AstroManual - Astronomia Observacional Amadora
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Núcleo Cometário

O caroço sólido, parte centralmente localizada do cometa é conhecida como o " núcleo ". O núcleo é um repositório de pó e gases congelados. Quando aquecido pelo Sol, os gases sublimam e produzem uma atmosfera que cerca o núcleo conhecida como o coma que é varrido, em algumas ocasiões, para formar a cauda do cometa.
Na hipótese formulada pelo astrônomo americano Fred Whipple, o núcleo do Cometa pode ser definido, grosso modo, como semelhante ao conceito de uma ''bola de neve suja''. Segundo esse modelo, no núcleo rochoso há gelo constituído de água, poeira e outros gases congelados, além de componentes orgânicos sólidos aglomerados pela gravidade e coesos por uma capa externa congelada. O núcleo, também chamado de Molécula Mãe, é a parte permanente do Cometa. Pelo que se pode ver através das observações indiretas da Terra é composto principalmente de água, metano, amoníaco e anidrido carbônico; todos em baixíssimas temperaturas em estado congelado. Misturada com os gelos encontra-se grande quantidade de poeira com dimensões de milésimos de milímetros e, segundo as novas teorias, também de um cerne rochoso.
O núcleo dos cometas apresenta albedo (capacidade de refletir a luz) muito baixo, significando que eles absorvem muito mais luz do que as reflete. Por isso, quando eles estão muito longe do Sol e os gases ainda estão congelados, são praticamente invisíveis, podendo aparecer como pontos estelares apenas em grandes telescópios. Além disso, suas pequenas dimensões também contribuem para essa invisibilidade. As cores do núcleo variam do preto aos tons de cinzas e ao avermelhado, de acordo com as relações entre a poeira e o gelo da superfície.
Com o estudo da análise espectral dos gases emitidos, a composição química do núcleo já era conhecida antes do encontro da sonda Giotto com o cometa Halley em 1986. Há silicatos comuns e muitos elementos sob forma atômica e forma de moléculas (talvez complexas) compostas de carbono, oxigênio, hidrogênio e nitrogênio, além de radicais de OH.
O núcleo de um cometa pode apresentar muitos formatos, a forma mais comum é a figura elipsóide de três eixos, com dimensões que variam entre 1 e 10 km, podendo haver alguns cometas com núcleos de dimensões maiores. Em geral, as densidades são baixas, com valores compreendidos entre 0,2 e 1,2 vez a densidade da água. A determinação do diâmetro do núcleo é muito difícil. Algumas observações mais apuradas permitem estima-lo indiretamente e, ao que parece, o melhor processo é o de deduzir seu diâmetro a partir do brilho aparente em processos fotométricos. Uma outra condição favorável para efetuar essa medida é quando um cometa se aproxima muito da Terra.
Semelhante aos outros corpos celestes, o núcleo dos cometas gira ao redor de um eixo com períodos muito diversos, que variam de algumas poucas horas a cerca de 10 dias. A aparência de um núcleo cometário depende muito do aumento do instrumento utilizado. Com um instrumento de pequena abertura (200mm) observa-se uma pequena nebulosidade brilhante no interior da coma. Com um instrumento mais potente, essa nebulosidade se apresenta como uma pequena mancha circular, de alguns milímetros de arco de diâmetro. A esse núcleo dá-se o nome de Núcleo Nebuloso. Mas, o verdadeiro núcleo sólido central, denominado Núcleo Estelar, é de observação extremamente difícil através de instrumentos baseados na Terra.
Os tamanhos de núcleos cometários são principalmente desconhecidos porque sua medida é muito difícil. Nós temos medidas fidedignas dos tamanhos de cerca de 10 núcleos. A maioria deles tem diâmetros de alguns km entre 10 ou 20 km. O núcleo de cometa Schwassmann-Wachmann 1 provavelmente é um dos maiores (talvez 20 km), como é o núcleo de cometa Hale-Bopp (talvez 40 km). No caso especial do cometa Halley cujo núcleo de 20 km é amoldado em forma de uma batata alongada foi resolvido pelas máquinas fotográficas de astronave, e seu tamanho apresenta-se reduzido. O verdadeiro núcleo de um cometa só foi visto duas vezes - Halley e Borrelly, através de astronave que conseguiram chegar próximas ao núcleo desses cometas.
Do solo, o núcleo estelar está sempre envolvido em uma nuvem de pó e gás que o rodeia e esconde de nossa vista o verdadeiro núcleo. Conseqüentemente, condições como condensação estelar e condensação nuclear são freqüentemente usadas quando um cometa é visto com uma coma pontuada como estrela (brilho estelar) no centro do cometa.
O espectro do núcleo nebuloso apresenta um componente contínuo e bandas de emissão molecular. O espectro contínuo apresenta as raias de Fraunhofer, originadas da difusão, pelas partículas sólidas de poeira, do núcleo das radiações oriundas do Sol. A variação do espectro de banda, dependendo da distância do cometa ao Sol, apresenta raias de CN, NH³, C², CH, OH, NH, quando a uma distância de 3A. Se o periélio do cometa atinge distancias menores que 0,1A, em determinados cometas, desenvolvem-se raias de Na, Fe, Cr e Ni. É denotada a magnitude do " núcleo " m2 e normalmente não é de muito uso porque a pessoa não vê de verdade tal o que m2 representam. Em geral, o valor de m2 se porá mais lânguido quando é aplicado maior ampliação ao equipamento que observamos.

