SIMEÃO CACHAMBA
Biografia
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Poesias Eternas
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Xikalamidade
Se um dia me viste a vagar as ruas da cidade
(qual molweni atribulado na sua vagabundagem)
o corpo constelado de remendos, quase seminu
todavia por todos poros respirando dignidade
hás-de me ver hoje envolto em nova embalagem
caso cruze denovamente a mesma esquina com tu
Não me pergunte o raio por que deixava eu esta
indumentária envelhecer lá bem no fundo do baú
Um pouco de bom-senso e apenas dois dedos de testa
e saberás que ninguém grama de andar com o corpo nu
Se antes de minhas foram alguém que eu desconheço
estas < jeans > coçadas que ao meu corpo se ajustam bem
como se feitas por encomenda, com as medidas que eu meço
é porque em estado natural sempre iguais são os homens
polana/85
Xirico
domesticadas asas estrebucham
o ancestral sonho sitiado que
a exiguidade geométrica da gaiola calca
enquanto ouvimos rádio na sala de estar
dura um instante infinitesimal a pausa do locutor
e nesse vazio
breve
oportuno
subversivo o
pássaro entoa as cores do arco-íris
os sons fluem em cascata através dos arames
e estacam na sala
- vá tu saber se o bicho está triste ou alegre"
XIKALAMIDADE: Xipamanine - mercado onde se vende grande quantidade de
Calamidade - roupas doadas para os países do terceiro
mundo, e que neste são comercializadas
MOLWENI: rapaz da rua
XIRICO: pássaro e marca de transístor muito popular
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A Poesia Eterna, por Marco Dias . Todos os direitos reservados.