CRIMINALIDADE – REPORTAGENS DIVERSAS

28 fev 97 – Criminalidade ao redor de NY cai

A taxa de criminalidade nos subúrbios de Nova York é a mais baixa desde a década de 80, informa o jornal norte-americano, analisando os dados dos últimos 16 anos.

A quantidade de crimes graves, no entanto, não baixou tanto quanto na cidade de Nova York, segundo o ``NYT'', e mostra uma tendência de crescimento. Pelo menos 5 milhões de pessoas vivem em áreas cuja taxa de criminalidade é maior do que a registrada no ano de 1990. Outros 12 milhões de pessoas, incluindo os 7 milhões residentes em Nova York, moram em áreas em que a taxa de criminalidade está apresentando queda. No período de 1990 até o ano passado, a taxa de criminalidade caiu 44% na cidade de Nova York e 21% nos subúrbios. Segundo os analistas ouvidos pelo jornal, essas reduções se devem à migração da população que vivia no centro e ao aumento do efetivo policial.

FSP 02 MAR 97 – Envelhecimento da população contribuiu

de Nova York O criminalista James Jacobs aponta dois outros fatores para redução da criminalidade em Nova York: o aumento da população carcerária nos Estados Unidos e o envelhecimento da população. Esses dois fatores, em sua opinião, reduziram os índices de criminalidade em todo o país, apesar de Nova York ter apresentado queda mais acentuada. Relatório do FBI mostra que a criminalidade diminui 3% em todos os Estados Unidos no primeiro semestre de 1996 em relação ao mesmo período de 1995. ``O número de presos nos Estados Unidos dobrou nos últimos dez anos'', afirma Jacobs, que é professor da Universidade de Nova York. Há cerca de 1,4 milhão de pessoas presas no país hoje. Se comparado a 1972, o número de presos é quatro vezes maior. A redução do número de adolescentes homens é outro fator apontado por Jacobs para a queda na criminalidade. ``Esse é o grupo populacional com maior probabilidade de cometer crimes'', afirma o professor. Índices de criminalidade Os indicadores de criminalidade caíram de maneira expressiva em 1996 se comparados a 1993. De acordo com o relatório do FBI, Nova York está em 144º entre as 189 maiores cidades norte-americanas em relação ao número de crimes. A posição, alcançada em 96, é melhor que a do ano anterior, quando ficou em 136º entre 182 grandes cidades. No ano passado, foram registrados 984 homicídios em Nova York, o menor índice dos últimos 28 anos. O número é 51% menor que o de 1993, quando foram assassinadas 1.927 pessoas. Os números do primeiro semestre do ano passado também demonstraram que o grau de redução da criminalidade foi muito mais acentuado em Nova York do que no resto do país. O índice de roubos, por exemplo, caiu 15,3% na cidade e 5% em todo o país. Em relação a homicídios, o declínio na cidade foi de 11,7% e, nacionalmente, de 7%. A única exceção foi o número de estupros, que caiu 1% em todo o país e 0,2% em Nova York.

FSP 21NOV98 CRIMINALIDADE

Desde 1991, taxa de homicídios teve queda de 28%; apesar disso, norte-americanos ainda acreditam no contrário

EUA reduzem crimes pelo 6º ano seguido

do "USA Today" O índice de crimes graves vem caindo constantemente nos Estados Unidos há seis anos. Desde 1991, os números de homicídios caíram quase 28%, o de estupros, 13%, e o de assaltos, 29%. Em quase todas as grandes cidades do país, de Nova York a San Francisco, o índice de agressões físicas, furtos em residências e roubos de carros vem caindo muito. Em 1996, o número de vítimas de crimes foi o mais baixo desde que o governo federal começou a registrar essa estatística, 25 anos atrás. Mas, apesar das provas numéricas, muitos norte-americanos ainda têm a impressão de que o país é dominado pela criminalidade. Entretanto, dúzias de entrevistas pessoais e uma nova pesquisa (veja quadro ao lado) sugerem que a queda na criminalidade pode estar começando a ser percebida. Por todo o país se vêem lampejos de reconhecimento do fato de que os delitos graves estão diminuindo. Em Boston, Los Angeles e outras cidades, algumas faculdades e universidades atribuem o aumento no número de alunos matriculados ao fato de os pais terem perdido o medo de enviar seus filhos para estudar em campus situados nos centros das cidades. Em Nova York e Baltimore, por exemplo, os preços dos imóveis começam a subir em bairros antes abandonados ou evitados em função do medo. Até mesmo coisas simples, como conseguir que as pizzarias façam entregas a domicílio ou fazer caminhadas nos parques locais, estão se tornando possíveis novamente. Em cada 10 adultos entrevistados para a pesquisa, 5 acham que a criminalidade hoje é maior do que era um ano atrás. Mas, em pesquisa idêntica feita em 1993, quase 9 em cada 10 expressaram a mesma opinião. Comparada com uma pesquisa semelhante feita há cinco anos, menos pessoas se disseram muito preocupadas com a possibilidade de serem assassinadas, assaltadas, estupradas, roubadas ou atacadas em seus carros. Isso não quer dizer que tenham deixado de se manter atentas ao perigo. Por mais tempo que a queda se prolongue, a onda de criminalidade que a precedeu condicionou a sociedade norte-americana a se manter em guarda. Níveis de precaução vistos como desnecessários na década de 50 ainda são corriqueiros. Hoje quase 8 milhões de pessoas vivem em condomínios fechados nos subúrbios, com sua promessa implícita de manter afastados criminosos e pessoas estranhas. Outros milhões de pessoas instalam sistemas de segurança em seus carros. Em 42 dos 50 Estados do país, um número crescente de cidadãos carrega armas escondidas para se proteger contra possíveis assaltos. No domingo, o FBI (polícia federal dos EUA) vai publicar os relatórios finais de criminalidade para 1997, indicando o sexto ano seguido de queda no número de delitos violentos e graves. Numa sondagem feita pelo Instituto Gallup em 1992, apenas 19% dos entrevistados acharam que a criminalidade em seus próprios bairros havia diminuído durante o ano anterior. Mas quase metade (48%) dos entrevistados nesta nova sondagem diz que os crimes em seus bairros diminuíram em relação a um ano atrás. É a primeira vez em dez anos que o Gallup formula essa pergunta e encontra uma maioria de norte-americanos que afirma que a criminalidade está caindo nas áreas em que vivem. Para Frank Newport, editor-chefe da pesquisa Gallup, as estatísticas do FBI "estão chegando às pessoas aos poucos. Mas ainda não temos uma maioria de norte-americanos que diga que hoje a criminalidade é menor do que era um ano atrás".

