SÍNTESE DE HISTÓRIA DO BRASIL-COLÔNIA

PROF. ADHEMAR BERNARDES ANTUNES

TEMA VII.

CRISE DO SISTEMA COLONIAL

PARTE I

ELEMENTOS DA CRISE

 

1. Caracterização:

    1. Época: Segunda metade do século XVIII e início do século XIX;
    2. Causas: reflexos da política européia, agravados por fatos ligados à vida das colônias da América;
    3. Fatos Principais:

· decadência do regime absoluto na Europa ("Ancien regime");

· divulgação dos princípios franceses do Iluminismo;

· início da Revolução Industrial na Inglaterra;

Que se refletiram na:

· Independência dos Estados Unidos da América (1776);

Cujas idéias se refletiram na:

· Revolução Francesa (1789-1815), além da influência dos Fatos Principais.

Provocando, na França:

· A Era Napoleônica (1799-1815) e suas conseqüências;

Provocando, também na América Latina:

· A Independência da América Espanhola.

2. O Iluminismo e sua influência

2.1. Época: Segunda metade do século XVIII;

2.2. Causas: a ascensão econômica e social da burguesia e a busca de uma ideologia burguesa para reformular o mundo europeu.

2.3. Fatos Principais: Os principais iluministas foram filósofos que desenvolveram idéias reformistas e revolucionárias. Essas idéias são a base do liberalismo político e econômico.

2.4. Principais Iluministas:

· John Locke – "Tratado sobre o Governo Civil";

· Voltaire – "Cartas";

· Montesquieu – "O Espírito das Leis";

· Rousseau – "O Contrato Social";

· Os Enciclopedistas – Diderot, D’Alembert, etc.

2.5. Principais Teóricos do Liberalismo Econômico:

· Fisiocratas: Quesnay "Laissez faire, Laissez passer" (era sua filosofia);

Bournay (Liberdade de indústria, Liberdade de comércio);

· Liberalismo: Adam Smith – "A Riqueza das Nações".

3. A Revolução Industrial

3.1. Época: Segunda metade do século XVIII – Inglaterra;

3.2. Causas: Crescimento do mercado consumidor de produtos industrializados, principalmente o de tecidos, havendo capitais em disponibilidade e um contingente de burgueses ávidos por lucros e novos mercados.

3.3. Principais Fatos:

· invenção de máquinas que aumentam a produção e barateiam o produto.

· Acelera-se a tecelagem (lançadeira de Kay), acelerando a fiação (a "Jenny" de Hargreaves e a "Mula" de Crompton), vindo novamente a se acelerar a tecelagem (o tear mecânico de Cartwright);

· A enertia a vapor, com a máquina de Watt, a tecnologia do aço com os altos fornos de Bessemer;

· Com o fornecimento de carvão como combustível (Unions).

3.4. Conseqüências

· Surgem novas relações sociais – surge o proletariado;

· Surgem novas relações de mercado – ora subconsumo, ora superprodução:

· Surgem as idéias socialistas – socialismo utópico.

4. A Independência dos Estados Unidos

4.1. Época: 1776 (2ª metade do século XVIII);

4.2. Causas: separação da metrópole – Inglaterra, visando liquidar com a exploração e o pacto colonial inglês.

4.3. Fatos Principais:

· As 13 colônias inglesas da América do Norte organizam-se e lutam pela emancipação obtendo êxito em 1776. Inicia-se o processo de descolonização da América.

· Organizam-se os Estados Unidos, elaborando uma Constituição que lhe garantia uma forma de governo republicano, forma de estado federativa e sistema de governo presidencialista (1789);

· Um exemplo para as Américas...

5. A Revolução Francesa

5.1. Época: 1789-1799 (Segunda metade do século XVIII);

5.2. Causas:

· o desenvolvimento econômico e a ascensão da burguesia;

· a miséria das classes populares;

· o regime absoluto de governo monárquico que impedia a participação e cada vez mais oprimia;

5.3. Fatos Principais:

· A burguesia liderou o movimento revolucionário com o apoio das massas populares urbanas e rurais (1789). Queda da Bastilha; "Declaração dos direitos do homem e do cidadão"; foi extinta a monarquia e proclamada a República.

