A POESIA ETERNA

Por Marco Dias

QUEIRÓS RIBEIRO

Biografia

 

Poesias Eternas

Segredo

Súplica

 

 

 

 

 

 

 

 

Segredo

 

Descansa. Nem tu sabes, nem eu digo!

A Lua, que baixou do céu ao lago,

Não adivinha se a deixei... se a trago

Dentro da alma, como um sonho antigo.

 

O néctar, que eu procuro e que maldigo,

O vinho, que abençoo a cada trago,

Este veneno com que me embriago...

É mistério dum só: irá comigo!

 

Por que supoicas que me dê, que fale?

- Porque não sabes quanto a noite vale

E não calculas como é bom assim!

 

Bem sinto a dor que o teu olhar goteja;

Mas o Princípio, por melhor que seja,

É pai dum monstro, que se chama Fim!

 

 

PEDRAS FALSAS, LÍRICAS PORTUGUESAS, PORTUGÁLIA EDITORA, P. 40

topo

 

 

 

 

 

Súplica

 

Peguei nos sonhos

E fui atando...

Juntei! Juntei!

O aroma é brando...

Tristes? Risonhos?

Tudo! Nem sei!

 

Sonhos que eu amo

E em que me extingo...

Nevadas flores!

Não vos distingo...

Só vejo um ramo...

Confundo as cores!

 

Mas tu, que levas

O ramo ao lado,

Sem o pensar,

Queda um bocado!

- Sacia as trevas

Ao meu olhar!

 

Dá-lhe um sorriso!

Depois, sem pranto,

Deixa-me só...

Lírio de encanto,

Que nem diviso

- Porque sou pó

 

 

CINZAS, LÍRICAS PORTUGUESAS, PORTUGÁLIA EDITORA, P. 37

topo



 A Poesia Eterna, por Marco Dias . Todos os direitos reservados.

1