AstroManual - Astronomia Observacional Amadora
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O Céu em 2004

O que nos reserva os céus para o ano de 2004?

Os astros celestes sempre nos reservam belas surpresas e em 2004 não será diferente pois teremos belas visões com alguns eventos bastante interessantes. Além das conjunções de planetárias entre si e com a bela Luna, chuveiros de meteoros, eclipses e cometas, algumas ocasiões serão de extremo interesse aos observadores e astrofotógrafos.
Já nas primeiras horas do ano novo podemos ver Saturno na constelação de Gêmeos em sua máxima aproximação da Terra do que estará nos próximos 30 anos.
No primeiro semestre de 2004 três planetas dominam o céu da noite. O brilhante Vênus e Saturno mais lânguido podem ser vistos após o pôr-do-sol durante os primeiros meses do ano enquanto Júpiter permanece uma boa visão até estar perdido no clarão do Sol no início de agosto.
Em 10 de julho, Marte e Mercúrio em Câncer passam ao entardecer dentro de 0.2° um do outro. Ao amanhecer de 5 de novembro Vênus e Júpiter fazem para um par deslumbrante no céu do amanhecer na constelação de virgem.. O planeta Vênus faz várias excelentes aparições em 2004. Emparelha-se com a Lua crescente em fevereiro e março.
Em uma rara ocasião, Vênus cruza pela frente do disco solar em junho sendo que algo assim não ocorre a 122 anos ; e formas uma ''estrela dupla'' com Júpiter antes do amanhecer nos céus em 5 de novembro.
O Trânsito de Vênus pelo Sol merece destaque especial porque nesse século isso só acontece duas vezes. Pela primeira vez desde 1882, Vênus passa pela frente do Sol em 8 de junho cuja duração será de 6 horas 12 minutos. O trânsito inteiro será visível da Europa, África (menos o oeste), o Oriente Médio, e Ásia (menos o leste). Para os observadores da América do Norte, Central e do Sul, o Sol nasce quando o trânsito já está em desenvolvimento. Uma melhor visão desse raro evento deve ser feita através de telescópio com um bom aumento (é necessário o uso de um bom filtro solar), que nos mostrará um pequeno ponto negro, Vênus, se movendo lentamente pela face do disco iluminado do Sol de leste para oeste. O aspecto mais interessante do trânsito e cuja cronometragem é de grande relevância devem ser os momentos em que Vênus entra e sai da frente do Sol - com duração de mais ou menos 20 minutos.
Todo cuidado é pouco quando se refere a eventos que envolvem a observação do Sol, portanto, o uso de filtro solar adequado é imprescindível para tal observação. Na falta dele, a técnica mais recomendada ainda é a projeção indireta do Sol em um suporte branco. Assim, aproveite bem a ocasião para presenciar esse evento raríssimo, porque a próxima passagem de Vênus pela frente do disco solar no século XXI só acontecerá em 2012. Depois disso, o próximo trânsito não acontece até os anos de 2117 e 2125, no século XXII.

As condições de observação e outros dados podem ser encontradas em Mais informações sobre a visibilidade para o Brasil poderão ser encontradas em http://reabrasil.astrodatabase.net/ .

