FILINTO
ELÍSEO
Biografia 1734-1819 Filinto Elíseo pseudónimo do padre Francisco Manuel do Nascimento nasceu em 1734 e faleceu em França (onde se encontrava exilado) em 1819. Pertenceu à Arcádia Lusitana.
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Poesias Eternas
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Crescei,
mágoas, crescei, e crescei dores;
Quebrai
o vagaroso e triste fio,
Que
alonga a cruel Parca em seus lavores
(Ferreira,
Elegia 5)
Servindo ao Rei e à Pátria
sessenta anos,
Deixou meu Pai com que
Filinto à larga
Vivesse independente, e
ao Ócio e às Musas
Cedesse mansos dias. |
Deixou mais abastado
património
No transuntos de
Probidade e de Honra
Com que, desde as
mantilhas, lhe ensinava
A ser útil à Pátria. |
Afável, dadivoso e
compassivo,
"Sê, meu Filho
(dizia) nas virtudes
Mais que no nascimento;
nem meu nome
Tomes, sem meus exemplos." - |
C'os dons do Estudo e as
Musas granjear pude
Direitos à Amizade dos
Honrados
E o meu nome soou sempre
sem mancha
Nos âmbitos da Elísia. |
Roubou-me a Inquisição
os bens herdados,
Vedou-me a Pátria;
volvem já seis lustros
Que me arrojou, em mísero
desterro,
Infamado, sem crime. |
Alguns Amigos me roubou a
Morte:
Mais deles, que dos Bens
deploro a perda,
Sem que o Tempo me
enxugue o amargo pranto.
Roubou-me outros o
Olvido.
Com mãos de ferro a rígida
Pobreza
Me apertou as entranhas;
pôs em fuga
os dons com que,
opulenta, a Deusa de Ãntio
Bate às portas dos néscios. |
Vivi pobre, vivi
desconhecido,
Agouro, que não falha, e
sempre adeja
sobre as frontes votadas
à Desdita
No registro dos Fados. |
Fui-me ao Templo de
bronze, onde reside
O Lavor, ladeado de
fadigas,
Banhado de suor, de afã
molesto
Achei conselho e alívio. |
Assíduo cultivei,
recolhi Cardos,
Mesquinho fruto de
obstinadas lidas:
Que tive contra mim o braço
alçado
Da Fortuna inimiga. |
Louvaram-me, e subiram
alto os gabos;
Mas gabos fumos são, que
não sustentam;
E o vestido, e a comida não
se pagam
Com pomposos louvores. |
Ó Lusos, que assim dais
louvor estéril,
Vossa alma enobrecei:
voltai os olhos
À Deusa, que nos peitos
bem nascidos
Põe maviosa estampa. |
Houve um brioso coração,
que terno
A vida me escorou, por
alguns anos,
Mas com que mágoa, ó Céus,
hoje lastimo
Ausente alma tão nobre! |
Amei a Pátria, amei os
Portugueses:
Inda os amo. - Inda,
quando ingratos sejam
Comigo; como o foram
(feio opróbio)
Com o Camões Divino. |
A Poesia Eterna, por Marco Dias . Todos os direitos reservados.