O encontro, o cão e a técnica

 

Rogério Lacaz-Ruiz 

  

  Introdução 

 No ano que passou, recebi um mail curioso. Um daqueles que vem com uma extensa lista de pessoas no carbon copy, isto é, foi enviado a mim, juntamente com dezenas de outros nomes. Seu conteúdo é um alerta divertido – e real – para professores universitários que ministrarão aulas aos alunos ingressantes no meio acadêmico. Muitas das expressões que utilizamos habitualmente têm outro significado para estes calouros da Universidade. O conteúdo do mail foi: 

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A quem possa interessar....
Subject: FW:
Date: Thu, 12 Nov 1999 08:49:08 +0900
  
QUALQUER SEMELHANÇA NÃO É MERA COINCIDÊNCIA!!!!
Os indivíduos que estão entrando na faculdade este ano nasceram aproximadamente em 1981. Eles não têm a mínima idéia de quem foi Tancredo Neves e mal ficaram sabendo que ele morreu antes de assumir a presidência. Eles estavam na pré-puberdade, quando aconteceu a Guerra do Golfo. Viram um único Papa em toda a sua vida.
No máximo, eles se recordam do nome de um presidente da República. Eles tinham 11 anos, quando a União Soviética se dissolveu e não se lembram da Guerra Fria. Nunca sentiram medo de uma guerra nuclear. “The Day After” para eles é uma pílula, não um filme. URSS para eles é um conjunto de letras. Eles conheceram somente uma Alemanha. Eles eram jovens demais para se lembrarem da explosão da Discovery. Eles não sabem quem é Kaddafi. Em toda a sua vida sempre ouviram falar de AIDS. Atari é algo que não existiu para eles, tanto quanto discos de vinil. A expressão “isso soa como um disco quebrado” não tem nenhum significado para eles. Eles nunca jogaram Pac Man. Star Wars parece algo bobo para eles com efeitos especiais patéticos. Eles sempre ouviram falar em secretária eletrônica, a maioria nunca ouviu falar em TV com 13 canais e provavelmente, nunca viram uma TV em P/B. Sempre tiveram videocassete e nunca ouviram falar em formato Beta. Não se imaginam sem controle remoto. Eles nasceram no mesmo ano em que o Walkman foi introduzido no mercado pela Sony.
Patins para eles sempre foram inline. Nunca ouviram falar de Crush ou Panam. Pipocas para eles sempre foram feitas em microondas. Nunca viram Zico nem Cerezzo jogar. Sócrates, para eles, é, no máximo, irmão mais velho do Raí. Guerra do Vietnã é algo muito antigo para eles, tanto quanto Primeira ou Segunda Guerra Mundial. Watergate para eles é o precursor de Monicagate. Aliás, diriam eles: “o que foi Watergate?” Eles não se importam com quem matou Odete Roitman, ou até, com quem foi Odete Roitman. Nunca assistiram a “Perdidos no Espaço” ou a “Os Três Patetas”. Big Mac's nunca vieram em embalagens de isopor. John Travolta é o ator do filme “A outra face” e não de “Os embalos de sábado à noite” ou “Grease”.
Nunca viram programa em Cobol, nem assembler. Disquetes de 1.2 nunca existiram para eles. Muito menos os de 360K. “O que é DOS e como eu o executo?” é uma pergunta freqüente par eles.
Vocês se sentem velhos? É isso aí, jurássicos! O tempo passa, o tempo voa!

 Apesar de não gostar de receber estes mails “impessoais”, não posso dizer o mesmo da essência do seu conteúdo. Costumo iniciar a primeira aula do curso com a conhecida frase de Peter Drucker: o verdadeiro comunicador é o receptor. Às vezes se fala algo na sala de aula que os alunos não entendem ou entendem por analogia, algo totalmente distinto. 

 Nas aulas prática de Microbiologia que ministrava no passado, em uma delas, cortávamos assepticamente – como quem corta um bolo em uma assadeira – pequenos pedaços de ágar numa placa de Petri, para o cultivo de fungos. Para que os alunos tivessem alguma referência do tamanho de ágar a ser cortado, dizia: o bloco deve ter o tamanho de um drops Dulcora . Ora, aquilo não queria dizer nada para os meus ouvintes. Eles simplesmente se aproximaram para observar o tamanho em que eu cortava para depois fazer o mesmo. 

