A origem do Violão não é muito clara, pois
existem, segundo musicólogos, várias hipóteses para o seu aparecimento. As
duas mais aceitas atualmente, e que Emílio Pujol cita na sua conferência em
Paris no dia 9 de Novembro de 1928 intitulada " La guitarra y su História "
são:
A
primeira hipótese é de que o Violão seria derivado da chamada " Khetara grega
", que com o domínio do Império Romano, passou a se chamar " Cítara Romana ",
era também denominada de " Fidícula ". Teria chegado à península Ibérica por
volta do século I d.C. com os romanos; este instrumento se assemelhava à "
Lira " e, posteriormente foram acontecendo as seguintes transformações: os
seus braços dispostos da forma da lira foram se unindo, formando uma caixa de
ressonância, a qual foi acrescentado um braço de três cravelhas e três
cordas, e a esse braço foram feitas divisões transversais (trastes) para que
se pudesse obter de uma mesma corda a ser tocado na posição horizontal, com o
que ficam estabelecidas as principais características do Violão.
A
segunda hipótese é de que o Violão seria derivado do antigo " Alaúde Árabe "
que foi levado para a península Ibérica através das invasões muçulmanas, sob
o comando de Tariz. Os mouros islamizados do Maghreb penetraram na Espanha
cerca de ( 711 ) e conseguiram vencer o rei visigodo Rodrigo, na batalha de
Guadalete. A conquista da península se deu em cerca de ( 711-718 ), sendo
formado um emirado subordinado ao califado de Bagdá. O Alaúde Árabe que
penetrou na península na época das invasões, foi um instrumento que se
adaptou perfeitamente às atividades culturais da época e, em pouco tempo,
fazia parte das atividades da corte.
Acreditava-se que desde o século VIII tanto o instrumento de origem grega
como o Alaúde Árabe viveram mutuamente na Espanha. Isso se pode comprovar
pelas descrições feitas no século XIII, por Afonso, o sábio, rei de Castela e
Leão ( 1221-1284 ), que era um trovador e escreveu célebres cantigas através
das ilustrações descritas nas cantigas de Santa Maria, que se pode pela
primeira vez comprovar que no século XIII existiram dois instrumentos
distintos convivendo juntos.
O
primeiro era chamado de " Guitarra Moura " e era derivado do Alaúde Árabe.
Este instrumento possuía três pares de cordas e era tocado com um plectro (
espécie de palheta ); possuía um som ruidoso. O outro era chamado de "
Guitarra Latina ", derivado da Khetara Grega. Ele tinha o formato de oito com
incrustações laterais, o fundo era plano e possuía quatro pares de cordas.
Era tocado com os dedos e seu som era suave, sendo que o primeiro estava nas
mãos de um instrumentista árabe e o segundo, de um instrumentista romano.
Isso mostra claramente as origens bem distintas dos instrumentos, uma árabe e
a outra grega; que coexistiram nessa época na Espanha. Observa-se, portanto,
como a origem e a evolução do Violão estiveram intimamente ligadas à Espanha
e a sua história.
A origem do nome " Violão "
Em
outros países de língua não portuguesa o nome do Violão é guitarra, como pode
se ver em inglês ( Guitar ), francês ( Guitare ), alemão ( Gitarre ),
italiano ( Chitarra ), espanhol ( Guitarra ). Aqui no Brasil especificamente
quando se fala em guitarra quer se denominar o instrumento elétrico chamado
Guitarra Elétrica. Isso ocorre porque os portugueses possuem um instrumento
que se assemelha muito ao Violão e que seria atualmente equivalente à nossa "
Viola Caipira ". A Viola portuguesa possui as mesmas formas e características
do Violão, sendo apenas pouco menor, portanto, quando os portugueses se
depararam com a guitarra ( Espanhol ), que era igual a sua viola sendo apenas
maior, colocaram o nome do instrumento no aumentativo, ou seja, Viola para
Violão.