Do livro CRIAÇÃO NA PROPAGANDA IMPRESSA – João Vicente Cegato Bertomeu

CAPITULO 1

Define-se como propaganda o conjunto dos meios destinados a informar o público e convencê-los a comprar um produto os serviços. (Leduc, 1980).

 

1.1 Histórico da atividade da Propaganda no Brasil

 

1808 -  é fundado a Gazeta do Rio de Janeiro, aí se registram os primeiros anúncios classificados.

1875  primeiros anúncios ilustrados veiculados em Mequetrefe e O Mosquito, jornais do Rio de Janeiro.

Neste inicio da propaganda, os textos eram feitos por jornalistas e poetas, e depois artistas plásticos para a parte visual.

1913 são produzidos os primeiros cartazes externos.

1945 a propaganda começa a se ampliar nos EUA.

1950 - Consolida-se o eixo Rio - São Paulo e cresce a propaganda.

1960/80 – é estabelecido à estrutura de duplas de criação nas agências.

 

HOJE – Algumas agências adotam o brainstorn entre todas as seções da agência.

 

1.2. Propaganda Conceito e Definições

Os mais antigos registros que dão notícia da propaganda:

Os romanos pintavam as paredes para anunciar lutas de gladiadores;

Os fenícios pintavam em grandes rochas ao longo das rotas movimentadas para promover seus artigos;

Em Pompéia foi encontrados um afresco com campanha política.

O grande marco de transição entre a comunicação oral para a comunicação social se dá com o invenção do tipo móvel e a prensa de Guttemberg no séc. XV.

1622 a propaganda recebe um grande incentivo com o surgimento do jornal inglês The Weeckly News.

Benjamim Franklin é conhecido como o pai da propaganda americana porque sua Gazette (1729) teve a maior circulação e volume de propaganda maior que qualquer outro jornal na América colonial.

A América do Norte é o berço da propaganda devido a sua liderança da produção em massa, o que demandava a competição ente a concorrência e o estímulo a maior consumo.

Em 1813 com o estabelecimento do ensino público obrigatório nos EUA, aumenta o número de leitores que consomem jornais e revistas.

As agências surgem na metade do séc. XIX, por fabricantes e corretores que trabalhavam para a mídia e recebiam comissões.

 

Objetivos da Propaganda

 

·                             INFORMAR – novos produtos

·                             PERSUADIR – para demanda primária e seletiva. Usado no caso de produtos concorrentes. Utilizam-se técnicas de analogias e comparações.

·                             LEMBRAR - estágio de maturidade do produto. É para manutenção do produto na memória do consumidor.

 

A propaganda é uma informação com o objetivo de criar um elo entre o produtor e o consumidor. Mas a propaganda não é a venda, e sim a comunicação que vai conduzir a ela.

 

Usamos uma propaganda informativa quando o produto / serviço é técnico ou novo. Mas diante de algo já conhecido a informação será mínima ou inexistente. Neste caso a informação sede lugar à persuasão, isto é, a todos os meios pelos quais procurará tentar, seduzir, fazer desejar e convencer.

 

A propaganda tem que ser um processo permanente; nessa área as coisas não são conquistadas definitivamente. Constantemente, é preciso conservar a reputação de um produto; conquistar novos mercados e consumidores; reavivar a memória dos consumidores conquistados; manter o desejo; etc.

 

 1.3. A Propaganda Criativa e Algumas Considerações Profissionais

 

O criativo deve buscar unir os dois aspectos básicos da propaganda:

·                             Eficiência

·                             Criatividade

 

Em razão do caráter subjetivo e particularista da propaganda, na qual cada situação é considerada diferente da outra, na qual cada situação é considerada diferente da outra, prever a eficiência na sua criação somente é possível quando ocorre sua veiculação, sua recepção pelo público e sua avaliação de resultados no mercado.

Segundo Serpa a propaganda tem que surpreender as pessoas, do contrário ela perde a razão de existir.

Devemos considerar também o alerta de Marcondes e Galvão: "A Criação se arrisca à padronização sempre que abandona a surpresa, a inteligência, a persuasão, a objetividade – numa palavra, a criatividade".