Tradução de Clara Allain

FSP 25ABR99 – CRIMES

Pais e professores organizam manifestação em Ribeirão para protestar contra falta de segurança em escolas

Ato contra violência quer reunir 3.000

da Folha Ribeirão A Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), pais de alunos e diretores de escolas de Ribeirão definiram para quinta, às 10h, a realização de uma manifestação em frente ao Theatro Pedro 2º pedindo mais segurança nas escolas. O planejamento do ato foi definido anteontem durante reunião na sede do sindicato, onde foram discutidas medidas para a diminuição da violência nas unidades de ensino da cidade. De acordo com a organização do evento, as escolas levarão seus alunos para o local por meio de ônibus e a expectativa é que 3.000 pessoas participem do ato. O segundo evento importante relacionado à segurança nas escolas da semana está marcado para amanhã, quando uma comissão formada por vereadores e pais de alunos deve se reunir com o prefeito Luiz Roberto Jábali (PSDB) para discutir medidas contra a violência. Anteontem pais de alunos estiveram reunidos com representantes da Polícia Militar pedindo maior proteção dentro das escolas e mais segurança. Na segunda-feira da semana passada o estudante Jair Gallasso Filho, 17, foi assassinado dentro da escola Rafael Leme Franco. Uma aluna foi baleada no pé. "A polícia prometeu que fará uma ronda mais efetiva dentro das escolas, mas sabemos que é impossível colocar um policial em cada escola", disse José Roberto Ribeiro Arroyo, 49, presidente do Consesc (Conselho de Segurança Escolar Comunitária de Ribeirão Preto). Devido ao trauma causado pelo homicídio de segunda entre os pais de estudantes e os próprios alunos, a escola estadual Rafael Leme Franco não teve aula durante toda a semana passada. Pais de alunos alegam que existe falta de segurança. Ao mesmo tempo, os alunos estão com medo de novas ocorrências violentas. "Todos estão inseguros. Assim como uma aluna ficou ferida por engano durante o assassinado, outras pessoas podem estar sob risco", afirmou o estudante T.A.R.P., 14, que cursa a 8ª série. Para tentar fazer com que as aulas sejam retomadas normalmente a partir de amanhã na escola, a prefeitura colocou um guarda municipal em frente à entrada do local, para trabalhar no período da manhã e parte da tarde. "Estamos com falta de efetivo, mas iremos tentar colocar mais um funcionário que cubra o período do final da tarde e da noite", afirmou o major Erick Cunha Junqueira, superintendente da Guarda Civil Municipal. A diretora Célia Cocarelli Lorenzato também solicitou à PM a presença de um policial dentro da escola, além de melhorias na segurança externa, como o aumento dos muros e a limpeza de terrenos.

FSP 25ABR99 – Ribeirão exporta armas

do enviado especial Depois de eliminar os três traficantes que atuavam em Serrana, dois anos trás, a Promotoria e a polícia se depararam com um problema mais sério: os de Ribeirão Preto dominaram a cidade. "Em vez de se estabelecerem aqui, mandam garotos como representantes e como cobradores de dívidas", afirma o promotor de Justiça Paulo César Souza Assef. Além da mão-de-obra, também estariam saindo de Ribeirão as armas e as drogas. Devido à proximidade das duas cidades, menos de 15 minutos de carro, Serrana está sendo considerada um bairro de Ribeirão, ainda não tão violento quanto o Ipiranga (um dos locais mais perigosos). Agora, garotos desempregados do corte de cana estão sendo aliciados para esse tipo de comércio ilegal. Já na avenida de entrada da cidade há pelo menos três pontos de venda, controlados por adolescentes. Um deles disse à Folha que a droga é trazida por um adulto de Ribeirão Preto, por meio de ônibus, e distribuída entre garotos. Depois, o dinheiro é repartido em partes diferentes. O mesmo fornecedor também empresta ou vende armas, dependendo da necessidade.

FSP 25ABR99 – CRIMINALIDADE 3

Mecanização da lavoura e consequente desemprego fazem aumentar ocorrências em pequenas cidades

Para polícia, migração aumenta violência

da Folha Ribeirão O aumento da violência nas cidades pequenas da região de Ribeirão Preto, localizadas em uma área basicamente agrícola, é atribuído à migração de mão-de-obra para o corte da cana-de-açúcar. O desemprego nas grandes cidades também acaba expulsando grupos para municípios vizinhos, onde as oportunidades de emprego parecem ser maiores. Para o delegado de Monte Alto, Antonio Carlos Barros de Melo, na safra da cana o número de ocorrências aumenta, principalmente envolvendo pessoas que não moram na cidade. Elas praticam o delito e fogem para outro município. "De uns anos para cá, essa migração de mão-de-obra está aumentando porque as cidades maiores estão mecanizando o corte da cana e as pessoas acabam passando em várias cidades procurando emprego", disse. O delegado de Guariba, Carlos Alberto Gomes da Rocha Silva, também acredita que a migração é um dos principais fatores para o aumento da violência. "Na entressafra, quando não tem serviço, a situação é mais grave", disse. Para o promotor de Justiça de Ribeirão, Djalma Cunha Marinho, o crescimento da violência nas cidades menores é mais evidente porque elas não estão acostumadas com crimes bárbaros. "Se acontece um latrocínio (roubo seguido de morte) em Ribeirão, a população nem se choca porque foi mais um. Já se for em Serrana, por exemplo, isso é comentado durante um mês." De acordo com ele, não se pode traçar um perfil dos criminosos, mas a maior parte dos casos envolve pessoas de 18 a 25 anos. Para o delegado-assistente da DIG (Delegacia de Investigações Gerais) de São Carlos, Gilberto de Aquino, os baixos salários também estimulam o crescimento da violência nas cidades. "Esta semana prendemos um rapaz de 26 anos traficando drogas. Ao contrário da maioria, ele tinha residência fixa e era funcionário de um supermercado havia mais de oito anos", afirma. O preso justificou que o salário que ganhava não dava para sustentar a mãe. "Ele disse que ganhava mais traficando do que trabalhando honestamente."