Tipos de Núcleos

Os cientistas que pesquisam cometas têm muitas idéias e teorias, mas não muitas certezas quanto à estrutura interior dos núcleos cometários. O pouco que se conhece sobre o assunto nos vem de deduções de observações de cometas que se partiram. Inicialmente, dois modelos foram formulados para o que seria os dois principais tipos de núcleos.
O primeiro modelo de núcleo consistiria inteiramente de gelo, gases e poeira em uma massa compacta, e os fragmentos sólidos estariam presos em uma grande esfera de gases congelados. No segundo modelo o núcleo possuiria um interior denso com uma capa de gelo e poeira. O núcleo seria menor e sua superfície apresentaria maior porcentagem de partículas sólidas e poeira, formando um tipo de casca em conseqüência das repetidas passagens pelo periélio e conseqüentes exposições ao calor e às radiações solares.
Segundo Nelson Travnik, em seu livro ''Cometas, os vagabundos do espaço'', grosso modo, podemos imaginar o núcleo cometário, pelos dois tipos descritos acima, como sendo um aglomerado de gases congelados (amônia, metano, dióxido de carbono e água) envolvendo fragmentos sólidos em uma mistura homogênea, com grande quantidade de poeira fina. Nesse sentido, a expressão genérica de ''uma bola de neve suja'' para definir o núcleo de cometas, é até certo ponto válida, mas não totalmente satisfatória.
Se levarmos em conta que o material que forma a coma e a cauda são provenientes do núcleo e se dissipam no espaço, ainda assim, após várias passagens pelo Sol, alguns cometas ainda são visíveis apesar da contínua emissão de material pela ação solar, resultando na perda de sua massa; podemos concluir que, realmente, uma grande porção do núcleo é constituída de material volátil e poeira congelada. Todavia, repetidas passagens pelo Sol e elevada perda de massa em núcleos de pequenos tamanhos aquecidos pelo intenso calor solar, tais núcleos seriam vaporizados em uma ou duas passagens por seu periélio e/ou se partiriam com muita facilidade. Mas alguns pequenos núcleos continuam ativos, principalmente em cometas rasantes solares e dessa forma podemos concluir que provavelmente deve existir um pequeno caroço interno sólido composto de rocha e/ou rocha-metálico. Além disso, quando um cometa tem seu material volátil findado seu caroço ficará apenas como um objeto Apolo orbitando o Sistema solar.
Pela teoria que os corpos cometários foram formados juntamente com o resto do sistema solar nos primórdios de sua criação, e que por algum motivo pequenos corpos rochosos foram expulsos para as regiões mais geladas longe do Sol, isso também explicaria que os núcleos cometários possam apresentar um caroço composto de rocha e outros materiais, até certo ponto análogos ao dos pequenos asteróides. Além do que, os núcleos cometários apresentam cor escura e de albedo bastante baixos para corpos que fossem compostos apenas de gelo, poeira e gases congelados. Teoricamente isso é discutível, mas, por enquanto, até que se consiga enviar uma sonda planetária que possa pousar no núcleo de um cometa, perfura-lo, colher material e traze-los para que possam ser analisados nos laboratórios da Terra, não se tem certeza absoluta da estrutura interna dos núcleos cometários.

