A estranha história dos mapas de Piri Reis
não terminou. Ela começou precisamente em 1929 em Istambul
, então
Constantinopla , quando se encontrou um mapa
traçado sobre um pergaminho. Esse mapa estava datado do mês
de
Nuharrem , no ano de 919 depois do Profeta ,
isto é , 1513 da era cristã . O mapa estava assinado por
Piri Ibn Haji
Memmed , nome completo do Almirante Piri Reis.
Este foi decapitado no Cairo , no ano de 960 do
Profeta . De origem grega e cristã , ele era sobrinho do famoso
pirata
Kemal Reis . Participou de numerosas expedições
de pirataria , notadamente sob o comando do célebre Khair-Al-Dir
Barbarossa. Assumia o alto posto de Kapudan ,
equivalente a governador do Egito, na época . Saqueou Aden , depois
Maskat. Cercou Hormuz , mas levantou o cerco
após ter recebido uma grande soma do governo local . Foi denunciado
à Sublime Porta ( Corte do Império
Turco ) , foi preso e decapitado no Cairo. Os habitantes de Hormuz tentaram
em vão recuperar seu resgate.
Piri Reis descreveu suas viagens em livros e em
mapas . Um de seus mapas parece ter sido totalmente usado por
Cristóvão Colombo. Quanto à
carta geográfica descoberta em 1929 na biblioteca Seray de Istambul,
por Khalil
Edden Bey , mostra as duas costas do Atlântico
e dá uma representação muito clara da América.
Chamou a atenção de um primeiro
pesquisador americano , Arlington Mallery. Este provou , por cálculos
perfeitamente confirmados em seguida, que este
mapa exigiria conhecimentos profundos de trigonometria esférica
, que
datava de uma época muito antiga , uma
época em que o gelo do Antártico ainda não recobria
a região de Queen
Maud Land .
Os trabalhos de Mallery chamaram a atenção
do professor Charles H. Hapgood , do Keene State College , em
Keene , New Hampshire , EUA . O professor Hapgood
já é conhecido como o autor do livro : A Crosta Deslizante
da Terra . Este livro foi prefaciado por Albert
Einstein , que pessoalmente reviu e confirmou todos os cálculos
do
professor.. Passagens deste livro foram traduzidas
para o jornal francês Le Figaro.
Foi professor Hapgood quem chamou a carta de Piri
Reis e outras cartas análogas de "cartas dos antigos Reis do Mar".
Foi ele quem provou sua antigüidade e mostrou que sua elaboração
exigiu a presença de um aparelho voador ( o mesmo que traçou
os desenhos de Nasca? )
Além do professor Hapgood , podemos citar
, entre os especialistas eminentes que se interessaram por este problema
, o
Rev. Daniel L. Lineham , S.J. , que dirige
o Observatório de Weston Boston College , e que confirmou , no que
concerne à Antártica , os
cálculos de Mallery .O explorador francês Paul-Émile
Victor fez o mesmo. Os estudos
prosseguem .Quando , em 1967 , fui admitido na
Sociedade Americana de Geografia , solicitei uma opinião escrita
sobre os trabalhos de Hapgood . Responderam-me
que embora exagerados, são extremamente interessantes . O que não
está mal para uma resposta da ciência
oficial.
Em 26 de agosto de 1956, a Universidade americana
de Georgetown organizou , em uma estação de rádio
, uma
mesa redonda sobre o mistério de Piri
Reis. Eu soube do teor do texto da discussão : a maioria dos especialistas
concordara em considerar esta descoberta como
muito importante.
Antes de nos envolvermos nos mistérios
dos portulanos e dos Reis do Mar , deve-se , antes de mais nada , prestar
homenagem aos estudantes do Keene State College
que , durante anos , trabalharam com o professor Hapgood ,
fizeram cálculos complexos e prepararam
uma gigantesca bibliografia.
De outro lado , eu ( J. Bergier ) esclareço
que as opiniões emitidas no presente texto são de minha exclusiva
responsabilidade, não envolvendo a dos
respeitáveis cientistas anteriormente citados .
Dito isso , comecemos nossa viagem ao passado.
A partir do século XIV , os navegadores
tiveram em mãos os portulanos . Como seu nome indica , eram mapas
que
permitiam navegar de um porto a outro. Os que
os utilizaram não tinham nenhuma noção da natureza
da Terra nem
pareciam se perguntar se ela é chata ,
redonda ou de outra forma. O explorador norueguês A.
