A POESIA ETERNA

Por Marco Dias

BRANQUINHO DA FONSECA

Biografia

 

1905-1974

 

Portugal Portugal

António José Branquinho da Fonseca nasceu em Mortágua, em 1905 e faleceu em 1974. Utilizou, por vezes, o pseudónimo de António Madeira para assinar as suas obras

Licenciou-se em Direito na Universidade de Coimbra. Foi co-fundador, director e colaborador da revista Presença, co-fundador, com Miguel Torga da revista Sinal, director do Museu-Biblioteca do Conde de Castro Guimarães e director do Serviço de Bibliotecas Itinerantes da Fundação Calouste Gulbenkian.

A sua obra estende-se pela poesia, teatro, conto, novela e romance. A novela, O Barão, publicada em 1942 é uma das suas obras mais conhecidas.

 

Obra:

Ficção
Zonas, 1931
Caminhos Magnéticos, 1938
O Barão , 1942
Rio Turvo , 1945
Porta de Minerva , 1947
Mar Santo, 1952
Bandeira Preta, 1956
 

Teatro
Posição de Guerra , 1928
 

Poesia
Poemas, 1925
Mar Coalhado, 1931
 

 

 

Poesias Eternas

 

O Arquipélago das Sereias

Naufrágio

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O Arquipélago das Sereias

 

Ó nau Catrineta

Em que andei no mar

Por caminhos de ir,

Nunca de voltar!

 

Veio a tempestade

Perder-se do mundo,

Fez-se o céu infindo,

Fez-se o mar sem fundo!

 

Ai como era grande

O mundo e a vida

Se a nau, tendo estrela,

Vogava perdida!

 

E que lindas eram

Lá em Portugal

Aquelas meninas

No seu laranjal!

 

E o cavalo branco

Também lá o via

Que tão belo e alado

Nenhum outro havia!

 

Mundo que não era,

Terras nunca vistas!

Tive eu de perder-me

Pra que tu existas.

 

Ó nau Catrineta

Perdida no mar,

Não te percas ainda,

Vem-me cá buscar!

topo

 

 

 

 

 

 Naufrágio

 

A rua cheia de luar

Lembrava uma noiva morta

Deitada no chão, à porta

De quem a não soube amar.

 

Já não passava ninguém...

Era um mundo abandonado...

E à janela, eu, tão Além,

Subia ressuscitado...

 

Vi-me o corpo morto, em cruz,

Debruçado lá no Fundo...

E a alma como uma luz

Dispersa em volta do mundo...

 

Mas, à tona do mar morto,

Um resto de caravela

Subia... E chegava ao porto

Com a aragem da janela.

topo

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 A Poesia Eterna, por Marco Dias . Todos os direitos reservados.

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