UMA COISA LEVA A OUTRA, A OUTRA... E ACABA VOLTANDO AO MESMO LUGAR.  

 

     "O pensamento parece uma coisa à toa, mas como é que a gente voa quando começa a pensar." Versos de Lupiscínio Rodrigues.

      Revi faz poucos dias um velho filme de Oscarito, o mago brasileiro do riso. Por associação de idéia lembrei-me de Dercy, seu contraponto feminino naqueles anos, que disputava com ele o trono do humor nas ribaltas cariocas. E daí para Madalena foi um pulo, afinal ela nasceu na pequena cidade serrana fluminense, Santa Maria Madalena. Este nome me levou, de imediato, a meu tempo de  recruta , na fortaleza de Santa Cruz. Madalena era o nome do navio inglês que, após encalhar na entrada da baía de Guanabara, partiu-se em dois, ficando a proa afundada por ali mesmo e a popa, levada pela correnteza, deu com os costados na praia de Itaipu. E como macaco a pular de galho em galho, minha lembrança vai para a grande represa do rio Paraná, que pelos anos 1970 foi construída na fronteira com o Paraguai. Parece que ainda é  a maior do mundo; mundo de águas a rolar tal como na marchinha  de carnaval "...garrafa cheia eu não quero ver sobrar..."  Um sucesso da dupla Zé e Zilda. Este nome me leva a D. Zilda Arns, mulher de valor que comanda a Pastoral da Criança, na luta incessante em favor das crianças  do Brasil, lembrada com justa razão para o prêmio Nobel da Paz. E paz me traz à memória,  a famosa praça de Pequim, a da Paz Celestial de onde, alguns anos atrás, uma foto correu o mundo: a de um estudante postando-se, de maneira corajosa, à frente de um tanque de guerra na terra dos mandarins.  "Mundo, vasto mundo! Se eu me chamasse Raimundo seria uma rima, não solução" são versos de  Bandeira, ou seriam de Drumond?, francamente não lembro. Poderia ser melhor? Sim, ao menos nos versos de Vinícius, na canção Mundo Melhor, sobre melodia de Pixinguinha:  "...nós ainda havemos de ver uma aurora nascer num mundo em harmonia..." ou  "... com amor é melhor, ora se é..."  Amor, sim o amor, por alguém, por um lugar, como por  Copacabana, a "princezinha do mar", dos versos de Alberto Ribeiro e Braguinha. Por analogia, chego a Icaraí ..."nas noites de lua..." sucesso nos anos cinqüenta do meu amigo Sylvio Vianna. E este sobrenome, com dois enes, salta direto pro Mário, o famoso juiz de futebol e depois, comentarista esportivo. Quem não se lembra dele? "Errou! não foi na área, foi na meia-lua!", gritava ele ao microfone com aquela voz inconfundível.

      É um tal de ligar uma coisa a outra que não pára mais. Da meia-lua do campo de futebol vou para a lua inteira, a de verdade, a que nos segue desde que o mundo é mundo. O homem na lua, a conquista do espaço exterior. "Oh! lua branca de fulgores e de encanto" da canção já secular de Chiquinha Gonzaga; lua, luar de Paquetá cantado por Freire Junior e Hermes Fontes. Fontes, de água, de energia, de informações. Que hoje com  tal velocidade correm o mundo em segundos, com o auxílio dos satélites artificiais. Mas essa  velocidade não afeta o rítmo do nosso planeta, que continua no seu giro  do mesmo modo e na mesma cadência de milhões de anos atrás, tal qual fazem os outros astros e as miríades de estrelas. E a gente do nosso mundo continua a rir, a chorar, a cantar, a amar, a sofrer inspirando canções   em todos os seus quadrantes. Mas, sem cinismo, o melhor é rir, com as velhas e sempre engraçadas comédias do universal Carlitos - é genial a cena em que ele faz girar na ponta do dedo um globo terrestre em "O Grande Ditador",   ou do nosso inesquecível Oscarito, fazendo-nos gargalhar em "Este Mundo é um Pandeiro". Assim, justificando o título desta crônica, uma coisa nos levou a outra, a outra, a outra ... e voltamos ao mesmo lugar.

 

Voltar

 

Hosted by www.Geocities.ws

1