O Traje Académico em Coimbra



Ao contrário do que possa pensar-se, a Universidade Portuguesa [1] não teve um uniforme instituído desde o princípio, nem para os estudantes, nem para os professores. Não significa isto, no entanto, que o seu vestuário não estivesse regulamentado, antes pelo contrário. Na Idade Média, e em parte até ao Liberalismo, o peso do gosto individual na forma de vestir era muito menor do que actualmente: a indumentária devia reflectir claramente o lugar de cada indivíduo na ordem social.[2] Assim, o vestuário dos elementos da Corporação Universitária tinha que espelhar de alguma forma a pertença a essa corporação. Havia, por um lado, diversas limitações oficiais a esse vestuário, de forma a torná-lo sóbrio, decente, e a impedir que colidisse com os privilégios e características próprias dos trajes de outros elementos da sociedade (certas cores e certos tecidos, por exemplo, estavam reservados a determinados estatutos sociais).

Nos Estatutos de 1431, D. João I mandou que
"magistri et doctores euntes ad legendum vel ad quoscunque allios actus scollasticos vel per modum universsi incedant in aparatu in generali sive doctoralli et legentes licenciati et bachalarii in habitu honesto ad minus tallari et ceteri scollares honesti saltim usque ad mediam tibiam";[3]

("os mestres e doutores indo a leccionar ou a quaisquer outros actos escolares ou [que estejam] dentro dos limites da universidade andem em aparato geral ou doutoral e os lentes [i. e., docentes] licenciados ou bacharéis em hábito honesto ao menos talar [i. e., até aos tornozelos] e os outros escolares [em hábitos?] honestos, pelo menos até à meia perna.")[4]

D. Manuel I, por volta de 1503,
"que os scolares [...] andem honestamente vestidos e calçados, scilicet nom tragam pellotes, nem capuzes, nem barretes, nem gibõees vermelhos nem amarellos nem verdegay, nem cimtos lavrados d'ouro";[5]
D. João III, na "Ordenança para os estudantes da Universidade de Coimbra", de 1539:

"Não poderão os sobreditos nem outros alguns estudantes trazer barras nem debruns de pano em vestido algum; nem isso mesmo poderão trazer vestido algum de pano frizado; nem poderão trazer barretes de outra feição senão redondos; e assim hei por bem que os pelotes e aljubetes que houverem de trazer sejam de comprido três dedos abaixo do joelho ao menos; e assim não poderão trazer capas algumas de capelo, somente poderão trazer lobas abertas ou cerradas ou mantéus sem capelo; não trarão golpes nem entretalhos nas calças nem trarão lavor branco nem de cor alguma em camisas nem lenços";[6]

E D. João IV, nos Estatutos de 1653 (chamados Estatutos Velhos):

"1º-Os estudantes andarão honestamente vestidos, sem seda alguma: mas poderão trazer os chapéus e barretes forrados, e colares de mantéus e guarnições de sotainas por dentro: e nas camisas não trarão abanos, senão colares chãos sem feitio de rendas, nem bicos, nem trancinhas, nem de outras guarnições semelhantes, sob pena de dois mil reais, pagos da cadeia, a metade para a Confraria, e a outra para quem o acusar. E não trarão em nenhum vestido de sotaina, calças ou pelotes, as cores aqui declaradas: amarelo, vermelho, verde, laranjado, sob pena de perderem os ditos vestidos [...] E porém debaixo das sotainas poderão trazer gibões, ou jaquetas de panos de cores, para sua saúde: contanto que os colares não sejam mais altos que os das sotainas, nem as mangas mais compridas: e poderão outrossim, debaixo das botas ou borzeguins trazer meias calças de cores bem cobertas: e em casa, ou pelas ruas, onde pousarem, poderão trazer roupões de cores, contanto que não sejam das acima proibidas.
2º-Não poderão trazer barretes de outra feição, senão redondos, ou de cantos, nem carapuças, senão os que trouxerem dó, no tempo limitado, ou pelas pessoas que o podem trazer. E os mantéus, que houverem de trazer, serão compridos, ao menos até ao artelho.
3º-Não trarão capas de capelo cerrado, e trarão mantéus de colar ou de capelos abertos. Porém os criados dos estudantes poderão ir ouvir às Escolas com pelotes e farragoulos, e chapéus, e colares de abanos nas camisas, chãos, que não passem de dois dedos. E os estudantes pobres poderão trazer o mesmo trajo: tirando os colares das camisas de abanos.
4º-Não trarão golpes, nem entretalhos que se vejam em algum vestido, golpes, botões ou fitas em botas, ou sapatos [...]".[7]

