Sai álbum ilustrado sobre a história do rádio no ABC

Alessandro Soares
Do Diário do Grande ABC

A memória do rádio no Grande ABC começa a sair do esquecimento graças ao álbum ilustrado Programa de Auditório (183 págs.), editado pelo Fundo de Cultura de Santo André e escrito por Ademir Medici. O jornalista, colunista do Diário, esforçou-se na busca por informações, muitas delas perdidas, para realizar esta obra que pretende ser, segundo ele próprio, "um grande ensaio para uma possível enciclopédia do rádio na região". Estão lá, portanto, personagens e histórias da fundação e dias de glória das quatro primeiras rádios instaladas no Grande ABC nos anos 50 (Clube e ABC, de Santo André; Independência, de São Bernardo; e Cacique, de São Caetano). Destas, apenas a Rádio ABC continua. A Independência transformou-se em emissora evangélica, a Clube virou Trianon e foi para São Paulo e, por fim, a Cacique, que atende hoje por Rádio Mundial, com sede em São Paulo, e que pertence à Legião da Boa Vontade.

O livro aborda o fenômeno da radiodifusão na região, dos alto-falantes públicos aos transmissores de 180 mil watts de potência. Cita a experiência do Diário com a Diário AM (ex-Independência, depois transferida para um grupo evangélico em 1992) e a Grande ABC FM (depois Scala FM), ambas criadas por Edson Danillo Dotto (1934-1997), um dos fundadores do Diário. A partir de sua coluna Memória, publicada diariamente no Diário e que também reserva espaço para comentários sobre programas de rádio da região, Medici reuniu material ao longo de um ano e meio e entrevistou profissionais do rádio, de técnicos a locutores.

O livro, concluído em agosto de 2000, é organizado em sete capítulos, sendo seis com verbetes dedicados às quatro rádios pioneiras, aos radialistas (como Luiz Lombardi, hoje com voz inconfundível ao lado de Silvio Santos,) e aos artistas que estiveram presentes em programas variados, como Adoniran Barbosa, Ed Carlos e Jerry Adriani. Ao todo, Programa de Auditório contém 251 verbetes. Parte das entrevistas (30 horas de gravações) está registrada no CD que acompanha o álbum, que traz também vinhetas das rádios, comerciais, trechos de programas, narrações de futebol etc., totalizando 64 minutos. Um índice sobre o conteúdo do CD e uma cronologia das datas importantes da história do rádio na região estão no fim do volume.

Achar material de áudio preservado foi a parte mais difícil do trabalho, pois existe pouca coisa em bom estado. Fitas de rolo e cassete ressequidas e discos de acetato são maioria. Medici precisou reconstituir com o locutor Miguel Romera, em 2000, trechos e abertura do programa Peneira Rhodine, da Rádio Clube, que ele apresentou até 1964, para constar no CD. A maior parte do acervo de áudio sobre os programas do passado ou está com particulares ou foi para o lixo. Quando morreu Rolando Marques (1943-1994), o maior locutor esportivo da região e "a voz do Grande ABC", sua mulher procurou Medici para doar seu acervo de fitas. "Como eu não tinha condições de preservá-las, sugeri que fossem entregues ao Serviço de Memória de São Bernardo. Lá, pelo menos, eu sabia que podia encontrá-las", afirma o jornalista.

O livro sai com mil exemplares e não está à venda. O lançamento será em abril, com um show no Teatro Municipal andreense que terá a forma de um programa de auditório de rádio. Para apresentá-lo, serão convidados radialistas da velha guarda, bem como cantores, compositores e conjuntos que passaram pelas rádios locais. Para o público interessado no álbum que estiver presente serão oferecidos 600 exemplares. Algumas informações ficaram incompletas na obra por absoluta inexistência de dados e outras rádios não entraram "por falta de espaço". "Pretendo fazer uma segunda edição revista e ampliada. É um registro que nunca estará completo, pois sempre existirá alguém mais para ouvir", diz Medici.

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