A observação dos planetas é deveras gratificante. Embora não possamos ver nada da superfície de Vênus devido a densa camada de nuvens que envolvem todo o planeta, é possível acompanhar suas fases. E, embora ainda não seja adequadamente explicada, seria interessante tentar descobrir a luz cinzenta na parte não iluminada do planeta.
A observação dos Anéis de Saturno, bem como a distinção das faixas coloridas do planeta é sempre bastante agradável; bem como a localização de suas luas mais luminosas. Para isso é necessário o uso de instrumentos.
Júpiter é sem dúvida nenhuma uma visão cativante. A observação de suas zonas de tempestades, como o transito da Grande Mancha Vermelha e o surgimento de novas manchas de tempestades esbranquiçadas, bem como a disposição de suas zonas e cintos e mesmo o escurecimento e mudanças no colorido delas é de grande importância para o estudo da atmosfera desse planeta. Não menos emocionante é acompanhar o balé das luas Galileanas enquanto orbitam o planeta e ainda mais quando alguma delas transitam pela frente do disco iluminado do planeta ou é eclipsada pelo maravilhoso Júpiter.
Marte é o único planeta cuja superfície pode ser observada de nossa posição na Terra. Em certas ocasiões de maior proximidade do planeta em relação à Terra, podemos observar detalhes de suas características e de sua atmosfera. O acompanhamento da evolução das calotas polares conforme mudam as estações marcianas e do aparecimento de tempestades de poeira sazonais é sempre de grande importância para o estudo do planeta. É altamente recomendado que se faça esboços para um registro mais acurado de nossas observações e percepção de qualquer mudança na superfície do planeta como zonas de escurecimentos, luminosidades, localização e aparecimento de seus vários tipos de nuvens. Marte só vai estar mais próximo da Terra em 30 de outubro de 2005 a 0.4641 UA, contudo é sempre bom observar o planeta vermelho. A visibilidade das luas de Marte é sempre um desafio porque além de minúsculas, elas sempre estão muito próximas do planeta, dentro da luminosidade refletida por Marte.
Mercúrio sempre está muito próximo do Sol e uma observação de algum detalhe da superfície do planeta não é nada fácil. Mas, se você tem um instrumento de grande abertura e o planeta estiver em boa posição para tentar ver alguma coisa do planeta... Não custa tentar, mas tenha cuidado para não olhar diretamente para o Sol.
Urano e Netuno não mostram detalhes de suas atmosferas e Plutão está longe demais e só é percebido como um ponto estelar muito tênue e mesmo assim se você souber localiza-lo muito bem e com instrumento de grande diâmetro.

Eclipses da Lua e do Sol

Em 2004 teremos dois eclipses lunares totais e dois eclipses parciais do Sol.
O primeiro eclipse solar acontece em 19 de abril para observadores em Madagascar e o terço meridional da África. Infelizmente, não será visível do Brasil.
Na Noite de 4 -5 de maio ocorre o primeiro eclipse total da Lua, visível para a Europa, Ásia, áfrica e Austrália. Para a nossa latitude será um eclipse parcial. As condições do eclipse serão para GMT -3 e lat 21º, long 47º:

• A Lua nasce as: 17:38.
• Fase penumbral: 2004 mai 04 14:50:43
• Fase umbral: 2004 mai 04 15:48:09
• Início da totalidade: 2004 mai 04 16:51:57
• Máximo: 2004 mai 04 17:30:06
• Fim da totalidade: 2004 mai 04 18:08:17
• Lua deixa a umbra: 2004 mai 04 19:12:04
• Lua deixa a penumbra: 2004 mai 04 20:09:26
• Mag umbral: 1.309
• Mag penumbral: 2.288
• Duração da fase de totalidade: 1h 16m 20s
• Duração da fase umbral: 3h 23m 55s
• Duração da fase penumbral: 5h 18m 43s

Assim, a Europa ocidental, África ocidental, e a América do Sul oriental já verão a subida de Lua eclipsada, enquanto na Ásia oriental e Austrália a Lua se põe ao final do eclipse.

O outro eclipse parcial do Sol acontece para o Alasca ocidental ao pôr-do-sol em 13 de outubro e para o Japão, e parte do nordeste da China, e para a Rússia oriental no dia 14. O maior eclipse acontece para o Alasca, oeste de Anchorage onde mais que 90 % do diâmetro solar será obscurecido quando o Sol se põe. Novamente, nenhuma fase do eclipse será visível para o Brasil.

O segundo eclipse total da Lua de 2004 é visível das Américas, Europa, a maioria da África, e Ásia ocidental na noite de 27-28 de outubro. O Canadá e o EUA continental verão toda a totalidade, mas os observadores do Havaí presenciarão apenas um eclipse parcial, como a subidas da Lua depois do término da totalidade.