Por outro lado, a Universidade estava intimamente ligada à Igreja, era efectivamente uma instituição eclesiástica, e uma grande parte dos estudantes e mestres eram clérigos. É pois natural que os universitários adoptassem uma maneira de vestir eclesiástica. António Nunes (em "Subsídio...", pág. 405-406) dá-nos uma caracterização do vestuário dos estudantes de Coimbra nos séculos XVI e XVII:

"Loba ou Sotaina, decorada à frente, de alto a baixo, com uma fileira de pequenos botões, abotoada pelas costas com botões ou cordeis, a qual descia até à meia perna; uma Capa com gola e alamares ou cordão de borlas; um Barrete arredondado ou de cantos; Calção sem entretalhos ou golpes, meias e Botas ou Borzeguins. Os estudantes colegiais [8] traziam os Hábitos das respectivas Ordens, salvo os dos Colégios seculares de S. Pedro e S. Paulo que tinham um Hábito semelhante aos escolares colegiais de Salamanca [...]. Este Trajo usado nas Faculdades também era extensivo aos Lentes, ressalvando-se apenas o pormenor de a Sotaina dos Mestres chegar ao calcanhar, enquanto a do estudante chegava à meia perna. Através dos Estatutos de 1653, dados por D. João IV, ficamos a saber que nesta época ainda se usavam barretes redondos ou de cantos para cobrir a cabeça e não o Gorro comprido, o qual se começou a trazer mais tarde, talvez nos começos do século XVIII. Estes Estatutos conferem ao estudante liberdade para trazer debaixo da Batina coletes e camisas, só mais tarde se tornando obrigatório o costume de envergar Volta Branca e Cabeção Negro [...]."

As lobas dos colégios eram de cores variadas (dentre as que não eram proibidas, claro): em Todos os Santos usavam o pardo, em S. Miguel roxo escuro, em S. Paulo castanho escuro, etc. Mas o preto viria a dominar.[9]

Desta forma, no seu início, o objectivo principal do Traje Académico, não era, como muitas vezes se diz, igualizar os estudantes, mas antes fazer distinguir os académicos na sociedade.[10] A igualização entre estudantes acontecia (até certo ponto) porque, vindo estes de estatutos sociais (isto é, lugares na sociedade) diversificados, deviam convergir na posição académica.

Apesar da falta de uniformização, os estudantes eram obrigados a usar alguma forma de traje académico.[11] De notar que essa obrigatoriedade era permanente, nas aulas ou fora delas, dentro da cidade de Coimbra (território académico).[12]

A uniformização plena do traje académico aconteceu possivelmente na passagem do século XVII para o XVIII. O médico António Ribeiro Sanches, que estudou em Coimbra de 1716 a 1719, diz no "Método para aprender a estudar Medicina" (1763):

"até ao ano de 1718 o vestido dos estudantes da Universidade de Coimbra era uma loba de baeta com capa, que custava 7$200 rs. até 9$600 rs. Neste ano veio de Lisboa a moda da abatina [13], e vem a custar este vestido de crepe ou de pano 25$000 rs. até 30$000 rs."[14]

Existe uma boa descrição de como seria o Traje Académico nos finais do século XVIII, válida também para o início do século XIX. Na edição de 1791 da Macarronea Latino-Portuguesa (o conjunto de textos conhecido como Palito Métrico), vem incluída a "Economia Escolástica - segunda parte do Sábio em Mês e Meio", de António Castanha Neto Rua, que acerca do Traje Académico diz entre outras coisas o seguinte:

"Todo o cidadão que se condecora com o título de homem de bem, para decentemente aparecer no meio dos outros, carece para seu adorno externo, [...] enquanto estudante, de Verão, de sete [cousas], vem a ser:- cabeção, volta, camisa, batina, meias, sapatos, e fivelas; e de Inverno, de nove, porque entram calções e colete, que de Verão são inteiramente desnecessários."

