Raramente é possivel , encontrar um episódio isolado,
genuinamente, onde todas as facetas do
fenomeno OVNI se concentrem. Happy Camp constitui um verdadeiro
laboratório do problema
estudado, além de ter oferecido a oportunidade para uma experiencia
direta, embora breve , do
fenomeno. Ele também mostra um caso raro de sequestro multiplo.
Happy Camp é uma pequena cidade madeireira na fronteira setentrional
da Califórnia, a cerca de 60
quilometros do Estado de Oregon. Uma unica estrada , seguindo de leste
para oeste, atravessa a
cidade, a 100 quilometros da via expressa que liga os dois Estados.
A cidade tem um bar e um café .
Localiza-se em um cenário magnifico, com regatos que descem
da montanha, florestas de pinheiros e
sequóias e canions profundos. As serrarias servem como principal
ocupação profissional. A maior parte
das testemunhas de OVNIs trabalham direta ou indiretamente para
as serrarias. Existem muitos indios
na área . Vale destacar , também, que o principal meio
de transporte é a caminhonete com tração nas
quatros rodas . Os moradores locais comunicam-se através de
rádios faixa cidadão, e geralmente
carregam rifles nos veiculos.
Soube do caso no final de 1975, através de quatro independentes,
inclusive um representante regional
da Mutual UFO Network (Rede Mútua de OVNI
--- MUFON ) , que visitou o local . Posteriormente
artigos razoavelmente factuais surgiram nos jornais de San Francisco
. Contudo, os pesquisadores
suspeitavam que algumas testemunhas não revelaram a história
toda. Na metade de 1978, quando o
interesse pelos eventos diminuiu e Happy Camp voltou a rotina da vida,
carreguei meu Cheyenne com
equipamentos e viajei até o local , o que demorou um dia inteiro.
Tres investigadores tarimbados ---
Paul Cerny , Tom Gates e Mark Uriate --- seguiram comigo. repassamos
os fatos divulgados a respeito
do caso.
No dia 25 de outubro de 1975 , dosi eletricistas da serraria , Stan
Gayer , na época com 19 anos , e
Steve Harris , então com 26 anos , estavam em uma caminhonete
, na área de Shivar Saddle m testando
seus rádios faixa cidadão , quando viram dois objetos
em forma de estrela, excepcionalemte brilhantes.
Um dos objetos moveu-se subitamente para a parte superior da montanha
, oscilando como se "lutasse
conta o vento". Depois desceu , caindo como "uma ponta de charuto acesa
" . Seu brilho era
avermelhado . Eles seguiram adiante e em seguida viram um objeto grande,
vermelho, brilhando no solo
, na encosta do monte Cade.
Dois dias eles retornaram ao local, com um terceiro homem, oficial
mecânico , que se considera um
"cético interessado" no assunto. Eles estavam equipado com um
detetor de metais e uma lanterna .
Conhecedores da montanha, exploraram a área , encontrando uma
pilha de material estranho , parecido
com mica, no local do primeiro pouso, e continuaram a procurar outros
sinais . A mica , ao ser
analisada, não passava do tipo comum , usado em antigos
fogões a lenha.
Eles não esperavam encontrar um par de olhos prateados no meio
do mato, nem ouvir um som de
sirene . Iluminaram o local com a laterna , mas não conseguiram
ver absolutamente nada , apenas
escuridão , onde deveria haver moitas e arbustos. Neste
momento, eles consideraram que seria mais
prudente voltar para a caminhonete e retornar à cidade , onde
contaram a história para um estudanete
de 17 anos e para Helen White , que se transformou na protagonista
principal dos eventos
subsequentes.
Na época das visões, Helen White estava com 62 anos .
Ela morava em Happy Camp desde 1949,
tendo trabalhado durante dezenove anos na serraria . Um reporter a
descreveu bem dizendo que "usava
óculos, tinha olhos meigos e uma mecha de cabelos grisalhos
que lhe davam um ar de vovó , o que
realmente era ".