· A França constitucionalizou-se, organizou-se em regime liberal, a burguesia estabeleceu-se no poder;

· Napoleão Bonaparte deu um golpe de estado (1799) e se instalou no poder;

· A burguesia consolidou seu poder na França e quer dominar a Europa.

6. A Independência da América Espanhola

6.1. Época: 1810 a 1825 (primeira metade do século XIX);

6.2. Causas:

· a opressão metropolitana;

· as novas idéias iluministas;

· o exemplo dos EUA;

· o desenvolvimento das colônias;

· as pretensões de ascensão política.

6.3. Principais Fatos:

· A ascensão de José Bonaparte ao trono espanhol não foi aceita nas Colônias americanas, com o pretexto de ser um usurpador do trono;

· Com a restauração de L. Fernando VII, a luta pela independência estava em curso e não poderia mais ser impedida;

· A América Espanhola tornou-se independente, fragmentando-se em inúmeras repúblicas independentes, federalistas e presidencialistas, a exemplo dos EUA.

 

 

PARTE II

 

OS MOVIMENTOS NATIVISTAS E EMANCIPACIONISTAS

1. Introdução

· O antigo sistema colonial sustentava-se no capitalismo comercial e na política mercantilista e perceu seus elementos de apoio quando, nos finais do século XVIII, a Europa começou a sofrer profundas mudanças. Os industriais desejavam a liberdade das colônias para que consumissem seus produtos. O desenvolvimento colonial e as novas idéias do liberalismo impulsionavam para grandes mudanças.

 

2. OS MOVIMENTOS NATIVISTAS

2.1. CARACTERIZAÇÃO GERAL:

· Movimentos de oposição, de rebeldia, representando momentos de crise, às vezes, entre classes sociais, outras vezes, contra a opressão da metrópole;

· Movimentos de caráter local, regional, isolados;

· Tinham caráter meramente econômico;

· Muitas vezes ao criar oposição, propuseram a "idéia nacional", o sentimento nativista.

2.2. PRINCIPAIS MOVIMENTOS NATIVISTAS:

· A Aclamação de Amador Bueno;

· A Revolta de Beckman;

· A Guerra dos Emboabas;

· A Guerra dos Mascates;

· A Revolta de Vila Rica.

2.3. A ACLAMAÇÃO DE AMADOR BUENO

· Época: 1641 (meados do século XVII);

· Local: São Paulo;

· O Fato: Revolta sem nenhuma conseqüência, pois Amador Bueno foi aclamado rei de São Paulo; não aceitou a função e então os paulistas aclamaram a nova dinastia portuguesa.

2.4. A REVOLTA DE BECKMAN

· Época: 1684 (Segunda metade do século XVII);

· Local: São Luís, Maranhão;

· O Fato: Foi a revolta liderada por Manuel Beckman, senhor de engenho à frente dos senhores (aristocratas) do Maranhão, contra os Jesuítas, expulsando-os, e contra a Companhia de Comércio do Maranhão e Grão-Pará, que monopolizava o comércio na capitania, saqueando seus depósitos e expulsando os seus representantes, e contra o governo da capitania, expulsando os seus representantes.

· O Problema: A exploração que a Companhia exercia, especialmente os preços dos produtos importados e dos escravos. A escravidão indígena era impedida pelos jesuítas. O governo discriminava e governava despoticamete.

· O final: O movimento foi reprimido com violência por tropas enviadas pela Coroa.

2.5. A GUERRA DOS EMBOABAS:

· Época: de 1707 a 1710 (início do século XVIII);

· Local: nas regiões auríferas de Minas Gerais;

· O Fato: Foi a luta entre os paulistas, descobridores das minas de ouro, liderados por Manuel Borba Gato, contra os forasteiros portugueses recém-chegados de Portugal (os emboabas), liderados por Manuel Nunes Viana, pela pose das regiões auríferas;

· O Problema: Os paulistas achavam-se os donos das minas por terem-nas descoberto e os portugueses achavam-se seus legítimos proprietários por serem originários da Metrópole e os paulistas simples colonos;

· O Final: As lutas terminaram com a derrota dos paulistas no Capão da Traição, junto ao Rio das Mortes. Ocasionou a separação das Capitanias de Minas Gerais e São Paulo. Levou os bandeirantes paulistas a se embrenharem no sertão, indo descobrir ouro em Mato Grosso (Cuiabá) e Goiás (Goiás Velho).