As características medievais e clericais da Universidade de Coimbra começam a diminuir com a reforma do Marquês de Pombal, em 1772. Mas é só com o triunfo do Liberalismo em 1834 que começa verdadeiramente a aparecer uma universidade laica: o Foro Académico é extinto [15], a Faculdade de Cânones (i. e., Direito Canónico) e a de Leis (i. e., Direito "Civil", no sentido de laico) são unificadas na nova Faculdade de Direito (o que representou de facto a absorção da de Cânones pela de Leis); a Faculdade de Teologia vai perdendo peso constantemente; as ordens religiosas são extintas, o que acarreta o fim dos colégios e dos lentes monásticos; em 1841 é nomeado o primeiro reitor leigo; etc. Muita coisa continua, como a própria Faculdade de Teologia, o latim como língua oficial (mas as aulas são em português), o juramento do dogma da Imaculada Conceição feito pelos caloiros no acto da matrícula (!), etc. Mas estes aspectos mantêm-se até à República por conservadorismo, como pormenores. A Universidade já não é uma instituição eclesiástica, e sim estatal. Os estudantes são cada vez mais filhos de burgueses a prepararem a sua carreira (particularmente na Faculdade de Direito, onde é recrutada a maioria da classe dirigente do Portugal Liberal).

A Capa e Batina não é abolida, apesar do seu carácter clerical e de várias outras críticas relacionadas: que é um símbolo do passado, medieval, que é desconfortável e não se adapta ao clima de Coimbra, etc. Mas passa a ser obrigatória apenas dentro da Universidade [16]. Segundo Trindade Coelho (estudante de 1880 a 1885):

"No meu tempo, ainda a quase totalidade dos estudantes andava sempre de capa e batina. [...] Ainda assim, já por lá começavam a aparecer os janotas, a que nós chamávamos os polainudos, que em saindo da aula se vestiam à futrica e iam para a Baixa de luvas amarelas e charuto!"[17]

O Romantismo do século XIX fomenta a idéia do estudante boémio, cábula, poeta ou músico, namoradeiro, etc. E a Capa e Batina é indissociável desse estudante romântico:

"Debaixo da capa e da batina, o espírito dos moços, a alma comum dos que sonham, dos que se embebem de saber, naturalmente, como um fenómeno de endosmose da espiritualidade ambiente, pode cantar com Metastasio:
Ó gioventú primavera della vita!
A mocidade constitui-se uma unidade intelectual e moral, inquebrantável e irredutível."[18]

"Nessa época e ainda hoje assim deve ser, a capa e batina não era um uniforme; era o símbolo da honra, da fraternidade e da mútua protecção. O espírito académico, a sua união nos grandes momentos de interesse comum, imperava sobre todo o organismo académico, convertendo toda a comunidade em uma só entidade."[19]

A capa, em particular, como símbolo de todo o Traje Académico, era particularmente venerada:

"O Sousa, muito comovido, disse-lhes a chorar:
– [...] Eu era capaz, e sou, de estrangular o Dias Ferreira [...]; não o fiz na Via Latina em respeito a isto: (sacudindo a capa do Valério)."[20]

"A minha capa velhinha
É da cor da noite escura.
Nela quero amortalhar-me
Quando for para a sepultura."[21]

Agora sim, aparece a defesa do Traje Académico como factor de igualização dos estudantes:

"Sente-se no perpassar da capa e batina uma viração igualitária, que varre para bem longe as diferenças de fortuna, fatal desigualdade que, fora da vida universitária, cai sobre as almas juvenis como neve sobre botões entreabertos, crestando-os e esterilizando-os.
O fidalgo e o plebeu, o rico e o pobre, igualmente uniformisados, entram na comunhão da vida académica, com o mesmo direito, com a mesma alegria, com o mesmo sentimento de posse, com que no mundo vegetal e animal os seres entram na partilha do sol, do espaço e do solo. O fraque elegante do filho do rico e do potentado não obriga a retrair-se o casaco sovado do filho do pobre. A mocidade é uma para todos. O mesmo pano, o mesmo corte dá às almas a mesma franqueza de movimento, que só a inteligência torna mais grácil e mais nobre."[22]

