A POESIA ETERNA

Por Marco Dias

FILINTO ELÍSEO

Biografia

1734-1819

Portugal Portugal

Filinto Elíseo pseudónimo do padre Francisco Manuel do Nascimento nasceu em 1734 e faleceu em França (onde se encontrava exilado) em 1819. Pertenceu à Arcádia Lusitana. 

Filinto Elísio nasceu em 1734 e faleceu em 1819.

 

Filinto Elísio é o pseudónimo que Francisco Manuel do Nascimento recebeu de D. Leonor de Almeida, Marquesa de Alorna, a quem ensinou latim quando esta se encontrava reclusa no Convento de Chelas e por cuja irmã, Maria, se apaixonou platonicamente.

 

Estudou os clássicos e foi admirador incondicional de Horácio.

 

Perseguido pela Inquisição foi viver, em 1778, para Paris de onde nunca mais voltou para Portugal, acabando por morrer na capital francesa pobre e já bastante idoso.

 

Filinto Elísio foi um defensor incondicional do purismo da língua portuguesa e e considerado por muitos como um dos precursores do Romantismo português.

 

A primeira edição das suas Obras Completas, em 11 volumes, ocorreu em Paris, entre 1817 e 1819.

 

Obra:


Obras Completas, 1817
 

 

Poesias Eternas

Ode

 

 

 

 

 

 

 

Ode

 

Crescei, mágoas, crescei, e crescei dores;

Quebrai o vagaroso e triste fio,

Que alonga a cruel Parca em seus lavores

 

(Ferreira, Elegia 5)

 

 

Servindo ao Rei e à Pátria sessenta anos,

Deixou meu Pai com que Filinto à larga

Vivesse independente, e ao Ócio e às Musas

Cedesse mansos dias.

Deixou mais abastado património

No transuntos de Probidade e de Honra

Com que, desde as mantilhas, lhe ensinava

A ser útil à Pátria.

Afável, dadivoso e compassivo,

"Sê, meu Filho (dizia) nas virtudes

Mais que no nascimento; nem meu nome

Tomes, sem meus exemplos." -

C'os dons do Estudo e as Musas granjear pude

Direitos à Amizade dos Honrados

E o meu nome soou sempre sem mancha

Nos âmbitos da Elísia.

Roubou-me a Inquisição os bens herdados,

Vedou-me a Pátria; volvem já seis lustros

Que me arrojou, em mísero desterro,

Infamado, sem crime.

Alguns Amigos me roubou a Morte:

Mais deles, que dos Bens deploro a perda,

Sem que o Tempo me enxugue o amargo pranto.

Roubou-me outros o Olvido.

Com mãos de ferro a rígida Pobreza

Me apertou as entranhas; pôs em fuga

os dons com que, opulenta, a Deusa de Ãntio

Bate às portas dos néscios.

Vivi pobre, vivi desconhecido,

Agouro, que não falha, e sempre adeja

sobre as frontes votadas à Desdita

No registro dos Fados.

Fui-me ao Templo de bronze, onde reside

O Lavor, ladeado de fadigas,

Banhado de suor, de afã molesto

Achei conselho e alívio.

Assíduo cultivei, recolhi Cardos,

Mesquinho fruto de obstinadas lidas:

Que tive contra mim o braço alçado

Da Fortuna inimiga.

Louvaram-me, e subiram alto os gabos;

Mas gabos fumos são, que não sustentam;

E o vestido, e a comida não se pagam

Com pomposos louvores.

Ó Lusos, que assim dais louvor estéril,

Vossa alma enobrecei: voltai os olhos

À Deusa, que nos peitos bem nascidos

Põe maviosa estampa.

Houve um brioso coração, que terno

A vida me escorou, por alguns anos,

Mas com que mágoa, ó Céus, hoje lastimo

Ausente alma tão nobre!

Amei a Pátria, amei os Portugueses:

Inda os amo. - Inda, quando ingratos sejam

Comigo; como o foram (feio opróbio)

Com o Camões Divino.

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