Completando o artigo antecedente , eis um caso publicado no To Morrow, numero de outono de 1957, sob o titulo : "O Diabo passeia novamente?"
O artigo estava assinado por Eric J. Dingwall, o erudito autor inglês, que foi um dos colaboradores do Dr. Alfred Kinsey, bem conhecido por seus trabalhos antropológicos e suas pesquisas sexo psicológicas."Entre todas as histórias estranhas que ouvi, escreve o Dr. Dingwall , esta foi uma das mais esquisitas e inexplicáveis."
A história foi contada por um tal "Sr. Wilson". Inglês de nascimento, Wilson veio rapazola para a América e prosperou em seus negocios em NovaYork. Na quebra da Bolsa peerdeu muito dinheiro. Retornou a Inglaterra onde se instalou em um vilarejo e montou , em pouco tempo, um bom negócio comercial.
Um dia , numa revista britanica , leu um artigo sobre "os rastros do Diabo" , em 1855 , em Devon. Jamais ouvira falar deste enigma antes. Como o nome do Dr. Dingwall foi mencionado no artigo, Wilson escreveu-lhe uma carta. Até então ele estava tão dominado por sua aventura, que havia contado somente a três amigos de confiança.
O Dr. Dingwall visitou Wilson para uma entrevista. Wilson apareceu-lhe como um homem de alta estatura , sólidamente constituido, de espirito prático. Não era "evidentemente um sonhador que imaginasse histórias inacreditaveis".
Conta Wilson que, em outubro de 1950, ele decidirta
tirar férias numa pequena cidade da costa oeste de Devon, onde passara
a juventude. No ultimo dia de sua permanencia , foi ver a antiga casa de
sua familia e a praia onde havia brincado quando criança. Esta praia
era inteiramente orlada de falésias abruptas. Penetra-se nela por
uma
passagem estreita entre e sob dois enormes rochedos,
cuja entrada é barrada por uma alta grade de ferro. No verão,
as pessoas que vão a esta praia pagam uma taxa para entrar na caverna
. Mas naquela tarde triste de outono a grade já estava fechada
para o inverno.
A casa da infancia do Sr. Wilson estava próxima. Lembrou-se que seria possivel chegar até a praia passando pelo jardim, utilizando uma outra passagem. Tomou este caminho e cedo se encontrava sobre a areia da praia deserta.O mar atingira a parte mais elevada da praia, porém quando ele chegou a maré era vazante, deixando a areia tão lisa como vidro . Foi então que Wilsom fez sua apavorante descoberta.
Uma serie de pegadas começava no alto da praia, bem abaixo de uma falésia vertical , e atravessava a praia em linha reta até o mar. Estavam extremamente nítidas "como se fossem esculpidas por um objeto cortante". Espaçadas em cerca de 1,80 m, elas pareciam ser os vestigios do casco de um bípede e assemelhando-se muito com o de um forte pônei não-ferrado. Não eram fendidas e eram mais profundas que as pegadas feitas por Wilson que pesava 80 quilos.
Um pormenor perturbou especialmente Wilson: a areia não havia sido "escavada" na borda das pegadas --- "dir-se-ia que cada pegada havia sido recortada na areia com ferro quente". Tentou compara-las com as suas, andando ao lado delas, depois tentou saltar de uma marca à outra, mas o passo era maior que o dele , ainda que ele fosse um homem de alta estatura e longas pernas. Não havia marcas regressando do mar e a estreita praia era limitada em cada extremo por pontas rochosas.
O Fr. Dingwall fez então algumas perguntas
que ficaram sem resposta:
O Dr. Dingwall conclui dizendo que , quanto mais
se fazem perguntas , mais o mistério se torna desconcertante.
Extraido do livro O Livro do Inexplicável
de Jacques Bergier - Hemus - 1973