AstroManual - Astronomia Observacional Amadora
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Cometas
Apresentação

Entre os astros esporádicos, os cometas são os objetos celestes mais imprevisíveis e espetaculares cujo aparecimento repentino tem despertado a atenção e curiosidade da humanidade desde os tempos mais remotos, e dão origem a muitos chuveiros de meteoros que podem ser observados em determinadas épocas a cada ano.
Teoricamente os cometas são resíduos remanescentes da primitiva nebulosa que deu origem ao Sol e ao cortejo de astros que o acompanham rumo a um pontos entre as constelações da Lira e Hercules. Grosso modo, eles são compostos de rocha, poeira, gelo de água e gases congelados e, por alguma razão esses núcleos congelados podem partir da Nuvem de Oort - região supostamente localizada nos confins do Sistema Solar (de onde vem os cometas de longo período), ou então do Cinto de Kuiper - região localizada dentro do Sistema Solar (de onde partem os cometas de curto período) em direção ao Sol.
Suas órbitas podem ser eclípticas, parabólica ou hiperbólica; mas cujo traçado pode ser modificado pela influência dos planetas quando eles passam próxima a ação gravitacional principalmente dos gigantes gasosos. Dependendo das condições desse encontro, um cometa pode ganhar ou perder velocidade e ter sua órbita modificada de tal forma que nunca mais volta a passar pelo interior do Sistema Solar e, em outros casos, passar tão próximos ao Sol que se torna um rasante solar (sungrazer) podendo mergulhar diretamente no Sol como cometas kamikazes se não tiver velocidade suficiente para escapar à atração gravitacional da nossa estrela do dia.
Quando longe do Sol, os cometas são apenas núcleos congelados com movimento bastante lento, mas à medida que vão se aproximando do nosso astro rei, mais ou menos na região compreendida entre Marte e Júpiter, devido a influência solar, vão ganhando uma coma, também chamada de cabeleira, e não raro uma ou mais caudas de poeira ou de gases ionizados; sendo estas as duas características principais que podemos observar através de instrumentos como telescópios, lunetas e binóculos e algumas poucas vezes a olho desarmado quando os cometas são mais brilhantes. Muitos já foram descobertos e a cada ano novos cometas são encontrados. Entre novos e antigos, em média, cerca de mais ou menos vinte astros errantes visitam o interior do Sistema Solar a cada ano. Mas, os cometas, como tudo no Universo, têm seu ciclo de vida e não são eternos.
De modo geral, eles têm um período de vida de cerca de 1000 anos e podem desaparecer de vários modos.

Cansaço ou Exaustão - Um cometa pode perder uma capa de gelo de vários dez de centímetros a cada retorno perto do sol. Após muitas passagens pelo periélio, eles podem ser completamente esvaziados de seus elementos voláteis e cessam sua atividade cometária, o cometa fica exausto. É então um cometa extinto que não mais apresentará coma nem cauda. Provável ele será semelhante a um certo número de pequenos corpos classificados como objetos da Família Apolo terminando suas vidas como caroços de asteróides de velhos cometas, agora exausto.

Sufocação - Os grãos espessos de pó de tamanho maiores são difíceis de serem arrastados pelos gases que escapam dos núcleos cometários. Eles podem acumular-se e pode formar uma crosta mais ou menos espessa sobre a superfície gelada do cometa. Esta crosta isola e protege o gelo subjacente do aquecimento do Sol. Se esse pó consegue cobrir toda a superfície, o cometa se torna sufocado e fica inativo. Nesse caso, ele tornou-se um cometa dormente. Porém, um aquecimento mais intenso (pela maior proximidade ou da atividade solar ou mesmo uma mudança de orientação) pode fazer desapareça essa densa crosta de partículas que sufocava o cometa, e assim o astro se desperta para nova atividade cometária. Uma crosta pode ser formada ou desaparecer durante só uma passagem perto do Sol. Esta característica crosta que aparece na maioria dos núcleos cometários é compartilhada entre zonas ativas onde o gelo é exposto aos raios solares e outras zonas inativas cobertas dessa crosta protetora. Esta distinção é bem visível em imagens do cometa de Halley realizadas pelas sondas que fotografaram seu núcleo. A sublimação de gelo arrasta os grãos pequenos de pós, mas os mais espessos permanecem na superfície e se acumulam para formar uma crosta protetora.

Fragmentação - Alguns cometas apresentam núcleos muito frágeis e um mero nada parece poder quebrá-los. Assim, freqüentemente podem ser observados cometas que se fragmentam ao passarem perto de um grande planeta (como Júpiter) ou perto do Sol (como os sungrazers - rasantes solares), estes cometas muito pequenos que raspam o Sol e que freqüentemente passam através de sua cromosfera e as vezes até são atingidos pelas protuberâncias solares e podem ser observados através de imagens feitas por coronógrafos ou de observações por ocasião de uma eclipse de Sol. Dessa forma, o núcleo dos cometas é então submetido às tensões internas dos efeitos de marés que sofre e se partem. Outros cometas explodem sem razão óbvia, às vezes longe do Sol. Talvez isso possa ser explicado se levarmos em consideração a teoria que núcleos cometários podem ser formados de multicomponentes que se desagregam quando seus componentes voláteis, que de certa forma os unia, se sublimam e deixam espaços entre estes componentes; ou então que a produção de gás e mesmo a própria atividade cometária é suficiente para enfraquecer o núcleo e os quebrar. Freqüentemente, os fragmentos se esvaziam de seus produtos muito depressa, ou se refragmentam e então o cometa desaparece completamente findando suas vidas em esplendorosas chuvas de meteoros. Como exemplo temos a fragmentação do cometa C/1999 S4 (LINEAR) observado pelo Telescópio Hubbles, cujo caroço explodiu em múltiplos fragmentos quando de sua passagem pelo periélio em julho de 2000, inclusive com cada um de seus fragmentos passando a ser como um mini-cometa que cercavam a própria cauda do cometa. O cometa desapareceu completamente nas semanas seguintes.

Colisão - Colisões entre corpos pequenos e planetas, raríssimos em relação a escada da vida humana, não é nada para a escada de tempo do Sistema Solar e representa um papel importante na evolução de cometas, asteróides e planetas. Um destes raros eventos pôde ser observado com cometa Shoemaker-Levy 9 que após se fragmentar em 21 pedaços todos eles se chocaram com o planeta Júpiter em julho de 1994.

Expulsão do Sistema Solar - Cometas que passam próximos as regiões dos planetas gigantes, particularmente de Júpiter, podem ter suas órbitas e velocidades modificadas pela influência gravitacional deste e também de outros planetas. De órbita elíptica, a órbita pode passar a hiperbólica e então o cometa deixa o Sistema solar para nunca mais retornar e/ou entra em uma órbita tão alongada que seu período passa a ser de milhares de anos. Dessa forma, numerosos cometas foram perdidos, mas este fenômeno, na maioria das vezes, joga uma certa proporção de cometas observados para órbitas hiperbólicas, os quais nunca mais veremos em nossas breves vidas.

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