Astro-Manual - Astronomia
Observacional Amadora
http://geocities.yahoo.com.br/rgregio2001/
Observação de Bólidos
Um bólido é uma bola de fogo (fireball) que finda seu vôo
visível em um flash terminal luminoso (explosão). Os bólidos
são fenômenos raros, produzidos por meteoróides de
grande tamanho cuja origem pode ser asteroidal ou ainda cometária.
Analises de mais de 5.000 horas de observação visual revela
que a taxa média de aparições de um meteoro com
magnitude maior que zero é de um a cada 2,7 horas em meteoros esporádicos,
sendo que no caso de chuveiros anuais e tempestades essa taxa é
maior; de forma que para observar um meteoro de magnitude -3.0 é
preciso mais de 300 horas de observação. Assim, do total de
meteoros observados apenas cerca de 0.6% são bólidos.
Contudo, meteoros com magnitude de -6 em diante é um evento ainda
mais raro. Raríssimo mesmo é ver um bólido brilhando
em plena luz do dia, e ainda mais difícil de ocorrer é ver
um bólido brilhando em pleno dia perto do Sol. Mas tudo é
possível quando se olha muito para o céu.
Os bólidos mais brilhantes acontecem de forma imprevista em ocasiões
quando estamos fazendo algum tipo de observação, como variáveis,
planetas, astrofotografia ou observações de objetos do céu
profundo, ou na maioria dos casos, quando estamos observando uma chuva de
meteoros. Dedicar se exclusivamente a observação de bólidos
não tem sentido porque eles são essencialmente imprevisíveis
e raros, podendo ocorrer em qualquer parte do céu; porém é
muito importante anotar esses avistamentos, sempre de forma individual,
todos aqueles que têms a felicidade ou sorte de ver.
A magnitude de referencia para um bólido varia conforme os critérios
adotados pelas instituições que se destinam ao seu estudo.
Dessa forma, algumas delas consideram como bólidos qualquer meteoro
de magnitude igual ou mais brilhante que -2. Este critério é
usado porque depois de corrigir as magnitudes visuais por extinção
atmosférica e distância do observador, as magnitudes zenitais
estão próximas a -3.0, valor que se toma de referência.
Outras instituições estabelecem esse limite mínimo
entre -3 a -4; e ainda outras tem como critério a magnitude mínima
entre -5 e -6. No caso de se observar um meteoro muito espetacular, ainda
que solte chispas, se fragmente, ou deixe uma estrela com rastro; se não
tem a magnitude visual mínima de -2, por exemplo, não se
deve computá-la como bólido.
Os dados mais importantes a ser considerados é a magnitude e o traço,
linha traçada pelo bólido.
Magnitude
Magnitudes de até -5 podem
ser estimadas com suficiente precisão sempre e quando não
seja superior a -5. Pois nesse caso, se pode comparar com o brilho das
estrelas próximas ou planetas, por exemplo: Sirius tem mag -1.5, Júpiter
-2.2 e Vênus -4. Uma margem de +/ 1 magnitude na estimativa é
considerada um bom valor para bólidos até mag -5.
Para bólidos mais brilhantes que -5 um erro de +/ 2 magnitudes está
dentro do aceitável, pois a maioria das vezes tem que estimar a
magnitude de forma aproximada. Como parâmetro podemos ter como referência
o brilho da Lua Cheia (-13 mag), ou da Lua Crescente / Minguante
(aproximadamente -6 mag). Como nem sempre temos a Lua presente e a bela
surpresa do momento pode nos atordoar, convém fazer uma estimativa
da magnitude visual com um valor aproximado compreendido entre -8 e -12.
Sempre será mais confiável que dizer, ''tão brilhante
como a Lua''. Todavia, se você não está familiarizado
com o sistema de magnitude estelar, assinale uma das seguintes
estimativas: - Tão luminoso quanto Vênus; - Mais luminoso que
Vênus, mas mais escuro que a 1ª lua de quarto; - Tão
luminoso quanto a 1ª lua de quarto; - Mais luminoso que o 1º
quarto mas mais escuro que a lua cheia; - Tão luminoso quanto a lua
cheia; - Mais luminoso que a lua cheia; - Tão luminoso quanto o
Sol; - Mais luminoso que o Sol.
Normalmente, se um bólido produz sombra se pode assegurar que seu
brilho foi maior que -5. Se tivermos a sorte de observa-lo justamente para
onde estamos olhando, temos que estar atentos ao efeito do deslumbramento
sobre a retina. Se depois de passar não somos capazes de ver
estrelas mais débeis que mag +2, se pode assegurar que a magnitude
do bólido foi maior ou igual a -10. Eu particularmente, ainda não
vi um bólido desse porte, e se você ver um espetáculo
desse, então você é um grande sortudo(a) podendo se
considerar um privilegiado(a)!