E. Nordenskiold
começou a pensar em 1889 que estas cartas
não datavam da Idade Média , sendo muito mais antigas. Supõem
que
foram copiadas de um original cartaginês
,senão ainda mais antigo . Tentou-se explicar as linhas geométricas
que se
encontraram nessas cartas como associadas ao
magnetismo terrestre e à bússola. Sem sucesso.
Por ocasião da descoberta do portulano
de Piri Reis, Arlington Mallery demonstrou que as cartas indicam o Antártico
, a América do Sul e do Norte, com uma
precisão desconcertante , para não dizer impossível
. Ele mostrou também
que a carta de Piri Reis é a cópia
de um mapa , ou de uma série de mapas mais antigos ainda , que já
não possuímos .
Estas cartas foram feitas em um passado longínquo
, talvez quinze mil anos antes da nossa era , por um povo marítimo
que conhecia a curvatura da Terra , a trigonometria
esférica e possuía aparelhos aéreos ( ou engenhos
espaciais? ).
Mallery , oficial engenheiro e matemático
, compara a carta de Piri Reis a uma carta do exército americano
empregada
durante a Segunda Grande Guerra . Esta última
aplicava o principio da projeção polar eqüidistante
, e colocava o
centro da projeção no Cairo, onde,
na Segunda Grande Guerra , localizava-se uma importante base militar dos
Estados Unidos. A semelhança com a carta
de Piri Reis é absolutamente surpreendente e fornece a prova de
que ,
aqueles que a fizeram , conheciam trigonometria
esférica e a estrutura geral do globo.
Sobre a carta de Piri Reis , encontramos em particular
o Amazonas , o golfo da Venezuela , a América do Sul , da
Baya Blanca ao Cabo Horn e, finalmente
, o Antártico. Ora , este continente não foi descoberto senão
em 1818 .
Entretanto , o portulano de Piri Reis e outros
portulanos o descreviam com precisão . Seguramente , certos cartógrafos
eminentes , antes de 1818 , e Mercator entre
eles , acreditavam na existência de um grande continente antártico
. Mas
esta crença não foi corroborada
por nenhuma expedição.
O Antártico desenhado nas cartas de Piri
Reis corresponde não somente ao que os atuais mapas mostram, mas
também
ao perfil obtido por métodos geofisicos
recentes , do continente , tal como se encontrava sob os gelos. A conclusão
a
tirar é que o original do portulano de
Piri Reis foi traçado antes que os gelos cobrissem a região
de Queen Maud Land
. O que nos faz remontar a quinze mil anos ,
senão muito mais longe.
A semelhança é chocante para que
se possa tratar de uma simples coincidência . Alguém elaborou
essa carta num
passado longínquo , e cópias como
as de Piri Reis e a de Oronteus Finaeus , feita em 1531 , nos chegaram
às mãos .
Nesta ultima, as dimensões do continente
antártico correspondem perfeitamente às das melhores cartas
modernas.
Quando estas cartas foram traçadas , havia
gelo no oeste do Antártico , mas o continente não estava
totalmente
coberto. Ora, os modernos métodos da geofísica
demonstraram que, há seis mil anos , encontravam-se regiões
temperadas no Antártico, especialmente
do lado do Mar de Ross.
Ë a data mais recente na qual podem ter sido
traçados os originais dos portulanos, mas tudo leva a crer que se
deve
remontar , no mínimo , a quinze mil anos
. Uma carta turca de 1559 , a de Hadji Ahmed , mostra também
um
Antártico e um litoral do Pacifico , nos
Estados Unidos , muito precisos . Ou melhor: esta carta registra uma terra
desconhecida formando ponte entre a Sibéria
e o Alasca , no estreito de Behirng ! Uma tal passagem terrestre
explicaria a povoação das Américas
por homens do paleolítico vindos a pé da Ásia . Mas
esta ponte certamente
desapareceu há trinta mil anos ou mais.
Mal compreendemos como uma civilização terrestre conhecida
ou não, poderia
saber desta passagem.
Em compensação , percebe-se perfeitamente
bem que --- e esta será minha tese neste
texto --- fotografias da Terra ,
tomadas de um satélite ou engenho voador,
traduzidas em forma de carta geográfica e depois copiadas , dão
uma
explicação mais plausível
do mistério que a hipótese de uma enorme civilização
recoberta pelos gelos do Antártico, e
da qual não se encontram traços
. As duas hipóteses não se excluem nem são contraditórias.
