SILVA
GAIO
Biografia
1860-1934 Manuel da
Silva Gaio, nasceu em Coimbra em 1860 e faleceu na mesma cidade em 1934. Foi
poeta, ensaísta, romancista e jornalista Foi
colaborador efectivo do jornal "Novidades", onde Eça de Queirós o
veio a conhecer, convidando-o para secretário da "Revista de
Portugal". Com Eugénio de Castro fundou em 1894 a revista
"Arte". Da sua obra poética há a destacar: Novos Poemas, Chave Dourada, Eça de Queirós e Os Vencidos da Vida.
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Poesias Eternas Disse-me um
dia à mente o Coração:
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Disse-me um dia à mente
o Coração:
"Quando me lembro
que os fogos da Quimera
Teu amor imolei, fria Razão,
Logo um vago terror me
aflige e altera;
Porque temo não vás,
fada severa,
Para agora punir minha
traição,
Do teu porto negar-me a
paz austera
Ao ver-me naufragante da
Ilusão!"
Mas a Razão, serena,
respondeu:
"Descansa, Coração;
se me traíste,
Já meu alto ditame te
absolveu,
Pois li sempre através
do que tentaste
Na mentira de quanto
possuíste
A verdade de quanto
desejaste".
Ainda o mundo uma vez
lembre, Senhora,
Aquele ermo abandono e
sorte escura
Do verme que morreu na vã
tortura
De certa Estrela amar - tão
alta embora!
Porque desde que sinto,
como agora,
Quanto de mim sois longe
- Astro da Altura! -
Com sua inconsolável
desventura
A minha já comparo, a
cada hora.
Maior é, todavia, o meu
quinhão
Na mágoa semelhante: se
jamais,
De mudo,espalhou ele a próprio
dor,
Inutilmente vara a solidão
A queixa que me ouvis,
pois duvidais
De que eu também por vós
morra de amor.
A Poesia Eterna, por Marco Dias . Todos os direitos reservados.