 Percebi então, que neste ponto, a minha circunstânciacircum-stantia – não permitia o tipo de encontro desejado, para usar a expressão de López Quintás. 

 As pessoas aproximam-se ou afastam-se umas das outras circunstancialmente, e esta atitude depende de uma série de fatores. Muitas vezes independem diretamente da nossa vontade. Explico-me com um exemplo acadêmico. Alguém que entra numa Universidade, independente da sua vontade, terá de se encontrar com inúmeras pessoas, sejam colegas, docentes ou funcionários dessa Universidade. Esta pessoa não tem domínio da circunstância, e os tipos de encontros que estabelece são de diferentes níveis. 

 E é do encontro que trataremos agora. 

  

O encontro 

 Analisando o encontro do homem com as coisas criadas, ele procura certeza, estabilidade, segurança e satisfação.[1] No passado, o homem relacionava-se – encontrava – com as coisas que a natureza lhe oferecia: as pedras, os vegetais, os animais e os seres humanos. E com a pedra, construía suas casas, e com a madeira, podia aquecer o ambiente ou construir móveis. 

 Ao conhecer o mundo circunstante, o homem é capaz de buscar uma relação de descobrir o que é cada coisa e todas as suas potencialidades, pois conhecimento e liberdade conferem segurança. Conhecendo as propriedades das coisas criadas, o homem é capaz de usar a sua inteligência e inclusive de inventar coisas a partir do que lhe oferece a natureza, satisfazer suas necessidades. Parece que o homem tem este constante desafio de satisfação material ou intelectual diante do mundo que o cerca. E uma vez adquirido um patamar de bem estar ou de satisfação, não quer renunciar, voltar ao estágio anterior. Sente-se seguro neste estado adquirido, e, de certa forma, feliz por ter usado a inteligência para protagonizar esta nova circunstância. 

 Independente do que existe ao seu lado, seja algo criado ou inventado, o homem quer segurança e certeza, estabilidade e satisfação, mesmo que por pequeno espaço de tempo. 

 Quem pensaria em usar uma máquina de escrever depois de anos de uso do computador?! Estes dois inventos foram e são respectivamente, estáveis ao seu tempo.[2] 

 De certa forma, o que ocorre com a técnica e os inventos também se passa no encontro do homem com os animais. Neste estudo, faço referência a outro ensaio intitulado “Porque o cão é o melhor amigo do homem”[3]. 

 E o que há de comum entre os homens ao se satisfazerem com uma máquina como o computador e um cão?! 

 Justamente estabilidade, certeza e segurança. É bem verdade que o computador muitas vezes falha e os cães mordem os melhores amigos de seu dono, mas seus protocolos costumam ser bastante rígidos, quando comparados com o do homem. Neste momento, é importante inserir mais um conceito, o da esperança ou expectativa. 

  

A esperança e a expectativa 

 Em cada encontro com cada coisa, existe uma expectativa, seja ela implícita ou explícita. 

 Queremos algo, esperamos algum tipo de satisfação de cada encontro com as coisas. E nós o queremos sempre que nos encontramos com cada uma das realidades. 

 Quanto maior for a estabilidade dos protocolos que regem as coisas, maior será a certeza, segurança, e aparentemente satisfação. 

 Neste sentido, a natureza, com suas leis, confere segurança, desde que conhecidas. Saber que a lei da gravidade existe, e que não muda o seu valor de tempos em tempos, é um exemplo do que foi dito. 

 É curioso notar que, ao inventar as coisas, o homem busca protocolos seguros e certos, e, de certa forma, tão universais como são as leis da natureza. As técnicas precisam de ter reprodutibilidade e eficiência, para conferir segurança e estabilidade aos que delas se servem. 

 O encontro com as coisas inventadas de certa forma manifesta o poder do homem e o seu domínio, i.e. senhor delas (domini = lat. senhor). E quem não gosta de ser poderoso e senhor das coisas?! 