Uma outra teorias mais recente classifica, segundo o que encontramos em Comet Home http://www.ifa.hawaii.edu/faculty/jewitt/nucleus.html por Dave Jewitt , o interior dos núcleos cometários pode ser basicamente de 3 tipos:
Núcleos Monolíticos - A teoria mais simples é que o núcleo seja um único e coeso corpo de composição interna uniforme. Uma crosta composta de pedregulho e poeira unidos por gelo e cujo pedregulho fica exposto quando ocorre a sublimação devido ao aquecimento solar quando o núcleo se aproxima do Sol. O núcleo monolítico seria forte e resistente, assim não está claro que o modelo de núcleo monolítico possa explicar observações de cometas que se partiram devido a minúsculas forças tencionais. Todavia, se um núcleo monolítico apresentar partes mais frágeis, estas sim poderiam romper-se e subdividir o núcleo original.
Núcleos de Multicomponentes - O núcleo de múltiplos componentes, também conhecido como núcleo de pedregulhos empilhados, consiste em muitas estruturas livres de corpos independentes que se uniram através de mútua atração gravitacional, havendo muito mais componentes do que no esquema que apresentamos. Os corpos as vezes são identificados como planetesimais de precursor individual do disco protoplanetário. Alguns estudiosos gostam de pensar que as subunidades dentro do núcleo poderiam ser planetesimais de localizações originais muito diferentes na nebulosa solar. Nesse caso eles poderiam ter diferentes composições. Um envelope envolveria, como um manto, todos os componentes como no modelo do Núcleo Monolítico. Assim, os blocos que edificam o núcleo não são firmemente ligados, fazendo com que o núcleo de multicomponentes seja muito fraco. Isso se ajusta com o que se pensa e sabemos sobre as forças dos cometas. Este tipo de núcleo também explicaria porque alguns cometas se rompem dividindo-se em duas ou mais partes.
Núcleos Diferenciados - Alguns cientistas especulam que poderiam ser núcleos parcialmente diferenciados, da mesma maneira que a Terra se diferencia em caroço férreo mais estrutura de manto rochoso. Todavia, tais diferenciações em camadas não são muitas esperadas em núcleos cometários porque estes objetos são principalmente muitos pequenos para gerarem temperaturas internas muito altas. Porém, duradouro aquecimento radioativo de núcleos de potássio, tório e urânio poderiam ser suficientes para dirigir a migração interna dos gelos mais voláteis (por exemplo, C0 e N²) longe do ''caroço''. Em cometas menores, os núcleos de vidas curtas, poderiam prover o calor.
Muito provavelmente, reais núcleos cometários incorporam características de todos os modelos aqui mostradas. Núcleos pequenos podem ser monolíticos, enquanto os maiores consistem em pedaços aglomerados. O material cometário é pobre em transmissão de calor sendo completamente possível que núcleos grandes possuem caroços esvaziados dos gelos e substâncias mais voláteis.

Composição

A composição do núcleo é determinada medindo a composição da coma. De forma direta nós não sabemos nada sobre a estrutura interior. O dominante volátil é água, seguiu pelo CO, CO2 e outras substâncias presente de espécie secundárias ao nível <1% . Há alguma evidência de variações de quantidades de material entre os cometas. A relação CO/H2O alcançou 0.2 a 0.3 no cometa Halle-Bopp mas é tipicamente 4 ou 5 vezes menor. O pó refratário (não- volátil) consiste em alguns minerais ricos em silicato e carbono CHON (Carbono-hidrogênio-oxigênio-nitrogênio) e grãos de poeira. As capas superiores do núcleo são voláteis e consiste em um manto " refratário ". A relação de massa volátil para a massa refratária está provavelmente próxima de 1.
As vidas de cometas ativos estão limitadas por pelo menos duas razões: Primeiro, os núcleos estão perdendo massa a taxas que não podem ser sustentadas por muito tempo. Por exemplo, um núcleo esférico com raio de 5 de km teria uma massa de aproximadamente 4x10^15 kg. Quando perto do sol, este núcleo poderia perder a quantia de 10 toneladas de matéria por segundo, assim a vida de sublimação é de 4x10^11 s = 1000 anos. De qualquer modo, o cometa poderia gastar só parte de seu material a cada órbita perto do sol, e assim continuaria ''vivendo'' por mais de 1000 anos, mas estaria simplesmente impossibilitado de sustentar a perda de massa a 4.5x10^9 idade do sistema solar. Segundo, os cometas ativos estão debaixo do controle gravitacional dos planetas e por isso suas órbitas podem sofrer influencia, principalmente dos gigantes gasosos, e serem modificadas a tal ponto que um cometa nunca mais retorne ao sistema solar interior e/ou então se torne um cometa de longo período.

Fontes Consultadas:
Cometas, os vagabundos do espaço - Nelson Travnik - 1985 - Editora Três - São Paulo/SP - Brasil
Introdução aos Cometas, Vol. II - Ronaldo Rogério de Freitas Mourão - 2000 - Editora Itatiaia - Belo Horizonte/MG - Brasil
Universo - 1999 - Abril Cultura - São Paulo/SP - Brasil
Comet Home por Dave Jewitt - http://www.ifa.hawaii.edu/faculty/jewitt/comet.html http://www.ifa.hawaii.edu/faculty/jewitt/index.html
http://www.ifa.hawaii.edu/faculty/jewitt/nucleus.html

Cometa - Index

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