Grilheiro de Terra

Autor: Dino Franco / Quirino Andrade

Comprei vinte e cinco alqueire/ Bem lá no meio do mato
Fui coçar barba de onça, picada de carrapato/ O sertão era grilado
Por valentões desiguais/ Enfrentei o sol e a chuva
E bravios animais/ Depois que eu plantei a roça
E fiz a minha casinha/ Começou chegar jagunço
Prá tomar tudo que tinha/ Me queixei pro delegado
Mas ele não atendeu/ Resolvi brigar com eles e fica no que é meu ai ai

Eu fui muito ameaçado/ Prá deixar aquele chão
Quiseram acabar comigo/ Na bala foice e facão
Mas a minha carabina/ Era muito mais ligeira
Fiz jagunço comer fogo/ Beber água na peneira
Enfrentei a bicharada/ Com minha papo amarelo
Prá defender meu direito/ Enfrentei muito duelo
Se pisar no que é meu/ Grande risco vai correr
Eu só tenho uma saída/ De matar ou de morrer ai ai

Não sou nenhum desordeiro/ Prá sofrer tanta tortura
E também não sou poceiro/ Tenho minha escritura
Derrubei muito alqueire/ No baque do meu machado
Fiz brotar tinguera verde/ No lugar do meu roçado
Quando sento no meu eito/ Tenho Deus e muita fé
Quiseram acabar comigo/ Mas ainda tou de pé
Esses grilheiros de terra/ Tiveram uma triste sina
Mas eu defendi meu sítio/ No coice da carabina ai ai.

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