Quero expor aqui minha revolta e resigna��o
que tenho passado durante estes tr�s anos que me encontro
no Jap�o. Vim para c� com meu marido e filhos
menores, sendo que o mais velho agora com l8 anos, j� est�
trabalhando tamb�m. Nem bem cheguei aqui engravidei.
Tendo que parar de trabalhar e com o nascimento da minha filha
fiquei mais um ano parada. O custo de vida aqui � alt�ssimo
e com fam�lia ent�o fica muito mais dif�cil
juntar o t�o sonhado dinheirinho.
Meu marido no Brasil frequentava a igreja
Batista a convite do meu cunhado, mas l� ele ainda n�o
estava totalmente fan�tico. Meu filho encontrou aqui
igrejas evang�licas e come�ou a frequent�-las,
acho que no in�cio o maior desejo dele era ser baterista
e viu ali uma maneira de tornar esse sonho realidade. Ele tamb�m
um jovem t�mido e muito fechado, como at� hoje �,
n�o foi dif�cil "fazerem a cabe�a",
naquela �poca ele tinha l5 anos apenas. De l� pra
c� ele e meu marido transformaram-se e seguem a risca
tudo o que � designado por essas tais igrejas evang�licas,
que aqui no Jap�o cresce assustadoramente entre a
comunidade brasileira, creio eu pelos brasileiro encontram-se
muito carentes longe de sua terra natal e familiares.
Eu tentei segui-los e acompanhar meu
marido pois nosso relacionamento estava cada dia pior, mas vendo
coisas com as quais n�o concordo, definitivamente tomei
verdadeira avers�o a essa gente. Para os pastores, di�conos
etc. � um grande negocio pois exigem os 10% dos fi�is
custe o que custar nem que fam�lia fique sem o que comer,
com contas pendentes, como acontece conosco todo m�s. Aqui
um dekassegui ganha em m�dia 200.000 iens, mais ou menos
2000 d�lares,e s�o obrigados a dar sobre o bruto,
sem os descontos que vem no holerite, como aluguel, imposto,
etc.
Fico revoltada pois ate agora n�o
temos dinheiro nem para passagem de volta, eu fiquei doente, com
c�ncer de �tero e tive que operar-me, tendo que
parar novamente de trabalhar, mas nem assim meu marido abre m�o
de dar o dizimo, com todas as contas atrasadas e sabendo que
chegar� fim do m�s sem dinheiro.
Dizem que se n�o derem estar�o
roubando de Deus, eu n�o sabia que Deus precisava de
dinheiro. Numa dessas tentativas de converter-me de tanta insist�ncia
dos "irm�os" participei dum tal de encontro,
hoje o maior evento entre eles por aqui. La ficamos confinadas
durante tres dias e tres noites, sem poder conversar uma com as
outras somente ouvindo palestras de pastores vindo do Brasil,
onde eles faziam uma esp�cie de hipnose e regress�o
e as mulheres come�avam a gritar e chorar por
lembrarem-se de coisas ou feridas do passado. Eu ficava s�
observando pois sou muito resistente e n�o me entrego a
esse tipo de coisa. Num determinado momento fingi que estava
possu�da s� para ver a palha�ada e eles
depois diziam que eu estava liberta, sendo que tudo era encena��o
minha. No �ltimo dia quando as pessoas j� est�o
no limite de suas for�as mentais fazem uma encena��o
da morte de Cristo, onde temos que ficar de olhos fechados e bra�os
abertos como se estiv�ssemos sendo crucificadas e uma voz
ao fundo vai falando e chega a um ponto que histeria toma conta
de todas, e eu na minha. Voltando desse tal encontro conseguem
um outro tanto de dizimistas para terem carr�es, que
custam em torno de 3.000.000 de iens, viagens a qualquer hora
para o Brasil, ou outro pais, geladeiras abarrotadas, etc.
Gostaria de saber o que realmente acontece nesses encontros, ser�
uma esp�cie de lavagem cerebral?
Meu filho n�o quer nem me ouvir
pois minha palavra n�o vale nada para ele. Meu casamento
esta falido, s� n�o dei um basta ainda porque
tenho 5 filhos pequenos ainda, sou m�e de 7. Tenho
sofrido muito com tudo isso, pois n�o era esse o motivo
que deixei minha terra natal, pra engordar o bolso de
vagabundos, que se aproveitam das pessoas fracas, ou carentes,
usando de todo artificio para manter seus "neg�cios".
Meu filho tem pilhas de CD's de Rock evang�licos.
Essas bandas imitam grupos e estilos chamados do "mundo",
colocando letras que falam de Deus e da b�blia, para
monopolizar tudo em termos de consumo dos evang�licos.
Quanto mais denunciarmos, menos esses safados ter�o
sucesso.