A Paz Armada e a Política de Alianças

 

Quando a França foi derrotada em 1870, na batalha de Sedan, perdendo para a Alemanha as ricas províncias da Alsácia-Lorena, houve o despertar de um forte espírito nacionalista, de revanche, que abriu a possibilidade de uma nova guerra européia. Ao mesmo tempo, a rivalidade inglesa com relação à Alemanha corporificou-se gradativamente e teve suas raízes no crescimento industrial alemão, que colocava em risco a tradicional supremacia capitalista da Inglaterra, e nas pressões alemãs de redivisão colonial.

 

Grande parte dos orçamentos europeus destinava-se à corrida armamentista, o que transformou o Velho Continente num verdadeiro campo militar, tornando esse período conhecido como Paz Armada. A Alemanha, desde a sua unificação, fundamentou a política externa no isolamento da França, criando um sistema internacional de alianças político-militares que cerceassem o revanchismo francês.

 

Em 1873, Bismarck instaurou a Liga dos Três Imperadores, da qual faziam parte a Alemanha, a Áustria-Hungria e a Rússia. Entretanto, as divergências entre Rússia e a Áustria com relação à região dos Bálcãs, ocasionadas pelo fato de a Rússia apoiar as minorias eslavas da região, desejosas de independência, acabou com essa aliança em 1878. Em 1882, o Segundo Reich firmou a Tríplice Aliança, unindo-se ao Império Austro-Húngaro e à Itália, esta em atrito com a França devido à anexação da Tunísia, na África.

 

Somente na última década do século XIX, a França começou a sair do seu isolamento internacional, conseguindo estabelecer um pacto militar com a Rússia em 1894. No início do século XX, também a Inglaterra se aproximou da França, e, em 1904, formou-se a Entente Cordiale, que fundia os interesses comuns dos dois países no plano internacional. A partir de então as antigas hostilidades franco-inglesas foram esquecidas, para que os dois países enfrentassem um inimigo comum: sucesso econômico da Alemanha, sua expansão colonial e seu exaltado nacionalismo.

 

Em 1907, a Rússia se aliou à França e à Inglaterra, formando a Tríplice Entente. Passavam, assim, a existir na Europa dois grandes blocos antagônicos – a Tríplice Aliança e a Tríplice Entente – que, fortes, fomentaram a tensão que levou os países europeus aos preparativos armamentistas.

 

Em meio a esses dois blocos, a Itália ocupava uma posição singular, pois era membro da Tríplice Aliança embora cultivasse sérios conflitos com o Império Austro-Húngaro na disputa das regiões irridentas – Trentino, parte sul do Tirol e da Ístria. Devido a isso, a Itália assumiu um comportamento dúbio na política internacional, assinando acordos secretos de não-agressão com a Rússia e com a Fraca, países do bloco rival, a Tríplice Entente.

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