Este grupo de cinco pessoas tão diferentes resolveu ir novamente
resolveu ir novamente até as
montanhas. Ao chegar no local onde os olhos haviam sido avistados ,
Steve Harris ficou um tanto
nervoso . Por frustração, ou em uma tentativa de impressionar
os outros , ele começou a disparar a
esmo, contra as moitas , sem dúvida um modo pouco convencional
de se investigar um fenomeno
desconhecido. Embora eu não aprove este método, sou forçado
a admitir que era uma maneira
eficiente de assustar qualquer pessoa que estivesse fazendo uma brincadeira,
protegida pelas moitas de
uva-ursina.
Ao invés de gozadores ou fraudadores , as cinco testemunhas viram
duas silhuetas , usando capacetes
como a de soldadores circundadas por uma luz peculiar. O som de sirene
foi ouvido novamente. Helen
White , que portava sua camara , foi incapaz de tirar uma foto .
As criaturas aproximaram-se parando a uns 15 metros do grupo .
As pessoas sentiram um calor
estranho no ar. Steve recorda-se de ter tossido , como se o ar estivesse
pesado demais para se
respirar.
--- Era como uma sauna , ou um banho turco, onde o ar fica quente , só que muito pior --- disse
Helen White comparou s sensação a um aperto no peito
. Steve pensou que estavam sendo atingidos
por gás. O grupo fugiu em pânico, perseguidos durante
a descida da montanha por um objeto vermelho
luminoso. O evento principal ocorreu cinco dias depois , a 2 de novembro
de 1975, com os mesmos
protagonistas ( Steve, Stan e Helen ) , e duas outras pessoas
que passavam de carro por uma
estradinha de terra no canion, no sopé do monte Cade. Eles ainda
estavam tentando encontrar uma
explicação para o que viram , e exploravam a área
de maneira mais ou menos sistemática.
No canion , entretanto, passaram por um trecho coberto de neblina densa,
que os forçou a recuar , e
todos se confundem com relação aos eventos subsequentes.
Eles se lembram de que pedras imensas
caíram do alto do canion, dos lados da caminonete. Eles se recordam
de que as portas foram abertas, e
um ser estranho surgiu, dizendo a Steve , que empunhavam a arma:
--- Não vae precisar disso.
Eles acreditam ter visto um objeto pairando no ar. Helen lembra , inclusive
, de ter sido conduzida para
uma sala , mas não tem certeza da sequencia temporal dos acontecimentos
. Um dos ocupantes
manteve um dialogo com ela, no decorrer do qual descreveu um objeto
transparente , dizendo que era
de ouro. Helen respondeu que conhecia o aspecto do ouro , e certamente
não era transparente. O ser
respondeu apenas : "Existem coisas como um ouro através do
qual se pode ver. Está em sua Bíblia".
Steve acredita que esteve em um aparelho com uma janela transparente
no topo, através da qual pode
ver a montanha China. A lembrança seguinte , a nivel consciente
, foi de que se encontravam na
caminhonete , descendo a montanha , cantando uma antiga canção
religiosa. Eles entoavam , todos
juntos , o hino Há Poder no Sangue do Cordeiro.
Depois deste incidente principal , diversas testemunhas tiveram visões
na área, até a época de nossa
visita. Tais incidentes incluem outros episódios com neblina
esquisita contendo um humanóide, sons
agudos tão penetrantes que incomodaram as testemunhas e diversos
tipos de objetos esféricos ou
oblongos sobrevoando a cidade , por vezes perseguidos tenazmente por
um jato da Força Aérea
americana.
No dia 8 de fevereiro de 1976 , dois dos meus amigos pesquisadores encontravam-se
em Happy Camp,
entrevistando testemunhas , quando ouviram uma pessoa , na faixa do
cidadão , relatando a presença
de uma luza alaranjada sobre Slater Butte. Eles viram a luz sobre a
montnha , descendo e subindo duas
vezes . O objeto era brilhante , laranja-escuro , e seu fulgor lembrava
o de "um fogo na floresta , atrás
do morro".
No outono de 1977 duas pessoas , na Estrada de Benjamin Creek, viram
um pinheiro Douglas ser
partido em dois, enquanto uma força desconhecida puxava a perua
deles, em marcha a ré, por mais de
15 metros. Os ultimos 25 metros da imensa arvore foram atirados a 20
metros de distancia , e uma
esfera branca brilhante sobrevoava a área. Uma das testemunhas
, profundamente abalada com o
incidente , recusava-se a voltar ao local.
