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MÉTODOS PARA ADMINISTRAÇÃO DE CONFLITOS

Maria da Penha Nery - 01/12/2003

Psicóloga-Psicodramatista   (CRP-01:3501)

 

Nesse texto falarei de alguns métodos simples e práticos para a administração de conflitos, que podem ser usados a todo momento.

1)  Método do PISAR X PESAR (proposto por Pierre Weil)

PISAR é Percepção/Imaginação/Sentimento/Ação/Reação.Trata-se da síntese de cinco passos usualmente dados quando estamos numa situação. Consiste na percepção (P): o que estamos vendo, o que percebendo desse fato? Qual interpretação damos ao fato ou como nossa imaginação (I) vagueia por ele? Qual sentimento (S) advém dessa imaginação? Qual ação (A) foi desencadeada? E qual foi a reação (R) da outra pessoa (a partir de nossa ação)? Por exemplo: alguém vê algo na rua, imagina que é cobra, sente medo e volta para casa. Os amigos, que o esperavam para a festa, imaginam que ele fez pouco caso, ficam ressentidos e não o convidam mais.

A intervenção para a correção do conflito é converter o PISAR em PESAR. PESAR é Percepção/Estimativa/Sentimento/Ação/Reação. Muda-se o I (imaginação) para E (estimativa). Então, quando estamos numa situação, é preciso estimar (E) a percepção (ou apurá-la). Iremos perceber (P) o fato, mas não interpretá-lo ou imaginar seus conteúdos, com julgamentos precipitados e emoções impulsivas. Iremos estimar (E) a observação, refletir sobre ela e checá-la o máximo que pudermos, verificar nosso sentimento (S) e ficar mais atentos à nossa ação (A) e à reação do outro, tentando nos imaginar em seu lugar ( R).

Uma atenção mais criteriosa ao que percebemos e ao que interpretamos é, portanto, fundamental para evitarmos ou para administrarmos conflitos. Quando interpretamos sem estimativa, sem reflexão e feedback, muitas vezes, podemos entrar em sofrimento, ou fazer o outro sofrer.

2) Método do diálogo interior (Pierre Weil)

Trata-se de uma conversa que estabelecemos entre nossas partes e nosso eu. Com um papel e uma caneta, escrevemos um diálogo, por exemplo: eu x meu corpo e ao final escrevemos uma decisão resultante do diálogo. Outros exemplos de diálogos: eu x uma emoção (ou razão) e depois escrever a decisão; eu x sábio interior; eu x lado masculino (racional e objetivo) ou lado feminino (sensível e emocional) e a decisão resultante.

3) Na relação com o outro, um método importante é o do diálogo com empatia (Pierre Weil), onde se propõe não julgar o outro, não criticá-lo, e tentar compreender sua alma e se expressar o mais claramente, com a verdade dita com amor e humildade.

A Inteligência relacional pressupõe uma comunicação isenta de julgamentos e a ajuda à expressão do outro. É preciso, pois, acalmar a nossa ansiedade de falar e evitar o impulso de agredir ou de entrar num campo de batalha.

Não importa quem toma iniciativa da melhoria da relação, mesmo que "sempre" somos nós quem faz isso, é nossa tarefa fazê-lo. Geralmente, quando nos colocamos no lugar do outro, percebemos algumas alterações em nossas tentativas para gerenciar os conflitos.

 

Dois grandes teóricos da psicologia nos ensinam métodos de administração de conflito, que são a base desses que propomos. São eles Carl Rogers e J. L. Moreno. Rogers afirma que é importante estarmos centrado no outro e mostrar-lhe nossa atenção, que suas necessidades e sentimentos são importantes e que, dentro do possível, poderão ser satisfeitas. Moreno nos afirma a importância da inversão de papéis, que é a capacidade de nos colocarmos no lugar do outro, de apreendê-lo e de, também, ajudá-lo a nos compreender, quando nos expressamos mais claramente.

A nossa responsabilidade em efetivar a comunicação saudável depende do desenvolvimento das inteligências emocional e relacional, ou seja, do auto-conhecimento, da sensibilidade, da compaixão, da capacidade de inversão de papéis, do exercício da paciência, do controle emocional com a razão.

Esse é um treinamento cotidiano, pois atualmente enfrentamos a mais desafiadora das escolhas: ou melhoramos ou melhoramos a comunicação e as relações humanas. Não há mais saída...

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