 Ao transferir todos estes conceitos fundamentados no encontro do homem com as coisas para o encontro do homem com o(s) outro(s), pode-se observar que existe hodiernamente algo em comum, apesar das circunstâncias; e algo distinto pelas circunstâncias. 

 Em uma pesquisa realizada com alunos universitários na cidade de São Paulo, foi possível constatar que mais de 90% deles preferem aulas teóricas expositivas, a qualquer outro método de ensino. As explicações para este fenômeno são múltiplas e não são objeto deste estudo. Mas o que podemos observar é que numa aula expositiva aparecem, de uma forma ou de outra, aqueles conceitos de certeza, segurança, estabilidade e satisfação. Em outras palavras, a expectativa para este tipo de encontro apresenta estabilidade de protocolo, desejada pelo ser humano. 

 O tipo de relações entre os homens busca os quatro conceitos – não são os únicos – sejam ele na amizade, no casamento, no emprego, etc. . 

 É cada vez mais freqüente nas megalópolis ter todo tipo de serviço disponível nas 24 horas do dia. E o desejo, a expectativa pode ser satisfeita “prontamente”. Desde a fome nas lojas de conveniência até as compras no supermercado, passando pelo dinheiro, combustível, entretenimento, etc. . 

 E, ao adquirir-se algo, tem-se uma expectativa, e quando o que se possui não lhe satisfaz, percebe-se que isto não está bem. É cada vez maior o número de lojas que troca os presentes seguindo o antigo slogan das lojas Sears: satisfação garantida ou seu dinheiro de volta. 

 O homem quer alguma garantia em tudo o que possui; pois espera uma satisfação em cada encontro. Até mesmo ao realizar boas obras, quer uma garantia de ganhar o céu. Mas como o homem possui um ser distinto das outras substâncias que têm protocolo mais ou menos rígido, cada um individualmente busca de certa forma o que é estável. Esta é uma das formas do egoísmo atual, em que o homem busca, de forma desmesurada, o que lhe é circunstante, seja nas coisas inventadas pelo homem ou nas que a natureza lhe oferece. 

 Sem querer reduzir este egoísmo humano a esta busca preferencial por um “bem estar irrenunciável” – usando a expressão de Ortega[4] – não se pode desprezar este desejo humano real. 

 E muitos reclamam justamente de algo que esperam, mas de que ninguém está disposto a abrir mão: do seu bem estar irrenunciável, de coisas que não o satisfaçam plenamente, mas lhe são estáveis. Este tipo de egoísmo preferencial gera de certa forma um desejo insaciável por ter coisas. E como o dinheiro é limitado, em uma casa – para restringir o universo – vale o ditado popular: Em casa onde não tem pão, todos brigam, e ninguém tem razão. 

 Também o encontro, segundo Quintás[5], é uma “fonte de possibilidade de algo”, e este algo possui uma parte variável de conhecido (certeza, estabilidade, satisfação e segurança) e outra de desconhecido. E mais uma vez o aparente “bem estar irrenunciável” que apresenta a técnica ou a “relação” com o cão exige uma mudança e uma renúncia. 

 A toda mudança existe uma reação[6]. E no homem, muitas vezes, na relação com outro homem, o encontro quase sempre se baliza por uma expectativa de ambas as partes. E ao se dar este encontro, há uma mudança e uma atualização ao longo do tempo. E para a continuidade deste encontro, um vai-se acostumando ao outro, à base de mudanças e renúncias. 

 Assim, o que acaba existindo hoje na fuga do encontro entre as pessoas é a subestimação da capacidade de mudanças e renúncias. Talvez por medo de perder seu bem estar irrenunciável e de tudo que lhe é certeza, segurança, estabilidade e satisfação. Nas suas circunstâncias, o outro se apresenta como um agente de incertezas e des-estabilizador. Uma sensação de perda apresenta-se como pano de fundo. 

 Uma análise da questão, que implique mudança, exige lembrar dois conceitos: o da realidade das coisas e o da importância da renúncia. As coisas são limitadas, não só do ponto de vista material como também dentro da certeza, estabilidade, segurança e satisfação. E, às vezes, é custoso aceitar a realidade de que as coisas são limitadas, principalmente quando elas respondem como meio para realizar as coisas no dia-a-dia. Basta imaginar a falta que faz a energia elétrica e a quantidade de inventos humanos que dela dependem. 

