, mas
com uma exceção , é o conhecimento da matéria viva, porque o mundo vivo é de uma complexidade tal e permite
desenvolvimentos de tal modo enormes e fantásticos, que é provavelmente impossível atingir um estágio de amplo
conhecimento e de probabilidade de poder efetuar tudo , com tudo o que isso implica de novos seres inteiramente
criados..

Neste futuro que eu situo a milhares ou dezenas de milhares de anos , vejo a física , a química , as ciências
nucleares e todas as outras , no serviço da única ciência que deve ainda prosseguir exatamente como atualmente
o eletricista e o encanador estão ao serviço do astrônomo e do físico.

Então , com estes mundos artificiais , a ocasião imaginada se apresenta a esta raça inteligente , de percorrer a
galáxia , como um vôo de pássaros migratórios atravessa o nosso céu e, passando perto dos sóis cercados de
planetas , enviar naves de reconhecimento que permaneçam durante algumas semanas perto de um planeta
habitado , recolhendo amostras e tomando conhecimento da evolução da matéria viva em condições particulares
deste planeta para em seguida reunir o mundo artificial. Este passou sem reduzir sua velocidade nem quase
desviar sua rota, em qualquer parte, muito mais longe que Plutão , o mais afastado dos planetas do sistema
solar. De fato, com a aceleração de um milionésimo daquela da gravidade terrestre que lhe supusemos , para não
aumentar mais a potência de propulsão o desvio que lhe é possível obter, é muito pequeno e atingirá apenas meio
ano-luz em mil anos. Contudo , se os seres decidem apenas visitar os sistemas susceptíveis de conter uma vida
desenvolvida , eles dispõem de muito mais tempo para programar as inflexões de sua rota.

Quanto às naves enviadas em direção da Terra e que são talvez "charutos" ou enormes OVNIs de forma
lenticular igualmente observados , elas deixam o mundo artificial um ou vários anos antes da passagem nas
proximidades do sistema solar e devem ser dotadas de possibilidades de aceleração bem superiores. De fato,
devem perder toda a velocidade do mundo que deixam e encurvar completamente sua trajetória , para abordar o
sistema solar. Se elas partem , digamos cinco anos antes , o cálculo indica que com uma aceleração igual àquela
da gravidade terrestre , elas podem fazer o trajeto a uma velocidade média de 25% daquela da luz e se permite
um espaço de um ano-luz . Nestas condições , uma exploração de algumas semanas do sistema solar é muito
exeqüível e o calculo indica que se as naves são por exemplo capazes de uma dupla velocidade daquela do mundo
artificial que deixam , qualquer estadia de, por exemplo , um ano na Terra , exigiria um alojamento da viagem de
retorno com uma dupla duração , ou seja , dois anos. No fundo , ainda são tempos aceitáveis . A possibilidade de
executar tais naves é estudada nos artigos publicados em Inforespace sobre a explosão que se deu em 1908 na
região da Tunguska, na Sibéria.
 
À primeira vista  parece que os astronomos deveriam obter em suas fotografias a imagem destes mundos no
momento da sua passagem perto do sistema solar. Contudo , o planeta Plutão, por exemplo , de tamanho
semelhante ao da Terra e com um afastamento de 6 bilhões de quilometros  foi descoberto apenas depois de
longos anos de pesquisas e , no entanto , se sabia em qual canto do céu era preciso procura-lo. Ora , um destes
mundos apresenta uma superfice externa de cerca de 4.000 vezes menor que aquela de Plutão : portanto , não
há nenhuma chance de que pudesse ser avistado. No entanto , avançando a grande velocidade no espaço , estes
mundos deveriam  deixar em uma pelicula fotográfica , exposta durante algumas horas para obter a imagem das
estrelas fracas , o mesmo traço que uma estrela cadente , isto é, um risco , e isso se reconheceria . Mas , este
mundo viaja a 1/10^e da velocidade da luz , pelo menos conforme nossa suposição , e a luz  solar que ele reflete
e que era já 4.000 vezes mais fraca que aquela de Plutão , ficaria marcada em uma pelicula fotográfica em um
risco tendo uma superfice vinte e oito vezes maior e deste modo tornar-se-ia cem mil vezes menos visivel . Assim
, esta aparencia de estrela cadente que devia revela-la , contribui contráriamente para torna-la invisivel. Há ainda
uma outra razão para que estes mundos não sejam avistados no momento em que passam entre o Sol e uma
estrela  próxima. Lançados como são, quase em linha reta através da galaxia , qual a chance de passarem a uma
distancia da Terra inferior ou igual à quela de Plutão?  Bem , o espaço entre as estrelas é tão grande que há
apenas uma chance sobre cinquenta milhões que isso suceda. Então , deixemos de lado esta esperança.