2.6. A GUERRA DOS MASCATES

· Época: de 1709 a 1711 (início do século XVIII);

· Local: Olinda e Recife, em Pernambuco;

· O Fato: Foi a luta entre fazendeiros de Olinda (senhores de engenho decadentes) e os comerciantes do Recife (mascates prósperos), pelo controle político de Pernambuco, que permanecia sob controle dos senhores de engenho de Olinda;

· O final: A luta terminou com a vitória dos comerciantes do Recife, que foi elevada à categoria de vila e passou a capital da Capitania de Pernambuco.

2.7. A REVOLTA DE VILA RICA

· Época: 1720 (início do século XVIII);

· Local: Vila Rica (atual Ouro Preto), em Minas Gerais;

· O Fato: Foi a luta dos proprietários das minas de ouro contra o aumento de controle fiscal do governo português no Brasil sobre o outro extraído, com a criação das Casas de Fundição;

· O final: O movimento levou ao adiamento da instalação das Casas de fundição. O líder do movimento, Filipe dos Santos, foi executado com seus companheiros. A repressão foi violenta.

 

3. OS MOVIMENTOS EMANCIPACIONISTAS

 

3.1. CARACTERIZAÇÃO GERAL

· Movimentos questionadores do sistema colonial;

· Movimentos relacionados às transformações sócio-econômico-políticas, que ocorrerem no século XVIII;

· Movimentos influenciados pela Revolução Industrial; Independência dos EUA;; pelas idéias do Iluminismo; pelas idéias do capitalismo liberal;

· Movimentos que aproveitavam a decadência do Império Colonial português, atrelado ao capitalismo inglês;

· Movimentos que levavam em conta a existência de uma elite rica em conseqüência da mineração, do aumento da opressão do governo português no Brasil, da decadência da economia mineradora; do estabelecimento da Derrama (cobrança dos quintos atrasados);

· Movimentos que pretendiam a Independência e a República.

3.2. PRINCIPAIS MOVIMENTOS EMANCIPACIONISTAS

· A INCONFIDÊNCIA MINEIRA;

· A INCONFIDÊNCIA BAIANA.

 

3.3. A INCONFIDÊNCIA MINEIRA

· Época: 1789 (final do século XVIII);

· Local: Vila Rica (atual Ouro Preto), em Minas Gerais;

· O Fato: Iria ser um movimento de caráter elitista, liderado por mineradores, comerciantes ricos, oficiais militares, intelectuais e contando ainda com o humilde alferes Joaquim José da Silva Xavier (o Tiradentes). O movimento não passou de uma Conspiração, porém, colocou claramente a reação contra a opressão Metropolitana.

· O Final: A repressão foi violenta contra todos os conspiradores que pretendiam a emancipação do Brasil. Tiradentes foi enforcado e se tornou o mártir da inconfidência.

3.4. A INCONFIDÊNCIA BAIANA

· Época: 1798 (final do século XVIII);

· Local: Salvador, na Bahia;

· O Fato: Iria ser um movimento radical, que tentaria a emancipação, inspirado na Segunda fase da Revolução Francesa, questionando também os problemas sociais, principalmente a escravidão. O movimento contaria com a participação de elementos pobres da população e intelectuais. O foco da Revolta partiu da Loja Maçônica "Cavaleiros da Luz" que era liderada, entre outros, por Cipriano Barata. A Revolução foi divulgada através de panfletos.

· O Final: A conspiração foi violentamente reprimida pelo governo colonial. Os alfaiates Luiz Gonzaga das Virgens, Lucas Dantas (que era mulato), João de Deus, Manuel Faustino e outros membros das classes inferiores da população, foram punidos com degredo ou anistiados. A Revolta também é conhecida como Guerra dos Alfaiates.

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