Tradi��o a morrer na Meca portuguesa |
BEN��O DO GADO |
�Antigamente � que era, os pastores vinham com os seus rebanhos de Santana da Carnota, de Azambuja, do Cartaxo... at� das Caldas da Rainha de terras mais distantes! Agora n�o. Isto est� a morrer...� O desabafo � de Afonso Costa, de 63 anos, enquanto as cabras, num �nico rebanho, conclu�am a segunda das tr�s voltas em torno do �cruzeiro�. Apesar da tradi��o j� n�o ser o que era, realizou-se ontem a cerim�nia secular da ben��o do gado na Meca portuguesa, uma pequena aldeia do alto concelho de Alenquer. H� quase 800 anos, a localidade elegeu como padroeira Santa Quit�ria, cuja cren�a popular admite preservar as pessoas e animais presentes na cerim�nia dos malef�cios da raiva. J� passavam alguns minutos das 13.00 quando o padre Pedro saiu da Bas�lica de Santa Quit�ria e atravessou lentamente a estrada em direc��o ao �cruzeiro� - assumindo por completo o seu receio de que �n�o chegasse a aparecer nenhum rebanho de gado para a ben��o�. As dezenas de pessoas que se concentravam na pra�a aguardavam tamb�m com expectativa, uma vez que no ano passado �apareceu apenas um rebanho e meia d�zia de cavalos�, como fazia quest�o de relembrar um elemento pertencente � comiss�o de festas. O quadro repetiu-se este ano, mas finalmente l� acabou por surgir um pastor com seu rebanho de cabras, vindo expressamente da Ota. E isto para descanso de todos os presentes, porque a tradi��o podia, assim, ser cumprida mais uma vez. � resto passou-se da seguinte forma: o homem e os seus animais deram as tr�s voltas da praxe ao �cruzeiro�, � procura da protec��o contra a raiva, enquanto o p�roco - com a caldeira e o hissope nas m�os - todos aspergia com os requeridos pingos de �gua benta. O ritual, que tem as suas origens na Idade M�dia, prosseguiu com a ben��o de alguns cavalos, que surgiram puxados pela trela ou montados. E � falta de animais, estiveram envolvidos autom�veis e triciclos motorizados. A cerim�nia encerrou com a ben��o das crian�as da escola b�sica e do jardim de inf�ncia de Meca. Depois, o padre Pedro, que confessa apreciar muito este antigo cerimonial de Meca, desceu � rua aspergindo os presentes no largo e nas tendas dos feirantes. Enquanto a tradi��o se vai apagando ano ap�s ano, adivinhando-se para breve a sua morte certa, os idosos constroem a mem�ria colectiva e recordam tempos que j� l� v�o. �H� 30 ou 40 anos, isto era outra coisa, com tantos romeiros e gado que a caldeira de �gua benta era enorme e tinha de ser colocada o �cruzeiro�, pois o padre n�o podia com ela�, enfatizava Joaquim Ant�nio, de 73 anos. Apesar de nunca ter sido pastor, Joaquim s� faltou � ben��o �tr�s ou quatro vezes, e devido a problemas de sa�de�. DN (27MAI2003) |
O culto que nasceu do espinheiro Diz a tradi��o que em 1238 apareceu num espinheiro, na Quinta de S. Braz, uma imagem de Santa Quit�ria, �advogada� contra o terr�vel padecimento que era a raiva. Levantou-se ent�o uma pequena ermida para receber a imagem no s�tio onde apareceu. E as curas milagrosas foram tantas que se tornou necess�rio edificar um templo maior. |