Talvez uma inspeção vinda do Exterior
( extraterrestre) , na época de Nasca, teria revelado a existência
desta civilização
, entrando em contato com ela . Talvez mesmo
membros desta civilização teriam sido salvos e levados a
algum lugar?
Quem sabe?
Em todo caso , o primeiro trabalho a fazer , empreendido
pela equipe de Hapgood , é estabelecer uma relação
entre o
portulano de Piri Reis e outros portulanos.
O portulano Dulcert , de 1339 , é o primeiro
do gênero , e os outros parecem cópias . A precisão
deste portulano, no
que concerne ao Mediterrâneo, à
Europa , é totalmente incompreensível . Da Irlanda ao Don
( rio da Ucrânia )
, o portulano testemunha uma informação
que ninguém poderia possuir nos séculos XIV , XV ou
XVI . Sua execução
parece ter exigido conhecimentos matemáticos
totalmente desproporcionais aos daquele tempo . Todas as provas
convergem para indicar que ele deve ter sido
copiado , e mais uma vez , a partir de um original que
remonta ao
passado mais longínquo .
Uma carta da Renascença , a de Camerio
, de 1502, confirma este ponto de vista e se assemelha aos portulanos
comuns. Ela também parece ter sido feita
sobre uma grade usando a trigonometria esférica e talvez um ordenador
.
Verificações quantitativas feitas
sobre trinta e sete pontos da carta de Camerio confirmaram este ponto de
vista.
A carta veneziana de 1484 utiliza por vezes o
sistema dos portulanos e o sistema de marcação medieval pelos
doze
ventos . Ela também apresenta uma precisão
inacreditável , vistos os conhecimentos da época. As mesmas
semelhanças
são encontradas em uma carta de origem
desconhecida , da qual só se sabe , mas com certeza, que foi gravada
em pedra
pelos chineses no ano de 1137 de nossa era. Nela
se encontra o mesmo esquema de traços que na carta de Piri Reis
e
outros portulanos. Ela parece, portanto , ter
origem na mesma civilização desconhecida.
O estudo matemático de Hapgood abriga muitas
fórmulas para ser aqui reproduzidas . Entretanto , sua conclusão
merece ser citada integralmente :
"Parece-me que a prova trazida por esta carta
chinesa demonstra a existência , nos tempos antigos , de uma civilização
que cobria o mundo
inteiro , de uma civilização cujos
cartógrafos traçaram mapas da Terra inteira com um nível
geral uniforme de técnica , de métodos similares
, os mesmos conhecimentos de matemática
e, provavelmente , os mesmos instrumentos. Considero esta carta chinesa
como a pedra
fundamental do edifício que construí.
Para mim, ela determina a questão se a cultura antiga que penetrou
no Antártico e que deu origem a
todas cartas ocidentais foi realmente uma cultura
de escala planetária"
Estando embora totalmente de acordo com Hapgood
, devo entretanto fazer salientar que um satélite de cartografia
,
que leva uma centena de minutos para circundar
a Terra , pode fazer muito mais descobertas que uma civilização
que
cobre toda a Terra . O que foi amplamente
demonstrado pelos diversos satélites lançados
depois de 1957.
A hipótese de uma intervenção
extraterrestre na História pode , muito bem , ter acelerado o desenvolvimento
de certas
civilizações desaparecidas em seguida
, quer por erros seus, quer por cataclismo naturais . Se a carta chinesa
traz uma
pedra ao edifício de Hapgood , ela traz
igualmente uma ao meu : há dez mil anos , talvez mais ainda , as
cartas da
Terra foram feitas por alguém que tinha
acesso a todas as partes do globo , que possuía excelentes meios
técnicos , que
conhecia a matemática . Considerando-se
a precisão dos relevos topográficos , não me parece
absurdo afirmar que este
"alguém" conhecia a fotografia e dispunha
de aparelhos voadores ou de satélites.( Acredito que este parágrafo
deva ter dado
uma sincope em algum Homem de Negro , convém
não esquecer do Cavaleiro Negro , aquele misterioso satélite
em torno da
Terra que foi detectado quando nossa tecnologia,
na década de 60 , permitiu que conseguíssemos monitorar o
espaço aéreo a grandes
altitudes , e que depois desapareceu misteriosamente
/ RSM )
Continuemos na exploração das velhas
cartas , acompanhando Hapgood e sua equipe. A carta de Zeno , de 1830 ,
se
liga a uma viagem de venezianos à Groenlândia
. É de espantar a precisão com que são indicadas as
costas da
Noruega, Suécia , Dinamarca , Alemanha
e Escócia , a exatidão das posições de latitude
e longitude de certo
números de ilhas . Temos , uma vez mais
, a impressão de que se trata de cópia moderna de uma carta
muito antiga .