FSP 25ABR99 – OUTRO LADO

Estado vai mapear os pontos críticos

da Folha Ribeirão O delegado do Deinter (Departamento de Polícia Judiciária do Interior), Luiz Roberto Machado Spadafora, afirmou que está sendo feito um mapeamento dos pontos críticos de violência no Estado de São Paulo para que sejam estudados meios para combatê-la. Segundo ele, o setor de estatística ainda está sendo organizado e não há uma análise sobre o avanço da violência nas cidades do interior. Ele afirmou ainda que cada Delegacia Seccional está assinalando os pontos críticos e detectando as causas para o crescimento da violência nas regiões. Com a reformulação no setor, a divulgação de estatísticas ficou centralizada na Polícia Civil em São Paulo. De acordo com ele, houve uma reorganização na estrutura do setor para a racionalização dos trabalhos. Com base nessas análises e levantamentos haverá um direcionamento de recursos. Ele afirmou ainda que, para tentar reduzir o índice de criminalidade, o governo estadual ampliou o número de investigadores e agentes policiais para o interior. No entanto, a contratação de novos delegados ainda depende de autorização do governo. "Os delegados já passaram por concurso, mas como estamos em fase de contenção de despesas, as contratações ainda não foram feitas", disse Spadafora. De acordo com ele, o interior tem hoje 100 delegados em 84 delegacias e devem ser contratados mais 90 nos próximos meses. Segundo o delegado do Deinter, houve também a criação dos Grupos de Planejamento Integrado, que reúnem as Polícias Civil e Militar, nas Delegacias Seccionais, para combater a violência. A Folha procurou o Comando da Polícia Militar em São Paulo entre terça e sexta-feira, mas não recebeu resposta. Anteontem, foi enviado um fax ao comando solicitando uma entrevista, que também não foi respondido.

FSP 25ABR99 – METODOLOGIA

Dados são da Polícia Civil

da Folha Ribeirão Os dados sobre o aumento do número de homicídios e roubos nas cidades da região de Ribeirão foram obtidos no Cap (Centro de Análise e Planejamento da Polícia Civil) e nas Delegacias Seccionais. Para os homicídios não são considerados os culposos (sem intenção), latrocínio (roubo seguido de morte), lesão corporal seguida de morte e confronto com a polícia. Os dados relativos aos primeiros meses deste ano ainda não foram enviados pelas Delegacias Seccionais ao Centro de Análise e Planejamento e só estarão computados no final do primeiro semestre. Para a região de Campinas, foram utilizados dados estatísticos da Polícia Civil de 16 cidades, incluindo dois grandes centros-Campinas e Jundiaí- , entre 10 mil e 82 mil habitantes, que também foram fornecidos pelas Delegacias Seccionais. A Folha reuniu em um só item o número de roubos e furtos a patrimônio ou a pessoas e o volume de roubos e furtos de veículos. O número de homicídios do levantamento se refere aos assassinatos dolosos. A Folha fez a comparação do aumento da violência em cidades pequenas com base em porcentagens de crimes.

FSP 25ABR99 – USP vê periferização

Violência migra com a repressão

ALESSANDRO SILVA da Folha Ribeirão A repressão nas grandes cidades tem empurrado a violência para o interior, rumo aos municípios pequenos, onde falta estrutura para enfrentar o crime organizado, especialmente o tráfico de drogas. O fenômeno vem sendo chamado de "periferização" pelo Núcleo de Estudos da Violência da USP (Universidade de São Paulo), de onde saem as principais pesquisas no Estado sobre o tema. Segundo o sociólogo Luís Antônio Francisco de Souza, da USP, as lideranças criminosas se instalam mais facilmente nas regiões mais "largadas pelo poder público". Distante da proteção do governo, esses pseudolíderes cativam apoio e ganham aliados, seja pelo medo ou pelo dinheiro. "Não se trata só de aumento da criminalidade, mas da perda da qualidade de vida", afirma. Nos últimos anos, os municípios de pequeno porte, com menos de 100 mil habitantes, passaram a conviver com sequestros, chacinas e comércio de drogas. A estrutura de repressão, contudo, permanece a mesma de quando os crimes graves se restringiam às cidades de grande porte, como é o caso de Campinas, Ribeirão Preto e São Paulo.

Nova York O pesquisador cita o fenômeno norte-americano, onde as grandes cidades desenvolveram modelos de programa de combate à violência, igual a Nova York, mas não erradicaram a violência. "Esses centros conseguiram estabilização ou diminuição da violência, mas forçaram os grupos criminosos, sobretudo os traficantes, a mudar de região", diz. Estudiosos entrevistados pela Folha disseram que a expansão da violência anda junto com o crescimento do tráfico de drogas. A antropóloga Alba Zaluar, do Núcleo de Pesquisas das Violências da Uerj (Universidade Estadual do Rio de Janeiro), diz que o tráfico vem ganhando espaço no mercado de trabalho informal por causa do crescimento do desemprego nos centros urbanos. Nesse novo ramo, as dívidas e os problemas pessoais são resolvidos de modo violento, com armas. A média de homicídios em São Paulo chegou a 36 por 100 mil habitantes em 97-quatro vezes mais que nos Estados Unidos.

