Propaganda política |
A ESTRATÉGIA DE MARKETING
Uma das atividades que exige o profundo
conhecimento dos processos cognitivos é a propaganda política, conceito que
nasceu com a Revolução de 1789. Desde essa época a ideologia alia-se aos
exércitos para a condução da guerra, se tornado a propaganda uma auxiliar da
estratégia. A atual propaganda é a guerra levada a cabo por outros meios, como
o demonstraram o nazismo e o leninismo.
Trata-se de uma atividade multiforme e
diversificada, seguindo e provocando os processos psico-sociais da atual
sociedade de massa, e por isso não se pode dizer que se conhecem seguramente os
seus efeitos.
Podemos, todavia referir algumas leis empíricas
que têm sido estabelecidas a partir da história recente da propaganda política.
1. Lei da
Simplificação e do Inimigo Único
Resulta de um processo levado por vezes a
extremos irracionais. Trata-se de dividir a doutrina e a argumentação em alguns
pontos, definidos o mais claramente possível.
Isso pode ser feito com manifestos, profissões de
fé, programas, catecismos, que enunciam sob forma afirmativa, em geral, um
certo número de proposições num texto conciso e claro.
É o caso da Declaração dos Direitos do Homem ou
do Manifesto Comunista.
Neste último documento Marx e Engels
condensaram a doutrina em penetrantes fórmulas, de que é exemplo o apelo final:
“Proletário de todo o mundo uni-vos!” |
Simplificando cada vez mais temos a “palavra de
ordem” e o “slogan”.
A palavra de ordem tem conteúdo táctico, resume o
objetivo a atingir, enquanto o slogan apela diretamente às paixões políticas.
São subjetivas.
São palavras de ordem: “Terra
aos que trabalham” “Nem
mais um soldado para África” |
São slogans: “O povo vencerá” “Lula
lá” |
Uma
boa propaganda não visa mais do que um objeto de cada vez, tendo os nazis praticado este método de
concentração exaustivamente.
Por exemplo, para eles o “judeu” era a causa de
todos os perigos que ameaçavam a Alemanha, o que manifestamente era uma
grosseira exageração.
Nunca atacaram a Igreja em globo, mas apenas “uma
súcia de padres hostis ao Estado”.
Tem sempre bons resultados o método da “contaminação” mediante o qual um
partido sugere que as divisões dos adversários não passam de artifícios
destinados a enganar o povo, pois na realidade se entendem contra ele. Os
adversários sendo muito diferentes aparecem contaminados uns pelos outros.
Uma táctica de
extraordinária eficácia psicológica e política consiste em sobrecarregar o adversário com os
seus próprios erros ou com a sua própria violência, manobra geralmente
desconcertante.
1.1 - Simplificação
da Imagem
Os
símbolos imagem sendo
mais subjetivos têm grande força e resume a doutrina ou o regime como: a
estrela do PT, o Tucano, a suástica, a foice e o martelo do Partido Comunista e
o “V” da vitória aliada. Aliás, o símbolo Morse do V precedia o início das
emissões radiofônicas da BBC.
2. Lei da
Ampliação e da Desfiguração
A ampliação exagerada das notícias é um processo
jornalístico empregado correntemente pela imprensa de todos os partidos que
coloca em evidência todas as informações favoráveis aos seus objetivos, como
por exemplo, a frase ocasional de um político, uma rebelião, um acidente, uma
greve.
A hábil utilização de citações destacadas do
contexto é também freqüente, e as próprias notícias são um bom meio para
dirigir os espíritos.
Por exemplo, a notícia “Roosevelt propõe uma arbitragem recusada pelos grevistas”, foi
transmitida na Alemanha da seguinte forma: “Os
grevistas respondem à estúpida política social de Roosevelt com a recusa da
arbitragem”. Ou seja, a interpretação é introduzida na informação e é
acentuada pelo título e pelo comentário.
Em “Mein Kampf” pode ler-se: “Toda e
qualquer propaganda deve estabelecer o seu nível intelectual segundo a
capacidade de compreensão de todas as classes sociais dentre aqueles a quem se dirige. O
seu nível intelectual será, portanto, tanto mais baixo quanto maior for a massa
de homens que se procura convencer”.
Reconhece-se que os ditadores modernos tiveram a
capacidade de tornar “primária” as suas doutrinas, e de as re-escreverem numa
“linguagem de massas” – basta lembrarmo-nos dos recentes pequenos livros
“vermelhos” ou “verdes”.
3. Lei da
Orquestração
Ela afirma que a primeira condição para uma boa propaganda é a da infatigável repetição dos principais
temas.
Não se trata de uma repetição puras e simples, que
seria irritante e aborrecida. Trata-se, por conseguinte de insistir
obstinadamente sobre um tema central, mas apresentando-o sob diversos aspectos.
