Moça Boiadeira

Autor: José Fortuna

Velho carreiro ao parar de carrear/ Pra sua filha o comando ele entregou
E aqueles bois se acostumaram com a moça/ De tal maneira que jamais ele encalhou
Podia estar no lamaçal mais perigoso/ Bastava a ela dar apenas um sinal
Para se ouvir gemer cocão dentro do barro/ E os bois tirava o carro do terrível pantanal

Somente a moça a boiada obedecia
Sem o seu grito o velho carro não saía

Um dia a moça adoeceu e aqueles bois/ Outro carreiro não queria respeitar
Era preciso que ela viesse a janela/ E desse ordens prá boiada carrear
Até que um dia sem ouvir a voz da moça/ Puxaram o carro a passos lentos pela estrada
É que levavam o seu corpo num caixão/ Qual a flor de estimação prá sua última morada
Esse mistério ninguém sabe se não foi
A voz da moça do além tocando os bois

Daquele dia tudo se modificou/ Tanta tristeza tomou conta do lugar
O velho carro que era dela silenciou/ E a boiada nunca mais quiz carrear
De sentimento por perder a companheira/ Foram morrendo um a um pelos currais
Quem somos nós prá entender tamanha dor/ Como cabe tanto amor no coração dos animais
Esse mistério ninguém sabe se não foi
A voz da moça do além chamando os bois.

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