FSP 25ABR99

CRIMINALIDADE

Chacinas, sequestros e mortes violentas extrapolam grandes centros e já assustam municípios vizinhos

Crimes migram para cidades pequenas

da Folha Ribeirão Chacinas, sequestros e mortes violentas, crimes típicos de grandes centros, chegaram às pequenas cidades da região. Dos cinco crimes mais violentos registrados na região entre outubro de 98 e abril deste ano, só um ocorreu em Ribeirão, considerada cidade de grande porte. Os demais foram registrados em cidades com pouco mais de 30 mil habitantes. Para especialistas, a repressão nas grandes cidades e o aumento do desemprego estão empurrando grupos criminosos para municípios vizinhos. É o chamado fenômeno da "periferização". De acordo com levantamento da Polícia Civil feito na região de Ribeirão Preto, nos últimos dois anos o número de homicídios dolosos (intencionais) cresceu 11% e as ocorrências de roubo, 39%. Em 97, 219 pessoas foram assassinadas, contra 243 em 98. O aumento nas cidades menores é maior que nos grandes centros. Em Pitangueiras, os homicídios saltaram 14,2% -de sete para oito- , contra 6,1% em Ribeirão Preto -de 180 para 191. Igarapava teve um salto de uma morte em 97 para seis em 98. Na região de Campinas o quadro é semelhante. A violência cresceu mais em 16 cidades com populações menores que 100 mil habitantes que nos grandes municípios. Os números absolutos de homicídios são pequenos, não chegam a três dígitos, mas o impacto da violência já pode ser percebido. Os crimes também tornaram-se mais ousados. Depois do sequestro do empresário Aldeir Antônio Bellodi durante 37 horas em 98, Jaboticabal registrou neste mês a primeira chacina de sua história. Três jovens foram assassinados enquanto passeavam de bicicleta. Em Morro Agudo, em 98, seis homens armados renderam o destacamento da PM para assaltar um banco meia hora depois. Para delegados, o aumento da violência também está ligado à migração de mão-de-obra de outros Estados para a safra da cana. Com o corte mecanizado nas cidades maiores, a massa de desempregados migra para as menores. O Estado diz que está fazendo um mapeamento dos pontos críticos para combater a violência.

FSP 18SET97 – Ex-comandante critica atual política de segurança

CRISPIM ALVES da Reportagem Local O ex-comandante da Polícia Militar de São Paulo coronel Claudionor Lisboa afirmou ontem que "a política de segurança do atual governo não favorece o combate à criminalidade". Lisboa deixou o posto de comandante da PM na última sexta-feira, um dia após o secretário da Segurança Pública, José Afonso da Silva, convocá-lo para um reunião onde afirmou que faria mudanças no comando da corporação. No pedido de exoneração que enviou a Afonso da Silva, Lisboa declarou que a missão de chefiar a PM de São Paulo é muito difícil. "A criminalidade é muito grande. A polícia combate apenas efeitos, e não as causas. Índice de criminalidade não se baixa sem operações de bloqueio, sem fiscalizações em veículos etc. A grande dificuldade que a PM teve foi exatamente o tipo de atuação." Lisboa afirmou que propôs várias vezes esse tipo de atuação, só que não houve aceitação. "A política de segurança adotada pelo governo era uma outra. Só que é um tipo de política que também não corrobora muito para baixar a criminalidade", disse. "Não estou pregando a polícia violenta. Estou pregando a polícia enérgica, com operações de polícia." O ex-comandante afirmou ainda que não entendeu as críticas de falta de comando feitas por Afonso da Silva. "Realmente, não esperava essa conduta dele. Achei que foi um pouco agressivo. Fizemos o melhor que pudemos." Lisboa disse também que ficou surpreso com as declarações do secretário de que os índices de criminalidade aumentaram. Segundo ele, cerca de 40 dias atrás Afonso da Silva havia dito justamente o contrário. "Não sei os dados que ele tem. Se a criminalidade aumentou, deve estar havendo omissão da polícia de São Paulo, e não da PM." Afonso da Silva informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que não iria comentar declarações "de um subordinado".

FSP 03MAI98 – Japão tem baixos índices de criminalidade

de Tóquio A explosão da violência entre os jovens no Japão assusta num país acostumado aos menores índices de criminalidade do mundo. A venda de facas é liberada. Mas o comércio e o porte de armas de fogo são severamente proibidos. Somente alguns grupos da polícia podem carregar revólveres ou metralhadoras. O policiamento de rua é geralmente feito por homens portando cassetetes e rádios. É verdade que o crime organizado -principalmente a Yakuza, máfia japonesa- conta com armas potentes, compradas no mercado negro, e com um exército de cerca de 80 mil pessoas, segundo dados do próprio governo. Mas, ainda se comparados com outros países mais desenvolvidos, o índice de criminalidade no Japão é sensivelmente inferior. Segundo informação do Ministério da Justiça, apenas uma pessoa em cada grupo de 100 mil foi vítima de homicídio em 1996. Na Inglaterra, o índice foi de 2,7; na Alemanha, 4,9; na França, 4,4; e nos Estados Unidos, 8,2. O número de roubos no Japão -para o mesmo grupo de habitantes e no mesmo ano- foi de 1.251. Na França, de 3.945; nos Estados Unidos, 4.593; na Alemanha, 4.720; e na Inglaterra, 7.071. O Japão também tem os maiores índices de prisão por homicídios (96,3% de todos os casos) e roubos (37,4%) praticados. A mentalidade da população, a eficácia da polícia e as rígidas penas são normalmente vistas como a causa para esses índices positivos de criminalidade. Existe pena de morte e de prisão perpétua no país. Em 1997, três pessoas foram condenadas à morte e 34 à prisão perpétua.

FOLHA VALE 28FEV900 – Relatório da Anistia Internacional traz aumento de mortes de pessoas de até 18 anos em S. José