Lê-se no “Mein Kampf”: “A propaganda deve
limitar-se a pequeno número de idéias e repeti-las incansavelmente. As massas
não se lembrarão das idéias mais simples, a menos que sejam repetidas centenas
de vezes. As alterações nelas introduzidas não devem jamais prejudicar o fundo
dos ensinamentos cuja difusão nos propomos, mas apenas a sua forma. A palavra
de ordem deve ser apresentada sob diferentes aspectos, embora sempre figurando
condensada, numa fórmula invariável, à maneira de conclusão”.
As expressões “Delenda Carthago” do velho Catão e “Je fais la guerre”
de Clemenceau ilustram a lógica desta passagem, a uma
distância de 2000 anos, durante os quais a psicologia das massas não parece
sofrer alteração. O Partido Comunista sempre praticou excelentes orquestrações.
Na Rússia anterior à Perestroika os temas fundamentais eram fixados todas as
semanas por uma ata da sessão do Politburo (trata-se de um comitê executivo de
numerosos partidos políticos, designadamente os antigos partidos comunistas da
Europa do Leste), com texto sempre claro e conciso, e eram desenvolvidos pelo
conjunto da imprensa comunista e dos seus oradores, e desciam aos escalões de
base sob a modalidade de avisos, de petições, de propaganda oral, de “porta em
porta” e outros.
A mídia vai toda semana expor casos envolvendo o
adversário, nem que seja um pequeno deslize, uma palavra errada, um gesto
impensado.
4. Lei da
Transfusão
A propaganda nunca trabalha a partir do nada,
atua sempre sobre um substrato preexistente, seja uma mitologia nacional (a
revolução francesa ou os mitos germânicos), seja um simples complexo de ódios e
de preconceitos tradicionais como o chauvinismo, a exclusão social, racismo,
violência, as “fobias” e as “filias” diversas.
O orador público sabe que não deve contradizer
frontalmente uma multidão, mas de início declarar-se de acordo com ela,
acompanhando-a antes de a moldar ao objetivo visado. É clássico o discurso de Marco Antônio na
peça teatral “Julio Cézar” de Shakespeare. Click aqui para ler.
A
maior preocupação dos técnicos publicitários reside na identificação e na
exploração do gosto popular, mesmo naquilo que tem de mais perturbador e
absurdo, a fim de lhe adaptar à publicidade e a apresentação de um produto
político.
5. Lei da
unanimidade e do Contágio
Essa radica na pressão que o grupo social exerce
sobre a opinião individual, obrigando aos múltiplos conformismos que surgem nas
sociedades.
Todos os que praticam “pesquisas de opinião”
sabem que um indivíduo pode professar sinceramente duas opiniões bastante
diferentes, e até contraditórias, acerca de um mesmo assunto, segundo opine
como membro de um grupo social (partido, clube, etc.) ou como cidadão privado.
A maioria dos homens tende, antes de tudo, a
“harmonizar-se” com os seus semelhantes, não ousando perturbar a concordância
reinante em torno dele.
Os regimes totalitários criam sempre a impressão
de uma unanimidade para se servirem dela como veículo de entusiasmo e de
terror. Para atrair o assentimento, para criar a impressão de unanimidade,
recorrem freqüentemente os partidos a manifestações e desfiles de massas. Um
grupo de homens disciplinados, devidamente uniformizados, marchando em ordem,
resolutos, exerce sempre um poderoso efeito na multidão.
As grandes crenças políticas caminham muito
através do “contágio pelo exemplo”, do contato e da atração social, assim se
implantando profundamente.
Os elementos que se destinam a transformar a multidão num único “ser”
são de várias naturezas:
Bandeiras ou estandartes, emblemas ou
insígnias, inscrições e legendas, uniformes, música, projeções e tochas,
saudações, levantar e sentar os ouvintes, os vivas, os minutos de silêncio. |
Entre o orador e a multidão pode estabelecer-se uma relação de verdadeira hipnose, que para alguns
investigadores é uma autêntica possessão.
Conclusão:
A propaganda política é uma das artes de
persuasão mais antigas, possivelmente mesmo a mais antiga por estar ligada aos
fenômenos de Poder sempre presentes nos processos de socialização humana.
As leis que acabamos de referir são leis
empíricas que se podem mesmo inferir da atual comunicação política que nos é
dirigida.
Os investigadores desta área reconhecem, e
sublinham, que algumas das suas conclusões parecem negativas e mesmo cínicas no
sentido de evidenciarem aspectos menos positivos do psiquismo humano. E, no entanto, esses aspectos menos positivos
existem e são explorados por lideres sem escrúpulos morais.
É um dos sinais reveladores do divórcio entre a ética e a política,
que se acelerou a partir do renascimento e que caracteriza a modernidade.
Nos nossos dias a propaganda política utiliza
poderosos Meios de Comunicação baseados em tecnologias avançadas que ampliam
extraordinariamente os seus efeitos.
A relação de hipnose que referimos é acentuada
com a relação de domínio e dependência criada, sobretudo a partir da TV, como
estabeleceram os primeiros estudos de psicologia da comunicação dos meados do
século.
A ESTRATÉGIA DE COMUNICAÇÃO
1. Criação para
Campanhas Políticas.
