artigo

AS INTELIGÊNCIAS EMOCIONAL E RELACIONAL

Maria da Penha Nery - 08/07/2003

Psicóloga-Psicodramatista   (CRP-01:3501)

 

Os diversos tipos de conflitos nos trazem situações de divergências, oposições, tensões, crises, que geralmente são caminhos para novas aprendizagens e oportunidades para o crescimento pessoal. No entanto, algum conflito pode acirrar nossas dificuldades, nos limitando e impedindo o desenvolvimento de nossos vínculos.

O diferencial do gerenciamento construtivo ou destrutivo dos conflitos está em nossas inteligências emocional e relacional. A inteligência emocional é a capacidade de usufruirmos de nossas emoções, sentimentos e intuições no sentido do desenvolvimento psíquico e social. A inteligência relacional é a capacidade de atualizarmos nossos potenciais criativos e de favorecermos os potenciais criativos das pessoas. Vários estudos afirmam que a qualidade de vida depende dessas capacidades, que podem ser desenvolvidas.

A inteligência emocional ocorre quando minimamente equilibramos a razão e a emoção nas situações conflitivas. Portanto, exercitar a reflexão é fundamental: o que percebemos de nós e do outro? (Tentar ver-se de fora da situação, distanciar-se emocionalmente em relação ao fato). Que expectativas, desejos, sentimentos temos? (É a auto-observação quanto aos aspectos mais íntimos e emocionais). De que maneira enfrentamos as frustrações, os limites? (Trata-se de nos conhecer diante de situações-problemas).

A inteligência emocional nos conclama, portanto, a observar nós mesmos. Por exemplo, quando, num conflito intrapessoal, nos punimos, nos desvalorizamos, diminuimos nossa auto-estima, nos cobramos, nos comparamos aos outros impiedosamente e nos deprimimos, estamos potencializando emoções que bloqueiam a razão de nos indicar circunstâncias que possam nos ajudar. Ainda, nesses casos, há emoções impeditivas de outras que nos elevam, para que recomecemos um novo momento em nossas vidas. A inteligência emocional resgata a razão e a emoção construtivas, fornecendo-nos meios mais efetivos para gerenciarmos nossos conflitos e elevarmos nossa auto-estima.

A inteligência relacional, num primeiro momento, apresenta nossas atitudes e comportamentos em relação ao outro e dele em relação a nós. Depois, essa inteligência favorece a expressão mais verdadeira de nós mesmos e a capacidade empática. Ela está associada à percepção adequada mútua, que realiza os objetivos relacionais, produzindo a criação conjunta, ou a co-criação, e o bem estar dos envolvidos.

Para o desenvolvimento da inteligência relacional é importante voltarmos o olhar para as ações, reações e formas relacionais. Algumas questões facilitam esse caminho: conseguimos nos imaginar no lugar do outro? Que ações são desencadeadas por nós e pelos outros, quando as necessidades são contrariadas? O que experimentamos quando vemos no outro o que não queremos ver em nós? Qual é nossa reação quando invejamos o sucesso do próximo? Quando um conflito não é resolvido, como expomos a agressividade? Há contenção, silêncio, exclusão, indiferença, violência, crítica severa? Quais são as conseqüências dessas expressões da agressividade?

A inteligência relacional também nos ajuda a compreender e assimilar nossas dimensões humanas, como por exemplo, os aspectos masculinos(racionalidade, iniciativa, conquista etc) e femininos (sensibilidade, intuição, sedução) de nós mesmos e das pessoas com as quais convivemos. Um conflito interpessoal pode nos solicitar a habilidade de enfrentarmos esses e outros aspectos nossos e do outro.

O sofrimento advém de da dificuldade de desenvolvermos as inteligências emocional e relacional. Isso implica que muitas vezes temos dificuldade em dar respostas diferentes e novas aos nossos conflitos, que temos apego aos padrões comportamentais e às expectativas. Significa que não conseguimos admitir que precisamos rever valores e atitudes, para nos adaptarmos ao novo.

O desenvolvimento das inteligências emocional e relacional depende de um trabalho contínuo de auto-conhecimento, possibilitado por reflexões diárias de nossos sentimentos e ações; busca da melhoria da comunicação e das relações e, se possível, psicoterapia individual ou de grupo.

 

Todos os direitos autorais desse texto são reservados e protegidos pela  Lei nº 9.610/98. Proibida a reprodução sem a autorização prévia e expressa da autora.

voltar

Hosted by www.Geocities.ws

1