Cresce 30% nº de jovens assassinados

JOSÉ ERNESTO CREDENDIO da Folha Vale O número de assassinatos, ou mortes violentas, de adolescentes de até 18 anos em São José dos Campos cresceu 30% entre janeiro e junho do ano passado e o mesmo período de 1998. É o que revela relatório sobre direitos humanos da seção brasileira da Anistia Internacional, enviado à sede mundial da entidade, em Londres (Inglaterra). O relatório, com cerca de 120 páginas, traz informações colhidas em entidades e na Prefeitura de São José com um balanço das mortes de pessoas até 18 anos na cidade e dados até o primeiro semestre do ano passado. Embora o relatório da Anistia não contenha comentários a respeito das mortes ocorridas no ano passado, o balanço é alarmante: o número de mortes violentas subiu de 33 para 40, com 26 assassinatos. O restante das mortes -também consideradas violentas- ocorreram em acidentes de trânsito e acidentes em geral. De janeiro a junho de 98, morreram 33 jovens de forma violenta, sendo 20 assassinados. O número de casos provocados por acidentes de trânsito teve um leve aumento, passando de sete para oito registros. O documento foi produzido pelo sociólogo Edson Medeiros, 59, militante da Anistia Internacional na cidade. A entidade, uma organização não-governamental das mais reconhecidas no mundo pela atuação na área de direitos humanos, está priorizando a infância e a adolescência neste ano. Segundo o sociólogo, o objetivo do relatório é mobilizar a sociedade para pressionar o poder público a adotar medidas para reduzir os índices. ""Não temos condições de adotar medidas práticas. Nossa intenção é mostrar a situação dos direitos humanos em todo o mundo", afirmou Medeiros. Além dos dados, o relatório lista 36 entidades que trabalham na infância e na adolescência em São José, incluindo a Fundhas (Fundação Hélio Augusto de Souza). O crescimento das mortes é relatado no Cadastro Municipal de Registro de Violência Envolvendo Crianças e Adolescentes em São José, criado há seis anos. O cadastro, que traz uma análise da SDS (Secretaria de Desenvolvimento Social), mostra que, entre 1997 e 1998, no entanto, o aumento foi de 42% nos homicídios nessa faixa etária. Os assassinatos representaram, no período analisado, 59,5% das mortes violentas (trânsito ou acidentes diversos) de pessoas até 18 anos na cidade. O cadastro mostra ainda que a evolução dos homicídios nessa faixa etária não está ligada ao crescimento no número total de mortes, pois morreram 79 pessoas da faixa em 97, enquanto no ano seguinte o número foi de 81, um aumento pequeno em termos comparativos. Do total de mortes, 47 foram por homicídio, sendo que os acidentes de trânsito, com 13 casos, vêm sem segundo lugar, seguidos pelos afogamentos, com seis ocorrências. Houve ainda uma concentração dos casos na zona sul da cidade, que abriga a população de baixa renda de São José, onde foram registrados 29 dos casos de homicídio, ou 61% do total.

FSP 30NOV98 – Projeto reduz criminalidade

da Reportagem Local Em quatro anos, o Programa de Liberdade Assistida e Prestação de Serviços à Comunidade orientou 425 jovens infratores de Recife (PE), dos quais 87,3% não reincidiram. A redução total da criminalidade juvenil foi de 32%. O projeto é do juiz Luiz Carlos de Barros Figueiredo, da 2ª Vara de Infância e Juventude de Recife. Os jovens são monitorados por orientadores de suas próprias comunidades, ligados a um grupo de entidades conveniadas com a Justiça. Em 1997, foi criado o Justiça Sem Demora, para agilizar o julgamento de jovens infratores.

 

FSP 26JUL99 – Criminalidade cresce em 99

da Redação Os índices de criminalidade em Campinas cresceram 39,6% nos primeiros seis meses do ano em comparação ao mesmo período dos últimos cinco anos, segundo informações da Polícia Civil. No total, até junho passado, Campinas teve 39.250 crimes registrados na polícia. Somente no primeiro semestre de 95 foram registradas 28.100 ocorrências. Hoje, após quatro anos, é verificado um aumento de 11.150 casos em relação ao mesmo período. Somente o número de homicídios cresceu 76,7%. A estatística, obtida pela Folha, mostra uma progressão no número de assassinatos. Em 95, por exemplo, ocorreram 159 crimes. Em 96, foram 170 mortes violentas. Já em 97, foram registrados 185 assassinatos. No ano passado houve uma explosão da violência, com o registro de 254 homicídios. Neste ano, até junho, foram registrados 281 assassinatos na cidade, a maior da região sudeste do Estado de São Paulo.

Motivo O comandante da Polícia Militar na região de Campinas, Élzio Nagalli, afirmou que o aumento da violência ocorreu em razão do grande número de fugas de cadeias. Ele acha o crescimento da criminalidade preocupante, mas diz que a PM tem atuado mais na tentativa de combater a violência na cidade e na região.

FSP 10MAR98 – Prefeito fica surpreso com posição de "mais calma'

da Reportagem Local O prefeito de São Bernardo do Campo, Maurício Soares, se mostrou surpreso com a posição de sua cidade -a menos violenta pelo critério do Ilanud- , uma vez que a criminalidade no município, segundo ele, cresceu 50% em 1997. Ele não especificou que tipo de criminalidade teve crescimento. "Nós estamos sentindo que a violência tem crescido em São Bernardo. A criminalidade se tornou a primeira grande preocupação da população. A segunda é o desemprego", disse Soares. O prefeito de Embu, Oscar Yazbek, afirmou que somente um índice mais abrangente de criminalidade é capaz de "espelhar" a realidade de violência em municípios. Segundo ele, apenas a relação homicídios por 100 mil habitantes não é suficiente para informar o grau de criminalidade em uma região do Estado."A periferia do Embu faz divisa com as periferias de Taboão da Serra e de São Paulo. Muitas pessoas que são mortas na capital ou em Taboão são "desovadas' no Embu. Isso não reflete o número real de assassinatos cometidos na cidade", disse o prefeito, para justificar a precariedade de um índice único para medir violência. Embu, que ficava entre as cinco cidades mais violentas da Grande São Paulo, de acordo com o índice de homicídios, passa a integrar o grupo dos municípios menos violentos da região.

 

FSP 26DEZ97 – Nova York é a mais segura

de Nova York A propaganda de Rudolph Giuliani sobre a redução do crime em Nova York foi responsável pela reeleição do prefeito, em novembro. Seu marketing até tem sua razão de ser: Nova York é considerada hoje a grande cidade mais segura dos EUA (entre as que têm mais de 1 milhão de habitantes). De acordo com o ranking de criminalidade feito pelo FBI, a cidade de Nova York, que possui mais de 7 milhões de habitantes, registrou em 97 cerca de 2.300 crimes para cada 100 mil habitantes. Esse resultado colocou a cidade no 150º lugar no ranking de criminalidade, abaixo de outras bem menores, como San Antonio (Texas) e Boise (Idaho). O número de homicídios comprova a melhora: até novembro, foram registrados 686, contra 884 no mesmo período em 96. Se o número de dezembro também for reduzido, a cidade pode completar o ano com o melhor resultado desde 1967, quando foram registrados 745 homicídios. Segundo o prefeito da cidade, a redução no número de assassinatos é a maior prova da diminuição da criminalidade. De acordo com a prefeitura, os assassinatos foram reduzidos em 20% nos últimos quatro anos.