Discute-se ainda a este respeito.
Mallery acha que estas cartas registram ilhas
que não existem mais, seja porque submergiram , seja porque foram
cobertas pelo gelo que veio da Groenlândia
. Hapgood pensa que os venezianos , recopiando a carta antiga,
cometeram erros . Ele salienta que os venezianos
tomaram Constantinopla em 1204 por volta da Quarta Cruzada e
pensa que se apoderaram de cartas análogas
à de Piri Reis e que as copiaram com maior ou menor exatidão.
Encontra-se, uma vez mais , uma "grade" , mas
deformada e provavelmente mal compreendida . As carta de Ptolomeu ,
tal como foram reconstituídas no
século XV , que mostram uma Groenlândia não inteiramente
recoberta de gelo ,
indicam glaciares na Suécia . Ora , estes
gelos não existiam ao tempo de Ptolomeu , muito menos no século
XV ou em
nossos dias . Entretanto, reconstituiu-se a forma
dessas geleiras tal como existiram há dez mil anos e são
elas que
tornamos a encontrar nas cartas de Ptolomeu ,
tal como foram reconstituídas no século XV . Desta vez ainda
, parece
que cartas de grande antigüidade , dez ou
quinze mil anos , foram conhecidas e recopiadas.
O portulano de Andréa Benincasa , de 1508
, é também muito interessante . Nele se encontram geleiras
que a maior
parte dos que estudaram os portulanos antes de
Hapgood , tomam pelo mar Báltico . É um fenômeno muito
interessante.
Poder-se-ia multiplicar esses exemplos . A primeira
conclusão geral que se pode tirar é a seguinte : nossas cartas
atuais
são recobertas de uma "grade" de meridianos
e paralelos . Encontra-se nos portulanos o sistema análogo do mapa
muito
antigo , do qual todos derivam. Pode-se demonstrar
matematicamente que , neste esquema, o grau de latitude é maior
que o de longitude , o que implica um sistema
de projeção . Uma vez de posse desse sistema que foi redescoberto
,
notamos , por exemplo, que a longitude e a latitude
das ilhas do arquipélago das Caraíbas foram determinadas
com
grande precisão. É quase certo
que , aqueles que elaboraram essa carta , possuíam conhecimentos
matemáticos ,
especialmente de trigonometria esférica
, comparáveis aos nossos.
Faz-se notar que, ao mesmo tempo que a trigonometria
esférica, empregou-se nessa carta o sistema dos doze ventos, que
corresponde aos doze signos do zodíaco
e a divisão do circulo em trezentos e sessenta graus. Esta divisão
seria, por
conseqüência, anterior a civilização
da Babilônia e esta teria herdado alguns de seus traços
.
Que mostram esses documentos? Uma Terra mais antiga
que a nossa. Por exemplo, uma Terra onde o delta de
Guadalquivir praticamente não existe,
enquanto atualmente ele tem cinqüenta quilômetros de largura
e setenta e cinco
de comprimento. Ora, são precisos pelo
menos vinte mil anos para que a erosão de um rio forme um delta
desse
tamanho.
Encontram-se também, no Mediterrâneo,
ilhas muito maiores do que aquelas que conhecemos. Quer dizer que o mar
as desgastou a partir dessa época há
vinte ou trinta rnil anos quando essas cartas for elaboradas.
Elas indicam na
Suécia, Alemanha, Inglaterra , Irlanda,
glaciares que não existem mais, mas dos quais podemos reconstituir
a forma:
estas geleiras nos levam a dez mil anos atrás.