Outra grande vantagem é o seu carácter económico:

"Este uniforme, de incomparável comodidade, dá para uma formatura e sobra, tanto mais que a capa velha e rota é respeitada e respeitável; é o emblema do veterano."[23]

"Já se vê, pois, que em Coimbra vive-se como se quer! A fatiota é sempre a mesma. Eu, por exemplo, enverguei uma batina no dia em que cheguei a Coimbra, pus-lhe por cima uma capa - e capa e batina foram elas, que me fizeram a formatura!"[24]

O aburguesamento da Universidade acaba por impor o aburguesamento do Traje Académico. No tempo do Mata-Carochas (1860-1865), a Capa e Batina ainda mantinha um aspecto bastante clerical:

"O vestuário é capa e batina; capa até ao tornozelo, com gola militar; batina curta até ao joelho, dois dedos abaixo; calção, meia preta de laia, sapato e volta em vez de gravata, como o padre.
No Inverno, no meu tempo, como se desenvolvia uma formidável epidemia de bexigas e tifo, era permitido andar de calça preta, caída, em vez de meia e calção.
Anda-se em cabelo, apesar de fazer parte do uniforme o gorro, saco preto que posto na cabeça cai pelas costas. Empregavam-no em carregar livros, frutas e outros místeres.
Andar em cabelo e muito bem calçado era o grande luxo.
A capa tem alamares para abotoar. Usa-se de muitas maneiras e bem traçada torna-se um traje muito elegante.
Além de decorativa, é um magnífico cobertor.
Com a volta usa-se colarinho."[25]

Mas em 1863 muita coisa muda. O reitor Basílio Alberto Sousa Pinto (1859-1863) tinha sido extremamente severo na imposição do rigor da Capa e Batina, e o seu sucessor, Vicente Ferrer Neto Paiva, num edital de 10 de Novembro de 1863 liberaliza bastante, nomeadamente no uso de calças em vez de calções. Trindade Coelho caracteriza assim o Traje Académico do seu tempo, 20 anos depois desse edital:

"O gorro era já raro pelas costas abaixo, ou caído em cima da orelha. A maior parte andava em cabelo, alguns traziam um pequeno boné preto como os de viagem, e as batinas já não eram as antigas lobas, que chegavam ao meio das canelas, mas umas batininhas que só chegavam aos joelhos (mais um casaco afogado do que outra coisa) - e a respeito de meia preta e volta de padre, só nos actos, e a volta às vezes era de papel, e as meias de algum teólogo!"[26]

Este "novo" Traje Académico seria criticado por Ramalho Ortigão em 1888, no Álbum de Costumes Portugueses:

"O estudante de batina, meias altas, cabeção e volta [...] é uma espécie extinta hoje na série zoológica da Universidade. [...] O grave uniforme decompôs-se pelo modo mais irreverentemente pelintra. O cabeção e a volta foram substituídos pelo colarinho postiço e pela gravata do futriquismo liró. A batina degenerou num casaco gebo e mestiço, de padre à paisana. A calça escorreu inartística e besta, pela perna abaixo, esbeiçando apolainada sobre a odiosa bota de elástico. Assim o belo costume histórico da antiga Universidade se perverteu sem se reformar, reduzindo-o a uma aproximação cenográfica de entremez barato ou zarzuela pobre."

Os estudantes, cada vez mais burgueses (menos clérigos) e atraídos por idéias republicanas e anti-clericais, não sentiam qualquer identificação com um hábito eclesiástico, e, através do desrespeito pelas normas de uso do Traje Académico, iam-no de facto modificando. Em 1898:

"[A calça] nem sempre é preta. A gravata, umas vezes encarnada, outras branca e só por esquecimento é que ela é preta, como o regulamento ordena. A capa é usada com frequência dobrada e deitada sobre um dos ombros, trazendo-a muitas vezes na mão. E aqueles que querem usar bengala fazem-no, muito embora isso não deva ser permitido a quem se apresenta de capa e batina."[27]

Aos usos da capa sobre um dos ombros ou na mão, António Nunes acrescenta "colocada no braço em jeito de gabardine [...] ou enrolada no colarinho, ‘para diferenciar os estudantes dos seminaristas e padres’".[28]





É interessante notar que muitas décadas depois de o uso da capa enrolada no colarinho se ter generalizado se mantiveram duas situações de excepção, provavelmente ambas em sinal de respeito pelo sagrado: na missa (capa simplesmente pelas costas, sem dobras no colarinho) e em sinal de luto (com a batina fechada - possivelmente em imitação da antiga batina eclesiástica - e a capa não só sem dobras mas também apertada com os colchetes do colarinho - possivelmente reminiscência de quando a capa tinha cordões).