O que acontece com um destes mundos artificiais , acontece também com os outros passano perto de outros
sóis. Sem dúvida , também lhe é possivel comunicar uns com os outros por meios bem mais avançados que a
nossa televisão , e transmitir aos outros mundos os resultados de suas descobertas . Estes mundos viajariam
assim como um enxam , distando uns dos outros de alguns anos-luz. Por uma questão de curiosidade , pode-se
perguntar quanto tempo seria necessário a uma raça para explorar assim toda a galaxia . Supondo que ela
estivesse distribuida por um milhar destes mundos arttificiais , que estes distem entre sí de um ano-luz e que sua
velocidade seja a décima daquela da luz , o percurso duraria   ---   poupo-lhes os cálculos   ---   mais de cem
milhões de bilhões de anos , isto é , perto de dez milhões de vezes o tempo de existencia da nossa própria
galáxia.

Agora , considerando o número de planetas que assim foram abandonados e cada um deles de várias vezes talvez
no decorrer  de milhares de anos que dura uma estrela e seu cortejo de planetas , pode-se perguntar se o espaço
não está povoado de um modo estranhamente denso destes mundos artificiais e se alguém pretender que há mais
raças inteligentes viajando assim na galáxia do que há mesmo sobre os planetas habitados e cada uma em um
milhar destes mundos, eu não ousarei contradize-lo . . .  Pode-se perguntar qual o tempo possivel de existencia
de uma raça que habita um destes mundos. A nossa galáxia existe  de doze a vinte bilhões de anos e poder-se-ia
pensar que desde a origem ds estrelas puderam nascer outras analogas ao nosso Sol com seu cortejo de planetas
. Não é provavelmente o caso porque primeiro seria preciso que aparecessem e desaparecessem supernovas para
que se formasem elementos pesados e só depois disso poderiam  aparecer planetas que contivessem esses
elementos pesados necessários à vida. Mas esta etapa foi alcançada bilhões de anos antes do surgimento do
nosso Sol e pode-se dizer então que estas raças inteligentes têm bilhões de anos de avanço sobre nós e viajam
na galaxia há um espaço  de tempo da mesma ordem. Asim , é lógico concluir que a idade média das raças que
nos visitam é de um a vários bilhões anos . É sem dúvida dificil de aceitar porque , como é que se pode acreditar
que uma raça conseguiu evitar a extinção que atinge todas as espécies vivas da Terra? Pode-se opor a isso o
fato de que a vida , em vez de se extinguir na Terra,  nela nasceu , e isso a partir da matéria inerte , que a única
coisa que aconteceu  foi se desenvolver  e aperfeiçoar até chegar ao homem . Então , como recusar a raças
nteligentes , capazes de dirigir sua evolução e seu apaerfeiçoamento , o sobreviver , evoluindo eventualmente  e
mesmo quase certamente em um mundo condicionado por elas? Nós próprios sabemos já que nos será possivel ,
talvez num prazo inferior a cem anos , influir sobre a nossa evolução . Então , no decorrer de periodos , não
milhares de anos mas milhões de bilhões de anos de evolução , é possivel prever qual o desenvolvimento
intelectual , físico e qual o nivel técnico que estas raças puderam atingir. Penso que tentar imaginar este
desenvlvimento é perfeitamente fútil mas minha opinião é de que qualquer progresso realizável  será possivel . . .

