Patrim�nio em perigo
QUINTAS DE ALENQUER
A decad�ncia agr�cola e o �porogresso� s�o raz�es do desaparecimento, nas �ltimas d�cadas, de  um n�mero  significativo  de  quintas  no  concelho  de  Alenquer.  Restam,  actualmente,  poucas  dezenas dessas propriedades de grande valor patrimonial e arquitect�nico, de que h� not�cias  desde  o  s�culo XIII.

Num trabalho realizado pela 
Associa��o  para  o  Estudo  e  Defesa  do  Patrim�nio  de  Alenquer,  s�o referenciadas apenas 38 das  quintas  de  capela  e  bras�o  de  outrora,  muitas  delas  j�  objecto  de reconstru��o e outras a necessitarem de urgente restauro.

Os autores do estudo referem que o desaparecimento  dessas  velhas  estruturas  agr�colas  �foi  mais acentuado na zona sul do concelho, particularmente na  �rea  entre  Alenquer  e  o  Carregado�,  onde tiveram lugar a  instala��o  de  pequenas  e  m�dias  ind�strias  e  o  desenvolvimento  e  expans�o  de algumas �reas urbanas.  Muitas  destas  propriedades,  verdadeiros  marcos  hist�ricos,  correm  ainda perigo de desaparecer, dando lugar a urbaniza��es e �reas industriais.

Longe v�o os tempos em que as quintas da regi�o constitu�am o centro e  a base  do  dom�nio  agr�rio, s�mbolo de prest�gio e de poder, retiro de personalidades influentes nos  c�rculos  pol�ticos  e  culturais, lugar de lazer e veraneio ou at� campo experimental de novas culturas e t�cnicas.

Em meados do s�culo XIX, Guilherme Henriques dava conta da exist�ncia de 120  quintas  no  concelho alenquerense,  contagem  bastante  reduzida  em  rela��o  �s 
trecientas  granjas referidas  num  texto an�nimo, redigido em castelhano, provavelmente dos finais do s�culo  XVI.  Hoje,  esse  n�mero  baixou para escassas dezenas, sendo que o caminho tra�ado para a sobreviv�ncia das  �ltimas  propriedades passa pela aposta na produ��o de vinhos engarrafados de qualidade superior e  por  alguns  projectos ligados ao turismo.

Ponto  estrat�gico,  militarmente  aproveitado  durante  dez  s�culos,  concelho  pioneiro  da  revolu��o industrial, Alenquer conseguiu conservar ao longo dos tempos a  sua  import�ncia  hist�rica  por  ser  o centro de uma regi�o f�rtil e porque  a  salubridade  dos  seus  ares  e  a  proximidade  da  capital  dele fizeram  resid�ncia  para  reis  e  nobres,   que   procuravam  ref�gio  das  pestes  que  frequentemente assolavam Lisboa.

Visitando hoje algumas   dessas   silenciosas   quintas   -   atravessando   os   port�es   brasonados   e percorrendo os p�tios cobertos de erva, as grandes instala��es agr�colas desactivadas,  as espa�osas cozinhas e sal�es vazios, os jardins e espa�os de lazer envelhecidos e abandonados - � dif�cil imaginar as vidas intensas destas propriedades at� h� poucas d�cadas.

Al�m de funcionarem como espa�os de recreio, as  quintas  sempre  desempenharam  uma  importante fun��o econ�mica. Isto, porque, a par dos seus jardins e hortas, e dos  seus  matos  repletos  de  ca�a, impunham-se tamb�m pelos seus olivais, vinhas, pomares e terras de p�o.  Completavam  este  quadro da quinta modelo, a casa senhorial, simples edif�cio de planta baixa, ou com as dimens�es e o lavor  de um pal�cio, os espa�os ligados ao labor agr�cola, o  lagar,  a  adega,  o  forno,  a  casa  do  feitor  e  as instala��es de  trabalhadores  sazonais  ou  efectivos,  assim  como  a  capela.  A  juntar  a  tudo isto, o pombal, nalguns casos a novidade da casa de refresco ou do mirante a debru�ar-se  sobre  o  caminho principal de acesso � propriedade e o jardim quase sempre povoado de algumas �rvores ex�ticas.

A  casa  senhorial,  quase  sempre  virada  a  sul  ou  nascente,  agrupava-se  com  a  capela  e  outras instala��es, formando  um   conjunto   t�pico   e   harmonioso   que   assumia   uma   grande   dignidade arquitect�nica.


                                                                                                                                    DN (26ABR2003)
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