ES Ainda é o Estado mais Violento do País

Sandresa Carvalho - A Gazeta – ES 20 de junho de 2000

O Espírito Santo é o Estado mais violento do Brasil, com 34 mortes por grupo de 100 mil habitantes, três vezes mais que o do Rio Grande do Sul (11) e bem acima de Pernambuco (29), Rio (22) e São Paulo (18). Os dados são do Ministério da Justiça e referem-se ao primeiro semestre do ano passado. Isto significa que, em média, cinco pessoas são mortas por dia no Estado - uma a cada quatro horas e 48 minutos. Quando analisados em números absolutos, o Estado de São Paulo sai na frente, com 6.429 homicídios, seguido pelo Rio de Janeiro, com 3.045 assassinatos. Pernambuco, com 2.203 homicídios, vem em terceiro lugar em números de assassinatos, seguido pelo Rio Grande do Sul, com 1.090 casos. E Espírito Santo aparece em quinto lugar, com 969 pessoas vítimas de homicídio. No entanto, quando a quantidade de assassinatos é comparada com o número de habitantes, o quadro se modifica. O Espírito Santo passa a liderar as estatísticas, com 34 casos por grupo de 100 mil mil habitantes, seguido por Pernambuco, que atinge o índice de 29 casos. O Rio de Janeiro passa a ser o terceiro colocado, com 22 mortes por grupo de 100 mil habitantes, seguido por São Paulo, que apresenta o índice de 18 casos. Por fim, o Rio Grande do Sul, com 11 mortes por 100 mil habitantes. O que a frieza dos números não demonstra é que muitos assassinatos no Espírito Santo acontecem por motivos fúteis, como a morte de Edimar dos Santos, na noite de domingo, em Ulisses Guimarães, Vila Velha. Ele foi assassinado com um tiro no peito, após uma discussão por uma dívida de R$ 3,00. Outros crimes acabam chocando a sociedade, pelo grau de crueldade com que são cometidos. Foi o caso do estupro seguido do assassinato da estudante Isabela Negri Cassani, ocorrido em 25 de outubro do ano passado. Isabela foi estuprada, espancada e jogada ainda com vida na Baía de Vitória. Até hoje, o caso continua sem solução. Tanta violência acaba virando notícia na mídia nacional. Na edição de 7 de junho, a revista Veja mostra uma tabela onde Vitória aparece em segundo lugar no número de mortes por habitantes, perdendo apenas para a cidade de Cali, na Colômbia.

Submundo do crime

A violência gerou uma crise na segurança pública do Espírito Santo, com as demissões dos dois secretários responsáveis pela área: José Resende de Andrade, da Segurança, e e Luiz Sérgio Aurich, da Justiça. Antes de pedir demissão, no entanto, o ex-secretário de Segurança já denuncia a crise no setor. Em maio, ele afirmou que aproximadamente 10 mil inquéritos policiais - somente sobre homicídios - estavam sendo apurados no Estado. "Chegamos a este número, para se ver como está o caos na Polícia Judiciária (Polícia Civil) no Espírito Santo", disse. Ao entregar o cargo, José Rezende foi ainda mais enfático. "Vivemos no submundo do crime", disse, referindo-se aos mesmos 10 mil inquéritos em apuração. Menos de uma semana depois, o então secretário de Justiça, Luiz Sérgio Aurich, também pediu demissão, alegando que precisava tratar-se de problemas na coluna. No entanto, ele afirmou em entrevista à A GAZETA que uma lei aprovada pela Assembléia Legislativa subordinava as ações da Sejus à Justiça e o desentendimento com deputados haviam motivado seu pedido de demissão.

FHC lança hoje plano de segurança

Brasília e São Paulo - O presidente Fernando Henrique Cardoso reuniu-se ontem com o ministro-chefe da Secretaria Geral da presidência, Aloysio Nunes, com o ministro-chefe da Casa Civil, Pedro Parente, com o ministro da Justiça, José Gregori, e com o ministro-chefe do gabinete de Segurança Institucional, general Alberto Cardoso. Eles discutiram os detalhes finais do Plano Nacional de Segurança Pública, que será divulgado hoje pelo governo. Mas nem tudo são flores. O governador Mário Covas (PSDB) disse que ficou "perplexo" quando soube que o governo federal só vai repassar recursos do Fundo Nacional de Segurança para o Estado se os índices de criminalidade diminuírem em 10%. "O que me deixou um pouco perplexo é que a afirmativa dá a idéia de que não diminuímos 10% porque não quisemos", justificou. O Plano Nacional de Segurança Pública destinará cerca de R$ 200 milhões aos Estados e municípios para combate à violência. Mário Covas disse que sua administração fez muito mais pela segurança do que os governos anteriores. Para a construção de presídios, centros de detenção provisórios, e instalações da Fundação Estadual para o Bem-Estar do Menor (Febem), o governo deve desembolsar aproximadamente R$ 200 milhões até o final do ano, segundo ele. "Se o governo federal diminuir em 10% o desemprego, talvez consigamos diminuir também em 10% a taxa de violência", alfinetou o governador. Segundo Covas, os recursos do Plano Nacional de Segurança serão bem-vindos. Ele lembrou, porém, que São Paulo abriga 50% da população carcerária de todo o País. "O que mais estimula a violência é o fato da cidade ter uma forte desigualdade de renda", avaliou o governador. (AE)

policiabr.cjb.net

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