As condições do eclipse total para o Brasil em TU -3 serão:

• Lua entra em penumbras: 2004 out 27 21:05:28
• Lua entra em umbra: 2004 out 27 22:14:19
• Início da totalidade: 2004 out 27 23:23:21
• Máximo eclipse: 2004 out 28 00:04:00
• Fim da totalidade: 2004 out 28 00:44:37
• Lua deixa a umbra: 2004 out 28 01:53:38
• Lua deixa a penumbra: 2004 out 28 03:02:37
• Magnitude Umbral: 1.313
• Magnitude Penumbral: 2.390
• Duração da fase total: 1h 21m 16s
• Duração da fase umbral: 3h 39m 19s
• Duração da fase penumbral: 5h 57m 9s

Para informações de como observar e reportar suas observações dos eclipses veja em http://reabrasil.astrodatabase.net/ .

Os Cometas em 2004

Salvo novas descobertas e saltos em brilho, há previsão para pelo menos dois bons cometas moderadamente luminosos que podem nos dar um belo espetáculo para 2004. Segundo as expectativas, é possível que ambos os cometas sejam visíveis a olho desarmado, e afortunadamente eles deverão ser vistos melhor para as latitudes ao sul do Equador. Claro que para uma melhor visão desses dois astros errantes, o uso de algum instrumento ótico será de grande valia.

O Cometa C/2002 T7 (LINEAR), descoberto em outubro de 2002, permanece um objeto lânguido até depois do periélio (sua máxima aproximação do Sol) em 23 de abril de 2004. Em meados de maio, o Cometa LINEAR pode ficar tão luminoso quanto pelo menos 4º ou 3ª magnitude. Os observadores do Hemisfério Sul poderão acompanha-los no sudoeste logo após o pôr-do-sol. Neste momento outro cometa, o C/2001 Q4 (NEAT) também poderá ser observado das latitudes meridionais durante algum tempo. O Cometa C/2001 Q4 (NEAT) foi descoberto em agosto de 2001, estará em periélio em 15 de maio. Este cometa será principalmente visível até início de abril de 2004 para o Hemisfério Sul. Então o cometa começa uma subida rápida pelo céu de inverno e se move passado pelas luminosas estrelas Sirius e Procyon no início de maio e M44 ( Agrupamento estelar da Colméia em Câncer) pelo meio do mês antes de entrar na constelação da Ursa Major depois de maio.
Durante este tempo, o C/2001/Q4 pode se tornar um objeto de pelo menos mag 3 e ser um objeto de fácil localização no oeste após o crepúsculo. Um outro cometa que pode chegar a mag em torno de 5 ou 6 é o C/2003 K4 (LINEAR) cujo periélio se dará em 13 de outubro de 2004. Para 2004 espera-se o retorno do cometa P/1996 R2 (Lagerkvist), descoberto em setembro de 1996, tem seu período orbital computado em 7.36 anos e fez sua última aparição em 1997. Os cometas visíveis, com estimativas até mag 12, para cada mês de 2004 salvo novas ocorrências para ambos os Hemisférios são:

Mais informações sobre a visibilidade e cartas de busca para os cometas de 2004 são encontradas em http://reabrasil.astrodatabase.net/ e em http://www.aerith.net/index.html

Ocultações de Júpiter e Vênus em 2004

Conforme a Lua se desloca pelo céu, ocasionalmente ela oculta por algum tempo estrelas e planetas escondendo sua luz. A estrela ou planeta reaparece depois no limbo oposto da Lua em torno de uma hora depois, dependendo é claro, em que coordenado da Lua o astro é ocultado por ela.