Bairros A região de Midtown, próxima à Times Square, foi a que mais teve redução de crimes. Só em 97, o número de crimes caiu 24%, de acordo com o departamento de polícia da cidade. A melhoria da qualidade de vida das pessoas também pode ser observada nos bairros afastados, fora da área de Manhattan. Um dos principais exemplos é o Brooklyn, onde o policiamento intensivo reduziu em 50% o número de crimes nos últimos quatro anos. As mudanças podem ser observadas com facilidade: é comum ver crianças caminhando para casa sozinhas depois da escola, o que raramente acontecia. Mas ainda há bairros violentos. O Queens possui nove entre dez resultados negativos registrados pela polícia. Os estupros, que aumentaram 5% em 97, são um dos maiores problemas da região. (CP)

FSP 26NOV97 – VIOLÊNCIA NOS EUA

Índice de criminalidade de lugares com menos de 200 mil habitantes ultrapassa nível de metrópoles

Cidades menores enfrentam mais crimes

CLÁUDIA PIRES de Nova York As cidades norte-americanas com menor número de habitantes estão se tornando mais perigosas do que as supermetrópoles como Nova York e Los Angeles neste final de século. Levantamento feito pelo FBI (a polícia federal dos EUA) em 189 cidades durante este ano comprovou que algumas delas -que possuem menos de 200 mil habitantes- superaram os índices de criminalidade daquelas com mais de 1 milhão de habitantes. Cidades como Gary (Indiana), Topeka (Kansas) e Durham (Carolina do Norte) estão entre as dez com maiores índices de criminalidade nos EUA. Essas cidades possuem até 150 mil habitantes e um índice de criminalidade que chega a 6.000 crimes para cada 100 mil habitantes, resultado 25% mais alto do que o registrado há dois anos. Outras, que possuem um número um pouco maior de habitantes, mas ainda abaixo dos 200 mil, como Fort Lauderdale e Orlando (Flórida), também apresentaram índices altos, ficando em segundo e terceiro lugares no ranking. Para o FBI, a redução da criminalidade nas grandes cidades dos EUA é resultado de uma política eficiente das prefeituras. Segundo o porta-voz do FBI, as prefeituras investiram tempo e dinheiro no reforço do policiamento e em campanhas educacionais para retirar as crianças e adolescentes das ruas, por exemplo. Quanto às cidades menores, o FBI acredita que faltam recursos às prefeituras. O porta-voz afirma ainda que muitas dessas cidades tiveram sua população praticamente dobrada nos últimos três anos. O aumento populacional tornou o policiamento ainda mais ineficiente.

Transferência

Os dados do FBI podem ser comprovados pelo número de americanos que deixaram as grandes cidades. Na busca de tranquilidade, mais de 2 milhões de pessoas saíram das metrópoles desde 1990. Os principais pontos de partida foram Los Angeles, San Francisco, Nova York, Chicago e Miami, segundo estimativas do governo americano. Ainda no início da década, os principais destinos eram as cidades de médio porte, com até 200 mil habitantes. Atualmente, o movimento migratório se destina a cidades ainda menores, com até 20 mil. Esse movimento está favorecendo o crescimento de cidades rurais nos EUA, que haviam perdido mais de 1,5 milhão de habitantes nos anos 80.

Perigo em Atlanta A cidade de Atlanta, que possui 413,1 mil habitantes, foi considerada a mais perigosa dos EUA em 1997. Segundo os dados divulgados pelo FBI, a região registrou mais de 30 mil crimes durante o ano, cerca de 7.000 crimes para cada 100 mil habitantes. As próximas quatro colocações ficaram com o Estado da Flórida: Fort Lauderdale, Orlando, Tampa e Miami. Em todas, o total de crimes supera a marca dos 6.000 por cada 100 mil habitantes. O aumento do número de turistas e imigrantes pode ser uma das principais causas da explosão da criminalidade na região. Só Miami, por exemplo, recebe mais de 60% do total de turistas que visitam os EUA anualmente. Já Nova York, considerada durante anos a mais perigosa dos EUA, caiu para a 150ª colocação do ranking em 97 (veja texto ao lado). Esses dados fazem com que a divulgação da redução da criminalidade feita pelo prefeito Rudolph Giuliani durante sua campanha eleitoral tenha fundamento. Em 1997, a cidade teve uma redução de 9% no número de crimes registrados, contra 4% de redução em outras cidades americanas.

FSP21NOV98 – Empresas lucram mais

do "USA Today" O medo da criminalidade nos EUA tem beneficiado a indústria de segurança, que teve receita estimada de US$ 82,2 bilhões em 1996. "As pessoas andam se precavendo muito mais, porque os crimes parecem ser de natureza mais violenta", diz Virginia Williams, da Associação da Indústria de Segurança, que estima em 10% a média do aumento anual no número de sistemas de alarmes. Segundo uma estimativa da indústria, 14% das residências norte-americanas hoje contam com sistemas de alarme -o dobro do número de dez anos atrás. Em 97, as empresas que produzem, instalam e monitoram esses alarmes ganharam US$ 14 bilhões, uma cifra recorde. Segundo a revista "Security Distributing and Marketing", a receita deste ano será maior. "Vendemos paz de espírito", afirmou Ann Lindstrom, da ADT, a maior e mais antiga empresa que produz alarmes. "É a percepção da criminalidade. Se você assiste ao noticiário, sua reação é querer se proteger." Numa sondagem realizada recentemente pela Associação Nacional de Construtoras de Residências, dois terços das pessoas que compraram imóveis residenciais disseram que ter alarme contra roubos é desejável ou essencial.

FSP21NOV98 – Mídia aumenta percepção de crime

do "USA Today" Segundo criminologistas, o descompasso entre a criminalidade real e sua percepção pela população foi agravado por uma série de fatores: a cobertura de crimes nos noticiários de TV e nos jornais, que já chega ao ponto de saturação; a violência nos dramas feitos para a TV e filmes de "ação" que giram em torno de crimes; as campanhas políticas que focalizam o combate à criminalidade; e, para algumas pessoas, a experiência pessoal como vítimas de crimes. "O fato de o índice de criminalidade ser de 30% ou 300% não afeta as pessoas tanto quanto saber que a casa do vizinho acaba de ser assaltada", diz Robert Gardner, consultor de segurança na Califórnia. Dizer que a criminalidade caiu é relativo. O número de crimes por cada 100 mil habitantes caiu dramaticamente. Mas o número global de crimes é muito maior hoje do que era na década de 50, porque a população atual é maior. No ano passado, a cidade de Los Angeles registrou o menor número de homicídios dos últimos 20 anos. Mesmo assim, a contagem dos mortos em 1997 foi alta: 590. "É ótimo que a situação esteja um pouco menos terrível hoje do que era ontem, mas ela ainda é terrível", diz David Beatty, diretor do Centro Nacional de Vítimas, grupo que atua em defesa dos direitos das vítimas de crimes. "É melhor do que ver a criminalidade subindo 5% ou 10%. Mas a verdade é que ainda existem 9 milhões de vítimas de crimes violentos neste país", diz Beatty.