Meus amigos e eu chegamos a Happy Camp numa sextafeira, dia 23 de junho
de 1978, e nos
hospedamos em um hotel apropriadamente batizado de Rustic Inn.
Embora eu ( Jacques Vallée )
esteja familiarizado com as estradinhas da Califórnia , do deserto
de Mojave a Yolla Bolly, até a costa de
Mendocino, devo admitir a imensa beleza da região do rio Klamath
, que combina precipicios rochosos
com matas baixas e florestas magnificas , tirando o folego de qualquer
um.
Jantamos no unico restaurante da cidade , o Lois Café . Diversas
testemunhas locais aproximaram-se
de nossa mesa e se apresentaram . Conhecemos Lorraine, que em companhia
da filha vira um aparelho
em forma de disco no dia 6 de setembro de 1977.
--- Estava todo iluminado --- disse Lorraine.
Pat, uma senhora com seus 40 anos, muito animada , sentou-se e disse
que estava intrigada com uma
série de eventos tipo "poltergeist", ocorrido na época
das visões. Certa noite ela escutou passos
pesados no forro da casa. Em outra , viu um imenso pássaro voando,
iluminado pela luz da rua. No dia
17 de julho de 1977 , ela avistou uma esfera luminosa perto da cama
, e na manhã seguinte descobriu
que todas as portas da casa encontravam-se escancaradas.
Durante os dois dias seguintes inspecionamos toda a area , inclusive
o pinheiro Douglas na estrada de
Benjamin Creek . Os lenhadores não perderam tempo, retirando
a parte aproveitável da madeira. A
parte superior da arvore, contudo, ainda continuava na ravina , do
outro lado da estrada. A noite estava
calma, no momento do incidente, sem tempestades ou nuvens de trovoada.
Também visitamos o local do sequestro , seguindo pela estradinha
que leva ao canion Realente , há um
penhasco ingreme do lado oeste , as pedras poderiam ter caído
na estrada e na área vizinha. Mark
encontrou no local filamentos prateados de um material resistente,
semelhante a cabelo, parecido com
as fibras encontradas em Colusa. Fibras identicas também
estavam presentes no local de um terceiro
caso de contato imediato em Happy Camp . Apesar de nossas esperanças
de haver encontrado um
elemento comum a diversos casos envolvendo entidades, o exame posterior
feito em microscópio , por
um laboratório da policia técnica , mostrou que o material
não era anormal.
O objeto em forma de disco , avistado por Helen, Stan e Steve, havia
pairado sobre as moitas , perto de
uma curva fechada da estrada. Neste local , como em diversos outros
que visitamos, notamos um toque
violento , emdesacordo com a beleza plácida da floresta. Encontramos
cartuchos detonados nagrama, e
muitas placas da estrada estavam cheias de furos de tiros, algumas
praticamente ilegíveis. Só nos
restava meditar sobre as fustrações e a necessidade de
se demonstrar poder sobre a natureza que
provocavam tais violencias. Talvez isso fosse exarcebado pela magnificencia
da paisagem, pelos
penhascos e grotas profundas, pelo céu imenso. O ser humano
pode facilmente se sentir encurralado,
insignificante. Caso esta interpretação seja correta,
ela é relevante para a analise do terror e do fascínio
provocados pela visão dos OVNIs , e com os confrontos com seres
altos , que não se intimidaram com o
rifle de grosso calibre de Steve. Também vale notar que as montanhas
vizinhas abrigam , segundo
relatos, uma estranha criatura parecida com um macaco ou com o Sascuatch
canadense. Há ainda
lendas locais sobre o Puduwan, um ser estranho com poderes paranormais.
As testemunhas entrevistadas em profundidade confessaram que ocorreram
muitos incidentes que não
foram relatados. A primeira visão na área havia sido
relatada por um policial, Dick McIntyre , que
posteriormente desmentiu e negou sua história. A maioria das
testemunhas preferiu se calar ,
soubemos, depois da publicação de um artigo de página
inteira sobre Happy Camp no San Francisco
Chronicle. Vários policiais rodoviários foram seguidos
por estranhas luzes na região, mas não
comunicaram oficialmente o fato.
