LUÍS
VEIGA LEITÃO
Biografia
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Poesias Eternas
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Aberta, discreta
ou desatenta
é como o poeta:
não mente, inventa
Rosto por Dentro, Edições Afrontamento
Mais que a linha e a
forma
é o fluxo dos teus dedos
- um fio de água secreta
que muda a forma e o
lugar
como a voz do poeta
Rosto por Dentro, Edições Afrontamento
Ouço a volta de uma
chave
e um deslizar de mãos
por todas as sombras.
Ardo em gelo,
inteiramente nu:
Que morte me espera nesta
hora da noite?
Neste silêncio cru?
Rosto por Dentro, Edições Afrontamento
- Bom dia. Diz-me um
guarda.
Eu não ouço... apenas
olho
das chaves o grande molho
parindo um riso na farda.
Vómito insuportável de
ironia.
Bom dia, porquê bom dia?
Olhe, senhor guarda,
(no fundo a minha boca
rugia)
aqui é noite, ninguém
mora,
deite esse bom dia lá
fora
porque lá fora é que é
dia!
A Uma Bicicleta Desenhada na Cela
Nesta parede que me veste
da cabeça aos pés,
inteira,
bem hajas, companheira,
as viagens que me deste.
Aqui,
onde o dia é mal
nascido,
jamais me cansou
o rumo que deixou
o lápis proibido...
Bem haja a mão que te
criou!
Olhos montados no teu
selim
pedalei, atravessei
e viajei
para além de mim.
Noite de Pedra, Líricas Portuguesas, Portugália Editora, p. 222-223
A Poesia Eterna, por Marco Dias . Todos os direitos reservados.