VÍNCULO E AFETIVIDADE:  CAMINHOS DAS RELAÇÕES HUMANAS

Ed. Ágora, 2003

Trechos da RESENHA de Noemi B. Silva Lima

(Psicóloga, psicodramatista) sobre o livro "Vínculo e Afetividade – Caminhos das Relações Humanas" de Maria da Penha Nery, para a Revista Brasileira de Psicodrama.

 

"...Maria da Penha Nery... vai longe e fundo em suas reflexões e nos leva junto, ao longo dos 12 capítulos ... transitando de forma densa, coerente e insistente, pelos meandros do pensamento moreniano e pós-moreniano.

Seu texto é claro... e constrói com competência e persistência sua tese em torno das "lógicas afetivas de conduta", seu grande "achado" epistemológico. Ela diz: "Em meus estudos, observei que o processo de estabelecimento dos vínculos resulta na aprendizagem de lógicas afetivas de conduta, que são as marcas afetivas que influenciam a cognição e a conduta... são as ‘células tronco’ dos processos co-transferencial e de co-criação... uma espécie de molécula psíquica motivacional dos projetos dramáticos, da modalidade vincular afetiva e do desenvolvimento de todos os tipos de papéis."... Penha conseguiu sistematizar fenômenos da subjetividade humana e estabelecer paradigmas de observação frente a sua expressão, sem cair em explicações mecanicistas...

...Discute a noção de identidade e o processo de identificação, Afirma que "o aprendizado emocional tem o amor como o norteador das vivências afetivas ..". e, partindo desse foco, aponta a Sociatria como caminho para a liberação de lógicas afetivas de conduta aprisionadoras da co-criação...

...No capítulo sobre as relações de poder...reflete sobre a premissa: "as dinâmicas de poder, compostas fundamentalmente de condutas de domínio, subordinação, resistência, força, dependência, independência e sobrevivência, se constituem um dos pilares do surgimento e do desenvolvimento de nossos papéis sociais, redimensionando nossa individualidade e nosso ‘eu’." ...

...Penha "cria" outro novo e significativo termo, qual seja, a conserva vincular. Esta "se caracteriza pelas complementações de condutas conservadas dos envolvidos nos vínculos". Para ela, a patologia se revela de forma focal, não estática, nos "momentos em que as dinâmicas interpessoais são atingidas por conteúdos do co-consciente e do co-inconsciente que perturbam o equilíbrio sociopsíquico dos indivíduos no vínculo (e no grupo)." ...

...O sétimo capítulo é precioso, pois nele Penha dá especial atenção ao co-inconsciente moreniano. ... Os conteúdos co-inconscientes seriam, a partir dessa ótica, "desenvolvidos, captados e expressos nas diversas formas de linguagem que o ser humano é capaz de utilizar para se comunicar com o outro... construídos histórica e culturalmente"e, portanto, esses conteúdos acabariam por carregar "a modalidade vincular afetiva de cada individuo, resultando na dinâmica própria do vínculo." ...para "amarrar" sua discussão, elabora um interessante quadro sintético.. que se propõe a articular as dimensões psíquicas de dois indivíduos participantes de uma mesma dimensão interpsíquica...

...De minha parte...confesso que o desafio (de realizar a resenha desse livro) foi grande... pois Penha alinhavava, cozia e repassava a costura, finalizando seu intento, gradativamente, sem deixar qualquer ponta de fio pendente."

 

Noemi B. S. Lima

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