FSP 12SET98 – Intercâmbio será necessário

especial para a Folha A uniformização do direito penal, por si só, não garante que os estados nacionais o apliquem de forma homogênea. Sem isso, esse novo direito penal, que surge como uma decorrência da globalização econômica, não será eficaz. Serão necessários, por exemplo, programas de formação de juízes em todos os países, para atualização e intercâmbio de conhecimentos, assim como sistemas de cooperação internacional em matéria de investigação policial. Na delinquência da globalização, a vítima é a coletividade (os danos são difusos). De difícil detecção, esses crimes revestem-se de uma aparência de legalidade absoluta e são praticados com o auxílio da moderna tecnologia. Basicamente, essa nova criminalidade decorre do uso abusivo de instrumentos da economia, como mercado acionário e de câmbio.

FSP 12SET98 – Exclusão leva à criminalidade

especial para a Folha "Quanto mais a globalização avança, mais apresenta um caráter antipolítico, antijurídico e antidemocrático". Essa é a avaliação de José Eduardo Faria, coordenador de pós-graduação em direito da Universidade de São Paulo (USP), sobre a chamada globalização econômica. Nos anos 90, houve uma retomada do crescimento econômico pela via do desenvolvimento tecnológico, com um aumento acentuado das taxas de desemprego, atingindo especialmente os jovens de 15 a 24 anos e as populações de baixa renda. A falta de perspectivas tem levado essas pessoas, excluídas do sistema, à criminalidade. Esse quadro, segundo Faria, provoca o enfraquecimento do Estado de direito, com consequências de agravamento e mudança do conflito social, que passa a ser maior e mais violento.

FSP 30SET98 – Entidades pedem continuidade do programa

da Reportagem Local Documento assinado por 30 entidades que participam da Comissão de Assessoramento para Implantação do Policiamento Comunitário em São Paulo foi enviado a todos os candidatos ao governo do Estado pedindo a continuidade do novo programa para a Polícia Militar na próxima gestão. "Nesse documento nós fazemos um balanço dessa filosofia de policiamento e pedimos a continuidade dos trabalhos, por quem quer que seja eleito", disse o empresário Caio Luiz Prado Alfaya, membro da comissão de implantação do projeto. "Estamos fazendo esse apelo porque achamos fundamental que essa filosofia de trabalho continue, pois esse é um desejo popular", afirmou ele. O documento diz que "a violência atinge níveis epidêmicos em um contexto de banalização da vida e do desrespeito aos valores básicos necessários a uma convivência social civilizada". "O controle da violência exige uma série de medidas, entre as quais, em primeiro lugar, a implementação de políticas sociais voltadas para a superação das exclusões social e econômica, que ainda atingem a maioria da população", diz o relatório. "Nenhuma política de segurança pública que tente enfrentar a violência apenas com a polícia poderá ser bem-sucedida se essa política se basear em estratégias meramente repressivas de controle da criminalidade", completa o documento.

Princípios básicos Os membros da comissão vinculam o sucesso desse tipo de policiamento a cinco "princípios básicos": participação do cidadão, obrigação da polícia de prestar contas de suas atividades, policiamento voltado para a identificação e resolução dos problemas que afetam a segurança pública, organização policial descentralizada e aberta e integração e cooperação entre as organizações policiais, públicas e da sociedade civil. Hoje, o Comando Geral da Polícia Militar de São Paulo comemora o primeiro ano de implantação do projeto de policiamento comunitário no salão nobre do Quartel General, no centro de São Paulo. Das 41 companhias-piloto do programa, 22 são da região metropolitana e 19, do interior. (AL)

FSP 30SET98 – Crise e polícia frágil criam pior dos mundos

do Conselho Editorial As estatísticas oficiais demonstram que São Paulo perdeu o controle da violência. A intensificação da ação policial, com aumento de prisões, revistas e apreensão de armas, não está conseguindo nem sequer estabilizar as taxas de criminalidade; os índices de assaltos e roubos batem recordes sucessivos. A região metropolitana está sendo bombardeada por um misto de desamparo social, desemprego crescente entre jovens e ineficiência policial. O desamparo social é uma rede de carências e omissões que vai da escola ruim, passa pela ausência dos espaços de lazer e programas contra drogas, até a recuperação dos delinquentes encarcerados. O desemprego na média já é alto. Afeta com dureza ainda mais os jovens; a baixa escolaridade deixa-os ainda mais distantes de um mercado que, dia a dia, exige mais qualificação. Drogas e gangues se tornam, frequentemente, o espaço de socialização, num círculo vicioso da marginalidade. A polícia está mal equipada, é mal treinada, o efetivo é pequeno para o tamanho da violência - e, para completar, Polícia Militar e Civil não se entendem, perdem-se em procedimentos burocráticos e disputas. Prisões não recuperam. Na maioria das vezes, criam seres ainda mais violentos. Basta ver a a taxa de reincidência. A cúpula da PM sustenta, em conversas reservadas de seus dirigentes, que existe a indústria da fuga. Prisioneiros teriam facilidade para fugir- os números oficiais, de fato, dão asas à suspeita. Há ausência do Poder Judiciário; o número de juízes por habitantes é inferior até mesmo a várias das nações mais pobres da América Latina. Juízes abarrotados de processos significam lentidão, gerando desconfiança no cidadão de que possam recorrer a uma intermediação civilizada de conflitos. Estudos mostram que, quando a população não confia ou não usa a Justiça, tende a resolver na marra os conflitos, gerando anormalidades, como esquadrões ou gangues. Com esses fatores combinados, dificilmente a criminalidade deixaria de ser ascendente - a própria polícia alerta que não sabe até onde vai o aumento. Vive-se o pior dos mundos: crise social forte e polícia frágil. (GD)