 

Para um produto uma solução emocional pode ser brilhante e para outro uma solução purística. Cada caso é um caso. O grande criador de propaganda é aquele que consegue detectar o que cada produto precisa e o que cada consumidor daquele produto quer ouvir. No fundo, fazer propaganda é tentar inventar algo novo, ou transformar o velho ". (Washington Olivetto, 1991)".

 

Outra consideração importante: O criador precisa conhecer e dominar seu setor de atuação.

 

Processo de comunicação na propaganda:

 

 


 

 

1.4 A Linguagem

 

A expressão da mensagem que se configuram mediante códigos visuais, verbais e sonoros, e a característica criativa da propaganda tem mais presença nela.

"Devemos buscar idéias originais para dizer as coisas". (Serpa)

 

O criador de propaganda não tem o direito a um estilo próprio, um jeito particular de fazer propaganda. O estilo é uma característica dos artistas. Nós, publicitários, nos valemos da arte como linguagem, nos servimos também dos diversos estilos de época, mas não somos artistas. Somos adequadores de linguagem.

 

CAPITULO 2

A escolha das campanhas e o material que será apresentado.

·                     Briefing (s) de Criação

·                     Rafs

·                     Layouts

·                     Briefing de Criação / aprovação

·                     Artes finais

 

 

CAPITULO 3

 

Briefing de Criação

 

Briefing – palavra inglesa vinda do verbo to brief que significa resumir, fazer a apresentação sumariada de alguma coisa.

 

Encontramos entre os profissionais de marketing e comunicação diversos briefings, tais como:

Briefing para fotógrafos

Briefing para mídia

Briefing para criação

Briefing para o marketing e etc

 

Para cada um deles, apesar de ser uma apresentação resumida, deverá trazer as informações relevantes para cada atividade. Por exemplo, um briefing mercadológico busca direcionar informações para os planejadores de marketing. Normalmente, são dados financeiros, de consumo, de investimentos, novas tecnologias, porte empresarial, de mercado, entre outros.

 

A propaganda é uma ferramenta da área de marketing, utilizada para que por meio da comunicação persuasiva a empresa possa atingir novos mercados consumidores.

 

Para utilizarmos a propaganda, devemos ter traçado uma estratégia de marketing que coloca à disposição do criativo o briefing mercadológico (planejamento de marketing) que servirá de base para o briefing de comunicação e propaganda e o briefing de criação, para depois acertamos na criação da propaganda.

 

Fases da Criação:

Briefing de Comunicação

Definição do Planejamento de Comunicação

Briefing de Criação

Criação da Propaganda

 

Nas agências o Briefing é um documento padronizado, centralizador e abrangente em termos de informações gerais e pode ser considerado um aglutinador de informações entre os profissionais e áreas envolvidas.

 

No Briefing de Criação todos os profissionais da agência participam da sua elaboração:

·                               O Atendimento detém as informações do cliente, pois ele é o seu representante dentro da agência e o responsável por esse documento;

·                               A Criação cria a mensagem;

·                               A Mídia cuida da reserva e compra dos espaços nos veículos;

·                               A Pesquisa é responsável por informações atualizadas sobre o mercado e hábitos de consumo, momento econômico, etc;

 

(Apresentar modelos de Briefing de Criação. Impresso ou em forma de transparência)

(A cada Briefing de criação apresentado como modelo há um comentário.).

 

 O briefing de criação exerce o papel de reunir informações que procuram direcionar, nortear e selecionar o caminha do conteúdo da mensagem da campanha para a criação.

 

O briefing traz geralmente as seguintes informações:

 

FATO PRINCIPAL (OU CENÁRIO)

OBJETIVO

POSICIONAMENTO (MERCADO)

TARGET

MÍDIAS

PROBLEMA QUE A COMUNICAÇÃO DEVE RESOLVER

PROMESSA

RAZÃO DA PROMESSA

PRAZO DOS LAYOUTS

 

O Briefing de Criação também recebe o nome de OS = Ordem de Serviço. É impresso em papel timbrado com a logo da agência, é identificado e protocolado.

