AastroManual
- Astronomia Observacional Amadora
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Cauda Cometária
A cauda conhecida popularmente como rabo do cometa é uma característica
distintiva e efêmera dos Cometas; as mesmas moléculas que se
desprendem do núcleo e da cabeleira cometária são,
parcialmente, deslocadas sob a ação do vento solar - um
fluxo de partículas de grande velocidade (400 km/s.), que fluem
continuamente da atmosfera solar e são ionizadas (privadas de elétrons)
e arrastadas para longe dele. Este é o motivo pelo qual as caudas
aparecem sempre em direção oposta ao Sol. Este apêndice
é formado por gás e/ou poeira apresentam uma variedade de
formas e durações (tamanhos). As durações
podem variar de uma pequena fração de um grau (caudas são
sempre medidas como a duração angular em graus ou minutos de
arco ['; 60 ' = 1 grau]), a muitos graus em distância pelo céu.
Um cometa pode apresentar cauda de poeira, cauda de íon ou não
apresentar nenhuma cauda. Se o cometa mostrar apenas uma cauda, esta será
de poeira (formada pelas partículas de pó contidas no núcleo
cometário). As partículas de pó formam um tipo
diferente de cauda. A única coisa que afeta estas pequenas partículas
no espaço é a própria radiação do sol.
A radiação do sol sopra as minúsculas partículas
de pó na direção da qual elas vieram. Assim, a cauda
de cometas geralmente aponta atrás ao longo da trajetória (órbita)
do cometa.
Alguns cometas apresentam uma segunda cauda (composta de íons)
devido ao gás ionizado que são formados na coma de cometa. Íons
são partículas eletricamente carregas, que vêm
primeiro do núcleo como partículas gasosas (partículas
de carga neutra), e que são empurradas na cauda do cometa através
da interação com o Campo Magnético Interplanetário
(IMF).
O campo magnético do sol que está presente em toda parte no
espaço interplanetário varre para além do núcleo
do cometa e leva os íons com ele formando a cauda. Por causa desta
interação especial com o IMF, esta cauda aponta sempre
exatamente para longe do sol, em sentido oposto a posição do
sol. Com as aproximações do cometa do sol o vento solar que
consiste de núcleos atômicos em alta velocidade, prótons
e elétrons varrem os gases cometários para longe do sol e
produz uma cauda reta de até 93 milhões de milhas (150 milhões
de quilômetros) em tamanho.
Uma segunda cauda (rabo) constituído de partículas de poeira
também pode aparecer. Esta cauda de pó é menor e mais
curva que a cauda de gás. As caudas dos cometas sempre estão
longe do Sol em direção oposta a ele por causa da força
do vento solar que atuam sobre o material cometário. Quando os
cometas se distanciam do sol, suas caudas sempre estão à sua
frente.
Já foram observados alguns cometas que desenvolveram até
seis ou mais caudas, como por exemplo, o cometa De Chesseaux de 1744, no mês
de março daquele ano os europeus puderam ver suas seis caudas no
horizonte, mas a cabeça do cometa não era visível,
pois se encontrava abaixo da linha do horizonte. Às vezes é
possível visualizar, em um mesmo Cometa, uma cauda de composição
predominantemente gasosa ou cauda de plasma (íon), reta e estendida
como uma faixa ao vento que em fotografias apresenta cor azulada, e uma
outra cauda cuja composição principal é de poeira em
forma arqueada e cor amarelada.
Quando, em sua órbita, um cometa vai se aproximando do Sol, em
torno do núcleo forma-se um halo de gás e poeira, primeiro
forma-se a coma e alguns cometas desenvolvem uma cauda. A cauda cometária,
quando presente, tem origem no núcleo, atravessa a coma e se
entende a distâncias superiores a 20 ou 30 milhões de quilômetros,
quando o cometa está próximo ao periélio.
Os primeiros gases que se volatilizam são o monóxido e o dióxido
de carbono, enquanto o gelo começa a sublimar (passar do estado sólido
diretamente para o estado gasoso) na faixa da região compreendida
entre Júpiter e Marte. Devido a pouca gravidade do núcleo,
os gases emitidos dispersam-se no espaço e continuadamente são
substituídos por material novo. Contudo, essa vaporização
acontece somente no lado do núcleo que, naquele momento, está
volta para o Sol, pois existe uma grande diferença de temperatura
entre o lado apontado em direção ao Sol e o outro, que fica
na sombra. É como se fosse dia e noite para um lado e o outro do
cometa, que, como os outros corpos celestes, também apresenta um
movimento de rotação. Além do monóxido e do dióxido
de carbono, outros principais componentes são o formaldeído
e o metano, embora também exista enorme quantidade de pequenas partículas
sólidas e grãos de poeira com diâmetro inferior a um décimo
de micro e outras pouco maior.
O material é expelido do núcleo em violentíssimos
jatos, que podem alcançar milhares de quilômetros em distância.
Essa expulsão acontece em linha reta, mas, devido à pressão
exercida pelos ventos solares, o material é acelerado em sentido
oposto ao Sol, formando uma cauda de partículas que vão
sendo separadas de acordo com seu peso e tamanho.
A temperatura do halo que circunda o núcleo é, nas zonas de
onde partem os jatos, da ordem de -73 graus centígrados, mas, ao
afastar-se, a temperatura baixa até -253 graus centígrados.
Somente quando as moléculas da coma se rompem por causa da sua
baixa densidade e liberam energia em uma reação exotérmica
(processo ou de reação química que ocorre em um
sistema, e em que há liberação de calor para o meio
externo), a temperatura pode subir aproximadamente até -173 graus
centígrados.