Traçado
O traço ou traçado do bólido é de vital
importância para identificar a sua procedência. O importante é
definir com precisão o ponto de início e final da trajetória,
procurando não perder a pista de ver o caminho por onde ele passou.
Para isso podemos usar uma carta celeste, sempre e quando represente
estrelas de magnitude +5 ou +6 no mínimo, com a finalidade de ter
suficientes pontos de referência. Assim podemos unir os pontos das
estrelas como uma régua para obter a trajetória. Temos que
ter em conta que esta é a única maneira confiável de
determina o caminho percorrido pelo bólido. Indicar por escrito as
constelações que começou e terminou, por exemplo
''entre Orion e Touro'', não é um critério de muita
precisão além de atrair mais confusão.
Na falta de uma carta celeste também se pode fazer um esboço
a mão para registrar o evento de forma adequada. O traço
desenhado sempre pode conter algum erro, por isso é necessário
indicar a precisão que nós pensamos que temos, como por
exemplo: ''início não visto'', final aproximado'', ''bom'',
''começo incerto'', etc. Bem como a data e horário (UT)
exato do avistamento.
As vezes pode ocorrer do bólido aparecer durante o crepúsculo,
ao amanhecer ou até mesmo durante o dia claro. Nestes casos não
há estrelas ou planetas de referencia para desenhar a trajetória
e temos que proceder de outra forma. O melhor é fazer um desenho da
zona, com montanhas, árvores, construções, etc, e
indicar a altura sobre o horizonte de início e fim do bólido,
assim como a posição em graus, medidos em sentido horário
em relação ao norte (com ajuda de uma bússola)
correspondente aos pontos de início e final do traço
projetado até o horizonte. Para tanto, podemos dizer a direção
em que vemos primeiro o bólido em azimute magnético (usando
a bússola) ou verdadeiro (em relação ao pólo
celeste verdadeiro). Se você não está familiarizado
com determinar azimutes, indique um dos seguintes: - Diretamente em cima;
- Norte; - Nordeste; - Leste; - Sudeste; - Sul; - Sudoeste; - Oeste; -
Noroeste, ou então se ''Eu não estou seguro''. Esse mesmo
exemplo pode ser usado para a descrição de quando o meteoro
foi avistado terminar. Esse mesmo dado também pode ser usado para
anotar os registros a qualquer hora da noite, aurora matutina ou
anoitecer.
Obviamente que devemos começar o relatório indicando primeiro a data do ocorrido (ano, mês e dia ou dia/mês/ano) de nossa observação. Em relação a hora, devemos indicá-la em Tempo Universal (UT). Se não estamos seguros do TU, se deve especificar claramente que se trata de hora local, e ainda o TMG (que no caso do Brasil, dependendo de qual fuso horário estamos, será -3 ou -4, e também se é horário de verão ou horário normal). Como o normal é que nossa hora marcada pelo relógio não seja exata, temos que ajustar o relógio com algum relógio atômico seja pelo do Observatório Nacional, telefone ou mesmo por algum software desse tipo instalado em nosso computador; de forma que quando chegamos em casa somemos ou diminuímos a diferença de nosso relógio com o sinal, para assim obter a hora exata. O melhor é indicar a hora da aparição com uma margem de erro, por exemplo, 22 horas, 21 minutos e 15 segundos +/ 3 segundos. Para indicar nossa localização colocamos o local (cidade, estado, país) ou a localidade mais próxima de onde estamos (caso estejamos na zona rural, estrada, etc), a longitude e latitude, mesmo embora seja aproximada. Também é necessário colocar a altitude em metros da nossa posição em relação ao nível do mar.
Todo e qualquer dado descritivo das características do bólido avistado devem ser colocadas. No caso do traçado aparente há que se indicar as coordenadas de início e final da trajetória. Uma forma rápida de obter as coordenadas é desenhar sobre um Atlas, como exemplo o Sky Atlas 2000.0 ou o Uranometria 2000.0, os pontos de início e fim. Depois se traçam paralelas desde as linhas de Ascensão Reta e Declinação e calculamos com uma regra de três as coordenadas. Em qualquer caso, se não deseja obter as coordenadas não deixe de fazer o desenho do traçado em uma carta celeste ou esboço. No Equinócio em que se obtiver as coordenadas devemos colocar, por exemplo, Eq: 2000.0 (para os dados atuais). Não desenhe o caminho do bólido em uma carta que não permite traçar toda a sua trajetória, salvo se não dispor de outro meio. Se bem que o final ou parte do trajeto, mesmo que cortado na borda, o registro continua sendo válido.
