JOSÉ CAMPOS DE FIGUEIREDO
Biografia
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Poesias Eternas
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Senhor! nunca me vi nem conheci
Dentro do negro abismo onde se esconde
O meu segredo humano, nem sei onde
Começa e acaba o que provém de ti!
Sei que errei o caminho e me perdi!
Agora, embora chame e grite e sonde,
No meu longo deserto, só responde
Ao longe, a voz do mar que nunca vi.
Em vão chamo por mim, em vão procuro
A luz que me pertence e que cintila
No fundo inquieto deste abismo escuro;
- Fio de água sumido nas areias, -
Vejo estátuas dramáticas de argila
Com dedadas fatais de mãos alheias!
POEMAS DE SEMPRE,
LÍRICAS PORTUGUESAS, PORTUGÁLIA EDITORA, 2ª SÉRIE, PAG. 232
Iludo o sentido
Da vida em que vivo.
O mundo que sinto
É mundo que minto.
É mundo pensado
Aquém, do outro lado
Da margem do rio
Com águas em fio.
A imagem dos astros,
Das velas, dos mastros,
Das nuvens, das margens
É sombra de imagens.
Perdidas no fundo
Do engano do mundo.
Não quero a certeza
Da minha tristeza.
Deixai-me à vontade
Naquela verdade
Pensada e fingida
Que é logro de vida.
Se minto o que sinto,
De tudo o que minto
Iludo o sentido
Da vida que vivo.
O REINO DE DEUS,
LÍRICAS PORTUGUESAS, PORTUGÁLIA EDITORA, 2ª SÉRIE, PAG. 233
A Poesia Eterna, por Marco Dias . Todos os direitos reservados.