Porta Verde Amarelo

Artigo: Igrejas recrutam fiéis contra as armas
Assunto: Desarmamento Fonte:  JB ONLINE  10/02/2005    Hugo Marques
Remetido por: Hélio Fonseca Rosa Email:  [email protected]
Igrejas recrutam fiéis contra as armas

Líderes cristãos querem mobilizar 100 milhões de seguidores para confirmar desarmamento no plebiscito de outubro (Hugo Marques)


BRASÍLIA - As sete maiores igrejas cristãs do Brasil vão mobilizar seus mais de 100 milhões de fiéis e seguidores para que, no plebiscito marcado para outubro, votem pela proibição definitiva do comércio de armas de fogo no país. O anúncio foi feito ontem pelo Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (Conic), durante o lançamento da Campanha da Fraternidade 2005. As igrejas estarão empenhadas também em quebrar resistências, surgidas dentro e fora do governo, à realização da consulta popular sobre o tema e ainda farão campanhas para chegar à marca de 500 mil armas recolhidas.
Estarão engajadas na campanha ecumênica contra a venda e pelo recolhimento de armas as igrejas Católica Apostólica Romana, Ortodoxa Siriana, Cristã Reformada, Espiscopal Anglicana, Evangélica de Confissão Luterana, Metodista e Presbiteriana Unida. Em sua mensagem para a campanha, o papa João Paulo II elogia a iniciativa.
"- No mundo em que vivemos, abalado com freqüência pela violência e marcado pelo indiferentismo, os cristãos que partilham o empenho pela promoção da paz e da solidariedade tornam-se instrumentos eficazes de evangelização e um exemplo para todos a fim de construir uma sociedade mais fraterna e mais atenta às necessidades dos pobres e indigentes" - escreveu o papa.
Numa reunião que os representantes do Conic tiveram na Vice-Presidência da República em novembro, assessores governamentais expressaram supostas dificuldades do Ministério da Fazenda em levantar dinheiro para o plebiscito. O presidente do Conic, o bispo Adriel de Souza Maia, da Igreja Metodista, participou da reunião na Vice-Presidência e se disse muito preocupado com as pressões para que o plebiscito não aconteça em outubro, como determina o Estatuto do Desarmamento. Procurado por meio da assessoria de imprensa, o Ministério da Fazenda não se manifestou.
O bispo admite que há pressões em todos os segmentos, ''inclusive dentro do governo'', para que o plebiscito não ocorra, e isto causa ''muita preocupação'' aos representantes de igrejas cristãs.
- As multinacionais vão lutar com unhas e dentes para derrubar o plebiscito. É uma resistência do poder econômico à proibição da venda de armas - diz o bispo Adriel.
O texto-base da Campanha da Fraternidade prevê ''marchas e caravanas'' pelo desarmamento em todo o país até outubro. As igrejas cristãs são orientadas no texto-base a ''mobilizar e orientar as comunidades'' sobre a importância do desarmamento, oferecendo uma visão ética, espiritual e teológica à campanha para a proibição do comércio de armas e munições. O bispo Adriel ressalta que as igrejas cristãs adotaram, na Campanha da Fraternidade deste ano, uma postura mais ativa. Para o bispo, a sociedade civil está ''abrindo os olhos''. Nenhuma mudança vai acontecer nos gabinetes da burocracia oficial, diz ele.
- A sociedade civil tem que lutar, tem que reivindicar, tem que se mobilizar, tem que unir as suas forças contra a indústria do armamento - conclama.
A Campanha da Fraternidade, criada em 1964 pela Igreja Católica e que este ano adotou o tema Solidariedade e Paz, traz várias sugestões para aumentar o recolhimento de armas nas igrejas. Uma das idéias é de que os religiosos troquem bíblias por armas. A estimativa do bispo Adriel é que as igrejas possam contribuir com o recolhimento de pelo menos 150 mil armas. O governo federal - com a ajuda dos estados, igrejas e entidades da sociedade civil - já recolheu até agora 228 mil armas.
O texto-base da Campanha da Fraternidade critica as várias formas da violência. Para dar uma solução ao crime no campo, as igrejas clamam por ''uma verdadeira reforma agrária, que ainda está longe de ser feita''.
Está ainda no documento que o machismo da cultura brasileira, ao mesmo tempo em que nega direitos às mulheres, ''impõe uma carga muito pesada sobre os homens''. Segundo o texto, ''desde cedo os meninos aprendem a não levar desaforo para casa e querem provar que não são fracos, produzindo-se níveis altos de estresse''.
O texto-base da campanha afirma que paz não é apenas a ausência de guerra e critica a tirania que pode deixar a sociedade intranqüila, ''esmagando os descontentes''. Como exemplos de ''tirania'' são citadas a ''pax romana'' e, atualmente, a ''hegemonia bélica dos Estados Unidos''.
Voltar
Hosted by www.Geocities.ws

1