Entre os casos não revelados está a visão do filho
de Lorraine: um objeto grande , brilhante , de cor
azulada como aço , com uma luz vermelha. Objetos menores voavam
em torno dele, de um modo que
lembrava as visões de "charuto de nuvem" descritas por Aimé
Michel . Tivemos um encontro com Helen
White, e a oportunidade de conversar com ela longamente, enquanto assistíamos
ao jogo de beisebol
amador do qual seu neto participava. Ela fornecu detalhes dos incidentes,
confirmando e explicando
diversos aspectos das observações . Ela insistiu, na
entrevista , que no momento do sequestro "tudo
acontecia em camara lenta".
Outros aspectos do episódio me intrigavam, pois não pareciam
fazer muito sentido . Durante o
sequestro ela conversou com um homem vestido com uma capa longa, flutuante.
Estavam no meio de
uma avalanche de pedras.
--- Cuidado com as pedras ! --- Ela alertou o ser.
--- Não se preocupe, pedras não podem me ferir --- foi a resposta.
Ao subir para o objeto, ela sentiu que uma luz a banhava. Queria levar
algo , como prova, e recebeu
permissão para tanto. Mais tarde os seres a proibiram de levar
qualquer coisa, ela reclamou, frustada:
--- Voces mentiram para mim.
O ponto mais enigmático da experiencia foi o tamanho do objeto.
Como no caso da Sra. Victor , o
aparelho para onde Helen White foi conduzida era maior do lado de dentro
do que de fora. Embora os
engenheiros aeronáuticos possam zombar de uma constatação
tão bizarra, os leitores topologistas
podem ficar tão intrigados quanto eu pelas possiveis interpretações
que se descortinam. Se existirem
mais de quatro dimensões , como muitos físicos teóricos
atualmente suspeitam , cabe especular : uma
hipernave, capaz de inversão topológica em nosso espaço-tempo
contínuo pode muito bem ser maior
por dentro do que por fora.
Naquela noite transferimos para nossa caminhonete os equipamentos trazidos
de São Francisco por
Tom Gates e Paul Cerny e seguimos para o local da visão , parando
primeiro em Saddle, indo depois
para o ponto mais alto na trilha , antes de fazer o retorno.
Era 23h15 quando o avistamos. Tratava-se apenas de uma luz brilhante,
branca , com reflexos
vermelhos, e a visão não durou mais do que dez segundos.
A luz estava bem na nossa frente, vários
quilometros além do vale, na encosta do monte China, um local
onde nenhum veículo conseguiria
chegar. Infelizmente a visão foi curta demais para permitir
que parassemos e mostassemos o telescópio
de Tom. A luz permanece como um detalhe imprevisto em nossa investigação.
Os eventos de Happy Camp incluem sequestro, neblina sufocante, pássaros
imensos , pequenosa seres
com capacetes , perseguições realizadas por jatos, "poltergeists"
, anomalias gravitacionais e arvores
derrubadas. Partindo de uma cidade isolada , que nem sequer tem um
cinema, esta concentração de
casos é notavel. Mas não estaria completa sem o episódio
do Homem de Preto. Assim sendo, fiquei
quase aliviado ao saber que no inicio de 1976 um estranho, que jamais
estivera na cidade , entrou no
Lois Café . Helen e Pat encontravam-se lá, jantando calmamente
em mesas diferentes.
Todas as conversas cessaram quando o sujeito entrou. Ele pediu um filé,
mas não sabia usar garfo e
faca, e acabou saindo sem pagar , o que o tornou inesquecivel
para a população local. Pat declarou
que ele tinha pele pálida e olhos "orientais" . Usava
uma espécie de camisa estranha , e não possuia
casaco, embora estivessem no meio do inverno americano. Sorria constantemente
para as pessoas , de
um modo forçado , esquisito. Entre as atitudes peculiares que
tomou durante seu jantar extraordinário ,
inclue-se uma corajosa tentativa de beber um pote de gelatina.
Extraido do livro "Confrontos" de Jacques Vallée
- Editora Best Seller