A POESIA ETERNA

Por Marco Dias

Antonio Feliciano de Castilho

Biografia

1800-1875

Portugal Portugal

António Feliciano de Castilho nasceu em 1800 em Lisboa e faleceu na mesma cidade em 1875. Foi escritor, tradutor e pedagogo.

 

Em 1822 licenciou-se, na Universidade de Coimbra, em Cânones e foi nesta cidade que iniciou a publicação das suas primeiras produções literárias, nomeadamente As Cartas de Eco e Narciso e a Primavera.

 

Devido ao seu elevado grau de cegueira, sequela deixada pelo sarampo que contraíra aos 6 anos de idade, António Feliciano de Castilho via-se impossibilitado de viver sozinho pelo que após terminar o curso em Coimbra foi viver com o seu irmão, Augusto, numa pequena aldeia da Beira.

 

A partir de 1842, passou a viver em Lisboa, onde fundou a Revista Universal Lisbonense da qual foi director. Mais tarde passa a viver nos Açores, onde fundou o jornal Agricultor Micaelense do qual foi redactor principal.

 

António Feliciano de Castilho foi, ainda, ao longo de toda a sua vida tradutor de clássicos latinos e modernos.

 

D. Luís concedeu-lhe o título de visconde de Castilho.

 

 

Obra:


Cartas de Eco e Narciso, 1821
A Primavera, 1822
Amor e Melancolia ou a Novíssima Heloísa, 1828
A Noite do Castelo, 1836
Os Ciúmes do Bardo, 1836
Outros – Quadros da História de Portugal, 1838
Crónica Certa e Muito Verdadeira da Maria da Fonte, 1846
A Felicidade pela Agricultura, 1849
Tratado de Mnemónica; Tratado de Versificação, 1851
Tosquia de um Camelo, 1853
Ajuste de Contas, 1854
O Outono, 1863
 

Sítios:

200 anos do seu nascimento
   http://www.ipn.pt/literatura/letras/not001.htm

António Feliciano de Castilho - Biografia, publicações, cargos e nomeações
   http://www.terravista.pt/AguaAlto/3388/afc

Biografia
   http://www.citi.pt/cultura/temas/feliciano_de_castilho.html

Biografia
   http://www.ipn.pt/opsis/litera/castilho.htm

Biografia
   http://www.citi.pt/cultura/literatura/romance/c_castelo_branco/feli_cast.html

Obras online
   http://www.dlc.ua.pt/castilho

Vida e obra de Castilho
   http://bd1.bn.pt/autores/castilho

 

Poesias Eternas

 Os treze anos (cantilena)

 

 

 

 

 

 

 

 Os treze anos (Cantilena)

Já tenho treze anos,

que os fiz por Janeiro;

madrinha, casai-me

com Pedro Gaiteiro.

 

Já sou mulherzinha;

já trago sombreiro;

já bailo ao Domingo,

co' as mais no terreiro.

 

Já não sou Anita,

como era primeiro,

sou a senhora Ana,

que mora no oiteiro.

 

Nos serões já canto,

nas feiras já feiro,

já não me dá beijos

qualquer passageiro.

 

Quando levo as patas,

e as deito ao ribeiro,

olho tudo à roda

de cima do oiteiro;

 

E só se não vejo

ninguém pelo arneiro,

me banho co' as patas

ao pé do salgueiro.

 

Miro-me nas águas

rostinho trigueiro,

que mata de amores

a muito vaqueiro.

 

Miro-me, olhos pretos

e um riso fagueiro,

que diz a cantiga

que são cativeiro.

 

Em tudo, madrinha,

já por derradeiro,

me vejo mui outra

da que era primeiro.

 

O meu gibaão largo

de arminho e cordeiro,

já o dei à neta

do Brás cabaneiro,

 

Dizendo-lhe: "Toma

gibão domingueiro,

de ilhoses de prata,

de arminho e cordeiro.

 

"A mim já me aperta,

e a ti te é laceiro;

tu brincas co' as outras

e eu danço em terreiro."

 

Já sou mulherzinha;

já trago sombreiro;

já treze anos,

que os fiz em janeiro.

 

Já não sou Anita,

sou a Ana do oiteiro;

madrinha, casai-me

com Pedro Gaiteiro.

 

Não quero o sargento,

que é muito guerreiro,

de barbas mui feras,

e olhar sobranceiro.

 

O mineiro é velho;

não quero o mineiro;

mais valem treze anos

que todo o dinheiro.

 

Tão-pouco me agrado

do pobre moleiro,

que vive na azenha

como um prisioneiro.

 

Marido pretendo

de humor galhofeiro,

que viva por festas,

que brilhe em terreiro.

 

Que em ele assomando

co' o tamborileiro,

logo se alvorote

o lugar inteiro;

 

Que todos acorram

por vê-lo primeiro,

e todas perguntem

se inda é solteiro.

 

E eu sempre com ele,

romeira e romeiro,

vivendo de bodas,

bailando ao pandeiro.

 

Ai, vida de gostos!

ai, céu verdadeiro!

ai, páscoa florida,

que dura ano inteiro!

 

Da parte, madrinha,

de Deus vos requeiro:

casai-me hoje mesmo

com Pedro Gaiteiro.

 

 

LÍRICAS PORTUGUESAS, PORTUGÁLIA EDITORA, P. 248

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