E, sobretudo, estas cartas mostram um Antártico
temperado, onde não há gelos. A maioria dos geólogos
afirma que os
gelos do Antártico existem há milhões
de anos, desde o Mioceno ou Plioceno. Mas nem todos estão de acordo
sobre
isto, e certos geólogos acreditam que
há dez mil anos o Antártico apresentava um clima quente
, que se prolongou , em
certas regiões , até há
seis mil anos. Mesmo Hapgood é desse parecer e isto confirma
sua teoria do deslizamento dos
continentes terrestres.
Medidas tomadas no Antártico parecem confirmar
a existência ,há seis mil anos , de um período temperado
. Algumas
dessas medidas mostram que este período
temperado , que chegou a seu fim há seis mil anos , durou ao menos
20 mil
anos. Hapgood pensa que uma poderosa civilização
existia nesta época, tendo depois desaparecido.
De meu lado, acredito que nesta época a
Terra, foi visitada, e que as portulanos de Piri Reis são un traços
dessa visita.
Eu repito que, a meu ver as dua hipóteses
não são contraditórias.
Entretanto, seguindo meu raciocínio, creio
que a figuras de Nasca são anteriores ao original das portulanos
e provem da
mesma fonte. Eu creio que mesmo o zodíaco
poderia ser encontrado nas figuras de Nasca e nos portulanas, e que
o será
quando uma analise for feita. Eu creio que depois
da época de Nasca, um estudo detalhado do globo foi feito e uma
carta foi executada.
Os dois problemas que surgem são: quando e por quem?
No que concerne ao primeiro, vimos que um mínimo
de dez mil anos é imposto pelos dados geológicos que fornecem
as
velhas cartas. É um mínimo poder-se
-ia falar, de vinte ou trinta mil anos. Digamos: da ordem de muitas dezenas
de
milhares de anos.
Por quem? Hapgood e outros crêem em uma
civilização desaparecida, e que era marítima. Dai
a expressão: os velhos
mapas dos Reis do mar. Deve-se aproximar esta
hipótese das sugestões de cientistas que acreditam que os
Sumérios
tenham sido um povo essencialmente marítimo,
cuja civilização era fundada em cidades flutuantes e não
terrestres.
Pode-se também aproximá-la
da teoria dos arqueólogos soviéticos segundo a qual
certos povos misteriosos ( que nos
deixaram tumbas em que se encontravam duas coisas:
um urso enterrado verticalmente e uma bobina de fino fio de ouro
enrolado num suporte de cerâmica) teriam
habitado exclusivamente o Volga. Suas cidades eram em imensas jangadas.
Eles nos deixaram estas tumbas misteriosas por
motivos que desconhecemos.
Esta hipótese é evidentemente interessante
e , a priori , não sou contrário a ela se bem que a complete
com outra
hipótese . Lendas sobre os Reis do Mar
, mais antigos que os Vikings , mantem-se até nossos dias . Encontram-se
traços dessas lendas em obras de
romancistas bem documentados , como Jean Ray ou John Buchan.
Uma outra hipótese , que se encontra em
O Despertar dos Mágicos e em numerosas imitações :
a existência de uma
ou mais civilizações terrestres
desaparecidas. Pergumtam-me muitas vezes porque não se encontram
restos dessas
civilizações? Pode-se dar a essa
pergunta uma dupla resposta.
Primeiro , esta civilização pode
ter existido no extremo norte ( onde os cientistas soviéticos pensam
ter descoberto hoje
os restos de um continente até agora totalmente
ignorado, o Ártico ) ou no extremo sul, isto é, no
Antártico . H.P.
Lovecraft e Erle Cox , assim como meu amigo ,
René Barjavel , se alegraram quando descobriram traços de
uma
civilização avançada no
Antártico . Este seria um dos inumeráveis casos de previsão
do futuro entre os escritores
inspirados.
Por outro lado , tem-se encontrado traços
de civilizações desaparecidas . Vejamos em detalhes a história
da máquina de
Anticítara ( Antikitera ). Anticitara
é uma ilha do arquipélago grago ao longo da qual , no primeiro
século antes de
Cristo , naufragou uma galera grega . Em 1901,
mergulhadores visitaram esta galera e recuperaram um objeto
indefinível, corroído pela água
do mar , que foi transportado para o Museu Nacional de Atenas onde ficou
entregue às
traças . rompeu a Segunda Guerra Mundial
e, ao seu término , em uma Europa despojada de tudo, foram
recolhidas
muitas máquinas-ferramentas e peças
de arado completamente corroídos e enferrujados , por estarem muitos
anos ao
abandono . Americanos astuciosos inventaram métodos
de desenferrujamento eletrolítico que , por um processo inverso
ao da eletrolise , permitem transformar os óxidos
em metal original , mesmo se tratando de um mecanismo muito
delicado :
obtem-se , assim , a forma exata do objeto corroído
. Perto de 1960 , um eminente cientista da Universidade de Yale ,
o professor Derek de Solla Price , reconstituiu
por este processo o objeto de Anticítara ( Antikitera ) . E constatou
que se tratava de uma miniatura de planetário
, de uma máquina que permitia calcular a posição dos
planetas.