No que tange ao brilho aparente do bólido, se indica a magnitude visual. Se a magnitude variou se descreve a escala entre aquela que flutuou, por exemplo: '' variação de magnitude do início ao final foi de -6 a -4). A duração deve ser anotada conforme o tempo que durou o traçado, por exemplo, 15 segundos. As características do rastro do bólido também devem ser anotadas como: ''largo ou fino''; curto, porém de 8'' de arco''; ''curvo''; ''presença de rastro de fumaça''; ''distância em graus percorrida pelo bólido no céu".
Se o bólido produziu algum flash, explosão ou fragmentação há que se tentar estimar o número de fragmentos, traços luminosos ou fumaça que apresentou a magnitude e duração de cada um deles. A cor ou cores observadas também devem ser devidamente anotadas.
Um dado muito importante é a esteira ou rastro deixado pelo bólido. Nos interessa a duração em segundos, estimada a olho, da nuvem que alguns bólidos deixam a sua passagem. Se resultar muito brilhante se aconselha observá-la com binóculo e estimar sua duração completa, por exemplo: 15 segundos visual, 27 segundos com 10x50. Se tiveres uma máquina fotográfica não perca a ocasião e fotografe, ou então realize um esboço para observar a evolução.
Outros dados úteis em relação ao rastro são a cor e a luminosidade da esteira. Um tipo de esteiras menos conhecido é os rastros de fumo (Smoke Trains). Não emite luz, e se produzem porque os materiais que se vão quebrando distribuídos ao longo da trajetória refletem a luz ambiente. Só é possível observá-las quando os raios solares a iluminam desde um certo ângulo. É o mesmo efeito que da a cor vermelha às nuvens ao pôr-do-sol.
Velocidade Angular
Em relação à velocidade angular há que se utilizar duas escalas, a primeira é conhecida como escala subjetiva, e se indica como Rápido (R), Moderado (M), Lento (L), etc. A outra possibilidade, que é a que se deve usar, se baseia na estimação da velocidade em graus por segundo. Para fazê-lo temos que memorizar a velocidade do bólido e logo, deslocar nossa mão com um dedo entendido na mesma velocidade do bólido durante um segundo (aproximadamente o tempo que demora a desce 101). Lembrando que com o braço entendido nosso punho equivale a uns 10 graus, e a mão espalma equivale cerca de 20 graus. A distância em graus percorrida pelo nosso dedo será a velocidade angular em graus por segundo. Ainda que esse método pareça estranho, com a prática é bastante exato. Veja como fazer medidas de ângulos com a mão.
Som
O sonido, zumbido, chiado, assobio ou estrondo produzido por um bólido
é um fenômeno muito raro. Para poder ouvi-lo, caso o tenha, é
imprescindível que o lugar da observação esteja o
mais longe possível de fontes produtoras de ruídos, não
alvoroçar muito depois de vê-lo (algo difícil de
evitar principalmente se o bólido foi muito espetacular). Se se
produziu, indique a duração do eco, assim como seu tom
(agudo, grave, abafado, etc), ou compará-lo com algum sonido
conhecido onomatopaico como ''banh'', ''boom'', ''crack'', etc, Se for
possível, anote o lapso de tempo entre a observação
visual e a audição do sonido.
Em alguns dados casos de que o sonido não é audível
por ser de frequencia muito baixa, porém se nos arredores existe
algum material dielétrico - isolante de eletricidade, como uma
haste de metal, janela ou similar este corpo vibrará, e por ressonância
emitirá um sonido que então será audível.
Há casos em que os ruídos são percebidos
simultaneamente a da observação do bólido. Em outros
casos, a audição pode demorar até 5 minutos depois
dependendo da altura do bólido.
Aspectos adicionais que podem ser úteis são a altura sobre o horizonte no momento que apresentou maior brilho. Se o meteoro variou muito de altura (espaço percorrido), e se sua magnitude foi constante, tomar o ponto médio do ocorrido.
No caso em que o meteoro seja visto pelo ''rabo do olho'' (canto do olho), e sua magnitude foi constante, anotar o ângulo desde o qual apareceu, começando a medir desde o centro da visão que teve nesse momento. Estes dados podem ser usados posteriormente para corrigir a magnitude.
Também se pode incluir a magnitude limite, seeing, presença de núvens, cirros ou névoa no centro da visão. Embora não seja necessário, se puder, também coloque a velocidade e direção do vento.
É indispensável que o observador coloque em seu relatório o seu nome e endereço, telefone, e-mail. Pode ser que em alguma ocasião seja necessário que se ente em contato com o relator, para confirmar ou obter mais alguns dados, ou mesmo para enviar-lhe alguma informação adicional, e mesmo na localização de algum possível meteorito proveniente do bólido que tenha vindo a se chocado com o solo.
Fonte Consultada:
AstroRED / Meteoros por Francisco Ocaña - http://www.astrored.org/
IMO - http://www.imo.net/
MIAC - http://miac.uqac.ca/MIAC/link-e.htm