 E esta é a circunstância. E a renúncia forçada ao uso do computador ou da televisão – pela falta de energia elétrica – “obriga” a encontrar-se com o outro, ou cada um consigo mesmo no caso de se estar só. 

 A renúncia que neste caso foi involuntária pode ser voluntária, se se é capaz de destinar parte do tempo, do “nosso tempo”, de coisas, das “nossas coisas” para se estar com os outros e os “seus mundos” e as “suas coisas”. 

 Que é o amor senão a renúncia?! O encontro é algo maravilhoso, e só se percebe isso depois que se viveu ou se assistiu a esta experiência. 

 Quintás cita o exemplo de uma equipe de futebol[7] que tem não somente um encontro por proximidade física. Há, neste caso, um enriquecimento mútuo. Cria-se um campo de liberdade e possibilidades, e aí se superam as barreiras internas e externas. Para haver encontro, é preciso generosidade, veracidade e fidelidade. A renúncia aparece e é semelhante muitas vezes a algo negativo, justamente quando se desvincula dela o amor. “Consagrar-se juntos a algo valioso” é outra idéia defendida por Quintás, que apresenta a renúncia de forma implícita; e o que é mais importante, responde ao desejo axiotrópico do homem. O axioma é um valor, e o homem busca valores. E o que é valioso? A esta per-gunta pode-se responder em parte dizendo que o encontro verdadeiro é aquele com um ideal. Quando nos encontramos com algo grande, sentimo-nos gran-des; e é diferente a disposição de vida de quem tem a missão de fazer uma refor-ma na casinha do cachorro, da do que tem o encargo de fazer um palácio real. 

 O homem não se sacia somente com o ter. O ser humano que está chamado a ser, tem como implícito o ser humano social, que se concretiza no encontro com os outros, começando com o “outro eu” que cada um carrega dentro de si mesmo. Esta aventura de viver o encontro não implica renunciar negativamente ao que é bom, ou deixar de possuir as coisas, mas dar atenção na medida em que cada coisa a mereça.[8] 

 Geralmente, as coisas e os inventos fazem parte das circunstâncias, a não ser que se tenha por ofício ser inventor. Estas coisas estão presentes no dia-a-dia em número cada vez maior e mais diverso. Basta perguntar aos avós como era o seu guarda-roupa quando eles eram jovens. Havia muito menos coisas, e algumas delas não poderiam estar lá pelo fato de não terem sido inventadas. 

 A verdadeira certeza, segurança, estabilidade e satisfação estão na possibilidade de se ser humano (homem e mulher), sem adjetivos; de se encontrarem exercitando as potencialidades para ser o que se está chamado a ser. Por este motivo, todas as atividades humanas que têm como fundamento o encontro merecem reflexão. Sejam elas a amizade, a relação em família ou a relação professor-aluno. 

 Em recente encontro de um professor com alunos de uma Faculdade de Educação, que estudavam Pedagogia, foi possível escutar dos alunos que o número ideal de pessoas numa sala de aula está entre 15 a 20. Isto lhes é ensina-do como uma certeza científica. Quando existem 45 alunos numa sala de aula, dificilmente o professor conhece seus alunos. Ele é capaz de pensar: como são muitos, conhecerei somente os que for possível, ou os mais interessados... Redi-mensionar o número de alunos em uma sala de aula é valorizar as poten-cialidades de uma relação sujeito – sujeito e não de uma relação sujeito – objeto. 

 Ninguém muda ninguém, mas quando alguém se encontra com alguém, o sinergismo do encontro aparece, e não há fórmula matemática que explique o resultado. Neste sentido, pela simples observação do mundo, é possível verificar que há limites, que as coisas são limitadas, e que cada pessoa o é. E que apesar de se encontrarem diferentes níveis de perfeição nas coisas criadas, ainda somos atraídos por elas.[9] Por manifestarem de certa forma o seu Criador, somos atraídos a elas, de modo imperfeito, como fim, e nisto consiste esta sensação de infelicidade, ou felicidade passageira. 