Esta máquina é tão precisa
como as que se podem fazer hoje , representar o que há de melhor
em mecânica e , para
conseguir cálculos mais precisos que os
que ela permite , seria necessário um ordenador . Descrevendo seus
trabalhos em
Scientific American ( a melhor revista do gênero
) , o professor Derek de Solla Price concluiu assim seu artigo : é
mais do que espantoso. Com efeito , uma tal máquina
nos obriga a admitir que os antigos gregos possuíam técnica
avançada, o que é completamente
contrário à sua mentalidade abstrata , filosófica
e ao seu menosprezo pelas máquinas
, ou a reconhecer que antes dos antigos gregos
havia uma tecnologia hoje perdida , mas que se comparava à nossa
,
especialmente no domínio da fabricação
de bronzes especiais e do cálculo de engrenagens.
As civilizações desaparecidas ,
quer marítimas ou terrestres , penso terem sido vigiadas , talvez
ajudadas , por
extraterrestres . Não me preocupo no momento
com a questão de saber se se trata das mesmas Inteligências
que
acenderam e depois explodiram a estrela
que destruiu os dinossauros , ou de intermediários ( os nanicos
zolhudos/ rsm)
entre elas e nós, de raças mais
avançadas que as nossas , que serviam as Inteligências . Acredito
que estas raças e as
Inteligências continuaram a vigiar e vigiam
ainda nosso planeta.
Considero ainda que um dos sinais das Inteligências
é o emprego da matemática , que elas procuram ensinar quando
possível. Na América do Sul atribuo
a essas Inteligências o fabuloso calendário dos maias : o
ano maia dura 365,2420
dias , enquanto o número exato , determinado
por meios os mais modernos , é de 365,2423 dias . A precisão
dos maias
era de um décimo milésimo de dia
. Determinaram igualmente a duração da lunação
com precisão de quatro milésimos
de dia, e uma precisão tão grande
exige matemática avançada .
Atribuo às Inteligências as
figuras de Nasca , assim como as fortalezas e os edifícios ciclópicos
do peru . Eu ( J.
Bergier ) penso que serão encontrados
seus traços nos baixos-relevos de Marcahuasi , quando eles forem
completamente analisados.
Na América Central , eu (J. Bergier) lhes
atribuo a pirâmide de Cuicuilco , no México . Esta pirâmide
recoberta de
lavas , cronologicamente situada por métodos
geológicos infalíveis , tem ao menos sete mil anos.
Não parece com
nenhuma outra arquitetura da região ,
e foi objeto de culto desde os tempos mais antigos do México . O
estudo desta
pirâmide , levado a cabo pelo norte-americano
Byron S. Cummings , e dois mexicanos , o Dr. Manuel Gamio e José
Ortiz , determinou escavações ,
que trouxeram à tona diversos objetos indicativos de uma civilização
muito mais
avançada em relação a todas
as outras do México . A seguir ( os trabalhos datam de 1920 , aproximadamente
) ,
métodos que empregavam a radioatividade
levaram à conclusão de que a erupção vulcânica
que recobriu de lava esta
pirâmide , e ocasionou seu abandono na
época como lugar sagrado , data de 200 anos antes de Cristo . As
pesquisas
continuam ainda hoje e se espera , em particular
, descobrir as criptas sob a pirâmide . Talvez sejam encontradas
as
múmias dos que, há sete mil anos
, construíram a pirâmide e dela se serviram como observatório
astronômico .
Encontrou-se a calçada de cimento que
leva à pirâmide ; ela percorrida por veículos : se
os incas , assim como os astecas
, não conheciam a roda ( ?) , não
é certo que ela fosse desconhecida dos seus predecessores.