 

Também é importante trazer, para alguns produtos ou serviços:

 

PREÇO DO PRODUTO

PREÇO DA CONCORRÊNCIA

CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS E PRÁTICAS

PESQUISAS E DADOS DA CONCORRÊNCIA

PONTOS NEGATIVOS E POSITIVOS

HÁBITOS DE CONSUMO

HISTÓRICO DA EMRPESA E PRODUTO (que sejam relevantes)

OUTROS

 

O Briefing serve para balizar o processo criativo mas não traz as respostas. O resultado do criativo vai muito mais além.

 

"Se o Planejamento fosse bom sozinho, não seria necessário mais nada para colocar um produto no mercado". ( Lewkowicz, Lew Lara)

 

"Quando a gente fala em planejamento, está pensando em estratégia criativa, eu posso até criar, mas crio sem foco. Elas servem para coordenar a enxurrada de idéias (Carlos Silvério, DPZ)".

 

"O Planejamento nunca tolhe a criação, pelo contrário, lhe dá uma luz". (Ercílio Tranjan, Contemporânea)

 

Para reforçar o caráter coletivo da feitura do Briefing observamos expressões coloquiais e os verbos conjugados em "nós":

 

"Nosso foco será despertar o desejo de compra..."

"Deveremos especificar que em termos de.."

"... quem de fato, comprará o nosso produto."

"... precisaremos enfatizar tanto a marca, quanto..."

 

O Briefing também é modificado e aprimorado com a evolução das fases em cada departamento.

A principal característica do Briefing e se manter no foco principal da mensagem. As informações da área de marketing têm uma estrutura metódica, mas são norteadores da Criação. A criação não faz destas informações uma espécie de Manual.

 

"O Briefing aponta o alvo".

Criar na Arte e na Propaganda

 

O criador tem sua liberdade criativa atrelada ao objetivo de vender o produto. Ele recebe um direcionamento, sabe onde precisa trilhar, mas o resultado é desconhecido. É o que chamamos de intuição amorfa, conceito ou premissa geral e miragem, papeis do briefing de criação, os elementos direcionados do trajeto com tendências num processo de criação.

 

Para Salles: "Esse movimento dialético entre rumo e vagueza é que gera trabalho e move o ato criador".

 

A liberdade criativa é infinita e o limite coloca o criador diante do enfrentamento de leis.Conhecer essas leis é o que liberta a criação.Poi a liberdade absoluta não está vinculada a uma intenção,portanto ela não gera nenhuma ação.

O artista é incitado a criar porque precisa vencer os limites impostos por ele mesmo e o contexto social. Para o criador publicitário este limite é o briefing. Ambos funcionam como propulsores da criatividade. O desafio, é uma constante para o artista, movido por essa busca incessante.

 

O processo criador é um percurso com "um objetivo a atingir, um mistério a penetrar". (Picasso, 1985)

 

"Será que alcançarei algum dia o objetivo buscado há tempo e de forma tão sôfrega?" (Cézanne)

 

O Cliente também faz parte do processo de criação

 

Uma campanha é direcionada a um público alvo que receberá a comunicação e também ao cliente que a aprova. Sendo assim o cliente é um elemento decisivo e criador da campanha em co-autoria com a agência.

 

O caráter coletivo na propaganda.

 

(citados as premiações da revista Nova. Notamos os nomes da Criação, Atendimento, fotógrafos, Cliente e todos os participantes da Campanha)

 

O trabalho de Criação é feito em equipe. A aprovação e adequação de cada etapa exigem muita organização e clareza por todas as partes envolvidas. Exige a parceria entre os publicitários entre si e o cliente, para juntos buscarem resultados. No Briefing o cliente é parte integrante do trabalho coletivo.

 

"As agências de propaganda andam criando com medo de errar ou de perder a conta. Elas acabam adotando essa postura porque a falta de parceria dos clientes desestimula a ousadia, e essa timidez leva a mesmice na criação". (Ercílio Tranjan)

 

Criatividade

 

Decisivos mesmo, são: a experiência pessoal, repertório vivencial e cultural. O É isso que permite estabelecer pontes entre coisas quer não têm nenhuma ligação direta e se chegar aos grandes achados da propaganda: o repertório do criador é mais importante que todas essas ferramentas. Sem ele, a criação se tornaria uma operação técnica. As ferramentas são o ponto de partida, as quais vai somar o que o criativo tem a dizer. (Carlos Silvério)

 

Quanto maior o repertório do criador, maior a quantidade de opções criativas e, assim, a possibilidade de inovar sempre e impactar a mensagem.

