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O HOMEM: CAMINHO ATÉ 2001
Eu fui homem das cavernas, da pedra fiz ferramentas; fiz morada e cacei pra sobreviver. Por séculos e séculos vivi assim. Fui homem de Java, fui homem de Pequim até que um dia me transformei em "homo sapiens". Da pedra passei ao bronze e outras ferramentas produzi. Construí embarcações e naveguei por onde pude. Fui homem do Extremo Oriente, da África e da metade ocidental do planeta. Fui homem de Cro-Magnon, fui homem de Neandertal. Fui homem da Babilônia - imperador e escravo. Fui seguidor de Abraão, Isac e Jacó, Vi quando Moisés recebeu os mandamentos e ajudei David a derrotar Golias. Fui da Pérsia, do Egito, da Grécia, da Macedônia. Fui soldado da Roma imperial quando ocupou a Palestina; converti-me, fui seguidor de Jesus e o vi crucificado. Enfrentei leões nas arenas romanas. Fui invasor muçulmano, fui cruzado na Anatólia e alquimista medieval perseguido pela Inquisição. Fui homem da idade média, artesão renascentista, índio do Novo Mundo. Fui homem das caravelas e grande descobridor. Encontrei o caminho das Índias e descobri o continente americano. Fui mosqueteiro do rei na França iluminista. Fui revolucionário europeu, escravo no Brasil. Fui inventor de renome no século dezenove e operário explorado do progresso industrial. Fui soldado esmagado em absurdas guerras pelos quatro cantos do mundo. Por todo esse tempo, fui escultor, pintor e escritor, muitas obras-primas produzi. Fui, enfim, um simples cidadão desde mundo perplexo, testemunha do avanço material que veio em velocidade excessiva, em escala mais que global. E o que sou hoje? Simples passageiro numa tela de computador, viajando na Internet ou numa nave espacial a explorar todo o universo. Mas sou, também, o homem que se limita, modestamente, a ver tudo o que passa. Sem saber aonde vai, sem saber o que faça neste conturbado mundo. Sou um homem da rua que receia voltar a ser o homem das cavernas que um dia foi. Ao mesmo tempo, sou o homem das cavernas que, por este mundo afora, ainda é.
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