João Carreiro
Autor(es): Raul Torres

  
O meu nome é João Carreiro / Conhecido no lugar / Eu vou contar minha história / Prá vocês não duvida
Já tou véio tou cansado / Já não posso carrear / Mas o galo quando morre / Deixa as penas por sinal
No tempo que eu fui carreiro / Muitas figuras eu fazia / Com doze juntas de bois / Cabeçalho inté a guia
João Carreiro era falado / Conhecido em demasia / Quando ele estava na vila / O povo todo sabia.

Com quatro junta de boi / Caminhava sossegado / O Carro de João Carreiro / Tinha um cantar apaixondado
Distância de meia légua / Quando subia o cerrado / Os dois cocão ringidor / Fazia um dueto chorado
Pareia do cabeçalho / Beija Flor e Muzambinho / Pareia de boi de quia / Fortaleza e Caboclinho
Na subida caminhava / Riachão e Riachinho / Vamos simbora Sereno / Pareia de Passarinho

No riacho da graúna / Quando meu carro parava / Os zóio de uma cabocla / O meu coração cutucava
Na vorta lá da cidade / De novo por lá passava / O zóio dessa marvada / De novo me provocava
Assim fiquemo um tempão / Cinco mês fiquemo assim / Eu com arreceio dela / Ela com medo de mim
Mais um dia criei coragem / Falei com ela por fim / Essa cabocla chamava / Corina flôr do alecrim

O alecrim não tem espinho / E é danado prá cheirar / E mesmo não tendo espinho / Alecrim pode magoar
Corina Flôr do Alecrim / Só soube me ajudiar / Me prometeu mil ventura / E só me trouxe penar
Só tive um amor na vida / Tristeza me veio dar / Fiquei véio aperreado / Já não posso carrear
Já contei a minha história / Antes de outro contar / Onde meu carro passou / Ficou rastro por sinar

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