Começando aproximadamente a 3:45 da manhã (Hora Padrão Oriental) na manhã de 7 de dezembro, a Lua oculta o planeta Júpiter para os observadores das Montanhas Rochosas para o leste da América Norte. Este será um evento espetacular, facilmente visível em binóculos e telescópios pequenos. O planeta gigante e algumas de suas quatro luas mais luminosas desaparecerão atrás do limbo iluminado da Lua Crescente Minguante e reaparecerão na borda escura da Lua depois de uma hora.
Outras três ocultações planetárias acontecem em 2004, contudo todos esses eventos acontecem a luz do dia. Em 21 de maio a Lua esconde Vênus para a Europa começando ao redor de 11:00 TU. Os observadores no nordeste dos EUA e Canadá Oriental verão a Lua ocultar Júpiter em 9 de novembro em torno das 12:00 da tarde EST. Em 10 de novembro, a Lua oculta o planeta Vênus para os observadores da Austrália e Nova Zelândia, começando em torno de 1:00 UT (meio-dia em Sydney, Austrália). Contudo, nem por isso deixa de ser uma excelente oportunidade para observação a ocultação diurna, e tanto melhor para aqueles que ainda não conseguiram ver os planetas durante o dia. Assim, tendo a Lua como referência, é só esquadrinhar suas vizinhanças para vislumbrar os planetas através de até mesmo simples lunetas e binóculos. Regularmente a Lua oculta estrelas e asteróides em sua jornada pelo céu. Para saber as previsões dessas ocultações para sua localidade, consulte: http://www.lunar-occultations.com/iota/asteroids/astrndx.htm ou então http://www1.kaiho.mlit.go.jp/KOHO/iloc/docs/pre_e.html
Uma outra solução é instalar em seu computador algum programa cujas coordenadas do observador possa ser nele plotada , como o LOW e assim saber diariamente quais astros estarão sendo escondidos pela Lua. Descrições detalhadas de eventos celestes a acontecer podem ser mensalmente encontras em http://skyandtelescope.com/observing/

A observação da Lua é sempre gratificante e se você tiver muita sorte, pode até presenciar uma queda de meteorito em sua superfície durante suas observações ou até mesmo algum fenômeno transiente lunar.

O Sol é um astro de grandes surpresas e acompanhar a evolução das manchas solares é um bom desafio para aqueles que se dedicam a seu estudo e deseja reportar suas observações, imagens e esboços. Para tanto é preciso tomar muito cuidado para não prejudicar sua visão. O uso de bons filtros solares adequados é indispensável para aqueles que desejam fazer suas observações através de instrumentos. Mas, também existem técnicas muito seguras de realiza-las utilizado alguns dos métodos de projeção indireta do Sol.

Além dos meteoros esporádicos, e de casuais bólidos (fireballs) não podemos deixar de observar os vários chuveiros de meteoros que acontecem o ano todo. Alguns deles apresentam radiantes com maior atividade em seu dia(s) de máximo(s) e por isso são chamados de Chuveiros Principais. Outros radiantes apresentam taxas de hora em hora mais reduzidas e por isso são denominados de Chuveiros Moderados e outros ainda de Chuveiros Secundários. Abaixo damos uma listagem com os chuveiros de meteoros que merecem especial observação segundo a IMO (Organização Internacional de Meteoro):

Inúmeras estrelas variáveis, estrelas duplas e múltiplas, e objetos do céu profundo como galáxias, nebulosas, aglomerados abertos e globulares que representa um espetáculo a parte dentro da observação celeste e que estão a nossa disposição o ano todo. A cada nova estação estes objetos se revezam aos nossos olhos seja a olho nu ou armado de algum instrumento ótico.

Tudo isso nos encanta e seduz e só faz aumentar nossa paixão pelo Universo, e se não bastasse tantas maravilhas, ainda nos resta a simples observação da passagem dos satélites artificiais que reluzem no céu ao anoitecer e amanhecer de cada dia. Mas, se você deseja algo mais ''especializado'' para observar, ainda existe a difícil caça as Supernovas para aqueles que dispõe de instrumentos e excelente conhecimento do céu!

Bons céus e felizes observações para todos nós em 2004!

R.Gregio
Mooca 01/01/2004

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