É possível que os Olmecas descendam
dos construtores dessa pirâmide . As descobertas sobre esse povo
se sucedem
num ritmo acelerado e talvez algo se confirme
antes de dez anos. O problema das pirâmides , uma vez despojado do
entusiasmo que provocou , é um problema
interessante. Um humorista disse :
"A forma das pirâmides é de molde a nos provar que no antigo Egito os operários trabalhavam menos e menos "
Mais seriamente , e isto concerne aos propósitos
de nosso livro , numerosos pesquisadores soviéticos acreditam que
as
pirâmides são uma representação
da luz zodiacal . Esta luz é uma nuvem de poeira que acompanha a
Terra em seu
movimento , como a cauda de um cometa e tem ,
com efeito, a forma da pirâmide . É dificilmente visível
a olho nu ,
mas pode-se observa-la com a ajuda de instrumental
apropriado.
Aqueles que traçaram as cartas de Piri
Reis possuíam tais instrumentos , e é totalmente possível
que a vista dessa luz
zodiacal , pirâmide gigante luminosa no
céu, tenha feito nascer um culto e a construção de
diversas pirâmides , quer as
do Egito , quer a de Cuícuilco, que parece
ser a mais antiga.
Não se exclui que diversas estruturas geométricas
, as pirâmides , Nasca , e muitas outras , sejam representações
de
objetos existentes mas visíveis só
através de instrumentos ou detectáveis unicamente por satélites
, como a luz zodiacal
ou os cinturões de radiação
que envolvem o globo.
Se as cartas dos velhos Reis do mar representam
a Terra , talvez outras inscrições , outros documentos ,
representam a
geometria visível e invisível do
sistema solar.
Sob este ponto de vista , é interessante
examinar a que corresponde por toda a parte , notadamente nos mapas de
Piri
Reis , e que se liga tradicionalmente ao zodíaco
. O zodíaco é visivelmente uma mitologia que não corresponde
a nada :
com efeito , o eixo da terra se inclinou depois
da civilização babilônica e os signos do zodíaco
não mais correspondem à
realidade física.
Mas não é proibido buscar uma explicação
mais simples . O planeta Plutão não corresponde às
deduções teóricas que
fazem prever um décimo planeta além
de Netuno . Este décimo planeta existe talvez , e dois outros além
dele . Se o
sistema solar possui realmente doze planetas
, o que seria fácil de constatar pelos seres que o observam do exterior
há
muito tempo , parece natural que esta revelação
tenha conduzido os terrenos a dividir o céu , e depois o circulo
, em
doze partes.
A divisão do circulo em 360 graus impo-se
em seguida , por motivos de facilidade de cálculo , como o revelam
as
pesquisas sobre a matemática babilônica.
Seria interessante reexaminar o problema das cartas
à luz de nossos conhecimentos , os mais recentes , sobre o sistema
solar. Seria muito importante , em meu parecer,
traçar um mapa do sistema solar com as três luas da Terra
--- eu ( J.
Bergier ) disse três ; as outras duas são
nuvens de poeira , no começo teoricamente provadas , depois observadas
e
fotografadas ---
os cinturões de radiação , os diversos satélites
dos planetas , o vento solar , e ver em seguida se não
se encontra correspondência entre tal mapa
e as diversas cartas que conhecemos do sistema solar. É certo que
, se uma
correlação sólida pode ser
estabelecida entre a estrutura invisível , mas agora conhecida ,
do sistema solar , e uma carta
antiga , será dada a prova de um contato
exterior ou da existência de uma antiga civilização
avançada .
Piri Reis se designou nas notas que acompanham
sua obra como um "pobre copista", que reproduziu as cartas já antigas
ao tempo de Alexandre , o Grande . É evidente
que não se pode exigir dele conhecimentos de astrofísica
, já que
ignorava até que a Terra é redonda.
Mas isto não quer dizer que aqueles que fizeram a carta original
não tivessem esses
conhecimentos. Segundo estudos recentes de Strachan
no MIT ( Instituto de Tecnologia de Massachussetes ) ,
parece certo que estavam já familiarizados
com a conversão de coordenadas retangulares em coordenadas polares.