 

Fórmula da Criatividade:

 

Repertório do Criativo + Informações (gerais) + Pesquisa + Referências: Publicidade feita para os concorrentes / Examinar o material das campanhas dos concorrentes + Resultados das Campanhas dos Concorrentes + Briefings = Campanha Publicitária

 

Terminologias dos briefings

Pela grande influência da propaganda da América do Norte, o marketing, tanto da agência quanto do cliente, utiliza diversos termos da língua inglesa.

Portfolio

Awarness

Mass-market

Design

Stills

Fine-fragrance

Expertise

Briefing

Overlays

Roughs

Layouts

Recall

Share of mind

Share of market

Take one

Folder

Back light

Outdoor

Bus Door

Cases

Banner

Brainstorming

Botton

Broadside

Budget

Bureau

Bold italic

Light

Checklist

Day-after-recall

Free-lancers

House agency

House organ

Jingle

Spot

Mailing

Sampling

Obler

 

CAPITULO 4

 

Diálogos Internos da Criação

 

"O insight criativo"

 

Mauro Matos:

A Minha fórmula é um processo de absorção de tudo que está à minha volta.(..)

Também é preciso estar aberto ao insight – algo que não identificamos bem, mas que é uma força que existe, um talento que se manifesta...

 

Lula Vieira:

O outro dado com que você vai trabalhar, são as informações acumuladas ao longo da vida  -leituras, filmes, observações, vivências e milhões de outras- que vão permitir as diversas associações  entre os propósitos racionais do briefing e as possibilidades emocionais da mensagem publicitária.

 

Washington Olivetto:

O que acontece é o seguinte: eu sempre faço. Há dias que faço melhor, outros em que faço pior. Parto sempre do princípio que este é o meu trabalho. (...) Não me dou o direito de estar ou não inspirado. (...)

 

Dualibi e Simonsen definem o insight como o momento em que "estoura" a idéia (...) embora surja de repente, aparentemente sem esforço físico nem grande esforço mental, a iluminação (insight) é, na verdade, o resultado de períodos terrivelmente laboriosos de preparação.

 

Preparação

 

Direta – quando acumulamos informações pertinentes ao problema que deve ser resolvido. Informações relevantes e que contribuem para a solução do problema a ser resolvido.

 

Indireta – eventualmente inconsciente, surge depois de esgotadas todas as informações pertinentes ao seu alcance. Começa aí  a busca de outras informações. Vai ao cinema, visita as pessoas, lê desesperadamente, consulta estatísticas de outros assuntos. Essa alimentação se faz de forma caótica.

 

O processo criativo coordena a consciência com a inconsciência. Depois de um tempo de fermentação surge o insight.

 

Esses processos de misturar razão e emoção, consciente e inconsciente não param. Ele continua mesmo quando o criativo está fora da agência, fazendo outra coisa. Muitas vezes o insight acontece no chuveiro ou em horas mais comprometedoras.

 

Lembram-se do famoso grito de Arquimedes? Eureka!

 

Arquimedes havia sido desafiado a provar se a coroa de Hierão era de ouro puro ou falso. Ele sabia o peso do ouro puro. Mas, como faria a comparação sem derreter a coroa de ouro? A solução lhe veio durante o banho de banheira.. e Eureka!

 

Que tal responsabilidade e risco dividindo o mesmo espaço?

Quando você está envolvido com a criação 5 horas passam como se fossem cinco minutos. Porque? É simples, você está inspirado, ou seja a sensibilidade está excitada.

(É uma emoção semelhante ao choro).

 

O publicitário sempre vende a idéia que: um anúncio criativo é sempre mais barato que um anúncio convencional,
quando consideramos o fator custo / beneficio.

E entre a lógica do correto e a lógica do risco, o criativo sempre recomenda a segunda.

Essa aparente contradição é o grande tesão do criativo.

Ser pago para correr riscos... Desde que acerte.

 

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