 A atração que existe do ser humano às coisas tem uma causa. “O ser é um reflexo da divina bondade; assim, quando alguém deseja qualquer coisa, deseja no fundo assemelhar-se a Deus e, implicitamente, deseja o próprio Deus.”[10] 

 A necessidade ou dependência dos outros seres – tema este já abordado em outro estudo[11] – é uma evidência que a muitos assusta por medo de perder a individualidade. No caso do homem, a busca da perfeição e com ela a estabilidade, segurança, certeza e satisfação manifesta-se de certa forma nos produtos inventados (técnica) e no “relacionamento” seguro com o cão. O encontro com o outro situa-se “acima da linha do horizonte” e olhar para cima é falar do encontro ou amizade com a criatura mais semelhante ao Criador. 

 Todos os seres, pelo simples fato de existirem, possuem em sua essência, como já dissemos de outra forma, a bondade, a unicidade, a beleza, a veracidade e daí decorre esta atração tão marcante. A carência de carinho atua ora de modo sinérgico para acentuar esta lacuna, ora para preencher a mesma lacuna, mesmo que em forma de fuga.[12] A felicidade parcial é o que os objetos inanimados e os seres vivos nos dão por participarem da perfeição do Criador. 

 Como o homem muitas vezes tende ao anonimato, acaba por fugir das relações com o outro e com o Criador, refugiando-se na segurança parcial e limitada oferecida pelos animais, objetos inanimados, e até mesmo pelas pedras – para abordar um tema bastante real e presente – . 

 A constatação real do limite em todas as coisas é uma forma de evitar o engodo de felicidade que as coisas aparentemente apresentam, e é uma lembrança para o homem de seus próprios limites, dependências e da realidade da morte. 

 O desejo exagerado de segurança, certeza, estabilidade e satisfação traz justamente o inverso: insegurança, incerteza, instabilidade e insatisfação. As coisas criadas não estão feitas para satisfazer, pois não é esta a sua finalidade. 

 Pan metro eris diz a máxima grega: Tudo que é feito na medida é maravilhoso. Expectativa é a palavra-chave; não se pode esperar de algo, mais do que este algo possa oferecer. Caso contrário, há uma falsa expectativa. 

 À semelhança do que ocorre em tantos setores da sociedade, não vale a tese de que só vale a pena tentar aquilo em que se vai ter um êxito humano assegurado. “Tudo vale a pena, se a alma não é pequena”, já dizia Fernando Pessoa. A aventura de viver implica risco, insegurança, angústias; mas, nem por isso, infelicidade. Uma partida de futebol exemplifica de sobra, particularmente nos países onde este esporte é uma paixão nacional. 

 Outro exemplo que merece ser citado é o de Lee Iacocca – megaempresário da indústria automobilística norte-americana – . Certa vez, foi acusado de autoritário. Quanto teve a oportunidade de se defender, comentou que o setor automobilístico possui uma dinâmica que envolve duas etapas: conhecimento da situação e, depois, decisão. O que ocorre algumas vezes com alguns funcionários que se graduaram nas melhores Universidades do país é algo curioso. Qualquer pessoa do setor demora em média uma a duas semanas para conseguir 95% das informações (conhecimento). O que ocorre com esses “excelentes” acadêmicos é que demoram meses para obter os 5% dos dados restantes – à semelhança dos seus colegas – , mas não decidem nada antes de terem 100% da informação. Por este motivo ele era acusado de autoritário, por tomar decisões com 95% dos dados. O incerto e o sonho também fazem parte deste ato de ser humano. 

  

 

Índice

Referências Bibliográficas 

Lauand, L.J.; Sproviero, M.B. Santo Tomas de Aquino: Verdade e conhecimento. São Paulo : Martins Fontes, 1999. p.66.
Marías, J. Os requisitos da Introdução à Filosofia. In: ______ Introdução à filosofia. 4ed. São Paulo : Livraria Duas Cidades. 1985, p.49.
 

[1] Estes quatro conceitos serão empregados amplamente ao longo deste capítulo.

