Biografia
Portugal
Jaime Zuzarte Cortesão nasceu em Ançã, em 1884 e faleceu em
Lisboa, 1960.
Formou-se em Lisboa em Medicina, foi, no entanto, professor de
Literatura num Liceu do Porto entre 1912 e 1915. Em 1915 foi eleito deputado
pelo Porto. Jaime Cortesão foi escritor, político e historiador, sendo
considerado uma das figuras cimeiras da cultura e da historiografia
portuguesas deste século.
Durante a I Guerra Mundial combateu na Flandres. Entre 1915 e
1917 foi deputado e entre 1919 e 1927 esteve à frente da Biblioteca Nacional.
Foi co-fundador da revista Nova Silva, da revista Seara Nova.
Esteve exilado durante vários anos, entre 1927 e 1957, em
Espanha, França, Bélgica e Inglaterra, devido à sua forte oposição ao regime
de então. A partir de 1940 foi viver para o Rio de Janeiro e em 1957 regressou
a Lisboa, onde faleceu 3 anos depois. Em 1958 foi nomeado presidente da
Sociedade Portuguesa de Escritores.
Obra:
Reportagem
Adão e Eva, 1921
A Morte da Águia, 1909
Daquém e Dalém Morte, 1913
Glória Humilde, 1914
O Infante de Sagres, 1916
Egas Moniz, 1918
Memórias da Grande Guerra, 1919
A expedição de Pedro Álvares Cabral e o Descobrimento do Brasil, 1922
Itália Azul, 1922
Divina Voluptuosidade, 1923
Do Sigilo Nacional na História dos Descobrimentos, 1924
Romance das Ilhas Encantadas, 1925
A Viagem de Diogo de Teive e Pero Vasquez de la Frontera ao Banco da Terra
Nova em 1452, 1933
Cartas à Mocidade, 1940
Missa da Meia Noite, 1940
A Carta de Pêro Vaz de Caminha, 1943
Cabral e as Origens do Brasil, 1944
Eça de Queirós e a Questão Social, 1949
Os Portugueses no Descobrimento dos Estados Unidos, 1949
Ensaios Camonianos, 1953
Alexandre de Gusmão e o Tratado de Madrid, 1955
Os Descobrimentos Portugueses, 1960
Alexandre de Gusmão e o Tratado de Madrid, 1963
Contos para Crianças, 1964
Portugal – A Terra e o Homem, 1966
Sítios:
Biobibliografia
http://www.ipn.pt/literatura/cortesao.htm
Sonho Árabe, Jaime Cortesão
http://www.terravista.pt/Guincho/2482/cortesao.html
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Poesias Eternas
Sonho Árabe
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Sonho Árabe
I
Ser um árabe e ter perto
A morena companheira,
A vida um grande deserto,
Tu a única palmeira;
Manto ao vento, ir de carreira
A galope em campo aberto,
Na mão a lança guerreira...
—Assim eu sonho, desperto.
Cai a tarde. Volto a casa.
E já da planície raza
Surge a cidade natal.
Voam cegonhas ao Sul;
Ofusca a alvura de cal;
E há minaretes no Azul.
II
E eu evoco a alcova já:
Mosaicos de lés a lés
E, para a nudez dos pés,
Alcatifas de Rabat.
Só a penumbra entra lá.
Perfumadores de aloés,
Colchas, coxins, narguilés,
E um tamborete com chá.
Das vivas cores o matiz,
O teu corpo, a tua fala,
Luz e olor, tudo condiz.
Bastam os tons: de garridos,
Entornam fogo na sala
E embebedam os sentidos.
III
Há rosas no azul do espaço;
A tarde lembra um jardim;
O deserto é d’oiro baço
E as mesquitas de marfim.
Caem flores quando passo,
Lá do alto sobre mim;
Allah abriu o regaço,
Cheira a cravos e a jasmim.
Entro na alcova, — alegrete
De cores festivas e aromas.
Tu bailas sobre um tapete.
Afago-te o seio duro,
E, ao beijar-te as duas pomas,
"Só Deus é grande!" — murmuro.
in "Divina Voluptuosidade", Livraria Bertrand, 1923
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