Pela mesma época:

"Ali para a ladeira de Seminário, já distante da Universidade, juntou-se um dia uma célebre "república" de moços lisboetas, que se encarregou de modificar o aspecto clerical do estudante da nossa Universidade.
José Aires, José Bruno, D. Tomaz de Noronha, Laroque, Duffner, e outros, apareciam com os seus coletes de fantasia, a calça com cordão de seda nas bainhas do lado externo, polainas, plastrons, etc.
Desaparecera o gorro, e a batina não se abotoava mais..."[29]

Segundo António Nunes, foi também esta república que introduziu a Batina com bandas de cetim e pregas posteriores. Isto é, a total substituição da Batina propriamente dita por uma verdadeira sobrecasaca.

Faltava apenas a estabilização das cores da gravata, colete e calças no preto e a generalização de algumas destas variantes (como a Batina-sobrecasaca), que só se deram já na República, para se ver atingido o Traje Académico que se tem mantido praticamente inalterado nas últimas décadas.

Nos últimos tempos da Monarquia falava-se insistentemente da abolição da obrigatoriedade do Traje Académico, visto como anacrónico, e até mesmo da sua proibição, devido às maneiras aberrantes como era usado.
    A 23 de Outubro de 1910 o Governo Provisório da República acaba com a obrigatoriedade do uso da Capa e Batina, mas não a proibe.

"Grande parte da Academia continuou a envergar a Capa e Batina, isto por duas razões fundamentais: por ser considerado económico; por estar profundamente enraizada na cultura da Sociedade Académica. Ou seja, a partir de 1911, o Trajo Talar deixou de ser um simples uniforme para significar valor cultural, património da Comunidade Académica, sublimado pelo espírito de Coimbra."[30]





[1] Maneira "conveniente" de designar a universidade fundada em 1288/1290 em Lisboa, transferida em 1308 para Coimbra, em 1388 de novo para Lisboa, em 1354 outra vez para Coimbra, em 1377 para Lisboa, onde esteve um longo (!) período de 160 anos e definitivamente instalada em Coimbra a partir de 1537.

[2] Cf. Léo Moulin, A Vida Quotidiana dos Estudantes na Idade Média, Lisboa: Livros do Brasil, 1994, págs. 44-46.

[3] Os primeiros estatutos da Universidade de Coimbra, Arquivo da Universidade de Coimbra, 1991, pág. 16; também citado em Maria Teresa Nobre Veloso, "O Quotidiano da Academia" (in História da Universidade em Portugal, I volume, tomo I, Coimbra: Universidade de Coimbra e Fundação Calouste Gulbenkian, 1997, págs. 129-151), pág. 134.

[4] Em Os primeiros estatutos da Universidade de Coimbra, pág. 17, aparece a seguinte tradução desta passagem, da responsabilidade do Prof. Doutor Monsenhor Cónego José Geraldes Freire, catedrático da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra: 

"os mestres e doutores, quando vão para dar as suas lições ou para quaisquer outros actos escolares sigam, segundo o costume da Universidade, com o traje dos mestres ou dos doutores; e os licenciados e bacharéis que leccionarem, com traje honesto, pelo menos talar; e os restantes escolares honestos, ao menos até à meia tíbia".

