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SEXUALIDADE

 

CONSTRANGIMENTO

(Texto de Maria da Penha Nery in Correio Braziliense, 18/06/2002 – Coluna: Consult�rio Sexual)

Eu n�o consigo me entregar totalmente ao meu namorado. Adoro fazer amor com ele, s� que detesto fazer sexo oral. N�o sei se � por nojo ou outra coisa. O que eu devo fazer para mudar? Ele me completa em tudo, mas fico com essa m�goa por n�o conseguir ter esse tipo de rela��o.
Joana, 22 anos, Guar�

Joana, a sexualidade � uma experi�ncia instintiva. O ser humano, por meio da civiliza��o, a torna uma experi�ncia tamb�m aprendida. A aprendizagem da sexualidade resulta, em grande parte, na perda da sua ess�ncia instintiva, que � a libera��o do corpo para o prazer e para o orgasmo sexual (al�m da preserva��o da esp�cie).

Ent�o, em nossa hist�ria de vida podemos aprender o rep�dio ao prazer, que sexo n�o � bom, que � feio ou s� deve ser feito ‘‘assim ou assado’’. Esses estigmas e preconceitos nos fazem abandonar nosso corpo e esquecermos de que temos direito a uma vida sexual satisfat�ria. Assim, muitos bloqueios psicol�gicos surgem, como se fossem um terceiro personagem intruso na rela��o sexual, impondo sentimentos de inseguran�a, medo de n�o dar conta, impot�ncia ou agress�o. N�o podemos negar que muito do que aprendemos nos ajuda a ter um equil�brio ps�quico e �tico nas rela��es amorosas. Neste caso, � preciso discernir o que bloqueia e o que favorece a vida sexual.

Voc� n�o deve se cobrar por n�o fazer sexo oral com seu namorado. Provavelmente voc� aprendeu que entrega total seja fazer todas as performances sexuais que as pessoas dizem que fazem, ou que voc� tenha assistido em algum filme ou, ainda, lido em alguma revista. N�o cumprir este quesito lhe traz a m�goa por voc� mesma, o que � uma auto-puni��o. Certamente entrega total � a verdadeira presen�a em rela��o ao ato sexual, ou seja, a dedica��o ao momento, o afeto e o respeito ao outro. Parece que isso voc� vive com seu namorado quando diz: ‘‘adoro fazer amor com ele!’’

A beleza da vida sexual est� na criatividade e na possibilidade de cada um, corporal e autenticamente, se experimentar no corpo do outro. Isso quer dizer: voc� descobrir� seus limites e suas expans�es na rela��o sexual, pois ela � din�mica, mut�vel e cheia de surpresas. Se voc� chegar � conclus�o de que n�o quer fazer sexo oral, provavelmente seu namorado conseguir� respeitar seus limites e voc�s poder�o encontrar as formas de prazer do casal. A delicadeza, a compreens�o e a cumplicidade favorecem o desempenho sexual.

Se voc� quer ampliar suas performances, � preciso reaprender sobre seu corpo, sua sexualidade, o corpo do outro e alguns desejos (que a maioria das mulheres tem), que s�o: sempre corresponder expectativas, ser a melhor, ser sempre agrad�vel, n�o ter d�vidas morais. Estes desejos geralmente estimulam a auto-cobran�a, a auto-agress�o e dificultam o crescimento pessoal. Todo ser humano tem sua dignidade, seu valor e merece atualizar seus potenciais criativos.

Portanto, na reaprendizagem sobre n�s mesmos muitos conte�dos psicol�gicos s�o revistos e refeitos, podendo nos causar algum sofrimento. Mas, � um processo libertador, pois nos traz mais autenticidade e alegria no viver.

Maria da Penha Nery
Psic�loga/Psicodramatista

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