[2] No momento digito, estas palavras que escrevi no mês passado num caderno. Uma pessoa “ditadora” lê o que escrevi. Mas já sabemos que existe no mercado, um sistema que permite registrar as palavras num arquivo de computador como este, simplesmente ditando ao computador. Quem viver verá...

[3] Por outro lado, os animais parecem ser mais livres, despreocupados e senhores de si mesmos. Parecem que estão sempre seguros de seus atos. Sua bagagem instintiva, seu protocolo vinculado à sua existência é rígido. E é nesta rigidez e segurança do cão, que penso que os meus amigos e amigas se apóiam. O animal "fala" com seu olhar e seu silêncio, e assim fica fácil imaginar que ele é o único que nos compreende. Falamos e ele nos ouve atentamente. Nós o acariciamos e ele se deixa acariciar. Falamos duro e ele responde com gestos. Nós o alimentamos e ele agradece com o abanar da cauda. Estamos contentes e ele pula fazendo festa. Este é o cão. E o ser humano tantas vezes nos é indiferente...Lacaz-Ruiz, R (1998) Disponível [on line] no URL:


http://www.usp.br/fzea/zab/Mov4.html em 20 de Janeiro de 2000.

[4] cf. Ortega, Meditación de la técnica. In: Julián Marías (1985)

[5] Alfonso López Quintás. (1999) A Formação Adequada à Configuração de um Novo Humanismo – Parte IIConferência na FEUSP [on line] Disponível na internet no URL:


http://www.hottopos.com.br/prov/quint2p.htm em 24 de Fevereiro de 2000.

[6] À semelhança da Lei de Ação e Reação da Física, em que a toda ação existe uma reação em sentido contrário.

[7] “Agora vejamos algo importantíssimo: quando há encontro de verdade, superam-se as divisões. Se você e eu não somos amigos, não criamos encontro, eu estou aqui e você está aí, fora de mim, verdade ou não? Mas se você e eu criamos encontro, você já não está fora de mim – nossos corpos, sim, mas nossas pessoas não. Eu não estou fora de você, você não está fora de mim. Seus problemas são meus problemas, minhas alegrias são suas alegrias, comunicam-se, isto é maravilhoso. Quando há encontro, há uma comunicação. Seria absurdo, por exemplo, que um centroavante, quando visse que o goleiro de seu time sofreu um gol, dissesse: "ah, isto é problema dele". Isto não é meu problema: não teria entendido o que é uma equipe – uma equipe é justamente um encontro... quando há uma equipe, há encontro. Seus problemas são meus problemas.” (ibidem, Quintás., 1999.)

[8] Neste sentido, valem os provérbios Pan metro eris (gr. Tudo que é feito na medida é maravilhoso) e In medio virtus (lat. A virtude está na medida).

[9] Isto se dá de certa forma, pois todas as coisas que existem, e pelo fato de existirem e serem, são únicas, verdadeiras e boas. (omne ens est unum-verum-bonum).

[10] Tomás de Aquino. (De Veritate 22, 2 ad 2) In: Lauand & Sproviero, 1999.

[11] Manter o espírito aberto diante das diferentes tendências e ter a medida para preservar a natureza social e individual são um modo de se prevenir contra a tirania que cada qual pode carregar dentro de si. Os limites costumam se situar muito além dos muros do individualismo e do permissivismo daqueles que não acreditam nos limites impostos pela realidade. Se não se aceitam esses limites (isto é, se não se aceita a realidade), não há biodiversidade e o indivíduo "se basta" e a sociedade torna-se, para ele, um peso, sem razão de ser... Lacaz-Ruiz, R.A Biodiversidade e a Pluralidade - Nota sobre um texto de Tomás de Aquino. Disponível [on line] em 1 de março de 2000 no URL: http://www.hottopos.com.br/vidlib2/a_biodiversidade_e_a_pluralidade.htm

[12] A atenção que algumas pessoas dedicam aos animais, chega a ser patológica. Muitas vezes esta dedicação é resultado de uma carência, e a compreensão que se deve dispensar é a melhor medicina para cura. Não se pode, no entanto, excluir a importância do trabalho desempenhado por zootecnistas, veterinários e psicólogos no que diz respeito à zooterapia.
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