Notemos que as cartas originais de Piri Reis anotam
as constelações. É assim que , no lugar da carta ,
no Antártico ,
aonde está a região de Queen Maud
Land , se encontra indicada a constelação da Serpente , visível
no hemisfério Sul
, apenas à latitude 70/72º , isto
é, exatamente a latitude de Queen Maud Land . Perto do litoral da
Argentina está
indicada a constelação Argo . No
centro do Brasil , a constelação de Touro ; e ao Sul um lobo
, do que se pergunta se
ele representa uma constelação
ou outra coisa.
O estudo das analogias entre o céu e a
carta de Piri Reis deveria prosseguir , mas infelizmente o cientista que
dele se
ocupava , Archibald T. Robertson , de Boston
, morreu recentemente . Também seria interessante examinar os
poemas de Piri Reis , para pesquisar mensagens
codificadas.
De modo geral , a história de Piri Reis
apenas começou , e numerosas outras coincidências deverão
ser examinadas . Por
exemplo, não acredito que somente o acaso
tenha determinado que o principal historiador de Piri Reis , no século
XIX ,
tenha sido von Hammer , que foi igualmente o
historiador principal da Ordem dos Assassinos . Esta ordem
pretendeu possuir informações precisas
sobre a estrutura da Terra e sobre terras desconhecidas.
Piri Reis pode ter sido o herdeiro de uma tradição
diferente daquela que se encontra nos livros de história. Uma
correlação entre os livros de von
Hammer e aquilo que se sabe no século XX sobre a história
invisível deveria ser
estabelecida.
De qualquer modo , dever-se-ia verificar como
se transmite uma informação além de uma certa duração
no tempo, na
história clássica . A destruição
de bibliotecas e de material impresso foi muito mais considerável
que geralmente se pensa
. Em 146 a.C. , os romanos quando destruíram
Cartago , incendiaram uma biblioteca de quinhentos mil volumes .
Destruições sucessivas aniquilaram
a biblioteca de Alexandria , a ultima , definitiva , tendo sido feita pelos
árabes ,
após sua conquista do Egito , no século
VII depois de Cristo . Na Rússia , a enorme biblioteca do Tsar Ivan
, o
Terrível , desapareceu sem deixar nenhum
traço . Deixo ao professor Agrest a responsabilidade da hipótese
segundo a
qual extraterrestres teriam levado esta biblioteca
para se documentar com respeito aos acontecimentos da Terra! Tudo é
evidentemente possível , mas mesmo os
escritores soviéticos favoráveis a Agrest , como Igor Mochenko
, em seu livro
Vingt-sept miracles de plus ( Vinte e sete milagres
a mais ) , acha que há um pouco de exagero.
Em todo caso , pode-se avaliar que sobreviveram
menos de cinco por cento dos documentos, tratados , etc de mais de
três mil anos . Com a expressão
sobreviver , quero dizer , "estar à disposição de
todo o mundo ". Eu estou totalmente pronto
a tratar com respeito pessoas que vão
consultar documentos nos monastérios tibetanos inacessíveis
, mesmo que não se
encontrem esses monastérios na carta muito
detalhada , feita pelos chineses , sobre o Tibete. Entretanto, este gênero
de
informações não leva a nada.
Certos documentos não foram ainda encontrados
: o que nos é provado pela história dos manuscritos do Mar
Morto.
Entretanto , em seu conjunto , a velha tradição
se perdeu . É por isto que é interessante analisar a fundo
os documentos
nos quais temos confiança e os monumentos
que existem. É preferível se limitar a este tipo de informações
, já que é
muito fácil ser enganado por comentaristas
pouco sérios , as vezes sonhadores , ou por pessoas que confundem
ficção
cientifica com vulgarização cientifica.
Uma boa parte dos comentaristas científicos
soviéticos, por exemplo, confunde novelas de ficção
cientifica e os artigos
de divulgação cientifica que
na URSS , aparecem nas mesmas publicações ; eles apresentam
como grande descoberta
cientifica as fantasias de uma novela de ficção
cientifica.
Incidentes deste gênero são freqüentes
mesmo nos EUA , onde as revistas de vulgarização cientifica
não publicam
jamais obras de ficção cientifica.
O que não impede certos autores de citar uma novela de ficção
como "portadora da
rubrica de uma revista cientifica ".
Em compensação , quando se possui
um conjunto tão rico de informações como os portulanos
ou as figuras de Nasca ,
parece-me que uma analise profunda , como aquela
que se pretende através de sinais vindos do espaço , se impões.
Extraído do livro Os Extraterrestres
na História de J. Bergier - Hemus
- 1970