JOGUINHO INTERESSANTE

 

     Julieta - Etinha para os de casa e a vizinhança mais íntima, já passara dos vinte. Se não era uma "toalha" em que todos passam a mão, longe estava de ser santinha. Não obstante conservava o que, naquela pequena cidade e naquele tempo, era considerado o mais importante: a virgindade formal. Era namoradeira e, talvez por isso mesmo, nenhum dos rapazes de suas relações se dispusera a se casar com ela.

     Já um tanto cansada daqueles mocorongos que viviam "em cima do muro", resolveu se interessar pelos meninos mais novos do que ela, recém iniciados na puberdade. Assim é que se engraçou com o Nelinho - Nélio, nome de batismo, um menino que mal completara quatorze anos. Este, muito apegado ainda às brincadeiras de criança, custou a perceber as intenções de Etinha. Nelinho a julgava uma "velha" e que só podia estar de brincadeira com ele.

     Havia outros meninos por quem Etinha pudesse se interessar. Nelinho, entretanto, era o que lhe parecia ser a melhor promessa; dali a alguns poucos anos seria um rapagão e ela não estaria tão velha que não o pudesse seduzir e levar ao casamento. A desconfiança e a timidez de Nelinho fizeram com ela "bolasse" um estratagema para convencê-lo a aceitar seu assédio. Assim foi que, após algumas elocubrações, inventou um joguinho diferente que, certamente, agradaria ao menino para quem a melhor brincadeira eram os jogos de qualquer tipo, de cartas, de dados, de loto e outros mais.

     - Nelinho, inventei um jogo de dados! disse Etinha, entusiasmada, ao vê-lo saindo da padaria, a caminho da escola. Como esperava, o garoto mostrou-se interessado mas disse-lhe que não poderia atrasar-se para a aula. Prometeu-lhe, então, Etinha que logo após chegar em casa, de volta da escola, ela o procuraria para explicar-lhe o jogo. -Olhe, é jogo só pra duas pessoas, não leve aquele seu irmão sapeca, disse Etinha dando-lhe até logo.

     Dizendo para a mãe que iria dar um pulo na casa de Fernandinho, um colega que morava próximo a sua casa, Nelinho foi encontrar-se com Etinha na pracinha da igreja. Foi curioso por saber como seria aquele novo jogo de dados sobre o qual não fazia a menor idéia. Àquela hora da tarde poucas pessoas circulavam por ali, principalmente no canto para onde Etinha levou Nelinho. Sentados, um de frente para o outro, pernas abertas pendendo do banco sem encosto, começou a explicação:

     - Nelinho, você escolhe seis partes de seu corpo e eu escolho seis do meu. Primeiro eu jogo o dado, se der ‘um’ eu ponho a mão numa das partes que você indicou; se der ‘dois’, eu toco em duas partes e assim por diante. Depois você joga o dado e põe a mão em quantas partes do meu corpo o dado indicar. Entendeu? Nelinho respondeu que sim e indicou as partes do seu corpo que entrariam no jogo: o nariz, a boca, o joelho, a barriga, o pé e o pescoço. Por sua vez, Etinha indicou quais as partes dela entrariam no jogo: o pescoço, o colo, as coxas, o pubis, os seios e a boca. Ajustadas as regras, o jogo começou.

     Etinha lançou o dado sobre o banco, no espaço que havia entre eles. Deu ‘três’. Muito ressabiado, Nelinho esperou que ela escolhesse as três partes conforme o dado indicara. A mão dela, já bem escolada, tocou-lhe suavemente a barriga, o pescoço e finalmente a boca. Nelinho sentiu um arrepio que jamais sentira antes mesmo quando ensaiara as primeiras masturbações. Passada a emoção do primeiro lance, Nelinho jogou o dado e deu ‘seis’. Agora, já empolgado, tocou todas as partes indicadas por Etinha que, por sua vez, estimulou-o ainda mais com um beijo na boca, só interrompido por que o guarda municipal se aproximou, assustando-os. O guarda não chegou a adverti-los, só  ouviu a exclamação de Nelinho:

     - Eta joguinho interessante!

 

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