As campanhas políticas envolvem tanto pessoas quanto Partidos políticos ou associações e consiste,
a grosso modo, vender uma idéia.
O compromisso fundamental para criar um texto
publicitário para um candidato a um cargo eletivo é de torná-lo coerente com a
plataforma eleitoral deste candidato.
Não será possível criar uma campanha quando as
ideologias da plataforma política não são adequadas ao candidato ou vice-versa.
Devemos ajustar os discursos e mídia para cada
tipo de público a quem se dirige o candidato. Por exemplo: as lâminas que devem
ser distribuídas em favelas e periferias deverão trazer uma linguagem de fácil
entendimento para esta população, já quando houver uma panfletagem numa
universidade, tanto o layout e qualidade do impresso, quanto os textos deverão
estar ajustados a esse público. Porém é mandatório que o conteúdo seja o
mesmo.
Como todo “produto”, o candidato deverá passar à
agência o seu briefing. Só a partir disso, e somando-se as pesquisas
referenciais e de opinião, começa a elaboração dos trabalhos de Criação.
2. Redação
Levantamento dos principais pontos da plataforma eleitoral e do candidato.
A vida pregressa do
candidato (familiar,
escolaridade, profissionais, trabalhos sociais, etc) |
As propostas de trabalho (plataforma eleitoral) |
Os trabalhos já
realizados (na
política) |
A padronização e a
diversificação das peças de campanha * |
A linguagem a ser
utilizada e a aplicação ajustada a cada público |
Definição dos
compromissos (promessas) |
A importância de ser
eleito |
Levantamento dos
cumprimentos de promessas anteriores |
Pontos de cumplicidade
com o eleitor; pontos de afinidade. |
3. Layout
Toda campanha política possui um limitador regido por Leis do TRE. Os layouts
de campanhas são mais ou menos padrão e pelo fato de ser imprescindível a
manutenção de um padrão visual devemos optar por imagens simples, cores fortes,
letras legíveis. Em quase todos os layouts têm que constar:
Numero do Partido |
Numero do candidato |
Nome do candidato (pode ser simplificado ou apelidos) |
Nome do partido |
Foto do candidato |
Slogan |
Criação da
Marca do candidato
Composta pelo número e nome do Candidato (Prefeito). As cores devem
seguir a do Partido.
Peças de uma
campanha política
MÍDIAS
EXTERNAS |
IMPRESSOS |
ELETRONICO |
Outdoor |
Panfletos temáticos |
Jingle e versão |
Galhardetes majoritário |
Folhetos regionais |
Site |
Galhardetes da coligação |
Folheto biografia do candidato |
TV majoritárias |
Faixa de avião |
Folheto assuntos para mulheres |
TV proporcionais |
Faixas de rua pequenas |
Lâmina programa do governo |
Plano de TV (entrevistas) |
Faixas de rua grandes |
História em quadrinhos |
BRINDES |
Praguinha (adesivo pequeno) |
Tablóides temáticos |
Camisetas eventos |
Placa vertical e horizontal |
Santinho |
Camisetas de combate (rua) |
Balão de gás |
Santinho de vereadores |
Bonés |
Painéis para empresa |
Cartão de visitas |
Brindes diversos |
A TV é o veículo mais importante para as campanhas políticas pelas
seguintes características:
§
Não são sazonais
§
Comerciais são veiculados em horários nobres
§
Filmes de 30’ a 90’
§
Gratuitos (acordo Governo Federal e a ABERT)
Os filmes políticos não mudam o comportamento do
cidadão, no entatno, informam sobre as novas mudanças
sociais.
No final da campanha, próximo à data da votação, deve destacar o número
do candidato. As ações devem ser:
Distribuição
de santinhos |
Outdoor |
Jingle (carro de som e rádio) |
AS CAMPANHAS
POLÍTICAS NA DEMOGRACIA BRASILEIRA.
A professora Heloiza Matos
da Universidade de São Paulo desenvolveu uma pesquisa sobre as Campanhas Políticas
dos presidentes Sarney, Collor, Itamar e Fernando Henrique Cardoso fazendo uma
análise sobre os conceitos e estratégias de cada candidatura e depois na
comunicação governamental do presidente eleito.
Click
aqui e estude,
principalmente, sobre o que é Comunicação Política; Comunicação governamental;
Comunicação Social; Comunicação pública.
Bibliografia:
CIDADE, Marco Aurelio
– “Redação Publicitária: O Que Falta
Dizer”. Rio de Janeiro: Frente e Verso Editora.
RAMOS,
Murilo - “Papel dos Meios de Comunicação na Abertura Democrática” - Porto
Alegre: Mercado Aberto, 1985
Schudson,
Michael – “Vende-se política”. Rio de Janeiro; Revan, 1995
Sites
http://www.politicaparapoliticos.com.br/
http://jorgealm.sites.uol.com.br/heloiza.html
Arquivos PDF na
Internet
http://doxa.iuperj.br/artigos/SE100.pdf