Pequenas Igrejas, Grandes Neg�cios
Cristiane Loureiro

Quero expor aqui minha revolta e resigna��o que tenho passado durante estes tr�s anos que me encontro no Jap�o. Vim para c� com meu marido e filhos menores, sendo que o mais velho agora com l8 anos, j� est� trabalhando tamb�m. Nem bem cheguei aqui engravidei. Tendo que parar de trabalhar e com o nascimento da minha filha fiquei mais um ano parada. O custo de vida aqui � alt�ssimo e com fam�lia ent�o fica muito mais dif�cil juntar o t�o sonhado dinheirinho.

Meu marido no Brasil frequentava a igreja Batista a convite do meu cunhado, mas l� ele ainda n�o estava totalmente fan�tico. Meu filho encontrou aqui igrejas evang�licas e come�ou a frequent�-las, acho que no in�cio o maior desejo dele era ser baterista e viu ali uma maneira de tornar esse sonho realidade. Ele tamb�m um jovem t�mido e muito fechado, como at� hoje �, n�o foi dif�cil "fazerem a cabe�a", naquela �poca ele tinha l5 anos apenas. De l� pra c� ele e meu marido transformaram-se e seguem a risca tudo o que � designado por essas tais igrejas evang�licas, que aqui no Jap�o cresce assustadoramente entre a comunidade brasileira, creio eu pelos brasileiro encontram-se muito carentes longe de sua terra natal e familiares.

Eu tentei segui-los e acompanhar meu marido pois nosso relacionamento estava cada dia pior, mas vendo coisas com as quais n�o concordo, definitivamente tomei verdadeira avers�o a essa gente. Para os pastores, di�conos etc. � um grande negocio pois exigem os 10% dos fi�is custe o que custar nem que fam�lia fique sem o que comer, com contas pendentes, como acontece conosco todo m�s. Aqui um dekassegui ganha em m�dia 200.000 iens, mais ou menos 2000 d�lares,e s�o obrigados a dar sobre o bruto, sem os descontos que vem no holerite, como aluguel, imposto, etc.

Fico revoltada pois ate agora n�o temos dinheiro nem para passagem de volta, eu fiquei doente, com c�ncer de �tero e tive que operar-me, tendo que parar novamente de trabalhar, mas nem assim meu marido abre m�o de dar o dizimo, com todas as contas atrasadas e sabendo que chegar� fim do m�s sem dinheiro.

Dizem que se n�o derem estar�o roubando de Deus, eu n�o sabia que Deus precisava de dinheiro. Numa dessas tentativas de converter-me de tanta insist�ncia dos "irm�os" participei dum tal de encontro, hoje o maior evento entre eles por aqui. La ficamos confinadas durante tres dias e tres noites, sem poder conversar uma com as outras somente ouvindo palestras de pastores vindo do Brasil, onde eles faziam uma esp�cie de hipnose e regress�o e as mulheres come�avam a gritar e chorar por lembrarem-se de coisas ou feridas do passado. Eu ficava s� observando pois sou muito resistente e n�o me entrego a esse tipo de coisa. Num determinado momento fingi que estava possu�da s� para ver a palha�ada e eles depois diziam que eu estava liberta, sendo que tudo era encena��o minha. No �ltimo dia quando as pessoas j� est�o no limite de suas for�as mentais fazem uma encena��o da morte de Cristo, onde temos que ficar de olhos fechados e bra�os abertos como se estiv�ssemos sendo crucificadas e uma voz ao fundo vai falando e chega a um ponto que histeria toma conta de todas, e eu na minha. Voltando desse tal encontro conseguem um outro tanto de dizimistas para terem carr�es, que custam em torno de 3.000.000 de iens, viagens a qualquer hora para o Brasil, ou outro pais, geladeiras abarrotadas, etc. Gostaria de saber o que realmente acontece nesses encontros, ser� uma esp�cie de lavagem cerebral?

Meu filho n�o quer nem me ouvir pois minha palavra n�o vale nada para ele. Meu casamento esta falido, s� n�o dei um basta ainda porque tenho 5 filhos pequenos ainda, sou m�e de 7. Tenho sofrido muito com tudo isso, pois n�o era esse o motivo que deixei minha terra natal, pra engordar o bolso de vagabundos, que se aproveitam das pessoas fracas, ou carentes, usando de todo artificio para manter seus "neg�cios".

Meu filho tem pilhas de CD's de Rock evang�licos. Essas bandas imitam grupos e estilos chamados do "mundo", colocando letras que falam de Deus e da b�blia, para monopolizar tudo em termos de consumo dos evang�licos. Quanto mais denunciarmos, menos esses safados ter�o sucesso.

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