Outras experiências

Aristóteles, um dos pais da Filosofia Ocidental, dizia que existem quatro formas de conhecimento: i) a fé; ii) a evidência; iii) a experiência ou experimentação; e iv) a opinião. Ter fé, acreditar, confiar é conhecer não pela verdade intrínseca, mas pela autoridade de quem fala. A maior parte dos conhecimentos que temos, são adquiridos pela fé que temos em nossos pais, professores e autores de livros. Acreditamos em muitas coisas que lemos nos jornais ou escutamos na mídia. Acreditamos que Hong Kong existe, mesmo sem conhecermos a cidade chinesa. Esta forma de conhecimento é segura, pois confiamos. A evidência implica experiência sensitiva ou intelectiva, e com esta segunda, a fé. Este conhecimento seguro é por exemplo, que o fogo queima e a água molha. São conhecimentos facilmente apreendidos pelos sentidos. A experimentação envolve raciocínios a partir de uma hipótese e através das experiências se confirmam ou não as hipóteses. O conhecimento advindo das experiências acabam por tornar muitos fatos como evidentes. Desta forma, o papel do cientista é simplificar, isto é, literalmente tirar as dobras (do lat. plica = dobra), tornando as coisas explícitas. Outras vezes revela, tira o véu do que era antes desconhecido. A última forma de conhecimento é a opinião. Este conhecimento não é seguro, e ainda segundo Aristóteles, tem como objeto a vida social e política. Por este motivo é opinável a melhor ou pior forma de governar. Nestes casos, vale a nossa experiência, a nossa observação da realidade, das coisas que nos cercam, do convívio humano e das autoridades. "O que é certo não se opina", e "quem tem maior conhecimento sobre um assunto opina melhor" são também idéias defendidas por Aristóteles. Cabe a cada um de nós se informar bem sobre as coisas antes de opinar. Fica este conselho para quem quiser experimentar. Rogério Lacaz-Ruiz é professor de Metodologia Científica e Microbiologia na FZEA/USP. e-mail [email protected] e sua homepage é http://br.geocities.com/rogeriolacazruiz/inicial.html .

Artigo publicado no Jornal O movimento, sábado, 8 de setembro de 2001 – Ano 67-nº 4981.

 

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