O tamanho médio da cauda cometária é de cerca de
100.000 km, mas suas densidade e massa são muito pequenas. Algumas
moléculas decompõem-se e são ionizadas devido ao
efeito da radiação solar ultravioleta ao longo da distância
que existe entre o núcleo e a cauda. Nas regiões mais próximas
ao Sol, o índice de decomposição das moléculas
da cauda é mais rápido por causa da interação
com o vento solar, que as empurra em direção contrária
à do Sol e alonga a cauda. A cauda está sempre orientada em
sentido oposto ao Sol, mas permanecendo no plano da órbita do
cometa. Quando um cometa torna-se muito brilhante e, portanto, visível,
a principal característica que se observa é a cauda. Apesar
das imensas distancias que ela pode alcançar, 1 km³ de cauda
contém menos material que 1mm³ da atmosfera da Terra.
A luminosidade aparente de um cometa depende se sua distância do Sol
e da Terra. Essa luminosidade é proporcional à quarta potência
da distância do sol, o que indica que os cometas refletem luz e também
a absorvem e emite certa quantia dela. (Albedo - Relação
entre a luz refletida pela superfície de um astro e a luz que ele
recebe do Sol.). Por esse motivo, o índice de atividade solar é
um fator importante para a determinação da luminosidade de
um cometa.
Ao estudar a interação entre cometas e as atividades
solares, notou-se que, na presença de um aumento temporário
dessa atividade, nas proximidades do Sol um cometa pode aumentar súbita
e consideravelmente em luminosidade. Nos cometas de períodos muito
curtos, a luminosidade decresce um pouco de uma passagem para outra,
talvez devido à perda de material produzida a cada aproximação
do sol.
Antigamente era pensado que a direção da cauda era devida à
pressão da radiação solar, mas atualmente acredita-se
que a causa principal seja o vento solar (Fluxo de partículas
carregadas de eletricidade, que se constituem, em geral, de prótons
e elétrons, e que são emitidas permanentemente pelo Sol.).
Este é composto de partículas carregadas que são
emitidas pelo Sol. A força que essas partículas exercem
sobre as moléculas de gás da cabeleira é 100 vezes
superior à força gravitacional do Sol, de forma que as moléculas
da coma são sempre empurradas para trás pelo vento solar.
Todavia, o vento solar não acontece de forma constante, e às
suas variações se devem às finas estruturas que podem
ser observadas nas caudas cometárias. Também é possível
que as erupções solares e outras perturbações
e atividades do Sol influencie no formato da cauda, motivo pelo qual ela
adquire diferentes configurações e seja extremamente mutável.
Um outro fato que talvez possa contribuir para o formato da cauda é
a rotação desenvolvida pelo próprio núcleo
cometário.Pelo que vemos, na verdade, são vários os
fatores que podem influir nos diferentes formatos da cauda.
Morfologia das Caudas
Um cometa pode ou não apresentar uma ou mais caudas quando próximo ao Sol. De acordo com o astrônomo russo Bredichin (18331-1904), as caudas cometárias poderiam ser de três tipos, segundo o seu grau de curvatura, assinalando para cada um dos tipos uma composição química distinta.
Porém, com o advento da espectroscopia (conjunto de técnicas de análise qualitativa baseado na observação de espectros de emissão ou absorção de substâncias.), muitos dos detalhes da classificação de Bredichin foram descartados e, grosso modo, atualmente os tipos de caudas são descritos como:
A curva instantânea na qual encontramos uma contínua emissão
de partículas para determinação das forças de
repulsão solar, ou das dimensões das partículas,
define a denominada sindinama (sindima). As curvas sindinamas são
tangentes aos raios vetores na cabeça do cometa e sua curvatura é
sempre mais inclinada em relação à direção
do movimento do cometa no plano de sua órbita. O segundo
caso-limite é o que ocorre durante as emissões instantâneas
de partículas, que definem uma curva síncrona, formada pelas
posições atingidas por um conjunto de partículas
ejetadas em um mesmo instante e de dimensões diferentes. Uma curva
síncrona possui uma curva quase retilínea e faz com a direção
radial um ângulo que aumenta com o tempo. Atualmente, distinguem-se
dois principais grupos de caudas, segundo sua natureza, forma e espectro.
O Grupo I é constituído pelas caudas de gases, apresenta um
aspecto quase retilíneo. Raramente as caudas desse tipo fazem um ângulo
superior a alguns poucos graus com o raio vetor (linha que liga o Sol ao
cometa). Ela se caracteriza por sua estrutura filamentar, constituída
de gás liberado pelo núcleo, o qual é fotodissociado
e ionizado (Ionização - Processo de produzir íons
mediante a perda ou o ganho, por molécula ou átomo, de um ou
mais elétrons) pela radiação solar. O Grupo II
compreende as caudas de poeira, são bastante homogêneas e de
formatos curvilíneos.
Pelo seu espectro contínuo, é fácil identificar as
Raias ou Linhas de Fraunhofer (Raias espectrais de absorção,
descobertas no espectro solar pelo astrônomo alemão Joseph
von Fraunhofer (1787-1826), e que são designadas por letras,
dependendo do seu comprimento de onda e de sua origem, oriundas das radiações
solares, refletidas e difundidas pelas partículas sólidas
que as constituem. Essas caudas são compostas por graus de poeira,
cujas dimensões (cerca de um mícron) foram determinadas
através de observação fotométrica (Fotometria
- Parte da óptica que investiga os métodos e processos de
medida de fluxos luminosos e das características energéticas
associadas a tais fluxos.). Geralmente, os cometas periódicos
apresentam caudas menores que os cometas de longo mostram extensas caudas.
Alguns poucos cometas podem apresentar uma anticauda que se posiciona na
frente do Cometa. Várias teorias foram criadas, mas ainda não
se tem certeza como e porque isso acontece.