AstroManual - Astronomia Observacional Amadora
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Fotografando o Eclipse Total da Lua
Por: José Carlos Diniz

Eis algumas regras básicas simples para que você tenha sucesso. Hoje em dia temos à disposição câmaras pequeníssimas, possuidoras da mais alta tecnologia. Infelizmente elas detêm poder total sobre o modo como se fotografa: determinam o foco, o tempo de exposição e a abertura do diafragma; por isso não servem para fotografias de qualidade desse tipo de fenômeno. Precisamos de uma câmara manual, se possível reflexa, com controle dos parâmetros foco, tempo de exposição e abertura (''B'' ou ''T''). Caso esta câmara possa trocar de lentes, ótimo; uma teleobjetiva seria muito bem vinda. Embora não sejam imprescindíveis, um tripé e um cabo disparador ajudam a máquina a ficar estável durante as exposições em menor velocidade.
Aqueles que possuam uma luneta ou um pequeno telescópio precisarão acoplar a câmara ao instrumento, de modo que ele fique colocado com se fosse a teleobjetiva da câmara. A adaptação dependerá do tipo de instrumento e deverá ser esclarecido caso a caso.
Um outro ponto importante é a escolha do filme. Existem hoje no mercado várias marcas de qualidade, e não temos predileção por esta ou aquela. Alguns aspectos técnicos: 100 e 400 ISO para filmes em negativo 50 a 64 ou 100 ISO para filmes positivos ('slides'). A escolha dependerá da objetiva de nossa câmara: quanto mais luminosa ( maior abertura da lente) menos sensível poderá ser o filme, e vice-versa.
A Lua é um objeto grande e muito luminoso; no entanto, às vezes é causa de frustração quando vemos os resultados fotográficos. Isto se deve ao decepcionante tamanho da imagem obtida.

Tamanho da imagem da Lua em um filme de 35mm para várias distancias focais das lentes:

Distancia focal da objetiva em mm Tamanho da imagem da Lua num filme de 35mm
28mm 0,25mm
50mm 0,45mm
100mm 0,91mm
300mm 2,7mm
500mm 4,5mm
1000mm 9,1mm
2000mm 18,2mm

Durante o eclipse, a Lua inicialmente mergulha no cone de penumbra e, depois, no cone de sombra da Terra indo de um brilho intenso para um brilho mais apagado (penumbra) e, em seguida, passando à totalidade (umbra). É desejável que documentemos cada uma dessas fases; elas são longas e nos dão tempo para preparar a câmara e ajustar parâmetros (foco no infinito, diafragma e velocidade de acordo com as tabelas abaixo, as quais servem como referência).
Para melhores resultados devem fazer exposições variadas, acima e abaixo do recomendado pelas tabelas, e fechar o diafragma um ponto. Três tabelas foram organizadas uma para cada sensibilidade de filme, conjugando abertura com tempo de exposição a ser empregado em cada fase do eclipse.

Filme de 400 ISO

Lua F/16 F/11 F/8 F/5 6 F/4 F/2,8
Lua Cheia 1/250 s 1/500 s 1/1000 s 1/2000 s 1/4000 s -
Penumbra 1/15 s 1/30 s 1/60 s 1/125 s 1/250 s 1/500 s
Parcialidade 2 s 1/2 s 1 s 1/4 s 1/8 s 1/15 s
Totalidade 8 s 4 s 2 s 1 s 1/2 s 1/4 s

Filme de 100 ISO

Lua F/8 F/5,6 F/4 F/2,8 F/2 F/1,4
Lua Cheia 1/250 s 1/500 s 1/1000 s 1/2000 s 1/4000 s -
Penumbra 1/15 s 1/30 s 1/60 s 1/125 s 1/250 s 1/500 s
Parcialidade 2 s 1 s 1/2 s 1/4 s 1/8 s 1/15 s
Totalidade 8 s 4 s 2 s 1 s 1/2 s 1/4 s

Filme de 50-64 ISO

Lua F/5,6 F/4 F/2,8 F/2 F/1,4
Lua Cheia 1/250 s 1/500 s 1/1000 s 1/2000 s 1/4000 s
Penumbra 1/15 s 1/30 s 1/60 s 1/125 s 1/250 s
Parcialidade 2 s 1 s 1/2 s 1/4 s 1/8 s
Totalidade 8 s 4 s 2 s 1 s 1/2 s

Algumas Sugestões do Grande Mestre e Guru da Astrofotogafia Brasileira:

Um lugar afastado permitirá melhores resultados, pois não haverá interferência da iluminação pública das grandes cidades.
Anote tudo (hora, câmara, diafragma, tempo de exposição, condições do tempo etc.), pois assim será possível avaliar melhor os resultados, e teremos uma base mais sólida para aplicar em outras oportunidades.
Belos resultados são obtidos fotografando-se a Lua e compondo um primeiro plano com arvores, prédios, casas, montanhas etc. Dê asas a sua imaginação e produza foto-composições de grande beleza.
É possível ter todas as fases do eclipse em uma mesma foto:
· Para isto, basta que saibamos os instantes exatos de suas diversas etapas.
· Colocando a Lua no canto inferior direito do campo fotográfico, à medida que o eclipse progride a imagem da Lua se deslocará no fotograma.
· Após fazermos a composição, focalizamos no infinito e estabelecemos o diafragma correto para a etapa que queremos documentar.
· Estando a câmara em B e usando o cabo disparador, fazemos a exposição com a objetiva coberta, usando uma tampa de papelão preto, e a retiramos a intervalos regulares de tempo (5 a 10 minutos), tomando o cuidado de alterar o tempo de exposição de acordo com as circunstâncias de brilho da Lua. Neste caso, sugerimos que se use uma lente grande angular (24 a 28 mm) para cobrir todo o caminho da Lua durante o eclipse, e um filme o mais lento possível.
· A desvantagem é que teremos uma imagem muito pequena da Lua (ver tabela).
Espero que estas dicas sirvam para ajudá-los a documentar este belo e raro fenômeno.

Artigo (resumido) extraído do Site do expert em Astrofotografia José Carlos Diniz - Veja está matéria na íntegra e tudo sobre Astrofotografia em sua página na Internet em: http://www.geocities.com/dinizfam

Informações de Registro para Fotos

Para cada foto não esqueça de anotar os seguintes dados: Data e Hora (UT); Local Geográfico de Observação (latitude, longitude, altitude); Métodos e técnicas utilizadas; Marca do filme: Sensiblidade ( ISO/ASA ) do filme; Marca da câmera, plataforma equatorial, telescópio, etc utilizada; Dados técnicos da câmera - no caso de câmeras e telescópios coloque a abertura focal, amentos, objetivas usadas; Recursos adicionais (filtros, polarizadores, etc.); Tempo de exposição utilizado; Condições do tempo (nuvens ou névoa, vento, luminosidade do céu, presença de poluição luminosa, seeing, etc.); Seeing (condições de céu - magnitude da estrela mais lânguida que você consegue detectar a olho desarmado); Comentários pessoais sobre a foto.

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