* *A S   R A D I O S * *





A GUERRA DOS MUNDOS


          Na noite de 30 de outubro de 1938, domingo, o rádio deu a maior demonstração de força da sua então jovem existência. Foi responsável pela façanha um também jovem e até então quase desconhecido profissional: Orson Welles, que tinha 23 anos de idade. Com seu talento, que, pouco depois, iria se reafirmar com a realização do clássico "Cidadão Kane", ele radiofonizou - como se os fatos estivessem acontecendo na realidade - o livro "A Guerra dos Mundos", de H. G. Wells. Usando o microfone da rede de Rádio CBS, na programação do Mercury Theater, para o programa do tradicional Dia das Bruxas nos EUA, começou a transmitir um jantar-dançante, o qual, a partir de determinado momento, passou a ser interrompido por sucessivos boletins, cada vez mais dramáticos, descrevendo o desembarque de naves marcianas nos Estados Unidos.

          Por uma série de fatores, a transmissão teve uma audiência maior do que a normal. A qualidade da interpretação e um contexto histórico carregado de tensões, levaram a um resultado explosivo: um em cada cinco ouvintes não notou que se tratava de uma obra de ficção e parte considerável do público acreditou que a Terra estava realmente sendo invadida por marcianos.

          Publica o Jornal Correio do Povo, de Porto Alegre-RS, a 31 de outubro de 1938: "Apesar do speaker ter advertido por quatro vezes durante o programa que se tratava apenas de uma ficção, houve pânico nos Estados Unidos".

          Milhares deixaram as suas casas, tentando fugir das cidades. O pânico provocou acidentes em série, prejuizos incalculáveis e até suicídios. Nunca mais a sociedade norte-americana olharia a mídia da mesma maneira.

          O programa de Orson Welles continua sendo considerado um dos momentos mais fascinantes da história da comunicação de massa.

          Reunidos em torno do Grupo de Rádio da Intercom (Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação), 18 pesquisadores de 12 universidades brasileiras analisaram os recursos utilizados, o poder do rádio, o imaginário dos ouvintes americanos em 1938 e o legado da experiência.

          O fato, a partir de então, provou a força do rádio, quer para o bem, quer para o mal.



Colaboração de Ivan Dorneles Rodrigues - PY3IDR
e-mail: [email protected]



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Publicado em 05 de janeiro de 2005
Atualizado em 02 de setembro de 2005
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