Não tenho grande competência como tradutor de latim medieval, mas do alto da minha ignorância atrevo-me a achar esta tradução um pouco livre e a usar no texto principal uma tradução da minha autoria, feita quando ainda não conhecia esta. Vejo apenas duas diferenças significaticas: "per modum universsi" creio poder significar quer "segundo o costume da Universidade" quer "dentro dos limites da universidade", e prefiro a segunda apenas para explicar o "vel" (= ou); "in aparatu in generali sive doctoralli" é mais complicado – traduzir "generali" por "dos mestres" parece-me de facto demasiado livre, pelo menos para os efeitos deste texto. De qualquer forma ficam-me dúvidas sobre esta passagem, que a mim parece indicar que os doutores e mestres podiam usar luxo não académico ("geral") ou, em alternativa, doutoral. Não parece haver quaisquer dúvidas nenhumas sobre a secção final, que estipula que os licenciados, os bacharéis e os estudantes não graduados deveriam usar roupa sóbria ("honesta"), com os comprimentos indicados.

[5] Os primeiros estatutos da Universidade de Coimbra, pág. 34; também citado em Maria Teresa Nobre Veloso, "O Quotidiano da Academia", pág. 134.

[6] Cf. Manuel Cabral e Rui Marrana, Quid Praxis, Porto: Associação de Estudantes da Universidade Católica Portuguesa no Porto, 1982, pág. 52, e Alberto Sousa Lamy, A Academia de Coimbra 1537-1990, Lisboa: Rei dos Livros, 1990, pág. 649.

[7] Cf. António Nunes, "Subsídio para o estudo genético-evolutivo do Hábito Talar na Universidade de Coimbra" (in Universidade(s) - História, Memória, Perspectivas, vol.3, Coimbra, 1991, págs. 399-419), pág. 407, e Alberto Sousa Lamy, A Academia de Coimbra, pág. 649 e seg.

[8] Isto é, os que viviam nos Colégios, espécie de Residências, normalmente pertencentes a Ordens Clericais.

[9] António de Oliveira, “O Quotidiano da Academia”, (in História da Universidade em Portugal, I volume, tomo II, Coimbra: Universidade de Coimbra e Fundação Calouste Gulbenkian, 1997, págs.617-692), págs. 643-644.

[10] Existiam outras formas de distinção, como o Foro Académico: os universitários (incluindo os funcionários e todos os que trabalhassem para a Universidade) estavam fora da alçada das autoridades comuns. Tinham tribunais, cadeia e mesmo polícia (os verdeais) próprios.

[11] António de Oliveira, “O Quotidiano da Academia”, págs. 642-643.

[12] Lamy, Academia de Coimbra, pág. 653.

[13] Ignoro qual a diferença entre a abatina (batina) e a loba, para além do tecido.

[14] Cit. em Lamy, Academia de Coimbra, pág. 651.

[15] Embora se mantivessem algumas reminiscências, como a Polícia Académica, com menos poderes é certo, mas que haveria de desempenhar o seu papel disciplinar nas tentativas de manter o Traje Académico correctamente usado.

[16] Lamy, Academia de Coimbra, pág. 653.

[17] In illo tempore, Lisboa: Publicações Europa-América, s/d, pág. 127.

[18] José do Patrocínio, prefácio a Antão de Vasconcelos, Memórias do Mata-Carochas, Porto: Companhia Portuguesa Editora,1920, (págs. 9-25,) pág. 11.

[19] Antão de Vasconcelos, Mata-Carochas, pág. 60.

[20] Antão de Vasconcelos, Mata-Carochas, pág. 78.

>[21] Augusto Hilário (?), quadra do Fado Hilário.

[22] José do Patrocínio, prefácio ao Mata-Carochas, pág. 11.

[23] Antão de Vasconcelos, Mata-Carochas, pág 36.

[24] Trindade Coelho, In illo tempore, pág. 138.

[25] Antão de Vasconcelos, Mata-Carochas, págs. 36-37.

[26] Trindade Coelho, In illo tempore, pág. 127.

[27] Joaquim Martins de Carvalho, in O Conimbricense, 15 de Outubro de 1898, citado em Alberto Sousa Lamy, Academia de Coimbra, pág. 656.

[28] António Nunes, A Alma Mater Conimbrigensis na Fotografia Antiga, Coimbra: Grupo de Arqueologia e Arte do Centro, 1990, legenda nº 41.

[29] Octaviano de Sá, Nos Domínios de Minerva, Coimbra, 1939, págs. 46 e segs.

[30] António Nunes, "Subsídio...", pág. 411 e seg.










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