A POESIA ETERNA

Por Marco Dias

ROBERTO DE MESQUITA

Biografia

 

Poesias Eternas

Ar de Inverno

Jethesemani

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Jethesemani

 

Por esta noite de céu baço e sem luar

a alma das coisas é viúva e taciturna.

Nada na opressiva estagnação nocturna

um sofrimento esparso, um avulso pesar...

 

Que profunda tristeza o Imóvel acomete

sob este céu de chumbo! Eu sinto suspirar

e julgo ouvir-lhe a voz dorida murmurar:

"Minh'alma está desamparada no Olivete!"

 

Deserto todo o burgo. Eu divago através

de quelhas negras, duma tétrica mudez,

sob o agoiro dos céus cinzentos e pesados,

 

a alma afogada na maré de desesp'rança

anínima, que inunda a noite brusca e mansa

e me oprime como os sinos a finados...

 

...almas cativas, LÍRICAS PORTUGUESAS, PORTUGÁLIA EDITORA, 3ª SÉRIE, PA´G. 71

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Ar de Inverno

 

Aves do mar que em ronda lenta

giram no ar, à ventania

gritam na tarde macilenta

a sua bárbara alegria.

 

Incha lá fora a vaga escura,

uiva o nordeste aflitamente.

Que mágoa anónima satura

este ar de Inverno, este ar doente?

 

Alma que vogas a gemer

na tarde anémica, de vento,

como se infiltra no meu ser

o teu esparso sofrimento!

 

Que viuvez desamparada

chora no ar, no vento frio,

por esta tarde macerada

em que a esperança se esvaiu...

 

... almas cativas, LÍRICAS PORTUGUESAS, PORTUGÁLIA EDITORA, 3ª SÉRIE, PÁG. 73

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