Por Tuga Martins
Sob o prefixo PRH-9, a Rádio Bandeirantes invadiu o espaço aéreo de São Paulo em maio de 1937, época em que a Europa via-se à espreita da Segunda Guerra Mundial e o Brasil testemunhava o surgimento de várias emissoras de rádio apesar de a maior parte da cidade não ter o conforto da eletricidade.
A idéia vinha sendo maturada há dois anos sob o comando entusiasmado de José Nicolini. Na época ele já dizia: "Se é preciso haver anúncio que haja, mas dentro de um limite, de modo que não canse os ouvintes".
A primeira diretoria reuniu José Pires Ribeiro Dias como presidente, Jorge Gomes Guimarães, superintendente, Octávio Ferraz Camargo, tesoureiro, Raul Freire Barretos, secretário, e Antônio Cardoso Terra Neto, técnico.
Esse grupo montou a infra-estrutura e nomeou como diretor de broadcasting Enéas Machado de Assis. No começo, a rádio funcionava na Rua São Bento, onde mantinha estúdios e um auditório para 40 pessoas; os transmissores ficavam no Km 8 da velha Estrada do Mar.
O início da transmissão estava marcado para às 20h30min do dia 6 e depois do discurso inaugural do então Secretário de Justiça, Sílvio Portugal, o presidente da rádio apresentou o locutor Joaquim Carlos Nobre. O programa começou com a orquestra de Miguel Izzo executando Mozart.
Mas os irmãos Vicente e Euclides de Marco, que trabalhavam nos transmissores e estúdios centrais, garantem que antes da inauguração oficial a então Sociedade Bandeirantes de Radiodifusão entrou no ar em caráter experimental das 9h às 14h e das 16h às 23h30min. Os operadores recebiam da rádio uma bicicleta que era usada para ir e voltar da Estrada do Mar. Outra ficava nos estúdios e era de uso exclusivo da reportagem do departamento esportivo.
Há 41 anos na casa, o apresentador do Jornal Gente, Salomão Ésper, enfatiza que a história do rádio no Brasil se confunde com a da Rádio Bandeirantes.
"Foi a primeira a colocar programação 24 horas no ar, revolucionou a cobertura esportiva dando enfoque mais jornalístico, pôs em prática inúmeras evoluções técnicas e sempre teve os mais respeitados radialistas nos quadros funcionais, como Pedro Luís, Vicente Leporace e outros", diz Ésper.
Ele lembra que, quando da chegada do homem à Lua, em 1969, estava nos Estados Unidos como correspondente da Bandeirantes via Voz da América. "Foi um momento marcante para mim e para o rádio brasileiro, mas um fato nos deixou abalados: a rádio sofreu incêndio e funcionou em condições precárias durante um bom tempo", conta.
O apresentador do Manhã Bandeirantes, José Nello Marques, traduz os 11 anos de trabalho na Bandeirantes contando o caso de um ouvinte que ligou para relatar um assalto e que estava fugindo naquele exato momento.
"No mesmo instante ligamos para o 190 e colocamos o ouvinte ao vivo em contato com a operadora da Polícia, que conseguiu resolver a questão", lembra. Para Marques, este episódio reflete o espírito de pioneirismo e o compromisso da Rádio Bandeirantes com os ouvintes.
"Assim como os antigos desbravadores de nosso País, que abriam picadas nas matas, a Bandeirantes ao longo dos 65 anos de atividade sempre indicou os caminhos que o jornalismo radiofônico devia seguir", defende.
Colaboração de Ivan Dorneles Rodrigues - PY3IDR
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