FSP 30SET98 – Policiamento comunitário completa 1 ano na capital

da Reportagem Local A concepção do policiamento comunitário de São Paulo completa hoje um ano querendo quintuplicar sua área inicial de atuação, restrita a 41 companhias piloto. A Comissão de Assessoramento para Implantação do Policiamento Comunitário -que integra oficiais da PM, associações civis, Igreja Católica e representantes de comunidades, em um total de 36 entidades- foi estabelecida em 30 de setembro do ano passado; o início efetivo do projeto ocorreu em dezembro de 97. O principal ponto do projeto de policiamento comunitário é a criação de vínculos entre a polícia e a sociedade. Nesse modelo, o cidadão, integrado com a polícia, pode participar do planejamento da segurança do bairro. O presidente da comissão de execução do projeto e comandante do Policiamento Metropolitano, coronel Valdir Suzano, disse que o objetivo da PM é, até o final do ano, iniciar a implantação do novo modelo em 203 companhias do Estado. Segundo Suzano, um ponto específico de policiamento comunitário implantado nesse período, o da praça da Sé (centro de São Paulo), reduziu em 63% a criminalidade no local. Para o coronel, a redução geral da violência, por meio do policiamento comunitário, só vai ser possível "com a participação e o acompanhamento dos segmentos da sociedade". Relatório do Núcleo de Estudos da Violência (NEV) da USP afirma que "avanços significativos foram realizados em oito meses (de implementação efetiva do policiamento comunitário) em São Paulo", mas faz algumas ressalvas. "Há muitos obstáculos que ainda precisam ser superados. Há ainda grande confusão em relação aos objetivos do policiamento comunitário e as estratégias para atingi-los. A maioria dos policiais e membros da comunidade ainda não compreende o que é o policiamento comunitário e não está efetivamente engajada no projeto", escreve no relatório o pesquisador do NEV e integrante da comissão do projeto Paulo de Mesquita. "Mudanças indispensáveis à implantação do policiamento comunitário estão em um estágio extremamente incipiente: a descentralização e a abertura da organização policial", afirma Mesquita.

Consolidação Por esses motivos, o pesquisador acha que o novo modelo de policiamento "precisa ser consolidado nos locais onde ele está sendo implantado, antes de ser expandidos". "A implantação do policiamento comunitário exige longa duração. Pode levar dez anos. Por isso, dá para fazer as duas coisas: expandir a implantação em novas companhias e continuar a implementação nas companhias piloto", disse o major Renato Penteado Perrenoud, da comissão. (AL)

FSP 30SET98 – POLÍCIA

Prisões, armas apreendidas e blitze aumentaram, mas, para comandante, "polícia enxuga chão com torneira aberta'

Crime cresce junto com a ação da polícia

GILBERTO DIMENSTEIN do Conselho Editorial ANDRÉ LOZANO da Reportagem Local O aumento da atuação da PM -em vez de conseguir baixar os índices de criminalidade- está apenas acompanhando o crescimento da violência no Estado. As prisões em flagrante, as apreensões de armas e as blitze aumentaram entre 12% e 23%, de 1997 para este ano. No entanto, esse aparente crescimento da eficiência da PM não foi suficiente para começar a reduzir a violência no Estado. Índices de criminalidade -como os de homicídio, furto, roubo e furto e roubo de veículos- registram aumentos, entre 11% e 25% (veja quadro ao lado), muito próximos aos da ação policial. Ao admitir a dificuldade da polícia em controlar a delinquência em São Paulo, documento preparado pelo comando da Polícia Militar alerta para o problema do aumento da violência e lança a "teoria da torneira aberta". Por essa teoria, a PM está refém da crise social, incapaz de controlar o aumento da criminalidade. Segundo o texto assinado pelo comandante-geral da PM, coronel Carlos Alberto de Camargo, "a polícia está enxugando o chão com a torneira aberta". De acordo com o documento, caso não se combinem policiamento comunitário e melhoria das condições de vida da população, em especial emprego e educação, "a violência continuará crescendo ano a ano". "Enquanto não se atacarem as causas da violência, combater os seus efeito será como enxugar o chão com a torneira aberta", escreve o comandante. O documento foi preparado com base nas últimas estatísticas da criminalidade em São Paulo. "Se nunca se prendeu tanto e se já não há mais espaço para pôr gente nas cadeias, como tem tanta gente cometendo delitos?", questiona o texto. Camargo mostra que vem crescendo o número de prisões em flagrante. Em agosto passado foram 4.155 prisões em flagrante, contra 3.265 no mesmo mês de 1997. No caso de apreensões de armas, por exemplo, a estimativa é que sejam recolhidas, este ano, 22.688 -13,7% a mais que em 97. No período de outubro de 1996 a agosto de 1997, houve 1,1 milhão de revistas. Nesse mesmo período, um ano depois, as revistas de identificação somaram 1,4 milhão -22,4% de crescimento. O problema, segundo a PM, é que o crime saiu do controle, apesar do aumento da ação policial. Este ano, a criminalidade está batendo sucessivos recordes na Grande São Paulo. No mês passado foram 11.258 assaltos; 17% a mais do que em agosto de 97. As chacinas também aumentaram. Passaram de 32, de janeiro a setembro de 1997, para 68, no mesmo período deste ano. De acordo com Camargo, o aparelho estatal não provê "estruturas sadias", em particular na periferia. Estruturas sadias seriam espaços de educação, lazer e treinamento profissional, além da oferta de instâncias judiciárias. Passa a valer, segundo o texto, a ética e a hierarquia das estruturas marginais. Essas estruturas são alimentadas, em boa parte, pelo aumento do desemprego. Os gráficos preferidos da PM de São Paulo são os que mostram linhas ascendentes do desemprego e criminalidade (veja quadro). "Não podemos culpar apenas a polícia pelo aumento da criminalidade. Temos que fazer com que a sociedade se envolva nessa questão. Não só o cidadão comum, mas o Ministério Público, o Judiciário, todos os segmentos", diz o comandante do Policiamento Metropolitano, Valdir Suzano.

policiabr.cjb.net

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