JOÃO
MIGUEL FERNANDES JORGE
Biografia
|
Poesias Eternas Recusarei A Ave Que Perguntas...
|
pelas estreitas ruas
da vila.
O caminho principal
era agora
uma avenida larga
de árvores.
Fealdade, de pequena
terra
em parte lojas de comércio
casas de habitação.
Andavam através de
tanta mesquinhez
pela rua enlameada e
torpe,
o corpo
desejo exposto a todos
os olhares
O
REGRESSO DOS REMADORES
e viu o outro: a cabeça
baixa, os braços
estendidos,
mãos sobre os
joelhos.
Contemplou-o sob o
peso da
amargura.
Disse-lhe o nome.
Uma única palavra,
áspera corda na
claridade da noite.
Nos lábios, um
sorriso
revelava o arcano do
seu coração.
PELO
FIM DA TARDE
no inverno a floresta
que jurei
plantar? E se a asa não
passa de
um adeus, depois pedra
corroída?
O rosto, rosa e junho
caminhando.
Não há terra nem água
no nosso
pensamento. Tu, destruída,
os olhos
foram verdes ou
castanhos?
Não conheço entre
amor e festa,
entre erva e dedos. A
alma toma fim
em nenhuma destas
partes, creio?
Um rei procura os
limites do mar,
o poeta o sono através
da unidade.
E eu erguendo recordação
ou fuga?
SOB
SOBRE VOZ
Perguntas quem
acompanha o tempo em nosso rosto,
quem espera o peso do
sangue em nossos olhos, o ritmo
dia a dia pedra de
nossos membros, o verão que não
mudará a nossa casa,
a violência que espalhará
fumo no fogo das
nossas máscaras, tudo isto,
a navalha do meu
corpo, a corrente da praia
que tanto reconhecias,
perguntas o caminho que
ousei desde menino,
que se gravou em minhas mãos
e as fez tremer
tristes e diferentes.
Quem acompanha a dor
que escolhemos, o espaço
que ocupamos, a
maneira de dizer coração,
a imagem quebrada de
uma igreja,
o canteiro do jardim,
lá atrás, muito lá detrás
vens perguntando quem
acompanha o nosso rosto,
ele, ele que não amou
ninguém, que não amou ninguém.
A Poesia Eterna, por Marco Dias . Todos os direitos reservados.