Pode-se conceber então que cada ano ou mesmo várias vezes por ano, um destes mundos passa à proximidade ,
muito relativa , de nosso Sol e que neste momento se produz uma destas vagas de observação de OVNIs.
Pode-se compreender assim que estes aparelhos , embora funcionando visivelmente segundo os mesmos principios
, tenham formas e dimensões variadas e que seus ocupantes , que já foram observados centenas de vezes ,
apresentem morfologias , tamanhos e comportamentos diversos. Portanto , nada há de espantoso em ver estes
seres fazendo sempre os mesmos levantamentos de amostras biológicas ou geológicas já que de cada vez eles
não entram em contato conosco , já que fatalmente esses contatos não teriam futuro. Podem igualmente temer
serem retidos porque se as naves partissem sem eles , ficariam mais abandonados e impotentes que um marinheiro
de Cook deixado em uma ilha de Papouasie , seu mundo prosseguindo inexoravelmente seu caminho através da
galáxia . Deste ponto de vista , compreende-se que a objeção que representaria a distancia das estrelas para as
viagens interestelares desaparece no caso dos OVNIs e deixa mesmo de fazer sentido.

Uma questão se apresenta:

Porque então esta raça , que finalmente atingiu uma região da galaxia com menos estrelas e por isso menos
perigosa , não decide conquistar um planeta e nele se instalar?

Para responder a isto , me parece que o melhor é considerar aquilo que conosco mesmo se passou no decorrer
das eras . A raça humana começou por habitar em miseraveis  cabanas construidas com ramos de arvores e sem
nenhum conforto , como animais em suas tocas .  Pouco a pouco , no decorrer de milhares de anos , criamos um
mundo artificial mais propicio à nossa vida e mais confortável . Atualmente somos independentes da luz do Sol
para nossa iluminação e de seu calor para nosso aquecimento , temos por nós próprios a agua quente , nossos
alimentos são facilmente preparados e não temos mais que caçar para nos alimentarmos. As máquinas evitam-nos
muitos trabalhos e temos tempos livres que ocupamos conforme muito bem queremos. Nossa saude está mais bem
protegidas  e no geral, nossa vida é menos esgotante e menos precária. Quem de entre nós escolheria agora ir
viver em uma cabana de ramos de arvores na próxima floresta?  Ora, para estas raças evoluidas , não foi apenas
a floresta original que eles deixaram , mas mesmo as cidades , substituindo tudo isso por mundos infinitamente
mais elaborados e aperfeiçoados no decorrer de milhares de anos , por centenas de gerações que neles se
sucederam. Então , passando perto de um sol que possui um planeta habitável , eles apenas querem vir a ser o
que se passa , como cientistas curiosos , como nós próprios que vamos passar um fim de semana em passeio  a
um bosque , mas instalar-se lá , isso não faz o mínimo sentido para eles.

Vejamos agora, rapidamente , a segunda explicação de que falamos.  Parece possivel que a explosão de uma
supernova não seja de modo algum necessária para fazer com que uma raça evoulida abandone o seu planeta e
que a pesquisa cientifica orientada abandone o seu planeta e que a pesquisa cientifica orientada finalmente ,
após milhares de anos , em relação ao estudo da matéria viva e de que suas possibilidades infinitas de
desenvolvimento seja suficiente por sí só para determinar que pelo menos uma parte da raça abandone o planeta.
As condições variadas ao infinito do desenvolvimento da vida em numerosos planetas que gravitam em torno dos
sóis da galaxia podem ser , de fato, um pólo de atração suficiente para uma raça superior .

A hipótese que acaba de ser exposta é completamente gratuita. . . . Contudo , ela não parece entrar em
contradição com as leis cientificas conhecidas atualmente, embora exija , antes de permitir sua realização, um
progresso técnico considerável e não necessariamente possivel . Ela expõe um aspecto das consequencias
prováveis da explosão de uma supernova na proximidade de um planeta habitado por uma espécie dotada de
inteligencia e tecnicamente muito evoluida. Ela apresenta também numa explicação das observações de OVNIs
que são ao mesmo tempo distribuidas em vagas frequentes , de aspecto vários, e constantes pelas performaces
atingidas. Explica também por que os humanóides parecm pertencer a raças diferentes e desaparecem ao fim de
algumas semanas.

Estou convencido de que esta hipótese não é certamente exata quanto aos dados quantitativos e que ,
certamente , também está incompleta. Penso , no entanto , que talvez seja um progresso na compreensão do
problema dos OVNIs.

Agradeço muito ao Prof. A. Meessen e ao Sr. J. Scornaux por suas opiniões e correções do texto e cálculos que
me permitiram atingir o texto original.
 
 

Extraído de um texto de Maurice de San  -  1980

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