No estado da Bahia/ Este
fato é verdadeiro/ De volta pra sua terra
Vinha vindo um boiadeiro/ Quase morrendo de fome/ Mesmo
trazendo dinheiro
Ainda estava distante/ Do seu estadão mineiro/ Na
casinha de um baiano
Boiadeiro foi chegando/ Bateu palma no terreiroO baiano atendeu/ Mandou o peão
descer/ Filharada do baiano
Saíram prá conhecer/ Tinha uma filha moça/ Mais linda
que a flor do ipê
Aquela beleza pura/ Dava gosto a gente ver/ Rebatendo o
pó da estrada
O peão pediu pousada/ E comida pra comer
O baiano foi dizendo/ Pro
peão sinceramente/ Há tempos que nós não vemos
Que comer na nossa frente/ A fome que esta deixando/ Os
meus filhinhos doente
A sêca por estes lados/ Tem acabado com a gente/ Pra encerrar a
nossa prosa
Se tiver dinheiro pousa/ Com minha filha inocente
A proposta do baiano/
Quase matou o mineiro/ Jogou a guaiaca na mesa
Tai todo o meu dinheiro/ Pegue tudo se quiser/ Sem luxo
meu companheiro
Pode fazer uma compra/ Prá comer o ano inteiro/ Menina
ficou tristonha
Quase morta de vergonha/ Chorava em desespero
O peão montou no burro/
Já foi dando a despedida/ Ninguém deve aproveitar
De um coitado sem saída/ Sua filha pode ter/ Um bom
futuro na vida
Dinheiro eu ganho mais/ Labutando nesta lida/ Deus que
perdoe você
Ninguém deve-se perder/ Por um prato de comida